RATE OF DRUG INTOXICATION DUE TO SUICIDE ATTEMPT IN THE YEAR 2020
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.8038899
Lara Vitória de Maria Lima Jesus1
Gustavo Mendes Martins Teixeira Melo2
Adrielly Azevedo Santana3
Orientadora: Prof. Me. Vanessa Maira Rizzato Silveira
RESUMO: A ideação e o ato do suicídio ocorrem de maneira geral em pacientes com algum quadro clínico de transtorno mental, o presente estudo, tem como finalidade apresentar os inúmeros reverses que a COVID-19 e o isolamento social trouxeram à saúde mental da população. Essa tese aborda sobre o ano de 2020, ano em que a pandemia levou a uma complexidade desses problemas, devido às trágicas medidas durante a quarentena e as consequências que essa doença viral ocasionou além dos pacientes com transtornos pré diagnosticados, foi desencadeado uma piora no bem estar mental de pessoas que não possuíam nenhuma alteração na psique. Esse cenário devastador fez com que fosse amplificada a prudência em relação ao suicídio, um problema de saúde pública e uma das principais causas de morte em todo o mundo, de acordo com as últimas estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), configurando uma a cada cem mortes.
Palavras-chaves: Suicídio, COVID-19, isolamento social, quarentena, saúde mental, transtornos mentais, bem estar mental, transtornos pré diagnosticados, alteração na psique e saúde pública.
ABSTRACT: The ideation and act of suicide generally occurs in patients with a clinical picture of mental disorder, the present study aims to present the numerous reverses that COVID-19 and social isolation have brought to the mental health of the population. This thesis deals with the year 2020, the year in which the pandemic led to a complexity of these problems, due to the tragic measures during the quarantine and the consequences that this viral disease caused, in addition to patients with pre diagnosed disorders, a worsening in the mental well-being of people who did not have any alteration in the psyche. This devastating scenario has increased prudence in relation to suicide, a public health problem and one of the main causes of death worldwide, according to the latest estimates by the World Health Organization (WHO), configuring one in every hundred deaths.
Keywords: Suicide, COVID-19, social isolation, quarantine, mental health, mental disorders, mental well-being, pre-diagnosed disorders, changes in the psyche and public health.
1. INTRODUÇÃO
O suicídio encontra-se entre as dez principais causas de morte no mundo para indivíduos de todas as idades, possui taxas significativas, representa um problema de primeira magnitude em nosso meio e um desafio para a saúde pública, constitui um óbito a cada cem e permanece sendo um dos principais fatores de morte, além, de possuir índices vultosos de preponderância e ocorrência em todo mundo. Entre as vias mais utilizadas para oautoextermínio está a ingestão exógena intencional de medicamentos com dose excessiva, que debilitam o organismo, provocando a falência de órgãos vitais como coração e pulmões, podendo levar à morte (MAGANO, 2022).
O Código Penal Brasileiro considera como crime a incitação ao suicídio, incluindo as condutas de induzimento, instigação, bem como a de prestar auxílio a quem pratique o suicídio ou a automutilação, o art. 122 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940, (que foi alterado e modificado pelo Decreto-Lei nº 13.968, de 26 de dezembro de 2019), vigora com a seguinte redação:
Art. 122. Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou a praticar automutilação ou prestar-lhe auxílio material para que o faça: Pena – reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos.
§ 1º Se da automutilação ou da tentativa de suicídio resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssima, nos termos dos §§ 1º e 2º do art. 129 deste Código:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos.
§ 2º Se o suicídio se consuma ou se da automutilação resulta morte:
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos.
§ 3º A pena é duplicada:
I – se o crime é praticado por motivo egoístico, torpe ou fútil;
II – se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer causa, a capacidade de resistência.
§ 4º A pena é aumentada até o dobro se a conduta é realizada por meio da rede de computadores, de rede social ou transmitida em tempo real.
§ 5º Aumenta-se a pena em metade se o agente é líder ou coordenador de grupo ou de rede virtual.
§ 6º Se o crime de que trata o § 1º deste artigo resulta em lesão corporal de natureza gravíssima e é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime descrito no § 2º do art. 129 deste Código.
