INFLUÊNCIA DAS AVÓS NO ALEITAMENTO MATERNO EXCLUSIVO

INFLUENCE OF GRANDMOTHERS IN EXCLUSIVE BREASTFEEDING

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7829677


Anastácia Rose Dias Campos1
Ivone Cavalcante Moura2
Maria Eliana Peixoto Bessa3


RESUMO

Este estudo teve como objetivo identificar na literatura científica nacional publicações sobre o papel das avós no aleitamento materno de seus netos. Trata-se de uma revisão narrativa realizada por meio de um levantamento bibliográfico na base de dados LILACS foi utilizado as palavras chave “aleitamento materno” e “idosos”. Foram selecionados nove artigos conforme critérios de inclusão e exclusão. Esses foram lidos e categorizados de acordo com a influência que as avós exercem sobre a amamentação em relação às suas crenças. Após a leitura observou que avós exercem influência sobre a amamentação conforme suas crenças e estas podem facilitar ou dificultar a amamentação. As crenças encontradas foram: produção de leite, leite fraco, tratamento de fissuras, dor na amamentação, a gratidão do ato de amamentar, uso de água ou chá e de outro leite, avó como apoio, morfologia da mama materna (mama grande), certos alimentos têm efeitos potencialmente nocivos durante a gestação e lactação. Sabe-se que as avós é uma importante rede de apoio para puérpera, dessa forma, compreender a influência que estas exercem no processo de amamentação é essencial para que sejam realizadas intervenções mais eficazes junto ao binômio mãe-filho.  

PALAVRAS-CHAVE: Saúde da Criança; Modelo de Crenças de Saúde; Idoso; Aleitamento materno

ABSTRACT

This study aimed to identify publications in the national scientific literature on the role of grandmothers in breastfeeding their grandchildren. This is a narrative review carried out through a bibliographical survey in the LILACS database, using the keywords “maternal breastfeeding” and “elderly”. Nine articles were selected according to inclusion and exclusion criteria. These were read and categorized according to the influence that grandmothers have on breastfeeding in relation to their beliefs. After reading it, it was observed that grandparents influence breastfeeding according to their beliefs and these can facilitate or hinder breastfeeding. The beliefs found were: milk production, weak milk, treatment of fissures, pain in breastfeeding, gratitude for the act of breastfeeding, use of water or tea and other milk, grandmother as support, maternal breast morphology (big breast), certain foods have potentially harmful effects during pregnancy and lactation. It is known that grandmothers are an important support network for puerperal women, therefore, understanding the influence they have on the breastfeeding process is essential for more effective interventions to be carried out with the mother-child binomial.

KEYWORDS: Child Health; Health Beliefs Model; Elderly; Breastfeeding

  1. INTRODUÇÃO

A amamentação é um ato natural e biológico do ser humano que traz vários benefícios tanto para a mãe quanto para o bebê (BRASIL, 2015). É considerada como a melhor fonte de nutrição para o lactente, além de favorecer os aspectos imunológicos, psicológicos e o seu desenvolvimento no seu primeiro ano de vida (SILVA et al, 2020).

Estudos apontam que quanto mais precoce for a amamentação melhor será a eficácia desta, pois permite que a criança receba o colostro (primeiro leite) e estimula maior produção de leite (MARTINS, 2013). A importância da criança receber o primeiro leite está no favorecimento da imunidade passiva, já que este é rico em anticorpos da mãe (SILVA et al, 2020).

É durante a amamentação que ocorre o vínculo mãe-filho, pois permite a interação com o bebê, ajudando no desenvolvimento dos aspectos emocionais (ROCHA et al, 2018). Ressalta-se que Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que esta deverá ser exclusiva até o sexto mês de vida do lactente (BRASIL, 2015).

