INCONTINÊNCIA URINÁRIA EM IDOSAS E OS BENEFÍCIOS DO TRATAMENTO FISIOTERAPÊUTICO: REVISÃO DE LITERATURA

URINARY INCONTINENCE IN ELDERLY WOMEN AND THE BENEFITS OF PHYSIOTHERAPY TREATMENT: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10062568


Edileuza Almeida Ijuma;
Maria Silizete Martins Viana;
Petersom de Oliveira Lima;
Tony Lima dos Santos;
Orientadora: Dra. Thaiana Bezerra Duarte.


Resumo

Introdução: A incontinência urinária afeta especialmente a população idosa do sexo feminino. O estudo atenta para uma abordagem de tratamento mais eficaz, e assim melhorar a qualidade de vida dessas pacientes. Objetivo: Realizar uma revisão de literatura para verificar os efeitos da fisioterapia na incontinência urinária de mulheres idosas. Materiais e método: Trata-se de uma revisão de literatura realizada com publicações entre os anos de 2003 à 2019, nas seguintes bases de dados: PUBMED, Literatura-Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico, utilizando os seguintes descritores: incontinência urinária. Idosas. Prevalência. Tratamento. Fisioterapia. Nos idiomas: português e inglês em agosto de 2023. Resultados: Nove artigos foram selecionados para essa revisão. O estudo incluiu o total de 87.084 mulheres, com idade média de 59,28 anos. O tratamento conservador foi o mais indicado e inclui o tratamento do músculo do assoalho pélvico associados a outros métodos terapêuticos. Conclusão: Foi possível identificar a correlação positiva da intervenção fisioterapêutica na IU, e uma abordagem mais conservadora deve ser primeiramente aplicada nos casos em que for possível. Nesse sentido, é importante que se tenha um diagnóstico assertivo para que se aplique a melhor opção terapêutica, assim também como é necessário a qualificação dos profissionais fisioterapeutas que atenderão os pacientes acometidos por algum tipo de IU.

Palavras-chave: Incontinência urinária. Idosas. Prevalência. Tratamento. Fisioterapia.

Abstract

Background: Urinary incontinence especially affects the elderly female population. The study seeks a more effective treatment approach, and thus improves the quality of life of these patients. Pourpose: Conduct a literature review to verify the effects of physiotherapy on urinary incontinence in elderly women. Methods: This is a literature review carried out with publications between the years 2003 and 2019, in the following databases: PUBMED, Latin American and Caribbean Literature in Health Sciences (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO) and Google Scholar, using the following descriptors: urinary incontinence. Elderly. Prevalence. Treatment. Physiotherapy. In languages: Portuguese and English in August 2023. Results: Nine articles were selected for this review. The study included a total of 87,084 women, with an average age of 59.28 years. Conservative treatment was the most indicated and includes treatment of the pelvic floor muscle associated with other therapeutic methods. Conclusion: It was possible to identify the positive correlation of physiotherapeutic intervention in UI, and a more conservative approach should first be applied in cases where possible. In this sense, it is important to have an assertive diagnosis so that the best therapeutic option can be applied, as well as the qualification of physiotherapists who will care for patients affected by some type of UI.

Keywords: Urinary incontinence. Elderly. Prevalence. Treatment. Physiotherapy.

1 INTRODUÇÃO

A Sociedade Internacional de Continência (ICS) e o Ministério da Saúde definiu a incontinência urinária (IU) como qualquer perda involuntária de urina pela uretra. A IU é considerada como um problema multifatorial por afetar um vasto número de pessoas em diferentes faixas etárias, especialmente a população idosa (Teunissen et al. 2009).

