INDICAÇÕES E BENEFÍCIOS DA AROMATERAPIA NO PROCESSO PARTURITIVO: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

INDICATIONS AND BENEFITS OF AROMATHERAPY IN THE PARTURITIVE PROCESS: AN INTEGRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7828525


Iazy Lima do Nascimento1
Fernanda Rodrigues Chaves2
Natalia de Almeida Matias3
Wbiratan de Lima Souza4


RESUMO 

Introdução: A aromaterapia baseia-se na aplicação de Óleos Essenciais (OE) que são concentrados voláteis, com a finalidade de promover bem-estar através das modalidades terapêuticas específicas. Objetivo: Descrever o conhecimento publicado acerca das indicações e benefícios da aromaterapia no processo parturitivo.  Método do estudo: Trata-se de uma Revisão Integrativa da literatura, que teve o levantamento de dados realizado através das bases de dados Scielo, LILACS, PubMed e ScienceDirect. Foram selecionados 10 artigos para compor o banco de dados deste estudo, a partir da leitura aprofundada dos títulos, resumos e artigos completos. Resultados: Foi observado que o uso da aromaterapia no trabalho de parto foi benéfico para a mãe, reduzindo a dor, ansiedade, aflição e inquietação, sendo um método não-farmacológico útil, além de não apresentar efeitos colaterais significativos para a mulher, nem para o bebê. No entanto, também foi identificado a existência de lacunas, como um pequeno acervo de pesquisa a respeito da eficácia da aromaterapia e limitações de estudos com o assunto abordado, sendo necessário o desenvolvimento de mais estudos com evidências acerca do método. Considerações Finais: foi identificado que alguns estudos apontam os benefícios que esse método proporciona às gestantes, mostrando que existe uma efetividade significativa na redução das contrações na fase latente, proporcionando bem-estar físico e psíquico à, reduzindo a dor aguda no primeiro estágio do trabalho de parto.

PALAVRAS-CHAVE: Aromaterapia. Óleos essenciais. Trabalho de parto. Gestantes.

ABSTRACT

Introduction: Aromatherapy is based on the application of Essential Oils (EO) which are volatile concentrates, with the aim of promoting well-being through specific therapeutic modalities. Objective: To describe the published knowledge about the indications and benefits of aromatherapy in the parturition process. Study method: This is an integrative literature review, which had the data collected through the Scielo, LILACS, PubMed and ScienceDirect databases. 10 articles were selected to compose the database of this study, from the in-depth reading of the titles, abstracts and full articles. Results: It was observed that the use of aromatherapy during labor was beneficial for the mother, reducing pain, anxiety, distress and restlessness, being a useful non-pharmacological method, in addition to not presenting significant side effects for the woman, nor for the baby. However, the existence of gaps was also identified, such as a small collection of research on the effectiveness of aromatherapy and limitations of studies with the subject addressed, requiring the development of more studies with evidence about the method. Final Considerations: it was identified that some studies point to the benefits that this method provides to pregnant women, showing that there is a significant effectiveness in reducing contractions in the latent phase, providing physical and psychological well-being to the mother, reducing acute pain in the first stage of labor childbirth.
KEYWORDS: Aromatherapy. Essencial oils. Labor. pregnant women.

1 INTRODUÇÃO

A aromaterapia, trata-se de um método não farmacológico, caracterizado pela utilização de óleos essenciais, extraídos de produtos naturais, capazes de deter propriedades neurológicas e fisiológicas, que ao ser utilizado promove benefícios para a mente e o corpo. Logo, essa prática pode atuar concomitante aos tratamentos farmacológicos, elevando a sinergia do resultado, atuando como um tratamento terapêutico alternativo (TABATABAEICHEHR; MORTAZAVI, 2020).

Conceitua-se os tratamentos terapêuticos alternativos em saúde ou Práticas Integrativas e Complementares em Saúde (PICS) como um conjunto de práticas que visam estimular os mecanismos naturais para promoção de saúde de forma segura e eficaz, tendo a possibilidade de atuar de forma coadjuvante ao tratamento principal (PAVIANI et al., 2019). Dessa forma, as PICS vêm ganhando mais amplitude, sendo um exemplo disso a aplicação da aromaterapia através da utilização de Óleos Essenciais (OE) (SILVA et al., 2019). 

