BLOODSTREAM INFECTION IN THE CARE UNIT: MAIN STRATEGIES FOR PREVENTION
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12191941
Ana Claudia Rodrigues da Silva [1]
Diógenes José Gusmão Coutinho [2]
Resumo
No âmbito da saúde pública, as IRAS constituem eventos adversos mais frequentes nas unidades de terapia intensiva (UTI) causando impacto direto nas taxas de morbidade e mortalidade, aumento tempo de internação hospitalar e custos elevados associados à infecção adquirida.Nesse sentido, as infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres centrais estão fortemente associadas a prognósticos desfavoráveis em saúde. O objetivo dessa pesquisa é apresentar as principais medidas de prevenção de infecção de corrente sanguínea em unidades de terapia intensiva brasileiras. A metodologia utilizada foi a revisão de literatura através das bases de dados SCIELO e LILACS, no período de 2020-2024. Como resultados, foram encontrados sete artigos que discutiam diretamente as medidas de prevenção de corrente sanguínea em UTI. As principais estratégias encontradas para prevenir esse tipo de infecção foram: utilização de bundles de inserção de cateter venoso central, higienização das mãos e treinamento das equipes. Assim, corrobora-se com esse estudo a necessidade de difundir o tema infecção de corrente sanguínea entre os profissionais que trabalham em unidades de terapia intensiva.
Palavras-chave: Infecção de corrente sanguínea. Unidade de Terapia Intensiva. Medidas de Prevenção.
1 INTRODUÇÃO
A complexidade dos pacientes admitidos e internados nas Unidades de Terapia Intensiva, culmina na exposição desses indivíduos às infecções hospitalares, esclarece Faria et al. (2021). Por conseguinte, existem fatores que favorecem o processo infeccioso, tais como: a realização de procedimento invasivos, o ambiente contaminado, a utilização de imunossupressores e antimicrobianos e o quadro clínico grave do paciente.
Nesse contexto, as infecções hospitalares, conhecidas atualmente como infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), são caracterizadas como evento adverso infeccioso evitável, afirma Fagundes et al. (2023).
No âmbito da saúde pública, as IRAS constituem eventos adversos mais frequentes nas unidades de terapia intensiva (UTI) causando impacto direto nas taxas de morbidade e mortalidade, aumento tempo de internação hospitalar e custos elevados associados à infecção adquirida, esclarece Mello (2007).
Nesse sentido, as infecções de corrente sanguínea relacionadas a cateteres centrais estão fortemente associadas a prognósticos desfavoráveis em saúde, explica Brasil (2017). Sendo os principais patógenos encontrados nas infecções de corrente sanguínea, no país: os isolados de Klebsiella pneumoniae e de Acinetobacter spp., conforme dados de Brasil (2017).
A prevenção das Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde (IRAS) é considerada ação importante no âmbito dos serviços de saúde e como meta internacional de segurança do paciente estabelecida pela Organização Mundial de Saúde, afirma Araújo (2021). Assim, as atividades referentes ao combate às IRAS têm foco longitudinal ao incentivo da higienização das mãos, visto que essa ação ainda tem baixo índice de adesão por parte dos profissionais de saúde.
O objetivo dessa pesquisa é apresentar as principais medidas de prevenção de infecção de corrente sanguínea em unidades de terapia intensiva brasileiras.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
A infecção relacionada a assistência à saúde (IRAS), de acordo com a Anvisa (2021) constitui uma infecção adquirida pelo paciente após a realização de um procedimento de assistência à saúde, que possa ser relacionada a esse evento e atenda a um dos critérios abaixo:
- O período de incubação do patógeno causador do processo infeccioso for desconhecido e não houver dados laboratoriais acerca de tal, é considerada IRAS toda a sintomatologia apresentada a partir do terceiro dia de internação;
- Quando o período de incubação do patógeno causador do processo infeccioso for desconhecido e sem dados laboratoriais, é considerado IRAS, considerando a data da realização do procedimento, com o paciente internado ou não.
A Anvisa (2017) estabelece os critérios epidemiológicos para que sejam detectadas e notificadas as infecções primárias de corrente sanguínea. Acompanhe o quadro abaixo para saber como detectar esse tipo de infecção.
