INFLUÊNCIA DO ACESSO A INFORMAÇÃO NA CONDIÇÃO DE SAÚDE BUCAL DO ADULTO

INFLUENCE OF ACCESS TO INFORMATION ON THE ADULT ORAL HEALTH CONDITION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12809344


Alícia Eliege da Silva1; Emanuelle Louyde Ferreira de Lima2; Laura Amélia Fernandes Barreto3; Makson Sampaio Carlos4; Rodrigo José Fernandes de Barros5; Wesley Adson Costa Coelho6


RESUMO

 A saúde bucal abrange desde a ausência de dores e a capacidade de se alimentar até a estética do sorriso. Sendo assim, um componente indispensável para o bem-estar. Esta pesquisa objetiva compreender a influência da informação e do conhecimento sobre as condições de saúde bucal dos sujeitos. Dessa maneira, questiona-se: Como o acesso à informação e ao conhecimento influencia nas condições de saúde bucal dos sujeitos? Este estudo trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, transversal, com abordagem quantitativa e qualitativa. A pesquisa foi desenvolvida através de questionário virtual, a população se trata de adultos que tenham contato com informações on-line e a amostra foi de participantes. O instrumento de coleta de dados utilizado para realizar o presente estudo foi um questionário semiestruturado. A pesquisa foi submetida ao CEP da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança em João Pessoa/PB, tendo como número de CAAE: 67201823.3.0000.5179. O estudo possibilitou evidenciar a influência do acesso à informação na condição de saúde bucal dos sujeitos que se apresentavam entre as idades de 18 a 50 anos. Os levantamentos feitos indicam que o público entrevistado considera de suma importância o conhecimento sobre saúde bucal e acredita influenciar na forma que os indivíduos cuidam da sua própria saúde. Através do estudo pôde-se observar uma relação entre o conhecimento em saúde bucal e estado de saúde dos indivíduos. Ainda assim, para obtenção da melhoria das condições de saúde bucal é necessário que a informação esteja associada a colaboração dos sujeitos na realização das práticas de higienização oral.

Palavras-chave: Odontologia. Saúde bucal. Educação em saúde.

ABSTRACT

Oral health ranges from the absence of pain and the ability to eat to smile aesthetics. Therefore, an indispensable component for well-being. This research aims to understand the influence of information and knowledge on the oral health conditions of subjects. In this way, the question is: How does access to information and knowledge influence the oral health conditions of subjects? This study is a descriptive, cross-sectional research with a quantitative and qualitative approach. The research was developed through a virtual questionnaire, the population is about adults who have contact with online information and the sample was of participants. The data collection instrument used to carry out the present study was a semi-structured questionnaire. The research was submitted to the CEP of the Faculty of Nursing Nova Esperança in João Pessoa/PB, with the CAAE number: 67201823.3.0000.5179. The study made it possible to highlight the influence of access to information on the oral health condition of subjects aged between 18 and 50 years. The surveys carried out indicate that the public interviewed considers knowledge about oral health to be of paramount importance and believes that it influences the way individuals take care of their own health. Through the study it was possible to observe a relationship between knowledge in oral health and health status of individuals. Even so, in order to obtain an improvement in oral health conditions, it is necessary that the information be associated with the collaboration of the subjects in carrying out oral hygiene practices.

Keywords: Dentistry. Oral health. Health education.

1. INTRODUÇÃO

A saúde bucal é algo que interfere em vários aspectos da vida das pessoas. É um constituinte da saúde geral dos indivíduos, proporcionando qualidade de vida de forma física, psicológica e social. A saúde bucal abrange desde a ausência de dores e a capacidade de se alimentar até a estética do sorriso. Tornando imprescindível a prevenção e manutenção da saúde oral para redução de prejuízos causados pelas doenças bucais(PEREIRA, 2010).