§ 7º Se o crime de que trata o § 2º deste artigo é cometido contra menor de 14 (quatorze) anos ou contra quem não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência, responde o agente pelo crime de homicídio, nos termos do art. 121 deste Código.” (NR) (BRASIL, 2019).
Com o desígnio de diagnosticar, prevenir, curar doenças e aliviar sintomas, o medicamento é o principal método medicinal com melhor relação despesa e eficiência quanto a isso, além, de possuir o atributo de oferecer grandes benefícios à população, todavia, a sua configuração vem coadjuvando para o uso irracional do mesmo, como a motivação suicida, sendo o agente tóxico mais utilizado nesses casos, esse uso inadequado, transfigura-se um problema mundial, gerando decorrências principalmente para a saúde e para a economia (VIEIRA, 2005). A prevenção é o melhor tratamento para o suicídio. Cerca de 90% dos casos de suicídio poderiam ser prevenidos, e para dar proeminência à causa foi criada no Brasil o Dia Mundial da Prevenção ao Suicídio, dia 10 de Setembro, e durante todo o mês ocorre à campanha do Setembro Amarelo, que tem como finalidade sensibilizar e prevenir a população a respeito do suicídio, onde são realizadas diversas atividades para alertar a sociedade (SANTOS). O ano de 2020, ano referido por esse estudo, teve o seu início marcado pela notícia de uma nova doença viral, a Covid-19, doença essa causada pelo vírus SARS-CoV-2, o surto do novo coronavírus constituiu uma Emergência de Saúde Pública de Importância Internacional (ESPII), o mais alto nível de alerta da Organização, conforme previsto no Regulamento Sanitário Internacional, isso levou a Organização Mundial da Saúde, em 11 de Março de 2020, declarar uma pandemia, devido a disseminação geográfica rápida que o Covid-19 tinha apresentado. Pelas desastrosas consequências que a doença trouxe ao final do mês de março foi empregado o distanciamento social, como forma de prevenção, às autoridades sanitárias brasileiras decretaram o isolamento, uma medida de saúde pública para prevenir a propagação dessa doença infecciosa a fim de evitar aglomeração e reduzir os riscos de contaminação (LEITE, 2021). Durante o ano citado, a quantidade de suicídios foi maior que no ano anterior. De acordo com o Anuário Brasileiro da Segurança Pública, foram registrados 35 suicídios por dia no decorrer do ano, consumando 13.264 auto extermínios durante todo o ano de 2020, a taxa média nacional foi de 6,1 por 100 mil habitantes, sendo que até então a taxa geral de suicídio no Brasil era de 5,3 por cada 100 mil habitantes (ROSCOE, 2021).
A pandemia do covid-19 teve um resultado negativo em relação à saúde mental e no bem-estar das pessoas em todo o mundo, causando um temor social, onde esse resultado portou uma notória atenção sobre o aumento do comportamento suicida (Word Health Organization, 2022).
O isolamento social afetou de maneira abrupta os indivíduos que precisavam dos serviços e apoios psicossociais, devido à dificuldade do acesso aos serviços de saúde mental, dos grupos de auto-ajudar para dependência de álcool e drogas, e de outros serviços comunitários, que ficaram inativos (Nações Unidas Brasil, 2020).
As medidas de restrições foram uma experiência desagradável e causaram efeitos psicológicos pontuais, todavia, os efeitos poderão ser vistos em longo prazo, pois a quarentena amplificou esses efeitos produzidos (RUBIN; WESSELY, 2020).
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o impacto da pandemia na saúde mental das pessoas é extremamente preocupante, o mesmo, ainda ressaltou que está claro que as necessidades de saúde mental devem ser tratadas como um elemento central de nossa resposta e recuperação da pandemia de COVID-19 (NAÇÕES UNIDAS BRASIL, 2020).
O suicídio está correlatado aos transtornos psíquicos de ansiedade, humor e personalidade, como a depressão, borderline, bipolaridade, abuso de drogas, entre outras condições, como bullying, dificuldades financeiras, perdas afetivas, problemas no trabalho e existência de doenças crônicas ou terminais, que também podem dar origem ao comportamento suicida (RANGEL, 2018). Alguns estudos aprofundados sobre o suicídio concluem que ocorre, a perda de sentido existencial, devido à vivência de situações depressivas, estressantes, e que foge a racionalidade humana (ALVES).