Existem vários tipos de IU, sendo as mais comuns: a incontinência urinaria de urgência (IUU), que pode ser classificada como perda urinária associada ao forte desejo de urinar (Cestári et al. 2017); incontinência urinária de esforço (IUE) que é a perda involuntária de urina quando a pressão intravesical excede a pressão uretral máxima não havendo contração do músculo detusor. Pode ocorrer até em situações de mínimo esforço como por exemplo risada, espirro, salto ou tosse (Dedicação et al. 2008); e incontinência urinária mista (IUM) que é a combinação dos sintomas da IUU e IUE (Botelho et al. 2007).

Cerca de 50 milhões de pessoas no mundo sofrem com algum tipo de IU, principalmente as mulheres (Dedicação et al. 2008). No Brasil a prevalência de sintomas do trato urinário inferior é de 60% em homens e 73,5% em mulheres na faixa etária de 60-69 anos, eleva-se tal estimativa quando analisada a faixa etária acima de 70 anos em que a prevalência chega a ser de 71,3% entre os homens e 95% entre as mulheres (Paiva et al. 2018).

O envelhecimento é um fator que predispõe a IU, nota-se que com o avanço da idade o trato inferior apresenta alterações mesmo com ausência de doenças. Aparentemente a força de contração da musculatura detrusora, a capacidade vesical e a habilidade de adiar a micção diminuem (Reis et al. 2006). Além disso, há outros fatores predisponentes como os danos causados ao assoalho pélvico pela gestação e pelo parto vaginal, assim também como a menopausa (Oliveira et al. 2007), o climatério, doenças como diabetes mellitus, esclerose múltipla, demência, depressão, obesidade, câncer de bexiga, litíase, infecções urinárias de repetição, parksonismo (Reis et al. 2006; Dedicação et al. 2008).

O tratamento da IU pode ser cirúrgico ou conservador. A colocação de fitas sintéticas ou slings pubo-vaginais em posição retro púbica ou transobturadora é a técnica cirúrgica mais utilizada atualmente dentre as 200 diferentes técnicas, especialmente nos casos de IUE (Botelho et al. 2007). Já o tratamento conservador é menos invasivo, incluindo diversas técnicas fisioterapêuticas como: a eletroestimulação, cinesioterapia, cones vaginais, Biofeedback, reeducação comportamental e estimulação magnética perianal (Oliveira et al. 2007). Por essas técnicas serem mais benéficas, devem ser as primeiras opções de tratamento da IU antes de optar pelo método cirúrgico, tendo em vista que a IU não oferece risco de vida, embora seja considerada como um problema de saúde pública.

É válido compreender que a escassez de conhecimento por parte das pacientes só agrava mais a condição em que se encontram, pois muitas das vezes associam a IU diretamente ao envelhecimento e acabam se conformando com a situação e não buscam tratamentos específicos. No entanto, a IU em idosas pode estar associadas à disfunções fisiológicas do trato urinário, que podem ser causadas pelo envelhecimento ou parto vaginal. Também podem ser associadas as alterações hormonais, obesidade e diabetes.

Dessa forma, realizar este estudo é importante também a partir do momento que pretende evidenciar dados que mostram a prevalência de IU nas idosas e o tipo de IU de maior prevalência, assim também como os tipos de diagnósticos. O estudo também atenta para a importância de ter um diagnóstico preciso para que se possa ter uma abordagem de tratamento mais eficaz, e assim melhorar a qualidade de vida dessas pacientes.

Há a escassez de estudos direcionados para a população idosa feminina, pois é mais comum encontrar estudos voltados à mulheres mais jovens, e muitas das vezes são os protocolos de tratamento e prevenção desse grupo que são aplicados às mulheres idosas. Por isso, é importante investigar as intervenções e métodos de prevenção para esse grupo específico.

O objetivo deste estudo é realizar uma revisão de literatura para verificar os efeitos da fisioterapia na incontinência urinária de mulheres idosas.