Através dos dois últimos levantamentos epidemiológicos realizados pela Pesquisa Nacional de Saúde Bucal – SB Brasil concluídos em 2003 e 2010, pode-se observar informações referentes aos principais problemas que ainda hoje envolvem a população, como: a alta prevalência e incidência de cárie dentária, agravo da doença periodontal com o aumento da idade, edentulismo como grave problema de saúde pública, maloclusões, câncer de boca, fluorose dentária e traumatismos. Dados que evidenciam a importância da prevenção dessas patologias, sendo a educação em saúde um instrumento relevante nesse processo.

A saúde bucal não se resume somente à estética dos dentes, ela é um aspecto funcional que abrange o indivíduo como todo. A saúde oral influencia na capacidade que os sujeitos possuem de falar, deglutir, sorrir e interagir. Sendo assim, um componente indispensável para o bem-estar.

Dessa maneira, questiona-se: Como o acesso à informação e ao conhecimento influência nas condições de saúde bucal dos sujeitos? Nesse contexto, elaborou-se as seguintes hipóteses:

Hipótese 0: O acesso à informação não influencia nas condições de saúde bucal dos sujeitos.

Hipótese 1: O acesso à informação influencia nas condições de saúde bucal dos sujeitos.

Sendo assim, esta pesquisa objetiva compreender a influência da informação e do conhecimento sobre as condições de saúde bucal dos sujeitos. E, especificamente: Buscar na literatura a relação entre a educação em saúde bucal e a odontologia preventiva e Verificar como o conhecimento em saúde bucal afeta na condição oral dos indivíduos.

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Educação em saúde: implantação do sus (promoção, educação e prevenção) e Política Nacional de Saúde Bucal

O Sistema Único de Saúde – SUS foi idealizado e criado através dos fundamentos da Constituição Federal (CF) Brasileira de 1988 e regulamentado pela Lei Orgânica de Saúde – LOS, que compreende a Lei 8.080 de 19 de setembro de 1990 que dispõe sobre a organização e funcionamento do SUS e a Lei 8.142 de 28 de dezembro de 1990 que dispõe sobre a participação da comunidade na gestão do SUS3.

A implantação do SUS ampliou o conceito de saúde, deixando de ser compreendida como a ausência de doença e englobando o bem-estar físico, mental e social. Além de democratizar o acesso à saúde através de seus princípios doutrinários3. A Constituição Federal de 1988 e a Lei Orgânica de Saúde estruturaram a organização do Sistema Único de Saúde, criando seus princípios doutrinários e diretrizes. Sendo eles: atendimento universal, igualitário e integral, como também a descentralização, regionalização, hierarquização do sistema e participação popular.

A atenção à saúde é tudo que abrange o cuidado com a saúde das pessoas. O SUS causou uma ruptura no modelo clássico de assistência voltado apenas para medidas de caráter curativo e individual. Investindo na concretização de políticas de promoção, proteção e recuperação.  Priorizando ações direcionadas a melhoria da qualidade de vida da população(RIBEIRO; RIBEIRO; ARAÚJO; MELO, 2010).

As ações de promoção e proteção de saúde podem ser desenvolvidas pelo SUS em conjunto com outras instituições. Essas ações objetivam a melhoria na qualidade de vida e redução das vulnerabilidades e riscos à saúde das pessoas, evitando o surgimento de doenças. A educação é um importante instrumento de promoção da saúde que visa transmitir informações sobre o processo saúde-doença, possibilitando que os indivíduos tenham o conhecimento e autonomia necessários para adotarem hábitos mais saudáveis.

As ações de recuperação englobam o diagnóstico e o tratamento de doenças. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado de forma imediata auxiliam no combate a progressão das doenças evitando o agravo e possíveis danos. O desenvolvimento das medidas de promoção, proteção e recuperação da saúde são realizadas de forma integrada pelas unidades de prestação de serviços com seus diferentes graus de complexidade.

Por anos, as práticas de saúde bucal no SUS eram oferecidas paralelamente aos outros serviços. O acesso a tratamentos odontológicos era difícil e escasso, levando a população a buscar atendimento odontológico apenas quando a sintomatologia dolorosa já estava instalada. Os serviços ofertados eram limitados e associado ao atraso na procura do tratamento gerava dificuldades na resolução dos casos. O cirurgião-dentista atuava apenas clinicamente e efetuava somente medidas curativas, visto que os pacientes já compareciam para o atendimento com as patologias presentes.