Apesar dessa recomendação, observa-se que as taxas de amamentação no Brasil ainda são baixas, por mais que os inquéritos nacionais indiquem uma tendência ascendente. Estimativas nacionais provenientes das pesquisas nacionais sobre demografia e saúde confirmaram tendência de aumento da prática da amamentação, identificando uma duração mediana do aleitamento materno de sete meses (BOCCOLINI et al, 2017). 

O ato de amamentar é uma prática aprendida, transmitida de mães para filhas, sendo influenciada por fatores culturais, sociais, econômicos (LAHÓS et al, 2016).  Sendo de suma importância participação das avós nesse processo como rede de apoio social (ANGELO et al, 2015). Diante dessa afirmação, questiona-se: Qual a influência das avós no aleitamento materno exclusivo?

Estudos como esse apresentam relevância por compreender a influência das avós e seus conhecimentos em relação à sua prática nos primeiros meses de vida da criança, trazendo benefícios para a atuação do enfermeiro nas orientações sobre a amamentação.

  1. METODOLOGIA 

Trata-se de um estudo de revisão, cujo método compreende análise de pesquisas de considerável relevância, tendo como finalidade conferir suporte à tomada de decisão e melhoria da prática clínica, permitindo a síntese do estado do conhecimento de determinado assunto, como também, visa ao apontamento de lacunas do conhecimento que precisam ser elucidadas, através da produção de novos estudos (MENDES et al, 2008).

Para o encaminhamento desta pesquisa, foram cumpridas as seguintes etapas metodológicas: (1) identificação do problema ou da temática (elaboração da pergunta norteadora, estabelecimento de descritores e dos critérios para inclusão/exclusão de artigos); (2) amostragem (seleção dos artigos); (3) categorização dos estudos; (4) definição das informações a serem extraídas dos trabalhos revisados; (5) análise e discussão a respeito das intervenções; (6) síntese do conhecimento evidenciado nos artigos analisados ou apresentação da revisão integrativa (MENDES et al, 2008).

Na presente revisão integrativa, foram selecionadas nove produções científicas, especificamente, artigos disponíveis na base de dados LILACS (Literatura Latino-Americana em Ciências de Saúde). A partir da leitura realizada da íntegra dos materiais, considerando-se as informações disponíveis e observando-se a relação destes com a temática aqui discutida. Os descritores utilizados neste trabalho foram: Aleitamento materno; avós. 

Os critérios de inclusão utilizados foram: artigos escritos em português, estar disponível na íntegra, bem como estar relacionado à temática deste trabalho. Quanto aos critérios de exclusão, foram desconsiderados artigos repetidos na base de dados, dissertação de mestrado e revisão de literatura. 

É importante destacar que a fase de seleção dos artigos destinados à revisão integrativa, descrita na Figura 1, aconteceu nos meses de agosto a outubro de 2015.

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos artigos incluídos na revisão integrativa

FONTE: Autoria própria.

Após esse procedimento, as informações dos artigos foram detalhadas por meio de um instrumento de coleta de dados previamente adaptado (URSI, 2005). Esse instrumento contempla os seguintes aspectos: autores/ ano de publicação, quem influencia no AM, crenças no AM, tipo de influência e principais resultados.

A exposição dos resultados e da discussão das informações obtidas foi feita de modo descritivo, permitindo ao leitor a avaliação da aplicabilidade da revisão integrativa apresentada, com a intenção de alcançar o objetivo proposto.

  1.  RESULTADOS 

Nesta revisão integrativa, foram analisados nove artigos que consideraram os critérios de inclusão previamente estabelecidos. O quadro 1 evidencia os conteúdos dos artigos que envolviam principalmente as avós e seus conhecimentos relacionados ao aleitamento materno de seus netos.

Quadro 1 – Distribuição do conteúdo dos artigos analisados conforme os autores, ano de publicação, quem influencia no AM, crenças no AM, tipo de influência (positiva ou negativa) e principais resultados.