2 MATERIAIS E MÉTODO

Trata-se de uma revisão de literatura realizada com publicações entre os anos de 2003 à 2022. Para o levantamento do material foram utilizadas as seguintes bases de dados: PUBMED, Literatura-Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SciELO) e Google Acadêmico. Para a realização das buscas nas bases de dados foram utilizadas as seguintes palavras-chaves: incontinência urinária, idosas, prevalência, tratamento, fisioterapia. As buscas foram realizadas nos idiomas: português e inglês em agosto de 2023.

Os critérios de inclusão para a seleção dos artigos foram: artigos que abordassem a temática do estudo com ênfase no tratamento fisioterapêutico, artigos publicados em português e inglês, e artigos publicados a partir de 2003.

Os critérios de exclusão foram: artigos não disponíveis na íntegra.

A análise do material selecionado pelos critérios de inclusão foi realizada com uma leitura aprofundada, e a síntese por meio de tabelas possibilitou reunir o conhecimento de diversos autores sobre a incontinência urinária que acomete maioria das mulheres idosas e os benefícios do tratamento fisioterapêutico.

3 RESULTADOS

Foram encontrados nas bases de dados 27 artigos. Foi removido 1 artigo duplicado, aplicando-se o critério de exclusão foram excluídos 11 artigos, foram selecionados 15 artigos para serem lidos na íntegra e ao aplicar os critérios de inclusão foram excluídos 6 artigos, sendo selecionados 9 artigos para essa revisão.

A Figura 1 demonstra o fluxograma dos estudos incluídos.

Figura 1 – Fluxograma do estudo.

Quadro 1 – Apresenta a Sínteses dos artigos selecionados.

Os artigos selecionados apresentaram grupos de tratamentos variando de 77 a 82.252 mulheres, totalizando 87.084 mulheres. A idade das participantes variou de 55,2 a aproximadamente 63,36 anos, obtendo uma média de 59,28 anos.

A respeito dos tipos de IU, a IUM foi mais frequente nos estudos de Cestári et al. (2017) 78,9%. Botelho et al. (2007) verificaram um terço das mulheres incontinentes. Paiva et al. (2018) 38,8% a 92,59% e Dedicação et al. (2008) 44,16%. A IUU foi descrita no estudo de Cestari et al. (2017) com 56,3%. Já a IUE identificaram 40,26% no estudo de Dedicação et al. (2008).

Sobre os impactos da IU na vida das mulheres, o estudo de Teunissen et al. (2009) identificaram que 4 em cada 10 mulheres se sentiram incapazes de exercer controle sobre sua incontinência. No estudo de Ko et al. (2005) o grupo que possuía IU tinha cerca de duas vezes mais chances de se sentir deprimido do que o grupo sem IU. Dedicação et al. (2008) identificaram que as mulheres com IUM apresentaram um impacto significativamente maior na qualidade de vida.

Os estudos de Cestári et al. (2017), Dedicação et al. (2008), Oliveira et al. (2007) e Botelho et al. (2007) identificaram as alterações do trato urinário inferior como um dos principais fatores da IU. Os estudos de Cestári et al. (2017) e Reis et al. (2006) buscaram identificar as causas dessas alterações e identificaram o envelhecimento. Assim como Dedicação et al. (2008), Oliveira et al. (2007) e Botelho et al. (2007) que identificaram o parto vaginal. No entanto, estudos também identificaram a presença de doenças como fatores de riscos para IU. Paiva et al. (2018), Dedicação et al. (2008) e Reis et al. (2006) identificaram diabetes. Paiva et al. (2018), Dedicação et al. (2008) e Oliveira et al. (2007) identificaram obesidade. Paiva et al. (2018) identificaram depressão, doenças cardiovascular ou cardiopulmonar e hipertensão. Dedicação et al. (2008) identificaram esclerose múltipla, demência, câncer de bexiga, litíase, infecções urinárias de repetição e parkinsonismo. Sobre os fatores hormonais, Dedicação et al. (2008) identificaram o climatério. Cestári et al. (2017) identificaram a deficiência estrogênica na fase pós-menopausa. E Oliveira et al. (2007) evidenciou que as disfunções do trato urinário causados pela gestação e pelo parto tendem de se agravar após a menopausa.