As PICS, no Brasil, passaram a ser utilizadas pelo Sistema Único de Saúde (SUS) após a regulamentação em âmbito nacional da Portaria N° 971, de 03 de maio de 2006, que aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), estabelecendo como prioridade o cuidado continuado, humanizado e integral da saúde (BRASIL, 2006). Sabe-se que essas práticas são consideradas de grande relevância para todas as atividades a serem desenvolvidas em todas as fases do ciclo vital do ser humano, sendo o foco deste estudo, a aplicabilidade no processo parturitivo.

Desse modo, o uso das PICS durante o processo parturitivo em si podem contribuir para uma experiência marcada de sentimentos envolvendo valores afetivos, emocionais, sociais e culturais para a gestante (FRANÇA et al., 2021). Seguindo este pensamento, a gestante vivencia neste período uma das percepções mais dolorosas e marcantes da sua vida, fazendo-se necessário que os profissionais de saúde que estejam auxiliando nesse momento, atuem de forma humanizada, qualificada e ampliada, buscando intervenções que tragam conforto e alívio à mulher (BIGARAN et al., 2021). 

Assim, verifica-se que a aromaterapia é realizada por meio da aplicação de concentrados voláteis que são os OE extraídos de diversas partes de uma planta, sendo utilizados por meio da inalação ou uso tópico, com a finalidade de promover bem-estar através das modalidades terapêuticas específicas de cada OE. Segundo Lopes (2016), seus efeitos perpassam pelo sistema olfatório, bulbo e nervos olfativos, tendo relação direta com o Sistema Nervoso Central (SNC), proporcionando modificações físicas e emocionais.

O processo parturitivo para Rezende et. al. (2020), pode ser dividida em quatro fases clínicas do parto, caracterizadas por dilatação, expulsão, dequitação e greemberg. Contudo, sabe-se que este processo em termos temporal varia de acordo com a fisiologia de cada mulher e cada gestação, necessitando de avaliação contínua e aplicabilidade de terapias que possam fortalecer e corroborar com a redução de alívio de dor neste processo até o desfecho final. 

Essa percepção contribui com as boas práticas obstétricas do parto e nascimento, na tentativa de um cuidado integral, se estendendo a tentativa de diminuição de indicadores de desfechos negativos, como partos cesarianos desnecessários, visto que o país ocupa o segundo lugar no ranking mundial de cesáreas. Normalmente, esse desfecho negativo pode ser evidenciado pelo limiar de dor das mulheres que não são avaliadas em sua singularidade, muitas vezes sem aplicação de estratégias naturais alternativas, de forma preditiva e com implementação de técnicas não invasivas que poderiam ser utilizadas para favorecer a passagem deste período com maior celeridade e satisfação.

Esses pressupostos confirmam as Diretrizes Nacionais de Assistência ao Parto criada pelo Ministério da Saúde (MS), em 2017, onde foi abordado a relevância dos métodos não farmacológicos para o alívio da dor e dentre as medidas citadas está o uso da aromaterapia, uma prática que, quando presente no trabalho de parto pode favorecer este período, além de diminuir sintomas como dor, ansiedade e medo, e de certa forma podem ainda aumentar a autoconfiança da parturiente para se entregar sem receios nesse momento especial para ela, que é a chegada do seu filho (SANTOS et al., 2021). 

Logo, este estudo teve como objetivo descrever o conhecimento publicado acerca das indicações e benefícios da aromaterapia no processo parturitivo.

2 METODOLOGIA

Trata-se de uma Revisão Integrativa (RI), que é fundamentada por uma compilação rigorosa de todos os estudos relevantes sobre um tema específico, em busca de coletar evidências disponíveis, para responder uma questão de pesquisa central, e fornecer subsídios para aplicação de intervenções eficazes. Dessa maneira, a RI proporciona uma síntese do conhecimento existente através do rigor metodológico, referente às revisões, buscando minimizar possíveis vieses de pesquisa para garantir um conjunto consistente de estudos embasados na literatura (MENDES et al., 2019).