A Política Nacional de Saúde Bucal (PNSB) – Brasil Sorridente foi lançada em 2004, possibilitando que a saúde bucal fosse apresentada de forma integral. Mediante a isso foram inseridos procedimentos de maior complexidade dentro da Atenção Básica e foram adotadas medidas de promoção, prevenção e recuperação8. Por intermédio do Brasil Sorridente houve a reorganização da Atenção Básica em saúde bucal, especialmente através da implantação das Equipes de Saúde Bucal (ESB) na Estratégia de Saúde da Família (ESF), ocorreu a ampliação e qualificação dos serviços com a implantação dos Centros de Especialidade Odontológicas (CEO) e Laboratórios Regionais de Prótese Dentária (LRPD), além de possibilizar a adição de flúor nas estações de tratamento de água.

A Odontologia preventiva vem passando por um processo de valorização, já é sabido que se deter a tratamentos exclusivamente curativos é uma medida ineficaz. A promoção em saúde viabilizada pela educação em saúde desenvolve nos indivíduos a consciência sanitária, que é justamente a capacidade e responsabilidade de assumir hábitos mais saudáveis. A educação em saúde bucal deve ser repassada para as pessoas de maneira didática, de forma que inclua aspectos alimentícios e de higienização oral. Através da educação é possível equipar a população com informações que os permitam retificar atitudes prejudiciais à saúde bucal, prevenindo o surgimento de doenças.

Os profissionais cirurgiões-dentistas exercem o papel de responsáveis na promoção de condições mais propicias para obtenção e manutenção da saúde bucal. Ainda assim, isso só pode ser alcançado se os pacientes forem orientados e conscientizados sobre a importância dos seus próprios cuidados. Dentre os principais obstáculos para obter-se a saúde da boca estão o controle de placa dentaria, doença cárie e gengivite, que podem ser controlados através de métodos simples que devem ser adotados de forma rotineira pelas pessoas e o cirurgião-dentista desempenha a função de ensiná-las e motivá-las(BARDAL; OLYMPIO; BASTOS; HENRIQUES; BUZALAF, 2011). 

2.2. As ferramentas de propagação do conhecimento acerca da saúde bucal

Os meios de comunicação são instrumentos de propagação de informação e podem ser utilizados como ferramentas para educação em saúde. Essas mensagens podem ser transmitidas através do jornal impresso, rádio, televisão e internet. De forma a alcançar uma vasta gama de espaços e pessoas, gerando um processo de construção e reconstrução do conhecimento.

Os jornais impressos possuem a capacidade de construir percepções sobre saúde, através de suas publicações conseguem transmitir informações pertinentes aos seus leitores. Mesmo sendo um difusor bastante relevante de conhecimento, os espaços dedicados aos conteúdos sobre saúde eram reduzidos e limitados. As notícias publicadas eram breves e associadas somente a doenças e tratamentos, não contemplando outros diversos assuntos que envolvem a saúde da população (AZEVEDO, 2009).

O rádio é um veículo de comunicação que possui um grande alcance. O locutor exerce a função de informante e também educador, contribuindo para que a comunidade mantenha-se informada com notícias, como também, podendo atuar levando conhecimento em saúde. O rádio é capaz de chegar em um extenso público, englobando também as pessoas não alfabetizadas. Tornando-se um meio de comunicação de grande importância social, visto sua eficácia e acessibilidade (SILVA; COSTA; HUMMER; GOSCIOLA; PISA, 2006)

Os meios de comunicação desempenham um papel importante no cotidiano das pessoas e a televisão é consumida por grande parte da população. Logo, pode ser compreendida como aliada na educação em saúde. A televisão expande o acesso que as pessoas possuem de informações, sendo um instrumento com formato audiovisual que forma opinião, influi em atitudes e esclarece dúvidas da população (FERNANDES, 2019).

