ÍNDICE DE IMUNIZAÇÃO DE TUBERCULOSE NO MUNÍCIPIO DO SUL DO TOCANTINS-GURUPI-TO.

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410311226


Patrícia Moura Santos1; Orientador (a) Jonathan Jean Vilhaba1; João Pedro Pereira dos Santos2; Armando Jarib Gonçalves Tavares3; Gabriella Barreira Gomes4; Janaína Vilma Almeida5; Kellianne Nogueira de Carvalho Silva6; Silvio Henrique Lopes de Oliveira7; Raquel Bezerra Ferreira8; Jacqueline Aparecida Philipino Takada9


RESUMO

O presente artigo em questão traz como temática o índice de imunização da tuberculose no município de Gurupi que fica localizado no sul do estado do Tocantins. A tuberculose é uma doença infectocontagiosa causada pelo Bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) e transmissível em sua forma pulmonar. Realizou-se neste estudo como instrumento de coleta de dados uma pesquisa quantitativa de caráter documental, estatístico e retrospectivo, além de buscar conceitos em alguns artigos coletados nas bases de dados da biblioteca virtual Scielo, Lilacs, google acadêmico que estavam relacionados ao tema abordado e aos objetivos pretendidos. Os dados coletados na plataforma Datasus foram tabulados em tabelas com as diversas variáveis encontradas, entre elas idade, raça, sexo, nível de escolaridade entre outros. Portanto, a pesquisa epidemiológica evidenciou uma expansão da tuberculose nos últimos 10 anos no município. Nessa perspectiva, destaca-se o predomínio de casos de Tuberculose do sexo masculino, em população parda e pessoas com escolaridade apenas o Ensino Fundamental.

Palavras-chave: Imunização. Tuberculose. Gurupi. Tocantins. Prevenção. DataSus.

ABSTRACT

The present article in question focuses on the tuberculosis immunization rate in the municipality of Gurupi, which is located in the south of the state of Tocantins. Tuberculosis is an infectious disease caused by Koch’s Bacillus (Mycobacterium tuberculosis) and transmissible in its pulmonary form. In this study, a quantitative research of a documentary, statistical and retrospective nature was carried out as a data collection instrument, in addition to searching for concepts in some articles collected in the databases of the virtual library Scielo, Lilacs, Google Scholar that were related to the topic addressed and to the intended objectives. The data collected on the Datasus platform were tabulated in tables with the various variables found, including age, race, sex, education level, among others. Therefore, epidemiological research showed an expansion of tuberculosis in the last 10 years in the municipality. From this perspective, the predominance of male tuberculosis cases stands out, in a mixed-race population and people with only elementary school education.

Keywords: Immunization. Tuberculosis. Gurupi. Tocantins. Prevention. DataSus.

RESUMEN

El presente artículo se centra en la tasa de vacunación contra la tuberculosis en el municipio de Gurupi, situado en el sur del estado de Tocantins. La tuberculosis es una enfermedad infecciosa causada por el bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) y transmisible en su forma pulmonar. En este estudio se realizó como instrumento de recolección de datos una investigación cuantitativa de carácter documental, estadístico y retrospectivo, además de la búsqueda de conceptos en algunos artículos recopilados en las bases de datos de la biblioteca virtual Scielo, Lilacs, Google Scholar que estuvieran relacionados al tema abordado y a los objetivos previstos. Los datos recolectados en la plataforma Datasus fueron tabulados en tablas con las diversas variables encontradas, entre ellas edad, raza, sexo, nivel educativo, entre otras. Por lo tanto, las investigaciones epidemiológicas mostraron una expansión de la tuberculosis en los últimos 10 años en el municipio. Desde esta perspectiva, se destaca el predominio de casos de tuberculosis masculinos, en población mestiza y con escolaridad únicamente primaria.

Palabras clave: Inmunización. Tuberculosis. Gurupi. Tocantins. Prevención. DatosSus.