Este estudo foi elaborado, seguindo as 6 etapas da RI: 1) definição da pergunta de revisão; 2) busca e seleção dos estudo primários; 3) extração de dados dos estudos primários; 4) avaliação crítica dos estudos; 5) síntese dos resultados da revisão; e 6) apresentação da revisão (MENDES et al., 2019). 

Em relação à primeira etapa do estudo, este estudo buscou responder a seguinte pergunta norteadora: quais as indicações e benefícios da aromaterapia no processo parturitivo? 

Na segunda etapa, o levantamento de dados foi realizado via Plataforma Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) através do acesso as bases de dados: Scielo, LILACS, PubMed e ScienceDirect. Os descritores selecionados nos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) utilizados foram: Labor, Aromaterapia e Parto. Foi utilizado o booleano AND como ferramenta de associação entre os descritores. A partir disso, elaborou-se a seguinte estratégia de busca: “Labor” AND “Aromaterapia” AND “Parto” usada nas bases de dados apresentadas anteriormente.

A extração de dados dos estudos primários, foi a terceira etapa deste estudo. Foram utilizados como critérios de inclusão artigos publicados na íntegra durante o período de janeiro de 2017 a dezembro 2022, nos idiomas português, espanhol e inglês. Os critérios de exclusão foram produções que não atendessem ao objetivo do estudo, resumos, monografias, teses, dissertações e artigos em duplicidade

Em seguida, na quarta etapa, foi realizada a avaliação crítica dos estudos, selecionando 10 artigos para compor o banco de dados deste estudo, a partir da leitura aprofundada dos títulos, resumos e artigos completos, conforme descrito no quadro 1.

QUADRO 1 – Total de artigos científicos disponíveis nas plataformas virtuais, usando os cruzamentos dos descritores estabelecidos para a pesquisa.

FONTE: Elaborado pelos pesquisadores do Estudo (2022).

Diante disso, foi construído o quadro 2, que apresenta as produções selecionadas no estudo, caracterizando em número da produção, ano de publicação (AP), título da produção, base de dados (BD), método do estudo (ME), autores do estudo e nível de evidência (NE).

QUADRO 2 – Produções selecionadas no estudo.

FONTE: Elaborado pelos pesquisadores do Estudo (2022).

E por fim, para a quinta etapa, que trata da síntese dos resultados da revisão, foi organizada nos resultados e discussão, relacionadas aos achados da temática no processo parturitivo, nas seguintes categorias: 1) indicações da aromaterapia; 2) Benefícios da aromaterapia.

E por fim, a sexta etapa, retrata a apresentação da revisão. Os pesquisadores evidenciam que foram respeitados os critérios estabelecidos no método da pesquisa e aspectos éticos da Resolução do Conselho Nacional de Saúde (CNS) Nº 466, de 12 de dezembro de 2012, pertinente aos estudos que englobam seres humanos.  Assim, este estudo não foi necessário submeter à apreciação do Comitê de Ética e Pesquisa (CEP), visto que foram analisados apenas publicações respectivas à temática, respeitando as normas vigentes.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.2 Síntese da revisão integrativa

 As produções científicas analisadas neste estudo apontam que a aromaterapia apresenta indicações e benefícios ao ser executada de forma adequada. Por isso, se faz necessário que essa PIC seja aplicada por profissionais qualificados.  Essa modalidade é uma das práticas integrativas mais utilizadas para melhoria e amenização de diversas patologias específicas, tendo uma das suas indicações e benefícios a área da saúde da mulher, seja no âmbito da ginecologia ou obstetrícia. Contudo, este estudo será focado nas fases do processo parturitivo, descrevendo e discutindo as interfaces das indicações e benefícios dessa prática no âmbito da promoção, prevenção e recuperação da saúde das usuárias, apresentadas nas categorias a seguir.

