INCLUSÃO ESCOLAR DO ESTUDANTE COM SÍNDROME DE DOWN: DESAFIOS  E POSSIBILIDADES NA EDUCAÇÃO INFANTIL

SCHOOL INCLUSION OF STUDENTS WITH DOWN SYNDROME: CHALLENGES AND POSSIBILITIES IN EARLY CHILDHOOD EDUCATION

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12788241


Maria Lucélia da Silva Leite¹;
Manuela Rosália dos Santos²;
Gilmar Herculano da Silva³.


Resumo

A inclusão de alunos com síndrome de Down na educação infantil tem sido tema de discussão ao longo do tempo, envolvendo desafios como a adaptação, preparação e integração dessas crianças no ambiente escolar convencional. A síndrome de Down é causada pela presença do terceiro cromossomo 21, resultando em 47 cromossomos em vez dos 46 habituais. Cada indivíduo afetado possui particularidades cognitivas e físicas únicas, o que torna difícil classificar a gravidade do comprometimento. Esse trabalho buscou compreender quais os desafios e as possibilidades para a inclusão do estudante com síndrome de Down na Educação Infantil. Para isso, utilizou-se o método de pesquisa bibliográfica consultando a base google acadêmico, com período delimitado nos últimos dez anos, além de apresentar uma abordagem qualitativa. Os resultados apontam que é necessário melhorias nas políticas públicas educacionais, sendo dever dos órgãos públicos assegurar que esses alunos tenham acesso à educação e permaneçam de forma inclusiva. Faz-se urgente colocar em prática a aplicação de leis, além de aprimorar o processo de inclusão escolar do estudante com síndrome de Down, devendo ocorrer  através de socialização, práticas pedagógicas articuladas e planejadas e por uma educação humanizada e afetiva. A discriminação é um obstáculo significativo que precisa ser superado nas escolas. 

Palavras-chave: Educação Inclusiva. Síndrome de Down. Educação Infantil. Desafios. Possibilidades.

1 INTRODUÇÃO

A integração de estudantes com necessidades especiais no ambiente escolar tem sido alvo de intensas discussões ao longo dos anos. Inserir a criança com síndrome de down no ensino infantil envolve enfrentar desafios e buscar maneiras de melhor adaptação, preparação e capacidade de inclusão. Auxiliar a criança, trabalhando suas habilidades e promovendo o conhecimento, é fundamental, já que se trata do seu primeiro contato com uma nova rotina. Ao incluir a criança no ambiente e incentivar a socialização, é possível ajudá-la a superar a dificuldade de se adaptar e se integrar.

A ocorrência do terceiro cromossomo 21, conhecida como Síndrome de Down, é o resultado da Trissomia do Cromossomo 21. Não há uma classificação de gravidade devido às particularidades do comprometimento cognitivo e das características físicas, já que o desenvolvimento de cada indivíduo afetado é único. Indivíduos com Síndrome de Down apresentam traços únicos, como cabelos lisos, olhos amendoados, nariz delicado, entre outras características.

Os alunos com síndrome de Down enfrentam uma variedade de desafios  como atrasos no desenvolvimento motor e cognitivo que afetam seu desempenho acadêmico. A falta de preparo dos educadores nas escolas também se mostra como um empecilho significativo. Essas crianças enfrentam um ambiente novo e desafiador, além de dificuldades no desenvolvimento motor e na comunicação verbal, o que pode resultar em comportamentos desafiadores para eles.

Diante disso, é fundamental o aprimoramento de práticas pedagógicas para educação de crianças com Síndrome de Down, a fim de aprimorar as práticas educacionais e estimular seu progresso. Através do ensino, essas crianças podem aprimorar suas competências físicas, mentais e afetivas, participando ativamente na vida escolar e social. Nesse contexto, os educadores precisam estar preparados para atender as especificidades, assegurando um ambiente acolhedor e inclusivo. 

A participação da criança no ambiente escolar favorece o desenvolvimento de diversas habilidades, tais como a socialização com educadores e os colegas, a utilização de recursos educacionais para aprimorar seu aprendizado, a capacidade de enfrentar dificuldades e problemas. O ensino tem a possibilidade de promover a independência e a autonomia ao realizar tarefas, se divertir, progredir na alfabetização, e participar das  brincadeiras e atividades práticas.