Autores/Ano de publicaçãoQuem influencia no AMCrenças no AMTipo de influência(positiva e negativa)Principais resultados
Silva et al. (2013)AvósAvós possuem algumas crenças sobre a influência da alimentação na produção láctea, tais como: “comer canjica de milho”; “beber cerveja preta e mate”Influência positivaObserva-se que as avós podem influenciar positivamente suas filhas e noras na prática do aleitamento materno, uma vez que a maioria (dezesseis) delas amamentou, e todas elas disseram ser importante a amamentação
Machado et al. (2008)Pais e avósLeite fracoInfluência positivaÉ essencial que o profissional de saúde entenda o seu papel como esclarecedor, conscientizador e motivador, respeitando a decisão da mãe de amamentar.
Teixeira et al.(2008)AvósO MCE influência positiva na amamentaçãoO MCE junto às mulheres-avós e seus familiares em processo de amamentação validou a importância de se colocar em foco o cotidiano, este, entendido como a maneira de viver dos seres humanos que se mostra no dia-dia e se expressa por interações, crenças, valores…
Teixeira et al.(2006)AvósLeite fraco, traumas mamilaresInfluência positivaÉ preciso repensar a cultura do não amamentar e do ter que amamentar Enfim, é preciso sair da lógica, poderíamos até dizer da cultura do ter que, do dever ser, para a lógica e a cultura do ser preciso.
Susin et al.(2005)Avóscrença do “leite fraco” ou “pouco leite”NegativaAs seguintes variáveis mostraram associação significativa com interrupção do aleitamento materno exclusivo no primeiro mês: avós maternas e paternas que aconselhavam o uso de água ou chá e de outro leite. 
Pacheco e Cabral(2011)FamiliaresOs familiares apontaram diversas crenças relacionadas à morfologia da mama materna como um fator dificultador para a prática da amamentação do bebê de baixo peso. Os familiares interpretaram que a mama grande da mãe era o elemento impeditivo de o bebê mamar todo o leite (esvaziar a mama).NegativaA prática discursiva desses seis grupos familiares no manejo da alimentação apresentou-se como um reflexo de seu contexto social e de suas práticas culturais.
Silva et al.(2013)Equipe de saúdeUso de casca de banana para evitar rachaduras nos seios, não deixar o bebê arrotar no peito senão o leite seco.PositivaIdentificaram-se quatro categorias: influências tecnológicas na amamentação; apoio familiar e social na amamentação; influências da cultura e das experiências familiares anteriores na amamentação e os aspectos biológicos e a amamentação.
Oliveira et al.(2011)Equipe de saúdeNão foram identificadas restrições alimentares preocupantes ligadas às crenças pessoais das entrevistadas, porém reforça-se aqui a necessidade de orientações adequadas aos lactantes dentro de um sólido e eficiente programa de educação nutricional em saúde.PositivaConhecer o perfil e o comportamento dessas mães diante da importante etapa que é a lactação torna-se fundamental para evitar que fatores de pouca importância ou injustificáveis possam interferir negativamente no aleitamento materno.
Frota et al. 2009Avóscrença do “leite fraco” ou “pouco leite”, dor nos mamilosPositivaO ato de amamentar para as mães ainda é visto como um dever/responsabilidade da mulher, sobrepondo-se ao seu desejo ou não de querer ou de poder fazê-lo. Tal fato pode ser associado à insuficiência de estratégias de educação em saúde que possibilitem o desenvolvimento da consciência crítica no âmbito cultural.

Fonte: Autoria própria

De acordo com os artigos pesquisados, as avós exercem influência sobre a amamentação conforme suas crenças e estas podem facilitar ou dificultar a amamentação. As crenças encontradas foram: produção de leite, leite fraco, tratamento de fissuras, dor na amamentação, a gratidão do ato de amamentar, uso de água ou chá e de outro leite, avó como apoio, morfologia da mama materna (mama grande), certos alimentos têm efeitos potencialmente nocivos durante a gestação e lactação. 