Quadro 1. Critérios para classificação da infecção de corrente sanguínea conforme Anvisa (2017)
Já, a fisiopatogenia das infecções de corrente sanguínea (ICS) está relacionada a colonização extraluminal do cateter central, que ocorre nas duas primeiras semanas após a inserção do dispositivo. Desse modo, as bactérias da pele formam biofilme na parte externa do dispositivo até alcançarem a corrente sanguínea, explica Brasil (2017). A colonização por via intraluminal é a segunda fonte de ocorrência da infecção de corrente sanguínea, ocorrendo devido ao aumento de manipulações do cateter, contribuindo para a contaminação. As infusões de soluções contaminadas relacionadas às práticas inadequadas de preparo e administração de medicamentos também são responsáveis pela ICS. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) por meio do Manual de IRAS, recomenda algumas medidas de prevenção de infecção de cateter sanguíneo (Brasil, 2017). Essas medidas envolvem: a higienização das mãos, seleção do cateter e sítio de inserção, preparo correto da pele, estabilização do cateter, coberturas e curativos, cuidados com o sítio de inserção, medidas educativas, checklist de inserção de cateter central, entre outros. Estudos brasileiros realizados em unidades de terapia intensiva, apontam que o perfil microbiológico das culturas de corrente sanguínea para a suspeita da ICS é composto por: Klebsiella pneumoniae, Staphylococcus coagulase negativa e Acinetobacter baumannii, aponta Faria et al. (2021). Essa prevalência de microrganismos multirresistentes podem ser explicada devido à aglomeração de pacientes de alta complexidade em um mesmo local. De um modo geral, os estudos sobre ICS podem evidenciar como medidas de prevenção de ICS, a utilização de um pacote de boas práticas no manejo do cateter venoso central a fim de diminuir a incidência desse tipo de infecção e minimizar as consequências após a instalação dessa doença secundária à internação. Por isso, a justificativa dessa pesquisa, visa o reconhecimento das iatrogenias em terapia intensiva buscando divulgar as principais medidas para prevenir a infecção de corrente sanguínea.
3 METODOLOGIA
A metodologia deste artigo é a pesquisa descritiva através da revisão integrada da literatura. Sendo o principal objetivo da revisão de literatura: coletar, sintetizar e analisar resultados de pesquisas científicas previamente publicadas sobre um tema específico garantindo que contenham novas informações e sintetizando o conhecimento coletado. A revisão da literatura acontece através da combinação de múltiplos métodos e estratégias de verificação para identificar e avaliar a qualidade e consistência das evidências existentes, bem como para comparar e sintetizar resultados (Marconi; Lakatos, 2009). A coleta de dados foi realizada por meio da Base de Dados da Biblioteca Eletrônica Científica Online (SCIELO) e da Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Para obter informações relevantes sobre este tema, pesquisamos diversas publicações, incluindo artigos científicos, estudos e periódicos. Para realizar esta busca foram utilizadas as seguintes descrições: “infecção”, “corrente sanguínea”, “prevenção de infecção de corrente sanguínea” e “unidade de terapia intensiva”. Esses termos foram combinados utilizando o operador booleano “AND” para refinar a busca, resultando na seguinte estratégia de busca: “infecção” AND “corrente sanguínea” AND “unidade de terapia intensiva” AND “prevenção de infecção de corrente sanguínea”. Entretanto, nem todas as combinações ofertaram estudos para a presente pesquisa. Foram incluídos apenas artigos gratuitos em português que apontassem dados sobre a infecção de corrente sanguínea na unidade de terapia intensiva adulto, pediátrica e neonatal. Artigos que apontassem medidas de prevenção também foram incluídos. Foram excluídos artigos incompletos e em outros idiomas. O período de busca dos artigos foi relativo as publicações de 2020 a 2024, para melhor atualização do tema. Através da Tabela 1 é possível notar os resultados encontrados através dos descritores e operador boleano and combinados da seguinte forma: Unidade de Terapia Intensiva AND prevenção de infecção de corrente sanguínea.
TABELA 1 – Relação dos artigos encontrados e utilizados de acordo com a base de dados
BASES DE DADOS | ARTIGOS ENCONTRADOS | ARTIGOS UTILIZADOS |
SCIELO | 3 | 1 |
LILACS | 11 | 6 |
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
Foram encontrados 29 artigos relevantes por meio do levantamento bibliográfico, através da metodologia descrita, realizado no mês de junho de 2024. Entretanto, os artigos que abordaram as medidas de prevenção de infecção de corrente sanguínea na UTI totalizaram 22 artigos. Os demais artigos tratavam de outras IRAS, sepse e outros tipos de infecção.
Na tabela abaixo é possível acompanhar os títulos dos artigos selecionados para essa pesquisa, bem como os autores, o objetivo geral e os resultados de cada um.
