ACUTE MYOCARDIAL INFARCTION IN A PUBLIC HOSPITAL IN THE CITY OF PALMAS – TO: COMPARISON BETWEEN AGES AND GENDERS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10198320
Ismael Borba¹
RESUMO
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das causas de mortalidade e morbidade em todo o mundo. O IAM é categorizado, de acordo com o eletrocardiograma (ECG), em infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IAMSSST), infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCSST). Este estudo teve como objetivo comparar o IAMSSST e IAMCSST para a idade e a distribuição do gênero em pacientes internados no serviço de cardiologia do Hospital Geral de Palmas (HGP), da cidade de Palmas, Tocantins, Brasil. Trata-se de um estudo de coorte transversal de 34 pacientes com idades entre 29 e 86 anos, com infarto agudo do miocárdio (IAM), do mês de abril e maio do ano de 2023. Foi possível perceber que no mês de maio existe uma diferença estatisticamente significativa da idade média entre os tipos de infartos, em que no IAMCSST foi e 65,4 ± 7,1 anos contra uma média de 47,2 ± 9,4 anos para IAMSSST (p-valor = 0,012). O índice de homens ficou em 72,7% para IAMCSST e 100% para IAMSSST (p-valor = 0,295). Os pacientes devem ser motivados pelos médicos para modificar os fatores de risco, assim como, aconselhar para as mudanças no estilo de vida.
Palavras-chave: infarto; infarto do miocárdio sem supra de ST; infarto do miocárdio com supra de ST.
ABSTRACT
Acute myocardial infarction (AMI) is one of the causes of mortality and morbidity worldwide. AMI is categorized, according to the electrocardiogram (ECG), into non-ST-segment elevation myocardial infarction (NSSTEMI) and ST-segment elevation myocardial infarction (STEMI). This study aimed to compare STEMI and STEMI for age and gender distribution in patients admitted to the cardiology service of the Hospital Geral de Palmas (HGP), in the city of Palmas, Tocantins, Brazil. This is a cross-sectional cohort study of 34 patients aged between 29 and 86 years, with acute myocardial infarction (AMI), in April and May of 2023. It was possible to notice that in the month of May there is a statistically significant difference in the mean age between the types of infarcts, where STEMI was 65.4 ± 7.1 years versus a mean of 47.2 ± 9.4 years for STEMI (p-value = 0.012). The rate of men was 72.7% for STEMI and 100% for STEMI (p-value = 0.295). Patients should be motivated by physicians to modify risk factors, as well as advise on lifestyle changes.
Keywords: infarction; non-ST elevation myocardial infarction; ST elevation myocardial infarction.
INTRODUÇÃO
As doenças cardiovasculares (DCV) são umas das principais causas de morte no mundo, com cerca de 30% dos óbitos1. O infarto agudo do miocárdio (IAM) é uma das causas de mortalidade e morbidade em todo o mundo, em que 10% dos pacientes com dor torácica, admitidos por ano nos serviços de emergência, são diagnosticados com ataque cardíaco2,3.
Dentre os fatores de risco cardiovascular estão a hipertensão, sendo considerada uma das mais comuns entre os pacientes; o tabagismo, a diabetes mellitus e dislipidemia4. O controle desses fatores de risco para o IAM se tornou a base da cardiologia, considerando que alguns fatores de risco podem ser modificados5.
Um estudo na Coreia mostrou que quanto maior a idade, maior a letalidade nos pacientes1, embora o IAM em jovens não seja considerado incomum, principalmente nos indivíduos do sexo masculino. Nas mulheres, o IAM tende a ocorrer mais tardiamente, em média 7 a 10 anos após, se comparado aos homens. Isso porque o sexo feminino é protegido pelo efeito positivo dos hormônios (estrogênios), no entanto, devido ao aumento do tabagismo em mulheres jovens, espera-se um aumento dessa população com IAM5.
O IAM é categorizado, de acordo com o eletrocardiograma (ECG), em infarto do miocárdio sem elevação do segmento ST (IAMSSST), infarto do miocárdio com elevação do segmento ST (IAMCSST), com tratamento personalizado de acordo com essas categorias6. O IAMCSST é causado pela ruptura de uma placa aterosclerótica com trombo sobreposto, o que resulta em oclusão quase total ou total da artéria coronária7.