1 REFERENCIAL TEÓRICO

A tuberculose é uma das doenças mais antigas do mundo, afetando a humanidade há pelo menos oito mil anos (GURGEL, 2019). Há conhecimento de registros artísticos egípcios antigos de lesões e alterações ósseas típicas da doença encontradas em múmias egípcias (2400 a. C) (BARBERIS et al., 2017). Na Grécia, Hipócrates (450 a. C) denominou tuberculose tísica e foi o primeiro a atribuir causas naturais à doença e definir com precisão os sinais pulmonares da tuberculose (BARBERIS et al., 2017).

Existem evidências de que a tuberculose existe desde os tempos pré-históricos. A doença já foi encontrada em esqueletos de múmias do antigo Egito (3000 A.C) e, mais recentemente, numa múmia pré-colombiana no Peru. (Sociedade brasileira de pneumologia e tisiologia (2019; Brasil (2022). Entre os hebreus, a tuberculose era compreendida como “uma punição divina aos infratores dos mandamentos religiosos”. Na última década do século XVIII, a tuberculose aparece nas produções literárias do romantismo como a enfermidade “dos apaixonados”. (Bertolli filho (2021, p. 44).

No início do século XIX, como doença que matou vários intelectuais da época, dentre os milhares de pessoas mundo afora, no exterior, a doença levou à morte, por exemplo, o escritor britânico George Orwell e o gênio da música Frédéric Chopin. Aqui no Brasil, a tuberculose vitimou, entre outros, até o imperador Dom Pedro I, além do escritor Manuel Bandeira e do compositor e sambista Noel Rosa, o poeta da Vila. (Soeiro (2020).

Segundo a OMS, (2022), a doença disseminou-se na Europa, com a urbanização crescente e no século XVIII tornou-se conhecida como a peste branca.

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que mais mata adultos e adolescentes no mundo, sendo considerado um grave problema de saúde pública, com maior incidência em países em desenvolvimento como o Brasil, estando este entre os 30 países com maiores taxas de tuberculose no mundo. O número de casos notificados foi de 72.770 casos de tuberculose apenas no Brasil, o estado do Amazonas destaca-se como o estado com maior número de casos de tuberculose do país. (Brasil (2022).

Mediante Silva Junior (2018), transmissão da tuberculose acontece quando uma pessoa saudável inala gotículas com o bacilo de Koch provenientes de uma pessoa doente, que, ao tossir, espirrar ou mesmo falar, elimina os bacilos. Para Gioseffi (2022), a infecção pelos bacilos acontece quando eles passam pelo trato respiratório superior e atingem os alvéolos pulmonares, pequenas estruturas em forma de saco onde acontecem as trocas gasosas. Esses bacilos, então, multiplicam-se e uma parte dissemina-se pelo corpo via corrente sanguínea. O sistema imune, assim, tenta controlar a infecção. Quando o sistema imune não é mais capaz de controlar a doença, a tuberculose desenvolve-se.

A tuberculose afeta, principalmente, os pulmões, desencadeando sintomas como tosse, a qual pode ser sem ou com catarro, sudorese noturna, febre vespertina, fadiga, perda de peso e dor torácica. Quando afeta outras regiões do corpo, outros sintomas podem surgir a depender do órgão afetado. (Silva Júnior (2018).

A tuberculose é uma doença infectocontagiosa que mais mata adultos e adolescentes no mundo, sendo considerado um grave problema de saúde pública, com maior incidência em países em desenvolvimento como o Brasil. Destacam-se condições precárias de moradia, falta de saneamento básico, pessoas morando nas ruas, que contribuem com as altas taxas de incidência de tuberculose. (Brasil (2022).

Vale destacar que nem todas as pessoas que são expostas à bactéria causadora da tuberculose infectam-se.

De acordo com o Manual Técnico para o Controle da Tuberculose do Ministério da Saúde, “apenas em torno de 10% das pessoas infectadas adoecem, metade delas durante os dois primeiros anos após a infecção e a outra metade ao longo de sua vida”.