O interesse pelo tema desta pesquisa surgiu através de observação empírica durante a realização do estágio, em que acompanhamos um estudante com síndrome de Down, sendo possível perceber as dificuldades enfrentadas no seu desenvolvimento, bem como percebemos as possibilidades de aprendizagem possíveis.

Nesse sentido, o objetivo geral desta pesquisa  é compreender quais os desafios e as possibilidades para a inclusão do estudante com síndrome de Down na Educação Infantil. 

Os objetivos específicos da investigação são:  

  • Explorar as implicações das políticas educacionais e legislação relacionadas à inclusão de crianças com síndrome de Down na Educação Infantil.
  • Identificar, na literatura, aspectos relacionados à inclusão de estudante com síndrome de down na Educação Infantil;
  • Analisar práticas e intervenções sugeridas na literatura para promover a inclusão de estudantes com síndrome de Down na Educação Infantil.

Na próxima seção deste trabalho, apresenta-se o referencial teórico que trata das políticas educacionais e legislação para inclusão escolar, da inclusão de estudante com síndrome de down na educação infantil e das práticas e intervenções pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem. Na sequência,  apresenta-se o percurso metodológico, a análise e discussão dos resultados e as considerações finais.

2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA

2.1. Políticas educacionais e legislação para inclusão escolar.

A inclusão de alunos com síndrome de Down em sala de aula comum é fundamental para o desenvolvimento do estudante, especialmente nos aspectos sociais. A responsabilidade de garantir o acesso, a permanência e a inclusão desses estudantes recai sobre os poderes públicos, que devem implementar políticas públicas educacionais adequadas. Segundo Rodrigues (2012), é essencial que os governos e os sistemas escolares reconheçam as diferenças individuais de qualquer origem, sejam elas socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento.

Novas práticas educativas podem ajudar a enfrentar os desafios didáticos e pedagógicos de aprendizado, sendo responsabilidade dos poderes políticos garantir os direitos dos estudantes através de políticas educacionais adequadas. Segundo a autora, os sistemas escolares devem se adequar, com o governo disponibilizando material apropriado para estudantes com síndrome de Down e outras deficiências, promovendo uma educação de qualidade e respeito.

É obrigatório atender essa demanda que ainda necessita de maior conhecimento. Não basta apenas garantir os direitos; é necessário melhorar as políticas educacionais e a legislação para inclusão no ambiente escolar. A preparação, adaptação e qualificação são responsabilidades do governo, assegurando que os alunos, desde a infância até a fase adulta, tenham acesso a uma aprendizagem contínua e uma educação completa.

Rodrigues (2012) afirma que a síndrome de Down (SD) é uma condição crônica que impõe múltiplos desafios não só à criança afetada, mas também ao educador. Trata-se de uma desordem cromossômica envolvendo o cromossomo 21, uma condição genética em que a criança nasce com uma anomalia. À medida que cresce e se desenvolve, a criança manifesta as características da síndrome de Down, cada uma com seu próprio jeito de aprender.

Para que essas crianças recebam a educação de qualidade que merecem, é essencial garantir que suas necessidades específicas sejam atendidas, com a aplicação das leis pertinentes. A educação deve ser ajustada para atender às suas necessidades individuais, assegurando que cada criança tenha as oportunidades adequadas para desenvolver seu potencial.

O atual cenário da educação inclusiva é resultante de um longo processo que perpassou por muitos acontecimentos e mudanças, decorrentes de questionamentos, debates e etc. Portanto, torna-se significante que conheçamos alguns importantes marcos que fizeram parte da história da Educação inclusiva no Brasil.

Nesse sentindo, o olhar sobre a educação inclusiva é apontada nas políticas educacionais, principalmente a partir da Constituição Federal de 1988, que define em seu artigo 205, a educação como direito de todos, já no artigo 206, inciso I, estabelece deve haver a “igualdade de condições de acesso e permanência na escola”, e garante, como dever do Estado também a oferta do atendimento educacional especializado, preferencialmente na rede regular de ensino (art. 208) (BRASIL, 1988).