Este estudo teve como objetivo comparar o IAMSSST e IAMCSST para a idade e a distribuição do gênero em pacientes internados no serviço de cardiologia do Hospital Geral de Palmas (HGP), da cidade de Palmas, Tocantins, Brasil.
MÉTODOS
Estudo de coorte transversal de 34 pacientes com idades entre 29 e 86 anos, com infarto agudo do miocárdio (IAM), em tratamento no serviço de cardiologia do Hospital Geral de Palmas (HGP), da cidade de Palmas, Tocantins, Brasil. Os dados apresentados são do mês de abril e maio do ano de 2023. Dados como idade, gênero, data de nascimento e diagnóstico, foram coletados dos prontuários dos pacientes.
Essas informações passaram por análise estatística, através dos softwares SPSS V26 (2019), Minitab 21.2 (2022) e Excel Office 2010. Foi definido um nível de significância de 0,05 (5%), com intervalos de confiança estatística de 95%.
RESULTADOS
Neste estudo foi evidenciado que no mês de abril cerca de 18 pacientes foram internados no serviço de cardiologia do Hospital Geral de Palmas (HGP), da cidade de Palmas, Tocantins, Brasil, devido ao infarto agudo do miocárdio (IAM) e 16 pacientes com IAM no mês de maio, no ano de 2023. O total de pessoas que tiveram IAM somam 34 indivíduos nos dois meses do referido ano (abril-maio).
No mês de abril, a idade dos pacientes variou de 29 a 79 anos, já no mês de maio, os indivíduos tinham idade de 33 a 86 anos. Os tipos de infartos registrados foram o infarto do miocárdio sem supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST) e o infarto agudo do miocárdio com supra de ST (IAMCSST).
Ao comparar os tipos de infartos para a idade média, foi utilizado o teste T-Student, apresentado na Tabela 1.
Tabela 1- Compara Tipo de Infartos para Idade por Período.
Média | Mediana | Desvio Padrão | CV | Min | Max | N | IC | P-valor | ||
Abril | IAMCSST | 71,5 | 77,5 | 18,1 | 25% | 29 | 89 | 8 | 12,5 | 0,601 |
IAMSSST | 67,9 | 68,0 | 10,2 | 15% | 49 | 81 | 10 | 6,3 | ||
Maio | IAMCSST | 65,4 | 62,0 | 12,1 | 18% | 45 | 86 | 11 | 7,1 | 0,012 |
IAMSSST | 47,2 | 49,0 | 10,7 | 23% | 33 | 61 | 5 | 9,4 | ||
Abr-Mai | IAMCSST | 67,9 | 73,0 | 14,8 | 22% | 29 | 89 | 19 | 6,6 | 0,176 |
IAMSSST | 61,0 | 61,0 | 14,2 | 23% | 33 | 81 | 15 | 7,2 |
Fonte: Autor (2023).
Figura 1 – Compara os tipos de infartos para a idade.
Fonte: Autor (2023).
É possível perceber que no mês de maio existe uma diferença estatisticamente significante da idade média entre os tipos de infartos, onde a média para IAMCSST foi e 65,4 ± 7,1 anos contra uma média de 47,2 ± 9,4 anos para IAMSSST (p-valor = 0,012).
Para comparar os tipos de infartos para a distribuição do gênero, foi utilizado o teste Exato de Fisher, conforme Tabela 2.
Tabela 2: Compara Tipo de Enfartos para Distribuição do Gênero por Período
IAMCSST | IAMSSST | Total | p-valor | |||||
N | % | N | % | N | % | |||
Abril | Feminino | 1 | 12,5% | 1 | 10,0% | 2 | 11,1% | 0,523 |
Masculino | 7 | 87,5% | 9 | 90,0% | 16 | 88,9% | ||
Maio | Feminino | 3 | 27,3% | 0 | 0,0% | 3 | 18,8% | 0,295 |
Masculino | 8 | 72,7% | 5 | 100,0% | 13 | 81,3% | ||
Abr-Mai | Feminino | 4 | 21,1% | 1 | 6,7% | 5 | 14,7% | 0,209 |
Masculino | 15 | 78,9% | 14 | 93,3% | 29 | 85,3% |
Fonte: Autor (2023).