3.2.1 Indicações da aromaterapia 

As indicações foram utilizadas através do desenvolvimento científico dos autores com as temáticas da aromaterapia, dentre eles destacaram-se Domínguez-Solís et al., (2021) relatando que o efeito da aromaterapia foi significativo pois permitiu benefícios na ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental, ioga, musicoterapia e relaxamento; durante o parto: aromaterapia; durante a gravidez e pós-parto: treinamento pré-natal, massagem pelos parceiros e leitura autoguiada de livros com assistência telefônica profissional, tenho cunho científico onde a aromaterapia pode ser utilizada como mecanismo não farmacológico para segmentos das indicações relatadas nas suas propostas.  

Corroborando com esse contexto, Heidari-Fard et al., (2018) desenvolve uma pesquisa com o cunho de avaliação do efeito do odor da camomila em alguns parâmetros da gravidez, obtendo o resultado de que os resultados encontrados indicam que usar este método diminui a intensidade das contrações em alguns estágios do parto. Também foi constatado que utilizar este método pode aumentar consideravelmente a satisfação das mulheres em relação ao processo de entrega durante o trabalho de parto.

Tabatabaeichehr e Mortazavi (2020) avaliam as evidências disponíveis sobre a eficácia da aromaterapia na gestão da dor e ansiedade do parto, demonstrando que as indicações da aromaterapia são benéficas para gestão da dor feminina, onde as mulheres identificaram consistentemente a aromaterapia como um complemento valioso para sua experiência de parto. De acordo com Tanvisut et al., (2018) a aromaterapia é útil na redução da dor do parto na fase latente e na fase ativa inicial, mas não é eficaz no final do trabalho de parto, quando a dor do parto é mais intensa. 

Por isto, Vito et al., (2020) desenvolveu uma coleta de ensaios clínicos conduzidos com óleos em sintomas obstétricos, avaliando-se em que contexto os aromas são eficazes em obstetrícia, mostrando que o crescente interesse dos médicos na aromaterapia, pois é seguro e fácil administrar os óleos essenciais em gestantes saudáveis a fim de melhorar os sintomas fisiológicos relacionados à gravidez. 

Os benefícios da aromaterapia desempenham um papel importante para execução da aromaterapia no auxílio e partejamento durante a gestação, o autor Smith et al., (2022) relatou que a massagem pode reduzir a dor a curto prazo e no período de duas semanas pós-parto para mulheres submetidas a parto cesariano, efetuando um benefício durante a massagem, ventosaterapia, comprimidos de ervas e pomadas de ervas podem ser um tanto eficazes no manejo da dor pós-parto. 

Hamdamian et al., (2017) avaliou que os efeitos da aromaterapia com Rosa Damascena na dor e ansiedade no primeiro estágio do trabalho de parto em nulíparas, com isto, observou que a intensidade da dor no grupo que recebeu aromaterapia com Rosa Damascena foi significativamente menor do que no grupo controle após o tratamento em cada avaliação da dor, além de que os níveis de ansiedade também foram significativamente menores no grupo de tratamento do que no grupo controle após o tratamento em cada momento de medição.

Liao et al., (2020) constatou que a aromaterapia reduziu a dor durante todo o primeiro estágio do trabalho de parto, além de seus efeitos positivos no alívio da dor, os resultados do estudo atual também confirmaram que a aromaterapia melhorou a ansiedade das mulheres em trabalho de parto durante a fase latente do primeiro estágio do trabalho de parto. 

Shaterian et al., (2021) corroboram, apontando que a aromaterapia pode reduzir significativamente a dor no trabalho de parto possibilitando até uma melhoria no escore da escala de Apgar, com melhores desfechos para o neonato. E Ghiasi et al., (2019) por fim observou que a aromaterapia pode ajudar de forma complementar na redução do nível de ansiedade das mulheres durante o trabalho de parto, mas, para fornecer mais evidências para defender a aromaterapia como uma medicina complementar eficaz que reduz a ansiedade durante o trabalho de parto, são necessários estudos com procedimentos mais rigorosos.

