INFECÇÃO POR HTLV: POR QUE CONTINUA SENDO NEGLIGENCIADA?

HTLV INFECTION: WHY DOES IT CONTINUE TO BE NEGLECTED?

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10105378


Fernanda Soares Callegari De Sousa¹
Leidyane Maria Pereira De Oliveira¹
Poliana Gomes Dantas¹
MSc. Gabriel de Oliveira Rezende²


RESUMO

O presente resumo aborda a infecção pelo HTLV-1, um retrovírus da família Retroviridae, gênero Deltaretrovirus, cuja sigla se refere ao “Vírus Linfotrópico de Células T Humanas”. Estimativas apontam para a existência de aproximadamente 20 milhões de indivíduos infectados por HTLV-1 globalmente, sendo o Brasil o país com a maior incidência, com cerca de 2,5 milhões de casos registrados. Entretanto, o cenário brasileiro carece de dados abrangentes sobre a infecção por HTLV, em parte devido à ausência de uma vigilância epidemiológica adequada, o que prejudica a formulação de estratégias públicas eficazes para combater essa infecção. Este estudo justifica-se pela necessidade de pesquisas que atualizem e ampliem a compreensão dessa condição, especialmente entre alunos da área da saúde, futuros profissionais da saúde. A pesquisa foi conduzida por meio da revisão de fontes confiáveis, como PUBMED, SCIELO, Google Acadêmico, LILACS, Bireme e Science Direct, com foco nas principais doenças associadas à infecção por HTLV-1: leucemia/linfoma de células T do adulto (LLTA) e mielopatia associada ao HTLV-1 (MAH), também conhecida como paraparesia espástica tropical (PET). No entanto, é relevante destacar que somente uma pequena proporção, entre 1% e 5%, dos indivíduos infectados desenvolverá tais condições. É crucial ressaltar que tanto a LLTA quanto a MAH/PET não possuem tratamentos específicos para alcançar a cura. A revisão dos artigos revela que a infecção por HTLV é frequentemente negligenciada, já que a maioria dos infectados não desenvolve sintomas relacionados à infecção. Como resultado, enfatiza-se a urgência de conduzir mais estudos e implementar políticas de saúde que promovam o conhecimento e a conscientização acerca da infecção por HTLV.

Palavras-chave: Prevalência, Epidemiologia, Tratamento, HTLV, Diagnóstico.

INTRODUÇÃO

O Vírus Linfotrópico de Células T Humanas tipo 1 (HTLV-1) foi o primeiro retrovírus humano a ser descrito, isolado pela primeira vez na década de 80 por Robert Charles Gallo, a partir de um paciente com linfoma de células T (POIESZ et al., 1980). Pouco tempo depois, o HTLV-2 foi identificado (KALYANARAMAN et al., 1982), e em 2005, o HTLV-3 e HTLV-4 entraram para o conhecimento científico (GESSAIN; MAHIEUX, 2005). Atualmente, quatro tipos de HTLV são reconhecidos: HTLV-1, HTLV-2, HTLV-3 e HTLV-4.

Estimativas apontam para a existência de cerca de 20 milhões de pessoas infectadas pelo HTLV-1 em todo o mundo (WILLEMS et al., 2017), sendo que o Brasil é considerado um dos países com maior número de casos, com um estimado de 2,5 milhões de infectados (BRASIL, 2020). Quanto ao HTLV-2, estima-se que haja aproximadamente 800.000 pessoas infectadas globalmente, com um número significativo de casos no Brasil, situando-se entre 200 e 250.000 (MURPHY; CASSAR; GESSAIN, 2015). Importante notar que o HTLV-2 é mais prevalente em grupos específicos, como usuários de drogas injetáveis e populações indígenas (AMIANTI et al., 2022).

As principais doenças associadas ao HTLV-1 incluem a Leucemia/Linfoma de Células T do Adulto (LLTA) e a Paraparesia Espástica Tropical, também conhecida como Mielopatia associada ao HTLV-1, que evolui progressivamente causando paralisia (EUSEBIO-PONCE et al., 2019). Entretanto, somente aproximadamente 1% a 5% dos indivíduos infectados pelo HTLV-1 desenvolverão essas condições (GIAM; SEMMES, 2016; ZUO et al., 2022).