Figura 2 – Compara Tipo de Infartos para Distribuição do Gênero.
Fonte: Autor (2023).
A tabela 2 mostra a distribuição conjunta das variáveis para valores absolutos e seus percentuais entre todas as combinações dos níveis dessas duas variáveis. Foi comparado a distribuição da coluna de total com a distribuição das demais colunas (intermediárias).
Foi possível concluir que não existe diferença (relação) estatisticamente diferente entre os tipos de infartos para a distribuição do gênero, isso nos três períodos de análise. Assim, é possível afirmar que os tipos de infartos são homogêneos para a distribuição do gênero.
Para o mês de maio, o índice de mulheres ficou em 27,3% no IAMCSST contra 0,0% no IAMSSST. Já o índice de homens ficou em 72,7% para IAMCSST e 100% para IAMSSST (p-valor = 0,295). Mesmo havendo diferenças, esses índices não foram significativos, talvez devido ao tamanho amostral.
DISCUSSÃO
O infarto agudo do miocárdio (IAM) é a manifestação mais grave da doença arterial coronariana, afetando mais de 7 milhões de indivíduos a cada ano no mundo8. O reconhecimento dos sintomas é essencial para a ação médica imediata, que tendem a diferir entre homens e mulheres que apresentam IAM. As mulheres com IAM podem ter maior frequência de dor no pescoço, dor nas costas, dor na mandíbula, náuseas e vômitos. Já os homens com IAM tendem a ter diaforese com dor no peito9.
No presente estudo foi evidenciado que a média de idade para os indivíduos com IAMCSST foi e 65,4 ± 7,1 anos contra uma média de 47,2 ± 9,4 anos para IAMSSST (p-valor = 0,012). Neste estudo não houve diferença estatística entre os tipos de infartos entre homens e mulheres no período analisado, embora o índice do IAMCSST tenha sido maior em homens (72,7%), se comparado ao índice de mulheres com IAMCSST (27,3%).
Pacientes com supradesnivelamento do segmento ST (CSST) no eletrocardiograma de apresentação, principalmente de localização anterior, permanecem em risco aumentado, mesmo que sobrevivam ao evento isquêmico inicial. Alguns testes disponíveis e com custos acessíveis, como contagem de leucócitos na admissão, imunoensaios são preditores dos resultados adversos em pacientes CSST2.
Os pacientes com IAMSSST devem ser estabilizados clinicamente e agendados para uma estratégia de intervenção precoce. Já os pacientes com IAMCSST devem ser tratados agudamente com trombólise ou intervenção coronária percutânea primária, dentro de 12 horas do início dos sintomas6.
Embora o presente estudo não tenha apresentado dados de óbitos, um estudo coreano de Her10 et al. mostraram que as mulheres com idade < 60 anos apresentaram mortalidade após infarto do miocárdio com elevação do segmento ST, intra-hospitalar, precoce e tardia significativamente maior, se comparado aos homens com idade semelhante.
Já Millett, Peters e Woodward11 afirmam que embora o infarto do miocárdio seja maior em homens do que em mulheres, alguns fatores de risco estão mais fortemente associados ao IM em mulheres do que em homens, como o uso de mais de 20 cigarros por dia e pressão elevada, que aumenta o risco em mulheres em mais de 80% se comparado aos homens.
As mulheres com IAM tem uma tendência de procurar ajuda médica tardia, por isso os tempos isquêmicos são mais longos nesse gênero, principalmente por não reconhecer os sintomas9.
Neste estudo a idade dos pacientes com IAM variou de 29 a 79 anos em um mês (abril de 2023) e no outro mês (maio de 2023), os indivíduos tinham idade de 33 a 86 anos, ou seja, alguns indivíduos tinham uma idade mais jovem.