Em relação ao diagnóstico, os estudo de Silva et al. (2017), Botelho et al. (2007) e Reis et al. (2006) destacaram história clínica minuciosa e exames complementares. Sobre os exames complementares, os estudos de Botelho et al. (2017) e Silva et al. (2017) de avalição física. Silva et al. (2017) relataram a uroanálise e teste do absorvente. Reis et al. (2006) identificaram diário miccional. Os estudo de Dedicação et al. (2008) apresentaram os exames urodinâmicos. No entanto, os estudos de Silva et al. (2017) o identificaram como um método invasivo. e os estudos de Botelho et al. (2017) apresentaram que o os testes urodinâmicos são dispensáveis se os sintomas forem típicos.

Como base de tratamento conservador, os estudos de Botelho et al. (2017) e Oliveira et al. (2007) identificaram o tratamento do músculo do assoalho pélvico para IUE. Portanto, Botelho et al. (2017) e Silva et al. (2017) apresentaram que o tratamento da musculatura pélvica tem eficácia também nos outros tipos de IU. Os estudos de Oliveira et al. (2007) e Botelho et al. (2017) associaram ao tratamento da musculatura pélvica o bioffedback e cones vaginais. Oliveira et al. (2007) e Botelho et al. (2017) associaram a eletroestimulação. Oliveira et al. (2007) associou estimulação magnética perianal e cinesioterapia. Silva et al. (2017) e Oliveira et al. (2007) associaram reeducação comportamental.

Sobre o tratamento farmacológico, o estudo de Oliveira et al. (2007) identificou o uso de Alfa agonistas. Silva et al. (2017) identificou os antimuscarínicos para sintomas irritativos de armazenamento (IUU ou IUM). Oxibutinina transdérmica caso antimuscarínicos orais não sejam tolerados. Aduloxetina para melhoras tempórarias. Mirabegrom para IUU e IUM, exceto em caso de hipertensão descontrolada. Desmopressina para alívio imediato. Injeções intravesicais de onabotulinumtoxin e abobotolinumtox para redução das contrações involuntárias, e estrogenoterapia para mulheres menopausadas. Reis et al. (2006) identificou o uso de estrogênios tópicos vaginais como opção terapêutica adjuvante.

Em relação ao tratamento cirúrgico, os estudo de Botelho et al. (2017) e Silva et al. (2017) identificaram o slings retropúbico para IUE, e slings trasobturatório para IUM. O estudo de Botelho et al. (2017) identificou que o slings é a técnica mais utilizada devido a sua eficácia, menor invasividade e menor tempo de internação. Por outro lado, Dedicação et. al (2008) referenciaram que a taxa de insucesso das cirurgias é alta, devido aos relatos de recidiva, redução das atividades, necessidade de período de repouso, complicações, morbidades e custo alto. Oliveira et al. (2007) corroboraram destacando que tratamentos menos agressivos devam ser tentados inicialmente.

4 DISCUSSÃO

A presente revisão de literatura evidenciou nos estudos de Cestári et al. (2017) e Paiva et al. (2018) que a IUM é a mais predominante, variando de 38,8% a 92,59%. Esses resultados corroboram com Dedicação et al. (2008) que identificaram que a IUM causa impactos significativamente maior na qualidade de vida das mulheres.