A revolução da tecnologia digital amplificou o acesso à informação, sobretudo em saúde. Conhecimentos que antes estavam disponíveis apenas para os profissionais da saúde tornaram-se mais alcançáveis para o público. A internet abriu portas que facilitam o processo de aprendizagem, tendo um grande potencial na educação, intensificando o autocuidado e adesão de condutas saudáveis (MOIMAZ; SALIBA; SUMIDA; ZINA; CHEHOUD, 2005).

O cirurgião-dentista desempenha o principal papel de responsável pelas orientações ofertadas para os devidos cuidados de higiene bucal da população. Sendo assim, essas informações podem ser expressas dentro do consultório odontológico ou por intermédio de outras vias de comunicação.

Na Odontologia, métodos educativos e de prevenção são indispensáveis para o controle de doenças orais e manutenção da saúde bucal, ofertando maior qualidade de vida aos sujeitos. No âmbito da saúde pública a equipe de saúde bucal é responsável por desenvolver estratégias de educação em saúde para a comunidade.

A Política Nacional de Saúde Bucal designa que as visitas domiciliares devem ser realizadas pela equipe de saúde bucal, de forma a atender famílias que tem difícil acesso as unidades de saúde. Para que estas possam receber atendimento odontológico e informações sobre saúde oral que sane suas dúvidas e auxilie na sua higiene (DE-CARLI; DOS SANTOS; DE SOUZA; KODJAOGLANIAN; BATISTON, 2015).

A escola é um ambiente de grande relevância para formação cultural, social e intelectual das crianças, por isso, é um importante espaço para o compartilhamento de conhecimento em saúde bucal. Diversas abordagens podem ser utilizadas pelas equipes de saúde bucal, como: atividades interativas, rodas de conversas, palestras e práticas para instruções de higienização17.

A internet é um veículo de comunicação que pode ser utilizado para promoção de educação em saúde bucal. É uma ferramenta que está em constante crescimento e a disponibilidade do uso de computadores e smartphones facilita o acesso das pessoas a essa rede imensa de informação.

O CD dispõe da tecnologia digital como mecanismo para propalar informações a respeito de características de doenças, formas de prevenção, dicas de higienização oral, métodos de tratamento, dentre outros. Sendo assim, as ferramentas digitais devem ser aliadas no processo educacional da população, fornecendo um espaço interativo para construção do conhecimento (CRUZ; FAHER PAULO; DA SILVA DIAS; MARTINS; GANDOLFI,, 2011).

A busca por informação associada à saúde vem sendo modificada ao longo do tempo, e as mídias digitais tem um papel expressivo nessa mudança. O rápido crescimento da informação online transformou-se na primeira opção de compreensão do paciente no que se refere a sua condição de saúde (REOLON, 2022).

As pessoas adquiriram o hábito de pesquisar na internet sobre as características das doenças antes de procurar o atendimento odontológico. Para se inteirarem sobre o assunto e estarem mais preparados para realizarem perguntas e assimilarem as explicações dos profissionais.  Isso os tornam mais bem equipados para cuidarem do seu estado de saúde.

Contudo, deve-se existir um cuidado com o tipo de informação exposta a população. A internet é um mecanismo que não pode ser limitado, assim, o conhecimento publicado pode ser impreciso, desatualizado ou infundado. Podendo ocasionar a execução de práticas sem respaldo científico. Ademais, a consulta por informação deve ser um aditivo no processo de educação em saúde e tratamento dos pacientes, jamais substituindo os serviços prestados pelos odontólogos.

3. METODOLOGIA

Este estudo trata-se de uma pesquisa de caráter descritivo, transversal, com abordagem quantitativa e qualitativa. A pesquisa foi desenvolvida através de questionário virtual, disponibilizado via on-line, isto é, por meio da rede social Instagram e WhatsApp, através do link de questionário divulgado nos stories da conta pessoal dos pesquisadores.

Nesta pesquisa a população se trata de adultos que tenham contato com informações on-line. A amostra foi, por sua vez, por conveniência, ou seja, aquela realizada por não saber o número da população do estudo, isto é, a quantidade de indivíduos envolvidos. Sendo, portanto, uma amostra total de 50 sujeitos.