A tuberculose é diagnosticada por meio de exames bacteriológicos e exames de imagem, que são considerados exames complementares. A baciloscopia e a cultura para micobactéria são exemplos de exames bacteriológicos que detectam a presença do agente causador da tuberculose. (Gioseffi (2022).

A tuberculose ocorre com frequência nos pulmões, sendo denominada tuberculose pulmonar. O indivíduo suspeito de tuberculose apresenta tosse com expectoração por três ou mais semanas, febre e perda de peso e apetite. Outros sintomas são dores no peito, hemoptise, calafrios, suores e cansaço fácil (Gehlen (2019).

Essa patologia pode se manifestar nas formas pulmonar e a extrapulmonar, sendo que em sua forma pulmonar, o contágio se dá pelo ar, por meio de aerossóis, gotículas de saliva expelidas do pulmão, ou da laringe de indivíduos infectados com tuberculose ativa de via respiratória, já na forma extrapulmonar, o risco de contaminação é menor e os seus sintomas se manifestam de acordo com o órgão ou sistema acometido. (Gehlen (2019).

O Bacilo de Koch (Mycobacterium tuberculosis) é uma bactéria gran positiva, está é responsável pelo desenvolvimento da doença, sendo está uma doença tratável e curável, considerada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como um grave problema de saúde pública de extrema relevância.

A prevenção da doença se aplica por meio da vacinação com BCG, que possui uma cepa atenuada do M. bovis e é administrada ao nascimento. Outra forma de prevenção é o diagnóstico, isolamento e tratamento precoces dos casos infectantes (Sociedade brasileira de pneumologia e tisiologia, (2019); Brasil (2022). Enfatiza-se que não existe uma vacina totalmente eficaz contra a tuberculose e o diagnóstico ainda depende da baciloscopia, que tem apenas 60% a 70% de sensibilidade. (Gehlen (2019).

De acordo com dados publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 2020 o Brasil registrou 66.819 novos casos de tuberculose ocupando o 22° lugar de países com maior incidência de tuberculose no mundo (Brasil (2022).

Dessa forma, devido à alta incidência de tuberculose no Brasil, o tratamento é garantido por meio de políticas públicas de saúde e ofertado de forma gratuita pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, o abandono do tratamento permanece sendo uma das maiores barreiras para o controle da tuberculose, além de contribuir para piores prognósticos, bem como, elevar as taxas de mortalidade (Soeiro (2020).

Gurupi, do tupi, diamante puro, localizada ao sul do Estado, a 224 km da capital, Palmas. O município fica às margens da BR-153 e no limite divisório dos dois rios mais importantes do Tocantins: Rio Araguaia e Rio Tocantins. De acordo com Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a população estimada é de 88.428 mil habitantes (IBGE (2022). No município de Gurupi-TO, através de campanhas e mutirões, tem-se observado que, aparentemente, o índice de casos novos tem sido relevante. Portanto, faz-se necessário o levantamento do perfil epidemiológico, para que se possa traçar um perfil mais definido destes indivíduos e, com isso, planejar campanhas mais eficientes, onde possa promover desde a prevenção à cura desta doença.

Entretanto, para avançar nas metas e propostas, é essencial o planejamento de ações a partir do conhecimento da situação epidemiológica da doença.

Nesse cenário, a vigilância epidemiológica da tuberculose deve trazer recomendações e fornecer subsídios para a tomada de decisão, sendo suas atribuições: a investigação de casos suspeitos, a notificação de casos confirmados, a produção de dados do tratamento e o acompanhamento dos casos confirmados até o encerramento do tratamento. (Brasil 2022).

