INFECÇÕES RELACIONADAS AO CATETERISMO VESICAL DE DEMORA REALIZADO PELO ENFERMEIRO: REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202409190746


Ana Carollina Lima Nascimento Aires; Aline Guedes de Souza; Dayane Pereira Feitosa; Eva Solange Gonçalves Rodrigues; Jéssica Corsini Mourão; Kalinny Sthefanny Macedo Rodrigues; Karla Danielly Lima Vinhadelli; Kiria Vaz da Silva Hamerski; Laiza Arruda de Carvalho Silva; Mariana Martins de Souza


Resumo

Objetivo – Identificar os fatores que levam ao desenvolvimento de infecções relacionadas ao cateterismo vesical habitado por enfermeiros. Materiais e métodos – Trata-se de uma revisão integrativa de diversos estudos que coletaram dados sobre a ocorrência de infecções associadas à assistência a cateteres vesicais. Os estudos foram selecionados com base em descritores, aplicando-se critério de inclusão de estudos publicados entre 2017 e 2022, completos, de acesso aberto e em português.

Utilizando as informações obtidas após a análise dos estudos e os critérios de inclusão aprovados, foi realizada uma análise com levantamentos estatísticos realizados no programa Microsoft Word ®. Resultados e discussão – Foram demonstradas as principais causas de infecções urinárias por cateterismo vesical em unidade de terapia intensiva, bem como os principais mecanismos que poderiam prevenir a ocorrência deste evento. Conclusão – O estudo mostrou que fatores como tempo de internação e antissepsia genital representam o maior exponencial entre os estudos analisados ​​e, com base na análise, concluiu-se que o enfermeiro, como orientador de cuidados, é o profissional com maior responsabilidade na prevenção. infecções associadas ao cateterismo vesical.

Palavras-chave: Infecção do trato urinário, cateterismo vesical, cuidados de enfermagem, prevenção, unidade de terapia intensiva.

1. INTRODUÇÃO

A infecção do trato urinário (ITU) é uma das infecções mais comuns em humanos, com quadro patológico multifatorial. No Brasil, as infecções do trato urinário são a terceira infecção mais comum em hospitais, muitas vezes em mulheres, e essa incidência pode ser explicada principalmente pela estrutura anatômica feminina, caracterizada por uma uretra mais curta e pela proximidade da uretra. o ânus. Além da estrutura anatômica, fatores como vida sexual, higiene, diabetes e até roupas tornam as mulheres mais suscetíveis (Vaz et.al., 2020).

A infecção do trato urinário é distinta da infecção relacionada à assistência à saúde (IRAS) e sua ocorrência está relacionada principalmente ao uso de cateter vesical (CVD), capaz de tocar qualquer parte do sistema urinário, incluindo, por exemplo, uretra, bexiga, ureteres e rins (Barbosa et. al. 2019). Segundo Fernandes e Haddad (2018), as infecções do trato urinário ocorrem quando a flora normal do trato urinário é afetada principalmente por bactérias uropatogênicas, podendo ainda ser classificadas como complicadas e não complicadas.

Em 2021, no Brasil, a taxa de infecção nosocomial atingiu 14% das internações, segundo dados nacionais do Ministério da Saúde que mostram que cerca de 60% dos pacientes em terapia intensiva têm infecções hospitalares e 70% recebem antibioticoterapia. em algum momento durante o hospital. Além disso, a taxa de mortalidade de pacientes que desenvolvem infecções nas unidades de terapia intensiva brasileiras é de 40% (Maxpress, 2015). As infecções hospitalares podem ser evitadas por meio de medidas básicas como higienização adequada das mãos, esterilização dos equipamentos dos profissionais de saúde, uso correto de luvas e acessórios para qualquer tipo de cuidado apresentado pelo paciente e outros cuidados. Segundo Souza (2017), a prevalência de infecções hospitalares no Brasil é de 22,8%, enquanto nos países europeus essa taxa é inferior a 9% (Souza et. e outros, 2017).

