INFECÇÕES HOSPITALARES ASSOCIADAS À ASSISTÊNCIA À SAÚDE NA UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA

HOSPITAL-ACQUIRED INFECTIONS ASSOCIATED WITH HEALTHCARE IN THE INTENSIVE CARE UNIT. REVISÃO INTEGRATIVA

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202411241438


Thaynara Dos Santos Oliveira1;
Erlayne Camapum Brandão2


RESUMO

Introdução: O presente estudo aborda as Infecções Relacionadas à Assistência à saúde (IRAS) ou Infecções Hospitalares (IH) que afetam pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), especialmente entre adultos e idosos com doença crônica. Objetivo: Compreender os tipos de infecções hospitalares que predominam nos adultos e idosos durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Metodologia: Trata-se de uma revisão integrativa da literatura, com artigos publicados nas bases de dados: Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), (Scielo, Lilacs e Medline) e pubmed, o período incluiu publicações entre 2019 a 2024, os resultados encontrados foram filtrados em: textos completos, no idioma português e inglês. Foram incluídos 15 estudos revisados. Resultados: O conjunto de variáveis presente nesse estudo, aborda diversos tipos de infecções hospitalares, como as da corrente sanguínea, do trato urinário, respiratório, sítio cirúrgico e fatores de risco como a idade avançada e internação prolongada, sintetizando a importância da prevenção para minimizar o risco e a morbimortalidade. Considerações finais: ressalta-se a importância da higienização das mãos e da educação contínua dos profissionais de saúde para prevenir infecções. Conclui-se que práticas preventivas e qualificação, são essenciais para reduzir infecções e garantir segurança aos pacientes. 

Palavras-chave: Infecção Hospitalar, Infecções Relacionadas à Assistência à saúde, Unidade de Terapia Intensiva. 

ABSTRACT

Introduction: This study addresses Healthcare-Associated Infections (HAIs) or Hospital Infections (HIs) that affect patients hospitalized in the Intensive Care Unit (ICU), particularly among adults and the elderly with chronic diseases. Objective: To understand the types of hospital infections that predominate in adults and the elderly during hospitalization in the Intensive Care Unit (ICU). Methodology: This is an integrative literature review, utilizing articles published in the following databases: Virtual Health Library (BVS), SciELO, Lilacs, Medline, and PubMed. The period covered includes publications from 2019 to 2024. The results were filtered to include only full-text articles in Portuguese and English, totaling 15 reviewed studies. Results: The variables present in this study address various types of hospital infections, such as bloodstream infections, urinary tract infections, respiratory infections, surgical site infections, and risk factors such as advanced age and prolonged hospitalization, synthesizing the importance of prevention to minimize the risk and morbidity and mortality. Final Considerations: The importance of hand hygiene and the continuous education of healthcare professionals in preventing infections is emphasized. It concludes that preventive practices and training are essential to reduce infections and ensure patient safety.

Keywords: Hospital Infection, Healthcare-Associated Infections, Intensive Care Unit.

INTRODUÇÃO

As Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) ou também chamada de Infecção Hospitalar (IH), é definida como qualquer infecção obtida durante a internação do paciente, ou seja, após a admissão, durante a internação e depois da alta hospitalar. É frequente nas Unidades de Terapia Intensiva por ser um local crítico e com pacientes que são mais susceptíveis a adquirir a infecção devido terem o sistema imunológico debilitado (Coelho et al., 2015).

 A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) é um local de alta complexidade, onde são admitidos pacientes graves, com sinais clínicos e sinais vitais instáveis e que precisam ser monitorados de forma frequente pelos profissionais da saúde, visto que pode haver um agravamento do quadro clínico. As infecções hospitalares que são adquiridas nas UTIs estão relacionadas principalmente pelo uso de sonda vesicais de demora, ventilação mecânica, catéteres venosos e internação com período longo (Ferreira et al., 2019).

Nesse sentido, os fatores de risco que são mais predominantes na aquisição das infecções hospitalares estão relacionados à presença de doenças crônicas, procedimentos feitos de forma equivocada, falta de antissepsia, esterilização, alto fluxo de pessoas na UTI e idade avançada. Os idosos possuem grandes chances de contrair infecções devido às doenças crônicas, no qual elevam as chances de adquirirem infecções hospitalares (Júnior et al, 2019). 

Dessa forma, estudos que tratam sobre Infecção Hospitalar são de extrema importância para   aumentar a qualidade da assistência e minimizar riscos à saúde dos pacientes hospitalizados em UTI, por conseguinte aumentando a qualidade de vida durante a assistência prestada pelos profissionais de saúde.