Apesar de ser o primeiro retrovírus humano conhecido, ainda há carência de dados epidemiológicos na literatura. Muitos estudos foram conduzidos em grupos específicos, como pacientes com HIV/AIDS (CATERINO-DE-ARAUJO et al., 2015), doadores de sangue (DE MORAIS et al., 2017), gestantes (MELLO et al., 2014; SEQUEIRA et al., 2012) e populações indígenas na região do Pará (Abreu et al., 2022). Devido a essa falta de dados abrangentes, a generalização de resultados para a população em geral torna-se impossível.

Em um estudo realizado em Manaus, Amazonas, foi constatada a prevalência do HTLV-1 e HTLV-2 entre doadores de sangue (MORAIS et al., 2017). No entanto, a infecção por HTLV continua a ser considerada negligenciada, mesmo com o alto número de infectados no Brasil e sua classificação como Infecção Sexualmente Transmissível (IST). Isso nos leva à pergunta central deste estudo: por que a infecção por HTLV permanece negligenciada?

Portanto, diante da carência de dados sobre a infecção por HTLV no Brasil, especialmente na região Norte, e da falta de uma vigilância epidemiológica adequada, tornando difícil a formulação de estratégias públicas eficazes para combater essa infecção, bem como a identificação precoce de indivíduos infectados e o diagnóstico antecipado das doenças associadas ao HTLV, este estudo se justifica pela necessidade de reunir dados atualizados sobre essa infecção. Além disso, visa destacar essa temática entre a população em geral e, de modo especial, entre os futuros profissionais de saúde.

1. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

1.1. HTLV: CARACTERÍSTICAS ESTRUTURAIS E GENÔMICAS

O HTLV é um retrovírus pertencente à família Retroviridae, gênero Deltaretrovirus, e a sigla ‘’HTLV’’ significa ‘’Human T-cell Lymphotropic Virus’’ (EUSEBIO-PONCE et al., 2019). Existem quatro tipos de HTLV, porém, os mais estudados são os HTLVs 1 e 2, que possuem muitas semelhanças em relação às suas estruturas genômicas e outras características, como replicação e propriedades das proteínas acessórias, reguladoras e estruturais (CIMINALE et al., 2014) (Figura 1).

Figura 1. Esquema representando a estrutura do HTLV-1/2.
Imagem adaptada de Bernard-Valnet et al.,2012

Como se observa na Figura 1, o HTLV é um vírus envelopado, contendo duas cópias de RNA fita simples de polaridade positiva, protegidas por um capsídeo icosaédrico (HASELTINE; SODROSKI; PATARCA, 1985). Possui proteínas estruturais codificadas pelos genes gag, pro, pol e env. As proteínas codificadas pelo gene gag estão envolvidas tanto na infecção como na montagem do vírion, enquanto que as proteínas codificadas pelo gene env estão envolvidas na entrada na célula hospedeira (LE BLANC et al., 2001). Figura 1. Esquema representando a estrutura do HTLV-1/2. Imagem adaptada de Bernard-Valnet et al.,2012 15 O gene gag codifica as proteínas da matriz (MA), capsídeo (CA) e nucleocapsídeo (NC). O gene pol codifica a transcriptase reversa e integrase. O gene env codifica a proteína de superfície gp46 (SU) e a proteína transmembrana gp21 (TM), que compõem o envelope do HTLV (HOSHINO, 2012).

1.2. CICLO REPLICATIVO DO HTLV

O HTLV realiza um ciclo lisogênico, no qual a primeira etapa consiste na adsorção viral, que ocorre por meio da interação entre a proteína gp46 do HTLV com o receptor celular GLUT-1, presente na superfície da célula hospedeira (Figura 2A) (OVERBAUGH, 2004). Seguida da adsorção, ocorre a fusão entre o envelope viral e a membrana celular, por meio de uma série de eventos sequenciais entre a glicoproteína de superfície SU, a glicoproteína transmembrana (TM) gp21 e as proteínas presentes na superfície celular (GLUT-1, HSPG e NRP-1) (EUSEBIO-PONCE et al., 2019).