  1. DISCUSSÃO 

4.1 Produção de leite:

Estudo realizado com 20 avós observou que a crença do leite fraco levou essas mulheres a acreditarem que se ingerissem canjica de milho e beberam cerveja preta e mate, fariam com que produzissem mais leite (SILVA et al, 2013).

A cerveja não deve ser utilizada por ser bebida alcoólica. Para estimular a produção de leite, a mãe deve tomar bastante líquido, descansar seu corpo e estimular o bebê a sugar o peito (BRASIL, 2013).

Em algumas mulheres a “descida do leite” ou apojadura só ocorre alguns dias após o parto. Nesses casos, o profissional de saúde deve desenvolver confiança na mãe, além de orientar medidas de estimulação da mama, como sucção frequente do bebê e ordenha. É muito útil o uso de um sistema de nutrição suplementar (translactação), que consiste em um recipiente (pode ser um copo ou uma xícara) contendo leite (de preferência leite humano pasteurizado), colocado entre as mamas da mãe e conectado ao mamilo por meio de uma sonda. A criança, ao sugar o mamilo, recebe o suplemento. Dessa maneira o bebê continua a estimular a mama e sente-se gratificado ao sugar o seio da mãe e ser saciado (BRASIL, 2015). 

4.2 Leite fraco:

Um dos motivos para o desmame precoce é a crença do leite fraco citado em estudos que enfocam a temática (SANTOS et al, 2005; SUSIN et al, 2004; ROCHA et al, 2010). 

Na prática do aleitamento materno os avós interferem muitas vezes de modo a desestimular a amamentação quando inseriram água ou chás, alegando que o leite materno é fraco e somente ele não iria sustentar a criança (TEIXEIRA et al, 2006).

A grande maioria das mulheres tem condições biológicas para produzir leite suficiente para atender à demanda de seu filho. No entanto, uma queixa comum durante a amamentação é “pouco leite” ou “leite fraco”. Muitas vezes, essa percepção é o reflexo da insegurança materna quanto a sua capacidade de nutrir plenamente o seu bebê. Essa insegurança, com frequência reforçada por pessoas próximas, faz com que o choro do bebê e as mamadas frequentes (que fazem parte do comportamento normal em bebês pequenos) sejam interpretados como sinais de fome. A ansiedade que tal situação gera na mãe e na família pode ser transmitida à criança, que responde com mais choro. A suplementação com outros leites muitas vezes alivia a tensão materna e essa tranquilidade é repassada ao bebê, que passa a chorar menos, vindo a reforçar a ideia de que a criança estava passando fome. Uma vez iniciada a suplementação, a criança passa a sugar menos o peito e, como consequência, vai haver menor produção de leite, processo que com frequência culmina com a interrupção da amamentação. Por isso, a queixa de “pouco leite” ou “leite fraco” deve ser valorizada e adequadamente manejada (BRASIL, 2015)

A aparência aguada do leite materno, principalmente do colostro, faz com que a mãe considere seu leite inferior, acreditando que não serve para atender às demandas da criança por diferir do leite popularmente conhecido como leite forte – o leite de vaca. A valorização do leite de vaca em relação ao humano deve-se também por apresentar na sua composição maior quantidade de proteína (BRASIL, 2015).

4.3 Tratamento de Fissuras:

No tratamento de fissuras era usado casca de banana e pomadas, práticas essas que podem levar a danos mamilares (SILVA et al, 2013).

Para o tratamento das fissuras deve-se posicionar melhor o bebê no peito e corrigir a “pega”; começar a dar o peito pela mama sadia e depois passar para a mama com rachaduras; expor as mamas aos raios do sol ou à luz artificial (lâmpada de 40 watts a uma distância de 30 cm); ordenhar manualmente o excesso de leite para evitar o ingurgitamento mamário (BRASIL, 2015).