Esses grupos representativos ficaram mais expostos ao martírio da psique referente à Covid-19, que de modo consequente, causaram sofrimento aos seus cuidadores (Nações Unidas Brasil, 2020). Pessoas que não possuem nenhum sintoma psicológico referente começaram a vivenciar (HO, et al., 2020).
No dia 13 de maio de 2020, em um relatório emitido pela Organização das Nações Unidas (ONU) relacionado com as políticas públicas de saúde mental nos tempos da pandemia, é contextuado sobre a situação atual com dados mundiais, onde é evidenciado que a depressão afeta 264 milhões e o suicídio é a segunda causa de morte para jovens de 15-29 anos. Ressalta similarmente que em países de baixa e média renda cerca de 76% a 85% das pessoas com problemas de saúde mental não recebem tratamento adequado (United Nations, 2020).
Com toda exorbitância de problema que arruína a humanidade e o seu psicológico, o suicídio acaba sendo visto equivocadamente, como uma espécie de solução/fuga (ALVES).
Em concordância com o chefe de Saúde Mental e Abuso de Substâncias da OPAS Renato Oliveira e Souza (2020), no ano de 2020 encontramos circunstâncias muito inesperadas e desafiadoras devido ao enfrentamento da pandemia da COVID-19. O impacto do novo coronavírus provavelmente afetou o bem-estar mental de todos. E é por isso que é fundamental que trabalhemos juntos para prevenir o suicídio.
Há quatro categorias de iniciativas que podem ser instituídas pelos farmacêuticos para a majoração do estado de saúde da comunidade, elas é, a avaliação dos seus fatores de risco; prevenção da saúde; promoção da saúde e vigilância das doenças, essa promoção consegue ser afetividade através de três domínios que dão estruturas, são eles, disposição de serviço de prevenção clínica; vigilância e publicação em saúde pública e promoção do uso racional de medicamentos pela sociedade (JAMES; ROVERS, 2003).
2. OBJETIVO
2.1. OBJETIVO GERAL
O objeto geral deste estudo é expor sobre os danos mentais causados na população no ano de 2020, ano em que a Covid-19 chegou ao Brasil, e com ela fez se necessário o isolamento social, a fim de evitar a propagação rápida do vírus, que já se encontrava em nível pandêmico.
2.2. OBJETIVO ESPECÍFICO
De maneira específica, o objetivo da pesquisa, é relacionar esses danos, com o suicídio, individualmente, com a intoxicação medicamentosa intencional pela motivação do mesmo, por pessoas propensas a cometer esse delito, pessoas essas, com problemas mentais, que foram impactadas com as consequências, com o cenário e as medidas de restrição da Covid-19.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
O conteúdo exposto refere-se ao assunto através de uma revisão literária, explorada pelas plataformas digitais, realizando pesquisas documentais. As referências incluídas, de maneira qualitativa, foram aquelas que argumentassem sobre o tema defendido e que fosse correlativa com as palavras chaves do objetivo do estudo, sendo elas: isolamento, Covid-19, saúde mental, suicídio e intoxicação medicamentosa.
Os dados evidenciados nos resultados e discussões do estudo foram coletados diretamente nos bancos on-line, do SINAN (http://www.portalsinan.saude.gov.br/), CVV (https://www.cvv.org.br/) e Anuário Brasileiro da Segurança Pública (https://forumseguranca.org.br/anuario-brasileiro seguranca-publica/). Todas as informações exibidas no tópico, juntamente com os gráficos foram tabulados, elaborados e apresentados pelos próprios sistemas.