2 MATERIAL E MÉTODO

Realizou-se neste estudo como instrumento de coleta de dados uma pesquisa quantitativa de caráter documental, estatístico e retrospectivo de dados públicos do Datasus, que visa esclarecer os índices de vacinação contra a tuberculose no município de Gurupi-TO. O DATASUS é a plataforma pública do ministério da saúde responsável por disponibilizar informações sobre indicadores de saúde em todo o Brasil; foi analisado os dados epidemiológicos disponíveis no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) e no Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS) entre os anos 2013 à 2023. Além disso foi utilizada como base teórica para pesquisa artigos coletados nas bases de dados da biblioteca virtual Scielo, Lilacs, google acadêmico que estavam relacionados ao tema abordado e aos objetivos pretendidos.

A avaliação inicial do material sobre a temática em estudo ocorreu mediante a leitura dos resumos, com a finalidade de selecionar aqueles que atendiam aos objetivos do estudo. De posse dos artigos, passou-se à etapa seguinte, ou seja, leitura minuciosa, na íntegra, de cada artigo afim de produzir uma base teórica robusta sobre a tuberculose.

Após a leitura dos artigos e uma base teórica selecionada, adotou-se como critério de inclusão dados públicos do DATASUS sobre a vacinação contra a tuberculose nos últimos 10 anos- 2013 a 2023- foram excluídos dados incompletos ou dados anteriores a 2013.

A análise de dados do DATASUS pode trazer benefícios importantes para a população e para os gestores em saúde, visto que, são disponibilizados dados atualizados sobre prevalência, incidência e distribuição da doença, além disso é possível identificar grupos populacionais mais vulneráveis afim de se direcionar políticas públicas para essas populações.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os dados coletados na plataforma Datasus foram tabulados em tabelas com as diversas variáveis encontradas, entre elas idade, raça, sexo, nível de escolaridade entre outros.

Diante dos fatos supracitados, o trabalho em questão procura responder o questionamento: Quais são os índices de imunização e prevenção da tuberculose no município de Gurupi-TO?

Tabela 1- Incidência de tuberculose no município de Gurupi- TO entre 2013 e 2023.

Ano/diagnósticoIgn/BrancoCuraAbandonoObito por tuberculoseObito por outras doençasTransferenciaTotal
2013 5    5
2014 8   19
2015 6    6
2016 5  2 7
2017 8    8
2018 9 1  10
2019 9  1 10
2020 82 2113
2021 163 2122
202211131  16
202345311216
TOTAL59011385122

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA

O Brasil, em seu último boletim epidemiológico (2023), apresentou aumento no coeficiente de incidência da TB (36,3 por 100.000 habitantes), sendo que alguns estados como o Tocantins, apresentaram um aumento no número de notificações, demonstrando também que houve uma tendência de aumento da doença. (Brasil (2023).

No município de Gurupi, o diagnóstico e tratamento são centralizados no núcleo de referência, Policlínica, com as drogas do esquema básico, isoniazida, rifampicina, pirazinamida, em doses fixas.

Podemos observar que nos anos de 2013 a 2023 tivemos um total de 122 casos de tuberculose no município. Esse número vem aumentando a cada dia, sendo que três pessoas vierem a óbito por tuberculose.

Entre os anos de 2022 a 2023 é possível observar um declínio na incidência. No ano de 2020, com o início da pandemia de covid-19, houve um aumento com 13 casos significativa, se comparada ao ano anterior. Contudo, a partir de 2021, com a reorganização e melhoria do acesso aos serviços de saúde, o coeficiente de incidência volta a apresentar tendência de crescimento atingindo no ano de 2021, a maior taxa de incidência registrada no período com 22 casos de tuberculose no município de Gurupi. Em 2020 a 2023 tivemos 11 casos de abandono ao tratamento.

Uma das principais preocupações com respeito à tuberculose é a redução das taxas de abandono de tratamento.  No município de Gurupi a taxa de abandono é alta, situa-se em 11 casos no total abrangendo os anos de 2020 a 2023. Isso leva ao não rompimento da cadeia de transmissão, pois as pessoas com Tuberculose (TB) que não aderem à terapêutica continuam doentes e permanecem como fonte de contágio. Além disso, o abandono leva à resistência medicamentosa e à recidiva da doença, as quais impõem dificuldades ao processo de cura, aumentando o tempo e o custo do tratamento.