4.4 Dor na amamentação:

As mães sem a orientação adequada sobre amamentação não conseguem colocar as crianças na posição correta para fazer uma boa pega, com isso acaba provocando rachaduras e fissuras nas mamas causando dor e fazendo com que estas parem de amamentar (SILVA et al, 2013).

A causa mais comum de dor para amamentar se deve a lesões nos mamilos por posicionamento e pega inadequados. Outras causas incluem mamilos curtos, planos ou invertidos, disfunções orais na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, não interrupção adequada da sucção da criança quando for necessário retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos (BRASIL, 2015). 

Trauma mamilar, traduzido por eritema, edema, fissuras, bolhas, “marcas” brancas, amarelas ou escuras, hematomas ou equimoses, é uma importante causa de desmame e, por isso, a sua prevenção é muito importante, o que pode ser conseguido com as seguintes medidas: Amamentação com técnica adequada (posicionamento e pega adequados); Cuidados para que os mamilos se mantenham secos, expondo-os ao ar livre ou à luz solar e trocas freqüentes dos forros utilizados quando há vazamento de leite; Não uso de produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer produto secante (BRASIL, 2015).

4.5 Uso de água ou chá e de outro leite:

Com relação à introdução de outros complementos além do leite materno, pesquisa aponta que as avós passavam essa prática com as suas filhas, pois já vinham de uma cultura onde a prática da amamentação não era valorizada (SILVA et al, 2013).

Muitas avós transmitem às suas filhas ou noras as suas experiências com a amamentação, que em muitos casos são contrárias às recomendações atuais das práticas alimentares de crianças, como por exemplo, o uso de água, chás e outros leites nos primeiros seis meses. Por isso, é importante incluir as avós no aconselhamento em amamentação, para que práticas nocivas à criança não continuem sendo transmitidas às novas gerações de mães. Com informação adequada e diálogo que permitam às avós expor as suas experiências, crenças e sentimentos com relação à amamentação, elas podem exercer influência positiva para uma amamentação bem-sucedida de suas filhas ou noras (BRASIL, 2015).

4.6 Gratidão do ato de amamentar

O ato de amamentar aparenta ser simples e um instinto nato, mas para seu sucesso, requer ensinamentos e um complexo conjunto de condições interacionais no contexto social da mulher e do filho (MOIMAZ et al, 2016). Trata-se de um comportamento social, mutável conforme épocas e sofreu transformações durante a história (ROCHA et al, 2010). Esse ato é influenciado pela família e pelo meio social em que a mulher vive (JAVORSKI et al, 2004). 

Estudo desenvolvido por Machado e Bosi (2008) verificou que mulheres que amamentaram exclusivamente evidenciam gratidão em conseguir amamentar seus filhos, pois estas consideram este ato importante para a saúde da criança.

4.7 Avó como apoio:

Entrevistas realizadas para definir o papel das avós na amamentação de seus netos observou que elas mesmas não tendo amamentado, serviam como rede de apoio para o incentivo da amamentação, criando a criança no lugar da mãe (TEIXEIRA, NITSCHKE, 2008).

4.8 Morfologia da mama materna (mama grande):

Diferentes crenças culturais estiveram presentes na matriz social dos discursos dos familiares no manejo da alimentação do bebê de baixo peso. Diversas crenças estiveram relacionadas à morfologia da mama materna como uma barreira para a prática da amamentação, tais como: o tamanho, a ausência de protrusão e o tamanho do mamilo. Porém, sabe-se que o tamanho da mama não interfere no processo da amamentação, pois sua dimensão varia em função da maior ou menor quantidade de tecido gorduroso (PACHECO, CABRAL, 2008).