4. DESENVOLVIMENTO TEÓRICO
A pandemia de Covid-19 encaminhou uma agregação de condições de estresse para a população, fatores esses não existentes em períodos de normalidade, essas condições não foram geradas somente pela pandemia em si, mas também, pelas suas políticas de enfrentamento. Foi possível observar e destacar alguns desses fatores fomentados na população, relacionados com a pandemia e as suas medidas de restrições, entre eles estão, o medo de ser infectado, de alguém próximo também ser infectado ou de não ser possível receber atendimento médico; a diminuição da renda, resultando em sacrifícios no consumo ou endividamento; o confinamento; informações conflitantes ou imprecisas sobre a pandemia e seu enfrentamento; a ausência de uma estratégia de saída da crise. Mesmo alcançando toda a população, é possível perceber, que essa estafa é proporcionalmente maior para grupos em situação de pobreza (ou que nela podem vir a entrar) e/ou especialmente aqueles com maior risco de contrair a doença (MORAES, 2020). Três estudos mostraram que períodos mais longos de quarentena foram associados com pior saúde mental (Brooks, et al., 2020).
O GBD 2020 (Global Burden of Disease – Carga Global de Doenças) estimou que a pandemia de COVID-19 levou a um aumento de 27,6% em casos de transtorno depressivo maior (TDM) e um aumento de 25,6% em casos de transtornos de ansiedade (AD) em todo o mundo em 2020 (World Health Organization, 2022).
Uma pesquisa foi realizada na China durante o surto inicial de COVID-19, descobriu que 53,8% dos entrevistados classificaram o impacto psicológico do surto como moderado ou grave; 16,5% relataram sintomas depressivos moderados a graves; 28,8% relataram sintomas de ansiedade moderados a graves, e 8,1% relataram níveis de estresse moderado a grave. (HO, et al., 2020).
Em um estudo quantitativo relatado sobre a psicologia geral no decorrer do isolamento social, os sintomas mencionados foram distúrbio emocional, depressão, estresse, mau humor, irritabilidade, insônia, estresse pós-traumático, raiva e exaustão emocional. Já o estudo feito com aqueles que tiveram em contato com pessoas que foram diagnosticados com o vírus, os pesquisados relatou medo, nervosismos, tristeza e culpa denunciada. Em estudos qualitativos, por igual, também identificaram uma sucessão de outras respostas psicológicas à quarentena, como confusão, medo, raiva, tristeza, dormência e insônia induzida por episódios de ansiedade (Brooks, et al., 2020).
O suicídio é um evento labiríntico, de características variadas e peculiares e de múltiplas determinações, que pode afetar indivíduos de diferentes origens, classes sociais, idades, orientações sexuais e identidades de gênero, contudo, o suicídio pode ser prevenido. A Organização Pan-Americana da Saúde alertou que a pandemia de COVID-19 exacerbou os fatores de risco associados a comportamentos suicidas e pediu pela priorização da prevenção ao suicídio. Estudos apontam que a pandemia aumentou as causas de ameaça ao suicídio, pela perda de emprego ou econômica, trauma ou abuso, transtornos mentais e barreiras ao acesso à saúde (OPAS, 2021).
Para a prática dessa violência contra si mesmo a ingestão exógena de medicamentos por sobredose prevalece em alta, dentre todos os meios comumente utilizados. No Brasil, o uso de medicamentos pela população é alto. Uma ampla pesquisa nacional realizada com usuários da atenção primária do Sistema Único de Saúde (SUS) identificou que 76,2% deles relataram estar em uso de pelo menos um medicamento, com média de uso de 2,32 medicamentos por pessoa. Dessa forma, a disponibilidade desses medicamentos em domicílio ou essa fácil aquisição do mesmo contribuem para que sejam com frequência utilizados intencionalmente nas auto-intoxicações (GERHEIRN, et al., 2022)
O medicamento são produtos farmacêuticos tecnicamente obtidos para serem utilizados com a finalidade profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico, contudo, tanto pode curar quanto matar nos casos prejudiciais dependendo da hiposuficiência ou da abusividade da dose, pois, se usados em superdosagens podem gerar quadros de intoxicação e morte. Quando usado indiscriminadamente ou sem nenhuma finalidade técnica e/ou terapêutica, se trata de uso irracional de medicamentos, um importante problema de saúde pública. A intoxicação por medicamento pode ser acidental ou então dolosa, quer dizer neste caso intencional, consciente, deliberada. A OMS estima que, no mundo, mais da metade de todos os medicamentos são prescritos, dispensados ou vendidos inapropriadamente, e que metade dos pacientes não os usa corretamente. O que destaca que além de gastar muito dinheiro, pode também trazer sérios riscos à saúde (JOÃO, 2010).