Buscar identificar os tipos de infecção hospitalar é crucial para minimizar os riscos dessa problemática diante da assistência. Este estudo tem grande relevância e justifica-se, visto que promove a descrição, a identificação e a análise do índice de prevalência das Infecções Hospitalares em adultos e idosos na UTI. Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), a cada ano, aproximadamente 14% dos pacientes internados no Brasil contraem algum tipo de infecção hospitalar, e cerca de 100 mil pessoas morrem em decorrência dessas infecções.

Mediante ao exposto, este estudo tem como objetivo geral: compreender os tipos de infecções hospitalares que predominam nos adultos e idosos durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Já os objetivos específicos consistem em: explicar os fatores que influenciam a predominância das IH/IRAS nessa população, bem como elucidar medidas básicas de controle utilizadas na UTI para prevenção das IRAS. Para construir essa pesquisa, formulou-se a seguinte questão norteadora: Como é realizada a identificação e prevenção das infecções hospitalares em adultos e idosos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?

METODOLOGIA

Trata-se de uma revisão bibliográfica integrativa de literatura. Conforme Mendes (2008), a revisão integrativa da literatura é definida como um panorama de diversos estudos relevantes e que são publicados. Assim sendo favorece uma conclusão de uma determinada área de estudo, essa abordagem auxilia na tomada de decisão e na realização de novas pesquisas.

A revisão bibliográfica integrativa da literatura é constituída por seis etapas: Etapa 1-Idenficação do tema e da pergunta de pesquisa, Etapa 2- Estabelecer os critérios de inclusão e exclusão dos estudos, Etapa 3- informação, Etapa 4- Nesta etapa consiste na avaliação dos estudos, Etapa 5- Consiste na interpretação dos resultados e Etapa 6- Consiste na apresentação da revisão e síntese do conhecimento (Mendes, 2008).

Para colaborar com a pesquisa, delineou-se a seguinte pergunta norteadora: Como é realizada a identificação e prevenção das infecções hospitalares em adultos e idosos na Unidade de Terapia Intensiva (UTI)?

Foi utilizado a estratégia PICO para atingir resultados mais precisos:

P: Problema/população: Adultos e idosos internados na unidade de terapia intensiva (UTI) com infecções hospitalares associadas à assistência à saúde.

I: Intervenção/exposição: Utilizar intervenções para identificar as IRAS e ações preventivas para reduzir o risco de adquirir as infecções hospitalares associadas à assistência à saúde, além de auxiliar na prevenção.

C: Comparação/contexto: Não se aplica.

O: Desfecho/resultado: Redução da incidência de infecções hospitalares associadas à assistência à saúde, melhora no controle da infecção, redução do uso de antimicrobianos, melhora no desfecho clínico dos pacientes e redução do tempo de internação na UTI.

No presente estudo foram realizadas buscas dos artigos na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) (Scielo, Lilacs e Medline) e pubmed utilizando os descritores de acordo com o DECS: (“Infection Control” OR “Patient Safety”) AND (“Cross Infection”) AND (Infections OR “Post-Infectious Disorders” OR “Catheter-Related Infections”) AND (“Intensive Care Units”).

A definição dos descritores foi realizada por meio da busca em artigos previamente selecionados, onde foram pesquisados os descritores mais frequentemente utilizados nesses estudos. Logo após, os resultados encontrados foram filtrados em: artigos com textos completos, no idioma português e inglês, nos últimos cinco anos (2019 a 2024) e excluídos aqueles que são revisões da literatura, pagos e que não tinham proximidade com o tema.  

A realização do prisma tem como intuito de descrever o método utilizado durante a seleção dos artigos, foram selecionados 452 artigos de acordo os descritores, sendo que 415 são da pubmed com filtros: inglês e português nos últimos 5 anos. E 37 artigos retirados da BVS com filtros: artigos em português nos últimos 5 anos. Após essa seleção, foi utilizado a plataforma rayyan para inclusão e exclusão de artigos, no qual, após a leitura prévia dos títulos e resumo, foram excluídos 410 pelo motivo de não atenderem os objetivos da pesquisa e por serem revisão integrativa e incluídos 42 artigos. Depois foram excluídos 14 artigos por não possuírem acesso ao texto completo e que são pagos. Dessa forma, ao final foram incluídos 15 artigos que respondem ao objeto da pesquisa. 