Ademais, cabe pontuar a influência da baixa escolaridade e do analfabetismo no transcorrer do tratamento. Os altos índices desses fatores acarretam falta de adesão ao tratamento, apontados como intensificadores a esse cenário (Silva et al., 2017).

Esses dados estão de acordo com a literatura pois, segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a tuberculose é a doença infecciosa que mais mata no mundo, um terço da população mundial está infectada por Mycobacterium tuberculosis e grande parte dela poderá desenvolver e transmitir a doença para a comunidade. (OMS (2022).

Tabela 2-  Contaminados pela tuberculose. Gênero masculino e feminino.

Ano/diagnósticoMasculinoFemininoTotal
2013415
2014819
2015426
2016527
2017358
20181010
20198210
202010313
202118422
202212416
202312416
Total9428122

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA

A tabela 2 exibe a distribuição de casos de tuberculose entre os sexos masculino e feminino ao longo de um período específico de 2013 a 2023. Analisar essa disparidade é essencial para compreender as tendências da doença e pode direcionar políticas de saúde de gênero mais eficazes, ajudando a mitigar os riscos e garantir um melhor controle da tuberculose.

A tabela 2 apresenta o número de casos de tuberculose, nos anos de 2013 a 2023, subdivididos pelo sexo do paciente. Observa-se que, de 2013, o número de casos aumentou em relação aos anos anterior e, em 2023, houve estabilização.

Podemos observar que nos anos de 2013 a 2023 tivemos um total de 122 casos de tuberculose, sendo 28 do sexo feminino e 94 do sexo masculino, a incidência da tuberculose é maior em homens do que em mulheres.

No período de 2013 a 2023 foram notificados 28 casos de tuberculose em mulheres. Também se evidenciou o aumento progressivo da doença ao decorrer dos últimos 10 anos analisados, uma vez que houve uma elevação na incidência de notificações em determinados períodos em todos os bairros do município.

Ainda neste âmbito, foi demonstrado que, durante os anos de 2020 a 2022, ocorreu um aumento de casos de tuberculose em mulheres, se comparado aos anos anteriores.  Logo, é importante ressaltar que a pandemia de covid-19 era uma realidade nesse período, passando inclusive a ser considerada a partir de 2020, a maior causa de enfermidade infecciosa no mundo, posto esse que antes era ocupado pela tuberculose.

Portanto, a TB é uma doença que acomete em sua maior parte os indivíduos do sexo masculino, nessa fase os homens são mais imprudentes com a prevenção das doenças e com o diagnóstico e tratamento, preocupam-se mais com atividades relacionadas ao lazer e sexo e muitos são acometidos por vícios como o cigarro, álcool, drogas e frequentam lugares de difícil circulação do ar e com grande aglomerado de pessoas o que facilitam a transmissão da doença (PAIXÂO, 2017).

A incorporação da prevenção ao tabagismo, alcoolismo e uso de drogas ilícitas entre as pessoas com tuberculose deve ser sempre evidenciada.  Em comparação com o estudo de Chirinos et al., numa revisão integrativa da literatura, percebeu-se que existe uma relação importante da TB com o consumo de drogas psicotrópicas, em especial o consumo de álcool e tabaco, os usuários de drogas ilícitas corresponderam o uso de maconha, cocaína inalatória, cocaína intravenosa e crack.

 Relacionando com os achados da presente pesquisa, pode-se dizer que o alto índice do uso de tabaco e álcool são fatores presentes na maioria das pesquisas consultadas.

Estima-se que, em todo o mundo, 1,3 bilhão de pessoas consuma tabaco e que a maioria delas viva em países subdesenvolvidos ou em desenvolvimento, onde as taxas de tubérculos e também são maiores. Portanto, o maior impacto do tabagismo em termos de problemas de saúde pública relacionados à infecção é o aumento do risco de tuberculose.