Infecção hospitalar é uma infecção adquirida após a admissão do paciente na unidade hospitalar, que ocorre 72 horas após a chegada do paciente à enfermaria ou até sete dias após a alta hospitalar, desde que seja relacionada ao hospital e ao hospital procedimentos realizados (BRASIL, 1998). Ao longo dos anos, o ambiente hospitalar e os procedimentos nele realizados evoluíram, incluindo procedimentos invasivos comumente utilizados em unidades de terapia intensiva, como o suporte avançado de vida que proporciona melhor suporte, controle e monitoramento do paciente. enquanto se recuperava (Rossini; Ferraz, 2011).

Segundo Medeiros (2001), embora sejam tão importantes na preservação da vida e na melhoria da condição do paciente, tais procedimentos contribuem significativamente para a ocorrência de IRAS, que estão intimamente relacionadas não apenas ao ambiente crítico da UCI.

Onde o paciente está mais exposto e vulnerável em comparação com outros setores do hospital, e também pela delicada situação de saúde, pelas patologias de base e pela quantidade de técnicas e procedimentos, invasivos e imunossupressores, que têm objetivos diagnósticos e terapêuticas curativas ou de apoio nestas. momentos essenciais da vida do cliente. Por outro lado, levam à exposição a microrganismos patogênicos e muitas vezes resistentes, oriundos do próprio ambiente hospitalar, que invadem o paciente após romper alguma barreira protetora fisiológica estabelecida pelo corpo humano para sua proteção, tornando-o suscetível a infecções associadas a esses auxílios, o que é considerado um evento indesejado.

Assim, o presente estudo foi motivado pela vivência de estudantes de unidade de terapia intensiva durante prática supervisionada em um hospital da região do Médio Paraíba em 2021, onde foram observados alguns procedimentos definidores que aumentam o risco de infecção em ambiente hospitalar. , incluindo o uso de dispositivos invasivos.

Dito isto, foram levantadas as seguintes questões norteadoras: quais são os fatores que desenvolvem infecções associadas aos cuidados de saúde e quais sua relação com a inserção de cateteres vesicais? Quais são os microrganismos mais prevalentes em um local de cateterismo vesical de demora e por quanto tempo aumenta, em média, o risco de desenvolver infecções associadas à inserção de cateteres vesicais de demora? Quais medidas preventivas são tomadas pelo enfermeiro e quais ações podem ser tomadas para reduzir a incidência dessas infecções? O objetivo geral deste estudo é analisar os fatores que levam à ocorrência de infecções nosocomiais associadas à inserção de sonda vesical. Os objetivos específicos são: identificar incidência dos principais patógenos associados à colocação de cateteres urinários de demora, identificar os principais fatores de prevenção de ITU encontrados na literatura nacional; descrever o papel do enfermeiro no processo de intervenções invasivas em uma unidade de terapia intensiva.

2. MATERIAL E MÉTODOS:

Este estudo baseia-se metodologicamente em uma pesquisa bibliográfica resultante da leitura de diversas literaturas compostas por artigos selecionados com base nos descritores: enfermagem, unidade de terapia intensiva, infecções de saúde, infecções urinárias, doenças cardiovasculares. O período de pesquisa e leitura científica foi estendido de julho de 2022 para novembro de 2022. Nesse período foram coletados 09 (nove) artigos científicos.

A análise do trabalho foi baseada em pesquisas científicas na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e na plataforma de dados Scielo. Foram selecionados 5 artigos da base de artigos Scielo e 4 artigos da BVS, os critérios de inclusão são trabalhos publicados em 5 anos, incluindo os anos de 2017 e 2022, completos, com acesso gratuitamente, que aborda o tema em português. Os critérios de exclusão foram artigos publicados antes de 2017 e após 2022, incompletos, em outros idiomas e que não tratassem do tema. Após a análise dos estudos e de acordo com os critérios aprovados, foram listados 09 documentos e após a leitura como um dos estudos não teria relevância significativa para o tema da pesquisa e a proposta, não foi incluído. Restaram apenas 08 que foram incluídos neste estudo por atenderem aos critérios acima mencionados. A Tabela 1 é um quadro resumo dos artigos inseridos para análise neste estudo, após a utilização dos critérios de inclusão.