Dois marcos importantes foram, A Conferência Mundial de Educação para Todos (1990), e a Declaração de Salamanca (1994), que segundo Oliveira (2004), influenciaram positivamente para um despertar na perspectiva da Educação Inclusiva no Brasil, afirmando uma situação de igualdade de direitos entre os cidadãos. Sobre o princípio fundamental das escolas inclusivas, a declaração de Salamanca discorre que:

O princípio fundamental das escolas inclusivas consiste em todos os alunos aprenderem juntos, sempre que possível, independentemente das dificuldades e das diferenças que apresentem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as necessidades diversas dos seus alunos, adaptando-se aos vários estilos e ritmos de aprendizagem, de modo a garantir um bom nível de educação para todos, através de currículos adequados, de uma boa organização escolar, de estratégias pedagógicas, de utilização de recursos e de uma cooperação com as respectivas comunidades. É preciso, portanto, um conjunto de apoios e de serviços para satisfazer o conjunto de necessidades especiais dentro da escola. (DECLARAÇÃO DE SALAMANCA, 1994: p.5).

Logo percebemos que a concepção de inclusão formulada pela declaração de Salamanca não engloba somente a pessoa com deficiência, mas diz respeito a um universo de diferentes sujeitos que trazem consigo diferenças étnicas, políticas religiosas entre outras, e que portanto a escola precisa se reorganizar para atender as necessidades de todos.

Na Lei De Diretrizes e Bases da Educação, lei número 9.394 de 20 de novembro de 1996, a educação especial passa a ser “oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos portadores de necessidades especiais” (Brasil,1996). Ainda no artigo 59, preconiza que os sistemas de ensino devam assegurar aos alunos currículo, métodos, recursos e organização específicos para atender às suas necessidades; ou seja é designado as redes de ensino a oferta dos recursos indispensáveis para o atendimento equitativo entre os alunos.

Ainda conforme (LDB), a formação docente é essencial para a qualidade do ensino. Assim, sobre formação de professores para atuar na educação básica a LDB destaca que deve ser realizada em nível superior, em curso de licenciatura plena, em universidades e institutos superiores de educação, com a possibilidade de complementação pedagógica para os que já possuem diploma de curso superior em outras áreas. Enfatiza ainda, a importância da formação continuada, promovendo o aperfeiçoamento constante dos educadores, de modo a garantir uma prática pedagógica atualizada que atenda a realidade atual.

Acompanhando o processo de mudança, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica, Resolução CNE/CEB nº 2/2001, no artigo 2º, determinam que: “Os sistemas de ensino devem matricular todos os alunos, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com necessidades educacionais especiais, assegurando as condições necessárias para uma educação de qualidade para todos. (MEC/SEESP, 2001).” No entanto, o documento citado não fortalece uma educação inclusiva na medida que apresenta a alternativa de substituir o ensino regular pelo especializado.

Destacamos ainda, O Plano Nacional de Educação – PNE, Lei nº 10.172/2001, que ressalta a importância da construção de uma escola inclusiva que assegure o atendimento à diversidade humana, cujos objetivos estão voltados para a organização do sistema de ensino que favoreçam o atendimento as necessidades especiais dos alunos.

Após esse período, diferentes documentos foram elaborados visando uma melhoria na educação brasileira, ou seja, objetivando um sistema educacional mais inclusivo  a exemplo da criação do programa de “Educação Inclusiva: direito a diversidade”, dirigido a gestores da educação, gestores escolares e educadores, para documentos como “[…] o acesso de alunos com deficiência a escolas e classes comuns da rede regular” publicado pelo Ministério Público Federal de 1994 e a Decretos-Leis como o nº 5.296, que dispõe sobre a acessibilidade a pessoas com deficiência e mobilidade reduzida (BRASIL, 2004), e o Decreto nº 5.626 de 2005, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais como disciplina curricular obrigatória na formação de professores (BRASIL, 2005).

Nesse contexto, ressaltamos ainda, A Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que ao estabelecer políticas públicas visando a promoção de uma educação de qualidade para todos, objetiva garantir a inclusão de alunos com deficiência, transtornos globais e do desenvolvimento e altas habilidades , e aborda alguns pontos pertinentes como o acesso ao ensino regular, com participação, aprendizagem e continuidade nos níveis mais elevados do ensino; transversalidade da modalidade de educação especial desde a educação infantil até a educação superior; oferta do atendimento educacional especializado; formação de professores para o atendimento educacional especializado e demais profissionais da educação para a inclusão (BRASIL, 2008)

Por fim, enfatizamos a Lei nº 13.146 de 2015 julho, denominada Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência), que traz um apanhado das leis nacionais em benefício da inclusão social. Vicente e Aguado (2016), enxergam esta lei como um marco na defesa e proteção da pessoa com deficiência. Em seu artigo 1º, a lei destaca a igualdade de direitos e liberdades, visando a inclusão social e a cidadania. Assegura que a educação é um direito da pessoa com deficiência, e cabe ao poder público proporcionar um “sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda vida” (BRASIL, 2015).