3.2.2 Benefícios da aromaterapia 

Os benefícios foram utilizados através do desenvolvimento científico dos autores com as temáticas da aromaterapia. De acordo com Shaterian et al., (2021), a maioria dos estudos incluídos na revisão sistemática mostram efeitos positivos da aromaterapia, tendo como principal resultado desse método, a redução da dor no trabalho de parto e na fase de dilatação, de 0 a 4 centímetros. Segundo Hamdamian et al., (2017) a aromaterapia usando camomila diminui a intensidade das contrações em alguns estágios do parto e pode aumentar consideravelmente a satisfação das mulheres em relação ao processo de entrega durante o trabalho de parto. Além disso, o estudo traz o uso do óleo essencial de Rosa Damascena como método que diminui a dor e a ansiedade durante o trabalho de parto sem quaisquer efeitos no escore de Apgar dos neonatos. Nesse sentido, avalia-se que os benefícios do uso do OE foram significativamente maiores no grupo de tratamento do que no grupo controle do estudo. 

Consoante, Tabatabaeichehr e Mortazavi (2020), afirmam que a aromaterapia pode ser uma terapia complementar na diminuição da dor no trabalho de parto, possuindo nenhum efeito colateral significativo, ademais é constatado que no grupo de estudos que utilizou a terapia com óleos essenciais teve um nível peridural e taxa de injeção de opioides mais baixos. Assim, evidencia-se que a aromaterapia é mais eficiente na redução da dor aguda do que a dor crônica, comprovado pelas mulheres presentes no grupo de estudo que classificaram a aromaterapia como complemento valioso para sua experiência de parto. Nessa direção, Tanvisut et al., (2018) verificam que na fase latente e fase ativa inicial do trabalho de parto, a aromaterapia é útil para redução da dor, entretanto não é eficaz na fase final do trabalho de parto, estágio onde a dor é muito mais intensa, sendo assim, esse artigo considera a aromaterapia um método alternativo e útil para o controle da dor, podendo ou não reduzir a necessidade de medicamentos para alívio da dor durante o processo de parto.

Para Liao et al., (2020), o uso da aromaterapia foi capaz de reduzir a dor e a ansiedade das mulheres durante todo o primeiro estágio do trabalho de parto (fase latente, fase ativa inicial e fase ativa tardia). Esse mesmo estudo ainda retrata que a aromaterapia não teve impactos negativos na saúde de recém-nascidos, o que foi avaliado pela escala de Apgar, de um a cinco minutos após o nascimento. Ainda segundo Liao et al., (2020) os efeitos positivos da aromaterapia foram além do alívio da dor, foi possível constatar também que a terapia com OE ajuda as gestantes em outros aspectos relacionados a inquietação e aflição, por exemplo.

Em contrapartida, Smith et al., (2022), abordam que as massagens podem reduzir a dor a curto prazo ou até duas semanas do pós-parto nas mulheres que foram submetidas a um parto cesariano e, nesse mesmo estudo, foi demonstrado que não houve diferença no alívio da dor para mulheres no período pós-parto com a utilização de aromaterapia. Nesse sentido, ele aborda que a ventosaterapia, comprimidos de ervas e pomadas de ervas podem ser eficazes no manejo da dor pós-parto.  

Não obstante, Domínguez-Solís et al., (2021) apontam que as intervenções não farmacológicas reconhecidamente eficazes na redução da ansiedade foram:  ativação comportamental, terapia cognitivo-comportamental, yoga, musicoterapia e relaxamento, mais especificamente durante o parto foi a aromaterapia, e durante a gravidez e pós-parto o treinamento pré-natal, massagem pelos parceiros e leitura autoguiada de livros com assistência telefônica profissional.

Desse modo, Vito et al., (2020) demonstram que há um grande interesse no uso da aromaterapia pela equipe obstétrica, por ser um método seguro, tendo em vista que não há efeitos colaterais significativos, além de ser fácil de administrar nas gestantes com o intuito de melhorar a dor fisiológica relacionada à gravidez e a ansiedade durante o trabalho de parto. Vale ressaltar, que em relação à escolha do óleo essencial, deve ser seguida pela preferência olfativa da gestante, visto que os estudos existentes possuem um número limitado de amostra, não permitindo identificar qual óleo essencial é melhor em termos de eficácia clínica.   