Já sobre a dificuldade de o bebê esvaziar toda a mama, a literatura científica aponta que uma posição inadequada da mãe ou do bebê na amamentação dificulta o posicionamento correto da boca do bebê em relação ao mamilo e à aréola, resultando no que se denomina de má pega. Ou seja, a má pega dificulta o esvaziamento da mama e não o tamanho grande da mama (BRASIL, 2015)

4.9 Certos alimentos têm efeitos potencialmente nocivos durante a gestação e lactação:

Profissionais de saúde e de nutrição, responsáveis pela promoção do aleitamento materno, em alguns momentos enfrentam dificuldades devido à recusa das mães em comer alimentos típicos do cotidiano porque consideram nocivos, embora esses tenham um inquestionável valor nutricional. Alguns tabus podem motivar a restrição ou mesmo a exclusão de determinado alimento importante nutricionalmente em fases fundamentais da vida (OLIVEIRA et al, 2011).

  1. CONSIDERAÇÕES FINAIS 

Concluiu-se que, no período de 2005 a 2013, às produções científicas na área de influência das avós no aleitamento materno, mostraram que sua rede social de apoio, bem como as avós, pode influenciar tanto positivamente quanto negativamente dependendo de seus valores, suas crenças e de suas experiências anteriores.  

Com isso, a realização desta pesquisa contribui para a ampliação de sínteses do conhecimento científico nacional, tendo como finalidade a busca analítica dos resultados das pesquisas publicadas no cenário brasileiro a respeito da influência das avós no aleitamento materno, o que subsidia a efetivação das ações que são desenvolvidas no âmbito da prática da enfermagem.

É indispensável, também, enfatizar que esse tipo de estudo fomenta a permanente atualização do conhecimento disponível na área da saúde, colaborando com as ações executadas na prática clínica, assim como auxilia na realização de outros estudos.

Desse modo, é fundamental destacar que este estudo está fundamentado em publicações nacionais, aspecto este que se justifica em razão da importância de se conhecer, refletir e respeitar a cultura e as crenças dessas pessoas, quanto a promover o aleitamento materno, explicando seus benefícios, sem desconsiderar, ao mesmo tempo, à decisão da mãe de amamentar ou não seu filho.

As pesquisas discutidas neste trabalho oferecem bases concretas para o direcionamento de investigações posteriores, onde se busque compreender acerca dos motivos que levam às mães a fazerem o desmame precoce.

Embora estejam disponíveis, sobretudo no ambiente eletrônico, diversas pesquisas a respeito da temática aqui enfatizada, é possível constatar que ainda há espaço para a realização de investigações voltadas para as ações que podem contribuir para o início e manutenção da amamentação, dependendo das ações desenvolvidas pelos profissionais.

A concretização dessa pesquisa também chama atenção para inegáveis mitos que muitas mulheres possuem em relação ao aleitamento, que, muitas vezes, essas informações erradas, predispõem ao aparecimento de complicações da lactação que levam ao desmame.

Diante desse paradigma, é essencial que se promovam ações que visem superar mitos e crenças que permeiam a prática do aleitamento materno.

Nesse sentido, a síntese das publicações possibilitou a ampliação da compreensão acerca do tema e a intenção de que outros estudos sejam realizados para acrescentar e esclarecer esse objeto de investigação.

REFERÊNCIAS

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1Enfermeira (UNIFOR). Hospital Waldemar de Alcântara. Fortaleza, Ceará. Email: anastacia_campos@hotmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/9921801033818245
2Enfermeira (UNIFOR). Fortaleza, Ceará.  Email: ivonecavalcantemoura@hotmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1005505273549130
3Enfermeira (UFC/2004). Mestre em Enfermagem (UFC/2009). Doutora em enfermagem (UFC/2012). Especialista em enfermagem do Trabalho (UECE -2007); Acupuntura (ABA – 2020), Saúde da Família e Saúde pública (FAHOL – 2023). Bolsista do Programa de Apoio às Residências em Saúde da Escola de Saúde Pública do Ceará, Docente  do Mestrado profissional em gestão em Saúde – MEPGES e do curso de especialização em saúde do idoso – UECE. Email: elianapbessa@gmail.com. https://orcid.org/0000-0002-3943-6069. Lattes:  http://lattes.cnpq.br/4425537606838926