TABELA 2 – Relação dos estudos selecionados com os respectivos autores, objetivos e resultados
O trabalho de Quadros et al. (2022) apontou a necessidade de melhora de treinamentos, discussões e investimentos acerca da prevenção das infecções primárias de infecções de corrente sanguínea por meio de um estudo de adesão ao Bundle de Cateter Venoso Central aplicado em uma UTI. Dessa forma, os autores observaram que itens como identificação correta do curativo e periodicidade de troca de curativo foram os mais aderidos pela equipe.
O estudo realizado por Araújo et al. (2021) também foi realizado com profissionais atuantes em uma unidade de terapia intensiva de um hospital público do nordeste brasileiro, e apontou que os principais aspectos negativos referentes ao processo de aplicabilidade das medidas de prevenção das infecções de corrente sanguínea são: falta de insumos, ausência de capacitação frequente, falta de divulgação dos protocolos institucionais e o turno noturno de trabalho.
Em outro artigo de Araújo et al. (2021), foram observadas as práticas assistenciais quanto ao uso do cateter venoso central (CVC), sendo destacada a inadequada prática de higiene das mãos. Por conseguinte, o estudo concluiu que o seguimento das medidas preventivas para ICS estava comprometido, sendo necessária a aplicação de educação permanente com os profissionais e a adesão aos protocolos assistenciais.
Já o estudo de Silva et al. (2021) buscou compreender as práticas da equipe de enfermagem concernente às medidas de prevenção de infecções de corrente sanguínea associada ao CVC em UTI adulto e pediátrica em Campina Grande/Paraíba através de uma entrevista. Consequentemente, foi observado que haviam muitas fragilidades na compreensão da maioria dos profissionais de enfermagem, quanto a definição do que é a infecção, onde 66,6% não souberam definir a ICS; e nenhum profissional citou a adesão ao checklist de inserção do cateter.
A pesquisa de Dantas et al. (2020) foi realizada através de uma revisão sistemática com publicações de diversos países, predominando o continente asiático, com 35,6% dos estudos. E quanto a categorização das medidas de prevenção da ICS em UTI, foram apontadas: preparo da pele, inserção do dispositivo, higienização das mãos, medidas educativas, coberturas, uso de feixes de inserção e desinfecção dos hubs e conexões, remoção do cateter, seleção do cateter e sítio de inserção, vigilância de processos e resultados, feedback das taxas e desempenho e campo estéril para cobrir o paciente no momento da inserção do cateter.
Esses estudos corroboram as diretrizes brasileiras acerca da prevenção da infecção de corrente sanguínea. Por conseguinte, Maunoury et al. (2018) esclarece que acerca do preparo da pele pré-inserção do dispositivo, a fricção com gluconato de clorexidina por 30 segundos, mostrou-se mais eficaz que a utilização de iodopovidona para a prevenção da colonização do cateter.
Acerca do sítio de inserção mais adequado, a veia subclávia apresenta menor risco de infecção de corrente sanguínea, evitando-se a veia femoral que possui maior risco de infecção possivelmente por ser uma região perto das genitálias, ressalta o estudo de Maunoury et al. (2018).
A pesquisa de Costa et al. (2020) revela que acerca dos bundles de inserção de cateter venoso central, a higienização/degermação das mãos antes de inserir o cateter é o item mais conhecido pelos profissionais. Enquanto, a utilização da clorexidina alcoólica seguida da clorexidina degermante e a identificação de conectores e hub as mais desconhecidas. Esses dados, revelam a importância da divulgação acerca dos bundles para todos os profissionais de saúde a fim de minimizar os riscos de infecção de corrente sanguínea.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através dessa pesquisa foi possível observar as fragilidades quanto a abordagem da infecção de corrente sanguínea na unidade de terapia intensiva e discutir as possibilidades de intervenção para esse tipo de infecção. Podem ser ressaltadas como medidas de prevenção de ICS: a utilização de bundles de inserção de cateter venoso central, medidas de vigilância infecciosa e a participação da equipe em treinamentos, discussões, palestras e feedbacks. Nota-se ainda, que a quantidade de produção científica brasileira acerca do tema, ainda é escassa. Contudo, todos os artigos pesquisados apresentaram como foco o treinamento das equipes acerca do bundle de inserção de cateter venoso central e a educação permanente entre as equipes de saúde acerca do tema.
REFERÊNCIAS
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[1] Enfermeira. Discente do Curso de Mestrado em Saúde Pública da Christian Business School, Flórida, US. e-mail: enf.anaclaudia@hotmail.com
[2] Docente do Curso de Mestrado em Saúde Pública da Christian Business School, Flórida, US. Doutor em Biologia Vegetal pela Universidade Federal de Pernambuco. e-mail: gusmao.diogenes@gmail.com