Este trabalho não necessitou ser submetido à comissão de ética em pesquisa, conforme resolução 466/12, por se tratar de uma pesquisa coletada de dados bibliográficos, que não envolveu nenhum contato direto e/ou indireto com pessoas e foi acessível ao público.

Quadro 1. Quadro demonstrativo com trabalhos que foram analisados pelo estudo.

Infecções relacionadas ao cateterismo vesical de demora realizado pelo enfermeiro na Unidade de Terapia Intensiva: Revisão Integrativa.

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO:

Para o presente estudo foi utilizado o critério temporal de 2 anos, onde foram publicados dois artigos em 2020 (25%), em 2018 não houve nenhum estudo sobre este tema, em 2022 a preocupação reaparece com quatro artigos sobre este tema (50% ). ), em 2022 ainda não havia nenhum estudo sobre esse tema, e em 2023 foram publicados dois trabalhos (25%)

Todos os artigos analisados ​​neste estudo abordaram infecção do trato urinário em pacientes com cateter vesical de longa permanência em terapia intensiva, mas dois artigos (25%) não fizeram nenhuma referência ao tema.

Este problema surge porque realizaram análises importantes de outras infecções associadas aos cuidados de saúde, e também prestaram atenção a diferentes mecanismos maiores para tentar suprimir tal incidência, tão prejudicial aos pacientes. Seiffert (2019) procurou validar uma lista de indicadores selecionados da literatura nacional e internacional para medir a eficácia das intervenções em hospitais e suas respectivas fichas técnicas, por meio de um estudo descritivo exploratório.

A vulnerabilidade dos pacientes internados em UTI tem sido observada a diversos patógenos, principalmente MRSA e VRE, que são multirresistentes e de difícil tratamento, levando os pacientes a maus prognósticos. Observou-se densidade significativa nas infecções associadas ao cateterismo vesical em terapia intensiva, indicando a gênese do evento em pelo menos 12,5% dos casos. As razões apresentadas giram em torno da antissepsia e higiene inadequadas, da técnica de cateterismo não estéril e da ineficácia do espectro de antibióticos prescritos.

As infecções do trato urinário (ITU) associadas ao uso de cateter vesical (CVD) (RC-ITU) são altamente prevalentes em unidades de terapia intensiva (UTI). Barbosa, Mota e Oliveira (2019) determinaram a prevalência e os fatores associados às infecções do trato urinário em terapia intensiva por meio de análise retrospectiva de dados de prontuários de um hospital universitário do interior de Minas Gerais. Na população analisada, foi observada prevalência de 16,6% de infecções urinárias relacionadas ao cateterismo vesical na unidade de terapia intensiva analisada. Este estudo concluiu que o tempo de internação hospitalar e o tempo de internação por doenças cardiovasculares estão diretamente relacionados à ocorrência de infecções do trato urinário.

Almeida e colaboradores (2021), por sua vez, por meio de estudo transversal retrospectivo, avaliaram a prevalência de infecção do trato urinário (ITU) no setor de unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital do Sul do Brasil e sua associação com dados sociodemográficos e saúde. variáveis, incluindo o uso de cateteres urinários. O estudo revelou prevalência de 62,9% de infecções do trato urinário. As pessoas que desenvolveram uma ITU permaneceram com o cateter vesical mais tempo (18,35 dias em média) do que aquelas que não desenvolveram. A bactéria Klebsiela pneumoniae foi observada em 46,6% dos exames, seguida por Acinetobacter baumanii (28,4%) e Escherichia coli (18,2%). Os principais antibióticos utilizados foram meropenem, piperacilina, tazobactana e polimixina B (33,0%). Um estudo de Almeida e colaboradores (2021), por sua vez, por meio de estudo transversal retrospectivo, avaliaram a prevalência de infecções do trato urinário (ITU) no setor de unidade de terapia intensiva (UTI) de um hospital do sul do Brasil e sua associação com a sociodemografia e sua associação. Oi. os fatores. dados. variáveis, incluindo o uso de cateteres urinários. O estudo revelou prevalência de 62,9% de infecções do trato urinário. As pessoas que desenvolveram uma infecção do trato urinário permaneceram com o cateter vesical por mais tempo (18,35 dias em média) do que aquelas que não o fizeram. A bactéria Klebsiela pneumoniae foi observada em 46,6% dos exames, seguida por Acinetobacter baumanii (28,4%) e Escherichia coli (18,2%). Os principais antibióticos utilizados foram meropenem, piperacilina, tazobactana e polimixina B (33,0%).