No que diz respeito aos fatores de risco para a IU, as alterações do trato urinário inferior causadas principalmente pelo envelhecimento e parto vaginal, apareceu como um dos principais fatores nos estudos de Cestári et al. (2017), Oliveira et al. (2007), Botelho et al. (2007) e Dedicação et al. (2008). O estudo de Cestári et al. (2017) associou ao envelhecimento, atrofia dos tecidos de sustentação do assoalho pélvico, tornando-se incompetente e deficitário, por não ser capaz de manter a pressão intrauretral aumentada durante a fase de enchimento, facilitando a perda involuntária de urina. Com relação a paridade, o estudo de Oliveira et al. (2007) evidenciou que entre um grupo de 2.168 mulheres nulíparas de 36 e 46 anos de idade a prevalência de perda urinária é de 7,7% e 5,5%, e quando foram observada as mulheres com três ou mais partos normais, essas taxas elevaram com o terceiro parto. No entanto Reis et al. (2006) destacou que a continência urinária não depende somente da integridade do trato urinário inferior. A existência de doenças também estão entre os fatores de risco da IU, outros estudos como Paiva et al. (2018), Dedicação et al. (2008), e Oliveira et al. (2007) corroboraram com esses achados. Os fatores hormonais também se destacam, como o climatério segundo Dedicação et al. (2008), menopausa segundo Oliveira et al. (2007) e deficiência estrogênica na fase pós-menopausa segundo Cestári et al. (2017).

Na maioria dos estudos o diagnóstico é baseado primeiramente na história clínica, sendo que a utilização de exames complementares é de fundamental importância. Reis et al. (2006) verificou em seu estudo que o diário miccional é fundamental para quantificar as perdas e correlaciona-las com os hábitos diários dos pacientes. Botelho et al. (2007) e Silva et al. (2017) relataram o exame físico como um grande aliado por avaliar o trofismo genital e a presença de prolapsos genitais. Dedicação et al. (2008) destacou a importância do exame urodinâmico, pois ele é capaz de avaliar a função ou alterações do trato urinário inferior. No entanto, Silva et al. (2017) o identificou como um método invasivo e que não deve ser utilizado de rotina para pacientes tratadas conservadoramente. Botelho et al. (2007) corroborou pontuando que o exame urodinâmico não é fundamental, podendo ser dispensado se os sintomas forem típicos. Embora o exame urodinâmico não seja bem recomendado em casos leves, Botelho et al. (2007) e Silva et al. (2017) destacaram sua eficácia nos casos mais complexos, podendo ser um importante aliado na decisão da opção terapêutica.

Nesta revisão literária, o tratamento conservador foi o mais indicado, dado que corrobora com os achados dos estudos de Botelho et al. (2017) e Oliveira et al. (2007) que identificaram que o tratamento da musculatura pélvica associados a outras terapias apresentam melhoras significativas nos quadros de IUE. No entanto, Botelho et al. (2017) destacaram que o tratamento também é eficaz nas IUU e IUM. Oliveira et al. (2007) e Botelho et al. (2017) associaram o biofeedback e cones vaginais onde identificaram melhoras nos episódios de incontinência. Segundo Botelho et al. (2017) o biofeedback é um mecanismo de identificação dos músculos pélvicos que possibilita as pacientes saberem contrair os músculos corretos. E para Oliveira et al. (2007) o cone vaginal pode ser considerado um método complementar para consolidar os resultados dos exercícios pélvicos. A eletroestimulação associada por Botelho et al. (2017) e Oliveira et al. (2007) é indicada quando as pacientes não conseguem voluntariamente contrair os músculos em casa. Oliveira et al. (2007) apresentou que a eletroestimulação inibe o músculo detrusor, diminuindo o número de micções e aumentando a capacidade vesical, melhorando assim a transmissão da pressão abdominal.