Os sujeitos que participaram do estudo se enquadraram nos seguintes critérios de inclusão: pessoas entre 18 a 50 anos de idade, ter acesso a informações pela internet e estar esclarecido quanto a pesquisa e ter assim assinado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os critérios de exclusão, por sua vez, foram pessoas que não tenham independência intelectual ou que não consigam tomar decisões por conta própria.

O instrumento de coleta de dados utilizado para realizar o presente estudo foi através de um questionário com perguntas abertas. Para análise das informações qualitativas, foi empregada o método da Análise de Conteúdo de Bardin.

A pesquisa foi submetida ao CEP da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança em João Pessoa/PB, através da Plataforma Brasil, aprovada com o número CAAE: 67201823.3.0000.5179.

4. ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS DADOS

Embasado no método de análise de conteúdo de Bardin, foram elaboradas duas categorias de análise. São elas: Principais cuidados que os sujeitos realizam com sua saúde bucal e diversas fontes de informação sobre saúde bucal e a compreensão dos sujeitos sobre a importância do conhecimento em saúde bucal.  

4.1 Principais cuidados que os sujeitos realizam com sua saúde bucal

Os sujeitos que responderam à pesquisa mostraram se importar com a manutenção da saúde bucal. Em grande parte, afirmaram que fazem consultas periódicas com o cirurgião-dentista, que trocam suas escovas de dente a cada 3 meses, escovam os dentes após cada refeição, fazem o uso do fio dental e usam o enxaguante bucal, como podemos observar em algumas respostas: 

Sim. Escovo os dentes após todas as refeições, no mínimo três vezes ao dia, passo fio dental duas vezes ao dia e mantenho consultas regulares ao dentista. S5

Vou ao dentista regularmente, troco a escova a cada 3 meses, uso fio dental e escovo os dentes após as refeições. S18

Sim, escova os dentes sempre que possível pois se alimentar ou usar ao menos enxaguante bocal, usar fio dental, ir ao dentista periodicamente, fazer uma boa escovação, com uma escova adequada. S36

Sim, fazendo a melhor higienização possível no ato de escovar assim como usando enxaguantes. E procurando fazer limpeza junto ao profissional a cada 06 meses. S46

Sim, o sorriso é uma das coisas que mais chamam atenção no rosto de alguém, mas além de ter um sorriso bonito, precisamos atentar-se aos cuidados da saúde bucal para que isso se torne possível. Vou ao dentista pelo menos uma vez a casa 6 meses para que seja feita uma avaliação e vê se está tudo ok. S49

As respostas dos participantes desta investigação corroboram com os dados obtidos pela Pesquisa Nacional de Saúde Bucal, pois, segundo a Pesquisa Nacional, o número de crianças, jovens e adultos com uma saúde bucal de qualidade aumentou nos últimos anos, consequentemente aumentando em 70% o número de dentas tratados entre os anos de 2003 a 2010.

Devido aos inúmeros problemas com a má higiene bucal, comemora-se, no dia 20 de março, o Dia Mundial da Saúde Oral; e dia 25 de Outubro, o dia Nacional da Saúde Bucal, com o objetivo de conscientizar a população sobre a importância e necessidade da higiene bucal e dos cuidados odontológicos para o bem-estar geral da população, independentemente da idade. A saúde bucal é essencial na prevenção de infecções e no agravo de doenças, tais quais: doenças autoimunes, diabetes, anemia e dentre outras, que pioram com uma higiene bucal deficiente. Nesse sentido, os investimentos nesse setor – de conscientização da população – tem aumentado exponencialmente, promovendo uma redução de doenças, uma procura maior por especialistas e, consequentemente, uma melhora na saúde da população. Esses investimentos possibilitam também informações de qualidade – e verídicas – a população.