A infecção do trato urinário é um importante problema de saúde pública atualmente e pode ocorrer após um procedimento de cateterismo vesical e é necessária a utilização de técnica correta e asséptica para realizá-lo.

Nesse contexto, Santos e colegas (2021), por meio de uma revisão bibliográfica integrativa. Farias, Nascimento e Souza (2019), por meio de revisão bibliográfica integrativa, desenvolveram sistematicamente medidas para prevenir e reduzir infecções do trato urinário associadas ao cateterismo vesical em unidades de terapia intensiva.

Os principais objetivos foram a higienização profissional das mãos, o uso de técnica asséptica durante a inserção do cateter, a manutenção do livre fluxo de urina, a manutenção das bolsas coletoras abaixo do nível da bexiga, evitando a inserção de SVD, a higiene dos o meato uretral 3 vezes ao dia ao paciente, registrando a data e horário/alteração do cancelamento. Essas medidas enfatizam diretamente a importância dos cuidados de enfermagem para a prevenção de infecções do trato urinário associadas ao cateterismo vesical em unidades de terapia intensiva.

O perfil epidemiológico das infecções associadas aos cuidados de saúde causadas por procedimentos invasivos motivou o estudo de Sousa, Oliveira e Moura (2017), através de uma análise descritiva exploratória. Os autores concluem que embora a pneumonia seja a patologia mais comum.

4. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Observou-se que dentre todas as causas, o tempo de permanência com cateterismo vesical de demora e o déficit de antissepsia genital antes de realizar o procedimento de cateterismo representa o maior exponencial nos estudos analisados.

As medidas preventivas mais importantes são também as que atuam nestas áreas, ou seja, reduzir o tempo de internamento por doenças cardiovasculares, controlar a necessidade de doenças cardiovasculares e realizar de forma asséptica a técnica de introdução de doenças cardiovasculares, realizar um correto antisséptico da zona genital. e região. antes de prosseguir. Procedimentos. Os microrganismos com maior incidência analisados ​​nos estudos foram Klebsiela pneumoniae; Acinetobacter baumannii; Escherichia coli; Pseudomonas aeruginosa; Cândida sp.; e Proteus mirabilis.Ressalta-se, diante da análise, que o enfermeiro, como orientador dos planos de cuidados e intervenções em saúde, é  o profissional que tem maior responsabilidade na prevenção desse evento indesejável O papel do enfermeiro é atuar como agente que realiza o processo de cateterismo vesical de longa duração de forma estéril, sem riscos decorrentes da assistência à saúde, para orientar a equipe quanto à importância do processo de cateterismo vesical seguro. e cuidados pós-cateter, além de garantir a integridade e saúde do paciente submetido a cateterismo vesical internado em unidade de terapia intensiva.

No entanto, o número de publicações vinculando os temas em um período mais recente foi baixo. Portanto, é essencial que mais pesquisas sejam publicadas na área para destacar maiores estratégias em relação às infecções do trato urinário em pacientes com cateterismo vesical internados em unidades de terapia intensiva.

REFERÊNCIAS

BARBOSA, L. R; MOTA, ÉCILA. C; OLIVEIRA, A. C. Infecção do trato urinário associadaao cateter vesical em uma unidade de Terapia Intensiva. Revista de Epidemiologia e Controle de infecção, vol. 9, n 2, 2 abr. 2019. Disponível em: < https://www.redalyc.org/articulo.oa?id=570464096001 >. Acesso em: 27/08/2022.

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