O conceito de saúde definido pelo preâmbulo da Constituição da Organização Mundial da Saúde, diz que, saúde é um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a simples ausência de doenças e outros danos, e isso leva a firmar, a Assistência Farmacêutica, como, uma parcela necessária nos serviços de Atenção à Saúde do cidadão, que tem em suas proposições, a utilização dos medicamentos, por meio da prescrição, dispensação e uso, visto que, o medicamento é utilizado como estratégia terapêutica para a diminuição de agravos, recuperação do paciente ou redução dos riscos da doença, sendo então, um componente crucial. Só que, paralelo a essa conjunção, a automedicação vem elevando os níveis de intoxicação medicamentosa no Brasil, um dos motivos que portam esse aumento, é a diversidade de remédios comercializados e o nível de informação sobre medicamentos por parte de usuários, prescritores e dispensadores, o que destaca ainda mais a prática da atenção farmacêutica, que diz respeito à dispensação correta, incluindo informação apropriada sobre os medicamentos prescritos (GONÇALVES, 2014).
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Foi possível elaborar tabelas elucidativas de dados alusivos ao suícidio com referência ao ano de 2020 pelo site do SINAN (Sistema de Informação de Agravos de Notificação), um site do portal do Governo Brasileiro alimentado por notificação e investigação de casos de doenças e agravos que constam da lista nacional de doenças de notificação compulsória (Portaria de Consolidação nº 4, de 28 de Setembro de 2017), sendo um instrumento relevante para auxiliar o planejamento da saúde, definir prioridades de intervenção, e permitir que seja avaliado o impacto das intervenções.
No período de 2020 obteve-se um total de 8.601 de notificação confirmada de intoxicação exógena, intoxicação que advém por substâncias introduzidas de fora do organismo, podendo provocar danos graves e até a morte, de todos os agente tóxicos o medicamento é o que prevalece em alta, totalizando com 4.716 intoxicação confirmada, sendo mais da metade.
Tabela 1: Notificação por classificação final segundo agentes tóxicos no período de 2020.
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net.
Os resultados apontam que dessas 4.716 notificações de intoxicação exógena por medicamento, a circunstância, dentre todas pertencentes, que possui dados súperos, com aproximadamente 79%, é a tentativa de suicídio, totalizando 3.736 notificações confirmadas.
Tabela 2: Notificação por classificação final segundo circunstâncias, no período de 2020.
Fonte: Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net.
O Anuário Brasileiro de Segurança Pública emite dados analíticos sobre crime e violência conforme informações fornecidas pelas secretarias de segurança pública, policias civis, militares e federais, e outras fontes da segurança pública, a fim de promover transparência e conhecimento, e prestar contas na área. O mesmo emitiu em sua plataforma online os dados de maneira geral do total de suicídios no país, em cada estado e no distrito federal.
Tabela 3: Estatística dos números absolutos de suicídio em todo território brasileiro no ano de 2020.
Fonte: Fórum brasileiro se segurança pública – Anuário Brasileiro de Segurança Pública.
Contrastando os dados dessa estatística com os dados fornecidos pelo Sinan, podemos determinar a relação da quantidade de suicídios do ano de 2020, com a quantidade de suicídio do mesmo ano por intoxicação medicamentosa, sendo assim, 28% dos casos de suicídio do ano pandêmico ocorreu por sobre dose intencional de medicação.
O CVV (Centro de Valorização da Vida), uma associação civil brasileira sem fins lucrativos, reconhecida como de Utilidade Pública Federal, desde 1973, realiza apoio emocional e prevenção do suicídio, atendendo voluntária e gratuitamente todas as pessoas que querem e precisam conversar, sob total sigilo por telefone (através do número 188), email e chat 24 horas todos os dias, serviços oferecidos pela plataforma online, pelo site pelo site www.cvv.org.br. Nestes canais, são realizados mais de três milhões de atendimentos anuais, por aproximadamente 4000 voluntários, localizados em vinte e quatro estados mais o Distrito Federal. Além dos atendimentos, o CVV desenvolve, em todo o país, outras atividades relacionadas a apoio emocional, com ações abertas à comunidade que estimulam o autoconhecimento e melhor convivência em grupo e consigo mesmo. A instituição também mantém o Hospital Francisca Júlia que atende pessoas com transtornos mentais e dependência química em São José dos Campos–SP(CVV APOIO EMOCIONAL).