O consumo de drogas ilícitas, álcool e tabaco associado à TB representa um grande desafio para a saúde global, pois cria uma vulnerabilidade social que dificulta o controle da doença. Além de a interação nociva destas drogas com o organismo do doente comprometer sua capacidade de compreensão sobre a importância do tratamento, e dificultar a atuação dos profissionais de saúde, geralmente a abordagem deste problema ocorre de forma fragmentada, por meio de ações e programas coordenados por infectologistas, psiquiatras e pneumologistas, ao invés de uma abordagem integrada.

O abandono do tratamento mostrou-se associado ao sexo masculino. Esse fenômeno pode relacionar-se a fatores que dificultam a adesão ao tratamento. O abandono compromete um dos pilares do programa de controle da tuberculose (PCT), o tratamento, podendo ser decisivo na trajetória da doença e propiciar o surgimento de complicações, dentre as quais tuberculose multidroga resistente e óbito. 

Tabela 3- Casos confirmado de tuberculose por ano diagnóstico e raça

Ano/diagnósticoIgn/ BrancoBrancaPretaPardaIndígenaTotal
2013   5 5
20141  8 9
2015 1 5 6
2016 2 5 7
2017 6 2 8
2018 316 10
2019 721 10
2020 418 13
202116 14122
2022 4 12 16
20231248116
Total3358742122

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA

No Brasil, a raça/cor é um marcador de desigualdade social, sendo que os pardos e os pretos são os que apresentam os piores indicadores socioeconômicos e de saúde

A incidência alta de Tuberculose foi em população considerada parda com um total de 74 casos, indígenas com 2 casos, preta com 8 casos, branca com 35 casos. As incidências para brancos e pardos tiveram um grande aumento. A raça/cor branca apresentou a segunda maior incidência com 35 casos seguida da preta com 8 casos. A incidência de TB foi mais elevada entre a população parda em todos os anos.

As quatros populações categorizadas para este estudo apresentaram, no perfil sociodemográfico, uma predominância, da raça parda A realização de exames diagnósticos foi mais frequente nas populações em situação de vulnerabilidade, especialmente, na população em situação de rua.

Esses dados refletem as disparidades sociais existentes entre os grupos raciais no país, que favorecem a transmissão e a manutenção da tuberculose entre os mais pobres e excluídos. Além disso, os pardos apresentaram maior chance de abandono do tratamento e menor proporção de cura da doença, o que pode contribuir para a persistência da epidemia.

Portanto, a tuberculose afeta mais a raça/cor parda do que a branca porque está relacionada com fatores sociais e econômicos que determinam as condições de vida e saúde das populações (PAIXÃO, 2017). Sendo assim, a análise dos indicadores considerando o quesito raça/cor pode trazer informações sobre a distribuição das doenças e seus desfechos para subsidiar ações que contemplem a diversidade da população.

A distribuição da doença é mundial, com tendência decrescente da morbidade e mortalidade nos países desenvolvidos. Os mais contaminados são pessoas pardas e brancas analisadas na tabela acima.

São mais vulneráveis à doença as populações indígenas, presidiários, moradores de rua, devido à dificuldade de acesso aos serviços de saúde e às condições específicas de vida, além das pessoas vivendo com o HIV (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).

Tabela 4- Casos confirmado de tuberculose por ano diagnóstico e escolaridade.

Ano/diagnósticoIgn/BrancoAnalfabeto1° a 4° série5° a 8° sérieEnsino médioEnsino superorTotal
2013 1135
2014 1429
2015   2116
20161  1217
2017 11218
2018  14110
2019  1 110
2020   2113
2021   43122
20229212216
20237  3316
Total175925126122

Fonte: Ministério da Saúde/SVSA

Os indivíduos portadores de tuberculose em geral possuem baixa escolaridade sendo esse um fator dificultador para uma melhor compreensão da doença e adesão ao tratamento proposto.

O nível escolar dos pacientes com TB que se observa nessa tabela está diretamente correlacionado com a renda, uma vez que a doença está atrelada às condições sociais de vida dos que a desenvolvem.  A maioria dos contaminados são de escolaridade inferior ao Ensino Fundamental (1° a 4° e 5° a 8° ano) com 25 caso registrado de 2013 a 2023.