Nesse ensejo, Ghiasi et al., (2019), abordam a aromaterapia como uma prática complementar que auxilia as mulheres no momento do trabalho de parto, sendo possível reduzir os níveis de ansiedade das usuárias. Ainda sob a ótica de Ghiasi et al., (2019), a utilização da aromaterapia como terapia complementar tende a diminuir o grau de inquietação das mulheres que estão em trabalho de parto, e podem interferir de formas positivas, gerando resultados satisfatórios. Entretanto, devido à escassez de estudos nessa área, por isso, fica evidente a urgência em desenvolver estudos mais rigorosos e primários, que forneçam evidências fortes a respeito do benefício que a terapia com óleos essenciais trás na saúde das mulheres, traduzindo assim quais são os reais benefícios diante da redução da ansiedade. 

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Por meio deste estudo foi possível revisar o uso da aromaterapia no processo parturitivo, como alternativa não farmacológica para a redução da dor e da ansiedade. De acordo com o objetivo definido, também foi identificado que alguns estudos apontam os benefícios que esse método proporciona às gestantes, mostrando que existe uma efetividade significativa na redução das contrações na fase latente, proporcionando bem-estar físico e psíquico à gestante, reduzindo a dor aguda no primeiro estágio do trabalho de parto. 

Ademais, além da redução da dor durante o trabalho de parto, sendo observado que a diminuição das contrações na fase latente e fase ativa do trabalho de parto, foram consideravelmente menores nas gestantes que fazem uso do método quando comparado àquelas que não estavam utilizando aromaterapia, além disso, o método age de maneira favorável na redução da ansiedade. Como limitação desta revisão, verificou-se que atualmente existe um pequeno acervo de pesquisas a respeito da divulgação da eficácia da aromaterapia, sendo necessário que mais estudos sejam publicados, especialmente ensaios clínicos randomizados sejam desenvolvidos para que evidências surjam a partir desses estudos. 

Além disso, outra lacuna identificada, é a escassez de pesquisas provenientes do Brasil, distanciando cada vez mais a prática dos profissionais da saúde de métodos de baixo custo e boa efetividade. 

REFERÊNCIAS:

BRASIL. Portaria N° 971, de 03 de maio de 2006. Aprova a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no Sistema Único de Saúde. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/saudelegis/gm/2006/prt0971_03_05_2006.html. Acesso em: 03 de abril de 2023.

BIGARAN, Larissa Toloy et al. Trabalho de parto: uso de métodos não farmacológicos para alívio da dor. Pesquisa, Sociedade e Desenvolvimento, v. 10, n. 11, pág. e156101119443-e156101119443, 2021.

DA FRANÇA, Graziela Santos et al. A utilização de métodos não farmacológicos para o alívio da dor durante o trabalho de parto e parto. Revista Eletrônica Acervo Saúde, v. 13, n. 5, pág. e7215-e7215, 2021. See More.

DA SILVA, Maria Andréia et al. AROMATERAPIA PARA ALÍVIO DA DOR DURANTE O TRABALHO DE PARTO. Journal of Nursing UFPE/Revista de Enfermagem UFPE, v. 13, n. 2, 2019.

VITO, Maura Di; CACACI, Margherita; MARTINI, Cecilia; BARBANTI, Lorenzo; MONDELLO, Francesca; SANGUINETTI, Maurizio; MATTARELLI, Paola; BUGLI, Francesca. Is aromatherapy effective in obstetrics? A systematic review and meta‐analysis. Phytotherapy Research, v. 35, n. 5, p. 2477-2486, 2021.

DOMÍNGUEZ-SOLÍS, Esther; LIMA-SERRANO, Marta; LIMA-RODRIGUEZ, Joaquin Salvador. Non-pharmacological interventions to reduce anxiety in pregnancy, labour and postpartum: A systematic review. Midwifery, v. 102, p. 103126, 2021.

GHIASI, Ashraf; BAGHERI, Leila; HASELI, Arezoo. A systematic review on the anxiolytic effect of aromatherapy during the first stage of labor. Journal of caring sciences, v. 8, n. 1, p. 51, 2019.