PRISMA:  

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Para a elaboração dos resultados foram desenvolvidos 3 quadros, o primeiro quadro aborda o quantitativo de artigos de acordo com as principais infecções hospitalares. Já os quadros 2 e 3 possuem os seguintes tópicos: periódico, autores, ano de publicação, título, tipo de estudo e resumo. Foram selecionados 15 artigos publicados entre os anos de 2019 e 2024 e que foram incluídos na pesquisa. 

No Quadro 1, foi realizada a seleção de artigos que abordam os diferentes tipos de infecções hospitalares. Identificou-se que alguns artigos mencionam mais de um tipo de infecção, o que justifica o fato de a soma total, quando computada, ultrapassar os 15 artigos analisados. Esse resultado reflete a abordagem ampla de determinados estudos, que mencionam vários tipos de infecções em uma única pesquisa.

Quadro 1- Os tipos de infecções hospitalares que predominam nos adultos e idosos durante a internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). 

Principais Infecções HospitalaresN° de artigos
Infecção do Trato Urinário (ITU)                     6
Infecção da corrente sanguínea (ICS)                     8
Infecção do sítio cirúrgico (ISC)                     3
Pneumonia associada à ventilação mecânica (PAV).                     3
Infecção do trato respiratório (ITR)                     4

Os estudos analisados por Pereira et al. (2023), indicam que os pacientes internados na Unidade de Terapia Intensiva (UTI), que contraíram infecções hospitalares obtiveram maior risco de morte, em comparação a outros pacientes. Ademais, essas infecções hospitalares são consideradas eventos adversos e possuem um alta taxa de morbimortalidade.

Deve-se ressaltar que o estudo feito por Fagundes et al. (2023), indicam que as IRAS frequentes nas UTIs estão vinculadas aos procedimentos invasivos e o tempo prolongado de internação, dentre as infecções mais predominantes, encontrase a Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV) por ser a mais recorrente, a Infecção do Sítio Cirúrgico e da Corrente Sanguínea. Além disso, mostra que as Infecções do Trato Urinário (ITU), estão associadas ao uso de sondas vesicais de demora e por isso possuem um índice de prevenção significativo.

Além do mais, Fagundes et al. (2023) menciona a relevância dos cuidados do catéter venoso central (CVC), considerando que é um procedimento invasivo e possui alto risco de infecção da corrente sanguínea (ICS), cujo é frequente no ambiente hospitalar. O elevado índice dessas infecções pode ser influenciado pelos erros ocorridos no cuidado durante o procedimento invasivo como os catéteres periféricos ou centrais, conforme ressalta Vicente et al. (2023).

Os estudos analisados por Araújo et al. (2021) revela que a infecção hospitalar comum nas UTIs, é a infecção da corrente sanguínea (ICS) e que uma prática adequada é a desinfecção das ampolas durante o preparo das medicações e trocas de curativo de acesso do CVC. 

De acordo com os estudos de Farias e Gama (2020), as Infecções Hospitalares Associadas à Assistência à Saúde (IRAS) possuem uma maior frequência em pessoas do sexo masculino, estando vinculada a falta de autocuidado e de cognição da própria doença. Ainda assim, essa análise identificou que a infecção mais prevalente é a do trato respiratório, devido a ventilação mecânica, doença pulmonar crônica e entre outros. Dessa forma, conclui-se que há uma convergência com o estudo de Fagundes et al. (2023), por apresentar a PAV como a mais predominante. 

É relevante observar que as IRAS são constantes na fase idosa e que existem patologias de base que favorecem para o desenvolvimento dessas infecções, como por exemplo o traumatismo crânio encefálico (TCE), diminuindo expressivamente o sistema imunológico. Deste modo, pacientes que sofreram esse tipo de trauma ou algum outro, tiveram no mínimo uma infecção hospitalar durante a internação, enfatizado por Silva et al. (2020).

Em suma, os estudos revisados citam diversas infecções hospitalares que são constantes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e mostram a importância de identifica-las para promover fatores que contribuem nas práticas preventivas no âmbito hospitalar e no cuidado de qualidade. 

Com relação aos fatores que influenciam a predominância das IH/IRAS na população adulta e idosa, dos 15 artigos foram selecionados 8 que atingiram o objetivo específico conforme expõe no quadro 2.

Quadro 2- Fatores que influenciam a predominância das IH/IRAS em adultos e idosos.  

Os estudos revisados revelam que as Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) são consideradas ambientes complexos devido a utilização frequente de procedimentos invasivos e das intervenções. Dessa forma, os pacientes que estão internados nessas unidades são mais vulneráveis e susceptíveis a adquirir as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS), ressaltado por Pereira et al. (2023). 