Figura 2. Ciclo replicativo do HTLV.

Após a fusão de membranas, o capsídeo contendo o RNA viral é liberado no citoplasma celular, ocorrendo o desnudamento e liberação do genoma do HTLV, o qual é convertido em DNA de fita dupla pela ação da enzima transcriptase reversa (Figura 2B) (MARTIN et al., 2016).

Após a síntese do DNA dupla fita, esse material genético é transportado ao núcleo e integrado ao genoma da célula hospedeira pela ação da enzima integrase, passando a ser chamado de provírus (Figura 2C) (MARTIN et al., 2016). Após a integração do material genético viral, o provírus é transcrito pela RNA polimerase II da célula hospedeira, sofrendo modificação póstranscricional (splicing de RNA) (EUSEBIO-PONCE et al., 2019). Os RNAs transcritos são processados em mRNAs e em genomas que irão compor as novas partículas virais (MARTIN et al., 2016).

No citoplasma celular, os mRNAs do HTLV são processados pela maquinaria de síntese proteica da célula hospedeira, dando origem às proteínas virais, que serão transportadas juntamente com duas cópias do RNA do HTLV-1, reunindo-se pra formar a partícula viral imatura (D) (MARTIN et al., 2016).

A última etapa do ciclo replicativo do HTLV consiste na liberação das novas partículas, que passam por um processo de maturação pela ação da protease viral, a qual cliva as poliproteínas do HTLV para formar uma partícula viral infecciosa (E) (MARTIN et al., 2016). 4.3

1.3. EPIDEMIOLOGIA DO HTLV-1/2

Estima-se que exista cerca de 20 milhões de infectados pelo HTLV-1 no mundo (BRASIL, 2021; GESSAIN; CASSAR, 2012). Mundialmente, o país com a maior soroprevalência para a infecção por HTLV-1 é o Japão, com cerca de 1,08 milhão de portadores do vírus (IWANAGA, 2020). Porém, em números absolutos, o Brasil é considerado o país com o maior número de infectados pelo HTLV-1: aproximadamente 2,5 milhões (BRASIL, 2020). 17

O HTLV-2 apresenta uma distribuição mais limitada quando comparado ao HTLV-1, sendo mais prevalente em grupos específicos, como usuários de drogas intravenosas nos EUA, Europa, Sudeste Asiático, assim como entre índios da América do Norte à América do Sul e pigmeus da África Central (ISHAK; ISHAK; VALLINOTO, 2020).

Estudos epidemiológicos sobre o HTLV são escassos a nível mundial, assim como pesquisas sobre a prevalência desse vírus no Brasil, sendo a maioria delas voltadas para grupos populacionais específicos (Quadro 1).

Quadro 1. Prevalências da infecção por HTLV-1/2 encontradas em algumas populações.

Como pode ser observado no Quadro 1, a cidade brasileira com a maior taxa de positividade para a infecção por HTLV-1 é Salvador, na Bahia (NUNES et al., 2017). A prevalência encontrada na população geral de Salvador é de 1,48% (51/3.451), sendo que a transmissão horizontal entre adultos é a principal via de infecção pelo HTLV-1, o que provavelmente ocorreu por contato sexual.

Em Manaus, Amazonas, um estudo verificou que tanto o HTLV-1 como o HTLV-2 são prevalentes entre os doadores de sangue. Observou-se no teste de triagem (ELISA) uma prevalência de 0,13% (116/87.402) para a infecção por HTLV-1/2. Uma segunda amostra (76/116) foi coletada, observando-se positividade em 41 amostras no teste de repetição (ELISA). No teste confirmatório, 24/41 amostras apresentaram reatividade (MORAIS et al., 2017).

1.4. TRANSMISSÃO E DIAGNÓSTICO

A transmissão do HTLV-1/2 pode ocorrer de forma horizontal (transfusão sanguínea, transplante de órgãos, perfurocortantes contaminados e via sexual) e vertical (transmissão da mãe para o filho) (PIQUE; JONES, 2012). A amamentação é a forma mais comum de disseminação do HTLV-1, estando relacionada à presença de células infectadas pelo HTLV-1, tais como linfócitos e células epiteliais, presentes no leite materno (MARTIN-LATIL et al., 2011).