A estimulação magnética perianal associada por Oliveira et al. (2007) é uma técnica recente e não invasiva que induz uma despolarização dos nervos do assoalho pélvico capaz de contrair a musculatura da região pélvica, e sua eficácia é supostamente parecida com a eletroestimulação. Ao associar o uso de estrogênio tópicos vaginais, Botelho et al. (2017) destacou que a eficácia desse recurso terapêutico é muito baixa, no entanto, pode ser uma opção coadjuvante por seu baixo custo e alguns benefícios para a mulher em idade pós-menopausa. Oliveira et al. (2007) associaram a cinesioterapia, onde evidenciaram 70% de cura ou melhora das perdas urinárias. Para os referidos autores, a cinesioterapia tem o objetivo de reforçar a resistência uretral e melhorar os elementos de sustentação dos órgãos pélvicos. Entretanto, há dificuldade por parte das pacientes em realizarem os exercícios sozinhas por não terem conscientização do músculo do assoalho pélvico. A partir disso, os autores destacaram a importância do treinamento do assoalho pélvico supervisionado por um fisioterapeuta, para que não haja piora na IU pela contrações dos músculos errados.

A reeducação comportamental foi associada por Silva et al. (2017) e Oliveira et al. (2007). Para Oliveira et al. (2007) o restabelecimento de um ritmo miccional mais frequente pode ajudar no tratamento da IUE. Silva et al. (2017) consideraram a reeducação comportamental como terapia de primeira linha para a IU, e destacaram a importância de estimular as mulheres obesas portadoras de IU a perderem peso, assim como a instrução de otimizar a ingestão hídrica.

No tratamento farmacológico identificado por Oliveira et al. (2007) o uso de Alfa agonistas promove aumento da resistência na musculatura lisa uretral, porém, é contraindicado à pacientes com hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Reis et al. (2006) destacaram que o uso de estrogênios tópicos vaginais apresenta baixa eficácia na melhoria da IU. Porém, por conta do seu baixo custo e alguns outros benefícios para mulheres na idade pós-menopausa, pode ser utilizado como uma terapêutica adjuvante. Oliveira et al. (2007) por sua vez, verificaram que a estrogenoterapia é contra indicada em mulheres com antecedentes de câncer de mama, endométrio uterino, trombose e derrame.

Ao investigarem sobre o tratamento cirúrgico Botelho et al. (2017) e Silva et al. (2017) identificaram que as fitas sintéticas ou slings pubo-vaginais em posição retropúbica ou transbotoadora é a técnica mais utilizada atualmente. Esse tipo de técnica surgiu na década de 90 e para Silva et al. (2017) o objetivo original de aumentar a resistência uretral ainda permanece. Os referidos autores também destacaram a cirurgia de colpossuspensão retropúbica a Burch, e que tem sido a escolha de muitos ginecologistas e urologistas por seus resultados observados a longo prazo. Porém, para os próprios autores, os procedimentos cirúrgicos podem ter suas complicações. Dedicação et. al (2008) corroboraram identificando que o procedimento cirúrgico é comum entre as mulheres e que a taxa de insucesso é elevada. E Oliveira et al. (2007) complementaram destacando que tratamentos menos agressivos devam ser tentados inicialmente, em outras palavras, os extremos devem ser evitados.

5 CONCLUSÃO

Os achados do presente estudo demonstraram que o tipo mais prevalente de IU é a IUM, atingindo principalmente a população idosa do sexo feminino. A IU não deve ser considerada como algo natural do processo de envelhecimento, pois há outros fatores de riscos além da idade, como a paridade que compromete a integridade da musculatura do assoalho pélvico, doenças preexistentes e fatores hormonais.

Foi possível identificar a correlação positiva da intervenção fisioterapêutica na IU, e uma abordagem mais conservadora deve ser primeiramente aplicada nos casos em que for possível. Nesse sentido, é importante que se tenha um diagnóstico assertivo para que se aplique a melhor opção terapêutica, assim também como é necessário a qualificação dos profissionais fisioterapeutas que atenderão os pacientes acometidos por algum tipo de IU.

Nesta revisão de literatura observou-se a escassez de estudos direcionados ao tratamento da IU em mulheres idosas. Estudos futuros são necessários para identificar fatores relacionados a esses achados e evidencia-los de forma padronizada a incontinência urinária.

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