A legislação torna-se primordial para garantir os direitos de todas as pessoas. Quando se trata de pessoas com deficiência, a legislação é essencial para minimizar as dificuldades existentes, como garantir os direitos de acesso, inclusão e permanência em políticas públicas, como a educação. Contudo, somente a existência de leis, não garante a inclusão escolar efetiva, pois envolve diversos outros aspectos. A efetivação da inclusão enfrenta uma série de desafios. A mudança é visível, porém muito ainda precisa ser feito.

Portanto, é fundamental que as leis sejam cumpridas, pois os desafios enfrentados pelas pessoas com deficiência são variados. Na educação, é essencial promover a igualdade, acessibilidade, ética e respeito, para que as pessoas com deficiência possam aprender e ter uma boa formação desde a infância. Com conhecimento e preparo, as oportunidades podem ser diversas, desde que as leis cumpram seus devidos papéis.

Segundo Rodrigues (2012), é essencial que os governos e os sistemas escolares reconheçam as diferenças individuais de qualquer origem, sejam elas socioeconômicas, raciais, culturais ou de desenvolvimento. É obrigatório atender essa demanda que ainda necessita de maior conhecimento. Não basta apenas garantir os direitos; é necessário melhorar as políticas educacionais e a legislação para inclusão no ambiente escolar. A preparação, adaptação e qualificação são responsabilidades do governo, assegurando que os alunos, desde a infância até a fase adulta, tenham acesso a uma aprendizagem contínua e uma educação completa.

2.2 Inclusão de estudante com síndrome de down na Educação Infantil.

A  síndrome de Down é considerada uma condição genética que ocorre no período gestacional. De acordo com Silva e Souza (2020), é causada pela presença do terceiro  cromossomo 21, sendo chamada de trissomia do cromossomo 21. Com isso, as pessoas que têm síndrome de Down (SD) possuem 47 cromossomos, um a mais do considerado normal, 23 cromossomos da mãe e 23 cromossomos do pai. Essa junção de cromossomos acontece quando o bebê está sendo gerado isso no início da gestação. 

As pessoas com trissomia do cromossomo 21 apresentam comprometimento cognitivo e aparência comum devido a sua condição, a qual apresentam seus caratê e aspectos sendo diferenciado e único.  A síndrome de Down não apresenta classificação em grau, pois cada pessoa desenvolve a sua própria personalidade e tem seu ritmo de desenvolvimento individual. 

Ainda com base em Silva e Souza  et al (2020), os alunos com SD na educação escolar necessitam de serem acompanhados por  professores específicos, com formação adequada para as especificidades do estudante, de forma a contribuir com desenvolvimento do aluno em aspectos cognitivos e de convivência social. Com isso, o suporte no desenvolvimento escolar é essencial para a aprendizagem desde a alfabetização, sendo um direito garantido através da educação inclusiva.

Nesse aspecto, a educação inclusiva de pessoas com síndrome de Down é um processo que se inicia na família, pois é comum casos em que os pais não estão preparados  para aceitar os  desafios que a pessoa com síndrome de Down pode enfrentar na sociedade e no ambiente escolar, o processo de inclusão é de suma importância na vida  para a pessoa com síndrome de Down, a fim de que ela possa ter sua autonomia e consiga intervir, criar a suas necessidades de forma apropriada na sua convivência. 

Assim, esse processo ultrapassa a convivência familiar e chega à escola, a qual necessita desenvolver um ambiente escolar que facilite a vida da criança visando a sua inclusão e permanência. Com base em Rodrigues (2022), a inclusão é de suma importância na vida da criança com síndrome de down, zelando pela convivência com as outras crianças, e com as pessoas de modo geral na sociedade. Para o autor,  a socialização ajuda e reforça no desenvolvimento social e intelectual, na aprendizagem de forma oral, com a leitura, com o diálogo e com a escrita. 

Segundo Nonaka (2023),  as crianças com síndrome de Down tem capacidade de desenvolver seus conhecimentos e habilidades, assim como interagir com a sociedade, aprender a partilhar com os colegas de classe e trabalhar, tanto de forma individual como no coletivo, em grupo. Com isso, deve-se levar em consideração sua habilidade intelectual de aprendizagem, a qual não apresenta limitações. O aluno com SD na educação infantil possui  a capacidade de desenvolver suas atividades, sua aprendizagem e alfabetização. 