O diagnóstico da infecção por HTLV é feito principalmente pela detecção de anticorpos contra o HTLV-1/2 (BRASIL, 2021) (Figura 3).

Figura 3. fluxograma de testes laboratoriais para o diagnóstico da infecção por HTLV-1 e 2.

Fonte: Brasil, 2021.

Legenda: EIA = Ensaio imunoenzimático; CLIA=ensaio de quimioluminescência; LIA= imunoensaio de linha; WB=Western blotting

Como se observa na Figura 3, os testes de triagem mais utilizados são os testes sorológicos, realizados principalmente por meio de ensaios imunoenzimáticos conhecidos como ELISA (Enzyme-Linked Immunosorbent Assay) e ensaios de quimioluminescência (BRASIL, 2021).

Resultados positivos nos testes de triagem são confirmados utilizandose técnicas mais específicas, como o Western Blot (WB), imunoensaio em linha (INNO-LIA) ou Reação em Cadeia da Polimerase (PCR), que permitem a diferenciação entre HTLV-1 e HTLV-2 (GESSAIN,2011) (Figura 3).

4.5. DOENÇAS ASSOCIADAS À INFECÇÃO POR HTLV-1 E TRATAMENTO

As principais doenças associadas à infecção por HTLV-1 são leucemia/linfoma de células T do adulto (LLTA) e Mielopatia associada ao HTLV-1 (MAH)/Paraparesia espástica tropical (PET). Porém, apenas 1 a 5 % dos indivíduos infectados podem vir a desenvolver as doenças associadas à infecção pelo HTLV-1. Quanto ao HTLV-2, não há evidências confirmadas de doenças associadas a esse tipo de HTLV (GIAM, 2021).

A LLTA é uma malignidade agressiva de células T, levando ao comprometimento de diversos órgãos, como baço e fígado, além da ocorrência de imunossupressão e lesões cutâneas (TSUKASAKI; TOBINAI, 2012). A LLTA geralmente acomete adultos com faixa etária entre 60 a 70 anos, podendo ser classificada em 4 tipos: latente, aguda (leucêmica), linfomatosa e crônica (MALPICA et al., 2018).

Não há tratamento específico para a LLTA. Essa doença apresenta uma alta resistência à quimioterapia, resultando em um mau prognóstico aos pacientes (BITTENCOURT; PRIMO; OLIVEIRA, 2006).

Em relação à segunda doença associada à infecção por HTLV-1, conhecida como MAH/PET, trata-se de uma doença progressiva que evolui lentamente, resultando de um processo inflamatório crônico (IZUMO; UMEHARA; OSAME, 2000). Os indivíduos que desenvolvem essa doença costumam apresentar fraqueza dos membros inferiores, espasticidade, dores, presença de bexiga neurogênica, constipação intestinal hiperreflexia e neuropatia periférica, entre outros sintomas (CHAMPS et al., 2010).

Assim, trata-se de uma doença incapacitante e progressiva. Assim como ocorre com a LLTA, não há tratamento específico para a mielopatia, que possa levar à cura. O que existe é o tratamento de sintomas, que pode envolver a fisioterapia (SÁ et al., 2022).

2. METODOLOGIA

2.1. TIPO DE ESTUDO

Este estudo é caracterizado como uma revisão bibliográfica, com o intuito de coletar informações relevantes sobre o tema da infecção por HTLV a partir de artigos científicos.

2.2. BASES DE DADOS CONSULTADAS

A pesquisa foi conduzida mediante a consulta a bases de dados de sites eletrônicos oficiais e confiáveis, que incluem, mas não se limitam a, PUBMED, SCIELO (Scientific Electronic Library Online), Google Acadêmico, LILACS, Bireme e Science Direct.

2.3. FONTES BIBLIOGRÁFICAS

Os artigos obtidos foram submetidos a uma análise criteriosa, com o objetivo de identificar aqueles que apresentavam informações relevantes para a pesquisa. A seleção dos artigos baseou-se em critérios temporais, abrangendo artigos publicados nos últimos 23 anos, bem como na relevância de seus resultados.