 O estudo de Fagundes et al. (2023) evidenciou que há diversos fatores de risco associados as infecções hospitalares como a longa permanência no ambiente hospitalar, bem como o uso prolongado de dispositivos invasivos e a higienização das mãos de forma inadequada. Além disso, é relevante observar que a análise feita por Stewart et al. (2021), exibem outros fatores como por exemplo, o tratamento feito em hospitais universitários, idade avançada, doenças cardiovasculares, insuficiência renal crônica e diabetes.

Cabe mencionar que segundo Farias e Gama (2020), fatores como a idade avançada e presença de comorbidades podem influenciar na diminuição do sistema imunológico dos pacientes que estão internados nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), colaborando para o aparecimento de infecções hospitalares. Essa abordagem alinha-se a ideia de outros autores como por exemplo, Silva et al. (2020) ressaltando que as infecções hospitalares são um problema de saúde pública e que são frequentes na população idosa em função dos efeitos do envelhecimento. 

Os resultados de Oliveira et al. (2019), revelam que as Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) são adquiridas em unidades hospitalares e que estão relacionadas ao profissional, pois são tidos como mecanismo de transmissão, isto é, levando contaminação para outros pacientes. Esse estudo pontuou que as superfícies nos ambientes hospitalares e objetos contidos, têm um risco provável de contaminação. 

Além disso, Stewart et al. (2021) evidenciam que é de extrema importância detectar quais são os pacientes que possuem maiores riscos de terem infecções hospitalares e quais são os fatores de risco que são identificados durante a admissão, pois essa abordagem possibilita que medidas de prevenção sejam realizadas. 

O estudo de Bezerra et al. (2020), apresentam um fator significativo no âmbito hospitalar, relatando uma escassa adesão sobre a higienização das mãos feita pelos profissionais de saúde.  Deste modo, observou-se que essa problemática foi influenciada pela estrutura física inadequada das UTIs e o uso frequente de luvas de procedimento sem a antissepsia das mãos, implicando na transmissão de microrganismos e consequentemente gerando riscos dos pacientes adquirirem infecções hospitalares.

Diante desses resultados, é possível afirmar que as infecções hospitalares são frequentes nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI), pois é um local onde são encontrados pacientes críticos e que existem diversos fatores que contribuem no aumento desse índice. A percepção dessas variáveis é essencial para que ocorram medidas estratégicas de assistência de qualidade e de prevenção.

No que se refere às medidas básicas de controle utilizadas na UTI para prevenção das IRAS, dos 15 artigos analisados foram selecionados 7 artigos tal como é mostrado no quadro 3, sendo estes os que abordaram especificamente esse objetivo.

Quadro 3- Medidas básicas de controle utilizadas na UTI para prevenção das IRAS.

A análise pontuada por Vicente et al. (2023), manifesta a importância da prevenção e o controle das infecções hospitalares, principalmente relacionada ao catéter venoso central (CVC) nas UTIs, no qual o risco de contrair a infecção da corrente sanguínea é maior. De forma adicional, ainda afirma que os curativos devem ser higienizados ao redor da inserção do CVC, utilizando como cobertura gazes até 48h ou filme transparente a cada 7 dias, observar se tem sinais flogísticos, rubor e agir prontamente e devem estar sempre datados, para que a troca seja feita corretamente e assim evitar infecção. 

 Além disso, a prevenção das infecções relacionadas ao CVC são responsabilidades do enfermeiro, devido a diversas atribuições. Deve-se ressaltar que durante a inserção do CVC, a punção femoral deve ser evitada em virtude do alto risco de infecção. Dessa maneira, é fundamental a educação continuada, pois o enfermeiro necessita ter competência acerca dos conhecimentos científicos para mitigar quaisquer sinais e fatores que comprometem a assistência. Contribuindo de forma relevante na prevenção de infecções hospitalares. (Vicente et al.2023, Araujo et al.2021). 

Estudos analisados por Cabral et al. (2021), exibem que o uso de aparelhos celulares dentro de unidades de terapia intensiva é extremamente frequente e que é um risco tanto para os pacientes quanto para os profissionais ou visitantes que transitam nesse setor, de aquirirem infecções. O fator que contribui para a contaminação do celular são as idas ao banheiro e nos leitos dos pacientes. De acordo com essa percepção, é crucial que haja medidas de prevenção e controle das IRAS, como a orientação dos profissionais sobre esse veículo de contaminação no ambiente hospitalar bem como a higienização desses respectivos aparelhos.