4.2 Diversas fontes de informação e a compreensão dos sujeitos sobre a importância do conhecimento em saúde bucal.

Os indivíduos em sua grande maioria concentram suas respostas sobre as fontes de informação em saúde bucal, relatando adquirirem as informações através de palestras, posts de clínicas odontológicas, artigos científicos, manuais de saúde, pela internet através das redes sociais e com os profissionais cirurgiões-dentistas. É perceptível que os sujeitos entrevistados demonstraram compreender a importância do conhecimento na construção de autonomia e melhoria dos cuidados com a manutenção da saúde oral, como podemos observar nas falas abaixo:

Aprendi em palestras nas escolas do Ensino Fundamental e Médio, atualmente, posts de clínicas odontológicas. Com certeza interfere, educação sobre saúde bucal é essencial. S3

Em artigos científicos e através de conversas com profissionais da área. Acredito que o conhecimento é extremamente necessário para o cuidado com a saúde bucal. S5

Conversando com profissionais. O conhecimento é fundamental para a gente se atentar a cuidar bem da higiene bucal. A falta de conhecimento proporciona um maior descuido ao cuidar da saúde bucal, o que pode causar sérios problemas. S34

Em manuais de assistência à saúde, mas também por meio de revistas/periódicos e até mesmo nas redes sociais, como Instagram e Twitter. Acredito que o conhecimento é a base de tudo, ou pelo menos deveria ser. Uma pessoa educada, que possui determinados conhecimentos é capaz de ser o protagonista maior de seu próprio cuidado. S45

Internet e com o próprio dentista. Acredito que todo conhecimento é válido e dependendo da informação pode sim interferir. S18

Na atualidade, as informações divulgadas em alguns sites e, até mesmo, nas redes sociais têm, por vezes, a intenção de ludibriar o consumidor com o objetivo na venda de produtos que prometem um determinado desempenho ou eficácia, mas que, na verdade, não possuem as substâncias necessárias para tal.

A qualidade na informação é, sem dúvida, de grande importância e, pelas falas dos participantes desta investigação, a fonte mais procurada e confiável é o cirurgião-dentista. Segundo as Diretrizes do Conselho Federal de Odontologia, o cirurgião-dentista é o profissional responsável pela saúde bucal, capacitado para realizar desde a remoção, extração de dentes, realizar cirurgias corretivas e atuar no tratamento do câncer de boca, atuando em diversas especialidades. Dessa forma, torna esse profissional indispensável na transmissão de informações de qualidade acerca da higiene e da saúde bucal como um todo3, 4.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O estudo possibilitou evidenciar a influência do acesso à informação na condição de saúde bucal dos sujeitos que se apresentavam entre as idades de 18 a 50 anos. Os levantamentos feitos no período da coleta dos dados indicam que o público entrevistado considera de suma importância o conhecimento sobre saúde bucal e acredita influenciar na forma que os indivíduos cuidam da sua própria saúde. À vista disso, a hipótese 1, estipulada no início deste estudo, foi confirmada: O acesso à informação influencia nas condições de saúde bucal dos sujeitos.

Diante disso, conclui-se que através do estudo pôde-se observar uma relação entre o conhecimento em saúde bucal e estado de saúde dos indivíduos. Ainda assim, para obtenção da melhoria das condições de saúde bucal é necessário que a informação esteja associada a colaboração dos sujeitos na realização das práticas de higienização oral.

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1Graduada em Odontologia pela Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6838152160343415

2Professora efetiva da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN. Doutora em Ciências Odontológicas pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Lattes:  http://lattes.cnpq.br/3947361759469221

3 Professora efetiva da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN. Doutora em Letras pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – UERN. Lattes:  https://lattes.cnpq.br/0562725197602978

4 Graduado em Odontologia pela Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN. Lattes: http://lattes.cnpq.br/4591624761283219

5 Professor efetivo da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN. Mestre em Ciências Sociais pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN. Lattes: http://lattes.cnpq.br/6635706146608200

6 Professor efetivo da Faculdade de Enfermagem Nova Esperança de Mossoró – FACENE/RN. Doutorado em Ciência Animal pela Universidade Federal Rural do Semi-Árido. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8362491439074916