As palavras-chave utilizadas para a pesquisa foram: ‘prevalence’ (prevalência), ‘epidemiology’ (epidemiologia), ‘treatment’ (tratamento), ‘HTLV’, e ‘diagnosis’ (diagnóstico).

Os artigos selecionados foram compilados, submetidos a uma análise crítica, interpretados e serviram como base para esta revisão.

2.4. CRITÉRIOS DE INCLUSÃO

Foram considerados para inclusão nesta revisão artigos publicados em português, inglês ou espanhol, com uma janela temporal que abrange o período de 2000 a 2023. Esses artigos devem conter informações pertinentes ao tema do estudo.

2.5. COLETA DE DADOS

A coleta de dados ocorreu durante o período de fevereiro a junho de 2023, e consistiu na pesquisa e seleção de artigos publicados em revistas científicas, tanto nacionais quanto internacionais.

2.6 ANÁLISE DE DADOS

Após a etapa de identificação das fontes, uma análise minuciosa do material obtido foi realizada. Essa análise contribuiu para a descrição das informações apresentadas neste artigo, bem como para a construção do referencial teórico subsequente.

3. RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

3.1. POR QUE A INFECÇÃO POR HTLV CONTINUA SENDO NEGLIGENCIADA?

Como foi possível observar nos dados apresentados nos tópicos anteriores, existem poucos estudos sobre a infecção por HTLV, principalmente no Brasil. E qual o motivo principal da escassez de estudos e desinteresse em relação à pesquisas relacionadas ao HTLV? Através desta pesquisa, foi possível verificar que o motivo principal se deve ao seguinte fato: somente 1 a 5% dos infectados irão desenvolver doenças devido à infecção por HTLV, enquanto o restante dos infectados (95% ou mais) não apresentarão sintomas ou doenças relacionadas ao HTLV (ZUO et al., 2022).

Devido poucos infectados apresentarem sintomas, a infecção por HTLV tem sido negligenciada, e pouca importância tem sido dada a esse vírus, o que resulta em poucos estudos. Por exemplo, não há dados atuais sobre a coinfecção HTLV/HIV. O estudo de revisão mais recente sobre essa temática foi publicado por Isache et al. (2016), no qual há dados sobre alguns estudos publicados entre os anos 2000 a 2014.

Devido ao fato da infecção por HTLV-1/2 ser negligenciada, ainda não há um tratamento ou vacina disponível para combater essa infecção, havendo apenas alternativas para minimizar os sintomas em indivíduos que desenvolvem as doenças associadas ao HTLV-1, como a mielopatia e leucemia de células T do adulto (BITTENCOURT; PRIMO; OLIVEIRA, 2006).

O HTLV é um vírus desconhecido por grande parte da população, e o presente estudo destaca a grande necessidade de estudos epidemiológicos sobre o HTLV, que possam fornecer dados que poderão contribuir para a prevenção da infecção, além de permitir a elaboração de estratégias de saúde pública que permitam um melhor enfrentamento da infecção por HTLV.

4. CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

Com base nas informações compiladas nesta revisão, torna-se evidente que a infecção por HTLV muitas vezes é negligenciada devido ao fato de que apenas uma pequena parcela dos infectados desenvolve sintomas relacionados à infecção. Essa falta de manifestações clínicas pronunciadas pode, inadvertidamente, resultar em uma menor priorização de estudos científicos que poderiam oferecer insights valiosos para o desenvolvimento de vacinas e terapias direcionadas aos indivíduos que, eventualmente, desenvolverão doenças decorrentes da infecção por HTLV.

Este estudo destaca, portanto, a urgente necessidade de conduzir pesquisas aprofundadas e de implementar políticas públicas de saúde voltadas para a disseminação do conhecimento sobre a infecção por HTLV, não apenas entre profissionais da saúde, mas também entre a população em geral. Além disso, tais iniciativas podem desempenhar um papel fundamental na prevenção e combate eficazes dessa infecção, que, embora classificada como uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST), ainda persiste como uma questão negligenciada, merecendo maior atenção e esforços de pesquisa.

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