De acordo ainda com o CVV e o relatório de atividades nacionais gerado periodicamente pelo site, foram contabilizadas 3.132.598 ligações atendidas, um crescimento de 5% ao compararmos com 2019, que por sua vez totalizou 2.985.180 ligações.
Gráfico 1: Volume de ligações atendidas em 24 meses – jan/19 a dez/20.
Fonte: CVV – relatório mensal.
Em harmonia com uma comunicação pública do CVV sobre a situação do mesmo durante a pandemia, foi informado, que durante o isolamento social, como toda a sociedade, em decorrência da pandemia da Covid-19, o canal de comunicação sofreu algumas limitações na oferta de seus serviços. Seguindo as recomendações das autoridades sanitárias, houve uma redução de voluntários nos postos de atendimento, a fim de garantir um ambiente mais seguro e saudável. Ainda, foram suspendidos temporariamente os atendimentos pessoais e as ações presenciais na comunidade. A associação enfatizou que o distanciamento social e suas conseqüências nas relações e emoções podem acarretar uma maior procura no serviço.
5. CONCLUSÃO
Em distintos graus, o isolamento social causou consideráveis impactos na vida das pessoas e isso faz com que seja necessário que ocorra uma alfabetização em saúde mental, com o apoio psicossocial nas comunidades.
A falta de informação durante o ínicio da pandemia, as fake news produzidas, o medo, a rápida propagação da doença, o luto, o desemprego, a taxa de mortalidade, a falta de assistência na saúde, igualmente coadjuvou para uma piora na saúde mental e emocional das pessoas, enfatizando a fragilidade da mesma e a precisão de provisão de intervenção psicológica à nação.
Levando em consideração que a intoxicação medicamentosa proposital é uma via para a tentativa de suícidio, fica ínequivoco a precisão de desenvolvimento de ações para conscientização sobre o uso racional de medicamentos e efetivação de projetos para distinguir e atuar em circunstâncias de riscos para o suicídio.
Outra proposta válida é a elaboração de farmácias domésticas, onde o paciente doaria os medicamentos que sobram de outros tratamentos, para que não tenha armazenado em casa uma quantidade grande de medicamentos, principalmente pacientes já diagnosticados com ideação suicida.
Conclui-se que em nosso país esse tema tende a merecer uma visibilidade maior, pois no ranking mundial de mortes por suicídio, o Brasil, está entre os dez, em paralelo com as taxas de tentativa de suicídio por sobre dose intencional de medicamentos que vem elevando.
As disposições validadas de prevenção ao suicídio abrangem limitar o acesso a meios, a identificação precoce, avaliação, manejo e acompanhamento de pessoas afetadas por pensamentos e comportamentos suicidas e promoção de habilidades ligadas às emoções, que possam ser desenvolvidas ao longo do tempo.
O acesso básico a saúde deve ser de maneira segura e eficiente, para que se uma pessoa detectar sinais de suicídio em si mesmos ou em alguém que conhece, procure de maneira confortável a ajuda de um profissional de saúde o mais rápido possível.
O farmacêutico perante esse cenário tem um papel relevante, pois complementando seus esforços aos dos outros profissionais de saúde, juntamente com a comunidade, faz acontecer à promoção da saúde.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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1Acadêmica do curso de Farmácia da Universidade Brasil, Fernandópolis-SP. Email: laravitoriademaria@gmail.com
2Acadêmico do curso de Farmácia da Universidade Brasil, Fernandópolis-SP. Email: gustavomendesteixeira@hotmail.com
3Acadêmica do curso de Farmácia da Universidade Brasil, Fernandópolis-SP. Email: adriellyazevedo64@gmail.com