HAMDAMIAN, Sepideh; NAZARPOUR, Soheila; SIMBAR, Sepideh Hajian; MOJAB, Faraz; TALEBI, Atefeh. Effects of aromatherapy with Rosa damascena on nulliparous women’s pain and anxiety of labor during first stage of labor. Journal of integrative medicine, v. 16, n. 2, p. 120-125, 2018.

HEIDARI-FARD, Solmaz; MOHAMMADI, Mariam; FALLAH, Somayeh. The effect of chamomile odor on contractions of the first stage of delivery in primpara women: a clinical trial. Complementary therapies in clinical practice, v. 32, p. 61-64, 2018.

LIAO, Ching-Chu; LAN, Shao-Huan; YEN, Yea-Yin; HSIEH, Yen-Ping; LAN, Shou-Jen. Aromatherapy intervention on anxiety and pain during first stage labour in nulliparous women: a systematic review and meta-analysis. Journal of Obstetrics and Gynaecology, v. 41, n. 1, p. 21-31, 2021.

LOPES, Giovanna De Carli. O uso da aromaterapia no trabalho de parto e parto: uma revisão integrativa. 2016.

OLIVEIRA, Leiliane Sabino et al. Uso de medidas não farmacológicas para alívio da dor no trabalho de parto normal. Brazilian journal of health review, v. 3, n. 2, p. 2850-2869, 2020.

PAVIANI, Bibiana Amaral; TRIGUEIRO, Tatiane Herreira; GESSNER, Rafaela. O uso de óleos essenciais no trabalho de parto e parto: revisão de escopo. Revista Mineira de Enfermagem, v. 23, p. 1-8, 2019.

SHATERIAN1, Negin; PAKZAD, Reza; FEKRI, Samaneh Dabbagh; ABDI, Fatemeh; SHATERIAN, Negar; SHOJAEE, Mina. Labor pain in different dilatations of the cervix and apgar scores affected by aromatherapy: a systematic review and meta-analysis. Reproductive Sciences, p. 1-17, 2021.

SMITH, Caroline A; HILL, Emma; DEJEJKINA, Anna; THORNTON, Charlene; DAHLEN, Hannah G. The effectiveness and safety of complementary health approaches to managing postpartum pain: A systematic review and meta-analysis. Integrative Medicine Research, v. 11, n. 1, p. 100758, 2022.

TABATABAEICHEHR, Mahbubeh; MORTAZAVI, Hamed. The effectiveness of aromatherapy in the management of labor pain and anxiety: A systematic review. Ethiopian journal of health sciences, v. 30, n. 3, 2020.

TANVISUT, Rajavadi; TRAISRISILP, Kuntharee; TONGSONG, Theera. Efficacy of aromatherapy for reducing pain during labor: a randomized controlled trial. Archives of gynecology and obstetrics, v. 297, p. 1145-1150, 2018.


1, 2, 3Graduandos em Bacharel em Enfermagem pelo Centro Universitário Tiradentes, Maceió–AL

4Doutorando pelo Programa Sociedade, Tecnologias e Políticas Públicas – UNIT/AL, Enfermeiro graduado pelo CESMAC – CAMPUS SERTÃO, Mestre em Enfermagem – MPEA/UFF, Especialista em Emergência Geral (Modalidade Residência – UNCISAL), Especialista em Obstetrícia – FIP, Especialista em Dermatologia – FIP, Especialista em Neonatologia e Pediatria – FIP, Especialista em Enfermagem do Trabalho – IBPEX, Especialista em Saúde Pública – CEAP, Pós-graduado em Enfermagem Forense. Professor Adjunto I dos cursos de graduação e pós-graduação do UNIT – Maceió, Tutor Adjunto da Liga Acadêmica de Enfermagem em Emergência Geral – LAEEG – UNIT, Membro parecerista do Comitê de Ética e Pesquisa do UNIT, Presidente da Comissão de Gerenciamento das Câmaras Técnicas do Conselho Regional de Alagoas – COREN/AL, Enfermeiro Assistencial do Hospital de Emergência Dr. Daniel Houly – Arapiraca, Enfermeiro Obstétrico do Hospital da Mulher Dra Nise da Silveira, Proprietário e Enfermeiro Assistencial da Clínica Integrada de Tratamento de Feridas – ENFIMED/Arapiraca