A baixa escolaridade, segundo Cortezi e Silva (2016), “dificulta a autopromoção de saúde do paciente e para tentar superar este obstáculo há necessidade de adequação da linguagem dos profissionais de saúde para melhorar o entendimento dos pacientes sobre a gravidade da doença”.

As pessoas que estudam mais possuem maior esclarecimento sobre o processo saúde doença, buscam mais os serviços de saúde em busca de exames preventivos, ao contrário dos menos esclarecidos que utilizam mais os serviços públicos de saúde em busca da cura para as doenças já existentes e não tem o esclarecimento necessário para buscar ações preventivas que empeçam o surgimento dessas doenças.

 A baixa escolaridade é reflexo de todo um conjunto de condições socioeconômicas precárias, que aumentam a vulnerabilidade à tuberculose e são responsáveis pela maior incidência da enfermidade e pela menor aderência ao tratamento (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2022).

Apesar desses dados alarmantes, a tuberculose é considerada uma doença curável na maioria dos casos, porém enfrentamos um dos grandes entraves no controle da doença, por conta da demora de pacientes na busca de ajuda médica, atraso no diagnóstico, falta de adesão correta ao tratamento e seu abandono, fazendo com que a tuberculose se torne uma doença de proporções mundiais.

4 CONCLUSÃO

O estudo possibilitou evidenciar aspectos relevantes que contemplam a prevalência crescente de Tuberculose no município de Gurupi entre os anos de 2013 a 2023.

A pesquisa epidemiológica evidenciou uma expansão da tuberculose nos últimos 10 anos no município. Nessa perspectiva, destaca-se o predomínio de casos de Tuberculose do sexo masculino, em população parda e pessoas com escolaridade apenas o Ensino Fundamental.

Foi possível observar também a necessidade de investimentos na Atenção Primária em Saúde, a partir da evidência de diversos impactos negativos sobre a saúde pública que essa patologia pode apresentar. Tais ações devem contar com ênfase em prevenção e acompanhamento, a fim de promover uma diminuição do número de casos e alcançar um melhor panorama dentro do que é esperado de acordo com a OMS.

Dessa forma, é importante, que as pessoas com suspeita de tuberculose devem ser identificadas, atendidas e vinculadas à atenção básica, por meio da Estratégia Saúde da Família ou das Unidades Básicas de Saúde (UBS).

A atenção básica deve ser a principal porta de entrada para o paciente chegar ao Sistema Único de Saúde (SUS), que se utiliza de tecnologias de saúde capazes de resolver os problemas de maior frequência e relevância em cada município.

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SOEIRO VMS, et al. Abandono do tratamento da tuberculose no Brasil, 2012-2018: tendência e distribuição espaço-temporal. Ciência & Saúde Coletiva, 2020. SOCIEDADE BRASILEIRA DE PENUMOLOGIA E TISIOLOGIA (SBPT). III. Diretrizes para Tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia. Jornal Brasileiro de Pneumologia, v. 35, n. 10, p. 1018-1048, 2019.


1Graduanda em Fisioterapia- Unirg

1Fisioterapeuta- Funec-Fisa Santa Fe do Sul- SP, Orcid:0000-0002-6018-1195

2Fisioterapia Universidade Unirg 0000-0001-9373-8212 Orcid

3Fisioterapia, UNIRG ORCID: 0009-0008-0892-1978

4Graduanda em fisioterapia

5Unirg- Universidade de Gurupi, Fisioterapia, ORCID. 0009-0009-0398-6323

6Fisioterapeuta Unirg

7Fisioterapia Unirg

8Graduanda em fisioterapia- Unirg

9Fisioterapeuta pós-graduada em Bases Neuromecânicas do Movimento Humano Graduação UNICLAR Batatais – SP- Orcid 0009-003-8084-4587.