 A prática de higienização das mãos é uma das principais medidas de prevenção para minimizar os riscos de infecções hospitalares, porém essa medida ainda é baixa pelos profissionais de saúde para obter uma assistência segura. Esse evento é alarmante pois os profissionais estão sempre em contato com os pacientes, além do mais, um dos fatores que podem estar influenciando nas práticas e que devem ser solucionadas é a falta de materiais e má estrutura, para que facilite o acesso de forma correta ao ambiente de higienização das mãos. (Araújo et al., 2021).

Oliveira et al. (2019) relata que a higienização das mãos (HM), possuem cinco momentos vitais. O primeiro é antes de ter o contato com o paciente, antes da realização de procedimento invasivo, após exposição de fluídos corporais, após contato com o paciente e por último, após contato com as áreas que estão próximas do paciente. 

Os estudos revisados também abordam aspectos que impactam na disseminação de microrganismos. Oliveira et al. (2019) ressaltam que as superfícies no ambiente hospitalar, objetos, bem como, as mãos dos profissionais de saúde são fontes relevantes de contágio de infecção. Ademais, foi observado que o baixo índice de adesão das medidas de prevenção pelos profissionais, é devido ao trabalho excessivo que resulta no tempo limitado.

Cabe mencionar que um procedimento preventivo importante é a elevação da cabeceira entre 30° e 45° e posição do filtro de forma correta para prevenir a Pneumonia Associada à Ventilação Mecânica (PAV), enfatizado por Lourençone et al. (2019). Adicionalmente, um aspecto preventivo das infecções do trato urinário é esvaziar a bolsa coletora de urina regularmente e passagem de sonda vesical de maneira estéril, pontuado por Oliveira et al. (2019). 

Deve-se ressaltar que os estudos analisados por Alvim et al. (2019), evidenciam a importância de uma abordagem que proporciona uma educação continuada, para que os profissionais de saúde possam compreender as vantagens de higienizar bem as mãos. Assim como esclarecer que trocar essa prática pelo uso de luvas é um método inadequado. Além do mais, foi verificado que nas Unidades de Terapia Intensiva (UTI) possuem pontos de fácil acesso aos recipientes de álcool em gel, no qual contribui na alternativa funcional para os profissionais de saúde.

Ao considerar essa análise em conjunto, é factível afirmar que a higienização das mãos é um elemento essencial para o controle e prevenção de infecções hospitalares, é uma prática simples e que lamentavelmente ainda possuem uma escassez e precisa ser aperfeiçoada no âmbito hospitalar, principalmente nas UTIs por ser um ambiente de alto risco e crítico. Além disso, promover uma educação permanente sobre a utilização correta de procedimentos invasivos, e uso de EPIs também é considerada uma medida de controle e mitigação de riscos das IRAS e consequentemente a diminuição do tempo de internação e morbimortalidade, favorecendo consideravelmente numa assistência de qualidade.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo proporciona uma análise sobre as Infecções Relacionadas à Assistência à saúde (IRAS) em Unidades de Terapia Intensiva (UTIs), no qual destaca os principais fatores de risco e as infecções mais prevalentes, que contribuem para o aumento da morbimortalidade. Através da revisão de diversos estudos, é destacado que procedimentos invasivos, permanência prolongada no hospital, falhas na prática de higiene e cuidados inadequados com dispositivos são fatores cruciais para a ocorrência dessas infecções. 

Além do mais, foi observado que a infecção da corrente sanguínea é associada ao uso de cateter venoso central, muitas das vezes pela falta de curativo ou prática inadequada. As infecções do trato respiratório e urinário, são relacionadas ao uso prolongado de dispositivos invasivos, como ventiladores mecânicos e sondas vesicais.

Outro aspecto essencial abordado é a higienização das mãos, que apesar de ser uma prática simples e altamente eficaz na prevenção de infecções, ainda é negligenciada em muitos casos. A revisão também aponta a necessidade de uma educação continuada para os profissionais de saúde, visando o aprimoramento das práticas de prevenção, como o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e técnicas assépticas durante os procedimentos invasivos.

Em suma, o estudo enfatiza a complexidade do ambiente das UTIs, onde a vulnerabilidade dos pacientes críticos e a natureza invasiva dos tratamentos elevam o risco de infecções hospitalares.  Para mitigar esses riscos, a implementação de práticas de prevenção, o controle rigoroso da higiene e a qualificação constante dos profissionais de saúde são medidas fundamentais que, além de reduzirem a taxa de infecções, contribuem para uma assistência de maior qualidade e segurança.

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1Discente de Enfermagem do IESB. Thaynara15oliveira@gmail.com

2Docente de Enfermagem do IESB. Mestre em Enfermagem pela Universidade de Brasília. E-mail: erlayne.brandao@iesb.edu.br