Dzubur, Gacic e Mekic5 mostrou que o sexo masculino é um fator de risco para um incidente cardiovascular na idade mais jovem, com maior incidência de hipertensão na idade entre 25-35 anos (p = 0,01) e entre 35-45 anos (p = 0,01), valores aumentados de colesterol na idade 25 a 35 anos (p = 0,0121) e valores aumentados de triglicerídeos na idade de 25-35 anos, se comparado a mulheres da mesma idade (86,67% vs. 13,33%, p = 0,0001).
CONCLUSÃO
Este estudo não mostrou diferença significativa entre os tipos de infartos para a distribuição do gênero no período analisado, no entanto foi evidenciado um índice maior para homens de IAMCSST e IAMSSST. Os pacientes com IAMCSST tinham maior idade.
Os pacientes devem ser motivados pelos médicos para modificar os fatores de risco, assim como, aconselhar para as mudanças no estilo de vida, que inclui tabagismo, dieta, exercícios, trabalho e lazer.
REFERÊNCIAS
1 Kim RB, Kim HS, Kang DR, Choi JY, Choi NC, Hwang S, Hwang JY. The trend in incidence and case-fatality of hospitalized acute myocardial infarction patients in Korea, 2007 to 2016. Journal of Korean Medical Science 2019;34(50). https://doi.org/10.3346/jkms.2019.34.e322
2 Seropian IM, Sonnino C, Van Tassell BW, Biasucci LM, Abbate A. Inflammatory markers in ST-elevation acute myocardial infarction. European Heart Journal: Acute Cardiovascular Care 2016;5(4):382-395. https://doi.org/10.1177/2048872615568965
3 Aydin S, Ugur K, Aydin S, Sahin İ, Yardim M. Biomarkers in acute myocardial infarction: current perspectives. Vascular health and risk management 2019;1-10. http://dx.doi.org/10.2147/VHRM.S166157
4 Kim Y, Ahn Y, Cho MC, Kim CJ, Kim YJ, Jeong MH. Current status of acute myocardial infarction in Korea. Korean J Intern Med. 2019 Jan;34(1):1-10. doi: 10.3904/kjim.2018.381. Epub 2018 Dec 28. PMID: 30612415; PMCID: PMC6325441.
5 Dzubur A, Gacic E, Mekic M. Comparison of Patients with Acute Myocardial Infarction According to Age. Med Arch. 2019 Feb;73(1):23-27. doi: 10.5455/medarh.2019.73.23-27. PMID: 31097855; PMCID: PMC6445623.
6 Terkelsen CJ, Lassen JF, Nørgaard BL, Gerdes JC, Jensen T, Gøtzsche LBH, et al. Mortality rates in patients with ST-elevation vs. non-ST-elevation acute myocardial infarction: observations from an unselected cohort. European heart jornal 2005;26(1): 18-26. https://doi.org/10.1093/eurheartj/ehi002
7 Frampton J, Devries JT, Welch TD, Gersh BJ. Modern management of ST-segment elevation myocardial infarction. Current problems in cardiology 2020;45(3): 100393. https://doi.org/10.1016/j.cpcardiol.2018.08.005
8 Reed GW, Jeffrey ER, Christopher PC. Acute myocardial infarction. The Lancet 2017; 389(10065):197-210. https://doi.org/10.1016/S0140-6736(16)30677-8
9 Liakos M, Parikh PB. Gender disparities in presentation, management, and outcomes of acute myocardial infarction. Current cardiology reports 2018; 20:1-9. https://doi.org/10.1007/s11886-018-1006-7
10 Her AY, Shin ES, Kim YH, Garg S, Jeong MH. The contribution of gender and age on early and late mortality following ST-segment elevation myocardial infarction: results from the Korean Acute Myocardial Infarction National Registry with Registries. Journal of Geriatric Cardiology: JGC 2018;15(3):205. doi: 10.11909/j.issn.1671-5411.2018.03.001.
11 Millett ER, Peters SA, Woodward M. Sex differences in risk factors for myocardial infarction: cohort study of UK Biobank participants. Bmj 2018;363. https://doi.org/10.1136/bmj.k4247