De acordo com Nonaka (2023), a inclusão na educação infantil requer uma estrutura adequada por parte da escola, incluindo reflexão, brincadeiras, interação em ambientes externos, infraestrutura física, formação continuada de professores e auxiliares. Torna-se desafiador, pois é necessário grandes e decisivas mudanças para superar os obstáculos da educação inclusiva. A integração do aluno com deficiência na sala de aula comum é um desafio que precisa ser gradualmente alcançado.

Por ser uma mudança de conceitos e de uma cultura que não está habituada a lidar com a diversidade, essa transição deve ser feita de forma progressiva. Além disso, durante esse processo gradual, uma das transformações mais significativas está ligada à postura do professor em sala de aula. A integração de alunos com Síndrome de Down na instituição escolar é uma medida essencial para combater o preconceito e a segregação social.

Nesse sentido, alguns cuidados precisam ser tomados na construção do plano de ensino na educação infantil, para atender e incluir os alunos com síndrome de Down. Assim, precisa ser cuidadosamente elaborado para promover um ambiente acolhedor, contemplar estratégias pedagógicas diferenciadas, recursos didáticos adaptados e atividades que incentivem o desenvolvimento cognitivo, motor e social dos alunos. 

É essencial a formação específica e contínua de professores para lidar com as necessidades desses alunos, com abordagens pedagógicas que valorizem suas potencialidades e respeitem seu ritmo de aprendizagem. O diálogo da escola com a família do estudante, bem como com os demais profissionais que acompanham esse aluno em atividades externas, como médicos, psicólogos, terapeutas,  possibilita uma construção mais próxima da promoção da qualidade e do desenvolvimento individual. 

Esses elementos direcionam a execução de um plano de ensino inclusivo, no qual a instituição de ensino, por meio de suas instalações, professores e demais recursos, se ajusta continuamente às demandas dos alunos com a finalidade de promover a inclusão de todos. 

2.3 Práticas e intervenções pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem do estudante com síndrome de Down na educação infantil.

A inclusão da pessoa com síndrome de Down no ambiente escolar se refere, principalmente, à socialização e a adaptação no processo de rotina da criança e dos outros membros da escola. É notável  nos tempos atuais um debate acerca da inclusão das pessoas com deficiências nos ambientes escolares. De acordo com Saliba (2015) , as práticas pedagógicas são as estratégias para  que os alunos com deficiências possam aprender de forma positiva, nas atividades desenvolvidas na sala de aula, e nas dinâmicas, e na socialização do aluno .

Nesse sentido, as práticas e intervenções pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem se fazem nas metodologias  aplicadas por Saliba et al (2015). O mundo precisa aceitar que se vive em sociedade inclusiva e proporcionar oportunidades para que a realidade seja efetiva, sendo o primeiro lugar na prática da inclusão deve ser aplicada e efetivada na escola. 

A autora  realizou uma análise com um aluno com síndrome de Down sobre suas experiências tanto na escola quanto em suas interações, com o objetivo de promover sua comunicação, incentivar momentos de apresentação e estimular sua independência, interação e participação em brincadeiras em grupo, compartilhando brinquedos que incentivam a criança e seu interesse em aprender. Durante o semestre, as táticas educacionais adotadas com o estudante se pautaram em compreender suas demandas relacionadas à comunicação, linguagem e independência  buscando auxiliá-lo em seu desenvolvimento.

As diferentes estratégias adotadas promoveram o estímulo à comunicação entre os alunos, adaptações às rotinas definidas,  apresentou resultados positivos quanto à interação e participação nas aulas, em diálogos, dentre outros aspectos. 

Essa abordagem pedagógica realizada permite avaliar o desempenho e desenvolvimento do aluno, identificando a capacidade de aprender por meio de sua rotina. Pode-se considerar que essas atividades desenvolvidas atendem às expectativas de aprendizagem de alunos com Síndrome de Down, reconhecendo sua independência, autonomia e socialização. Assim, são abertas as possibilidades para o desenvolvimento da inclusão, principalmente na modalidade de Educação Especial.

Para Araújo et al (2019),  a Educação Especial e as práticas inclusivas estão ganhando cada vez mais espaço no Brasil, acredita-se que devido a real importância da convivência e da conscientização, bem como dos dispositivos legais que vem buscando reparar esses direitos.   O paradigma da Educação Inclusiva passa paulatinamente a fazer parte dos discursos dentro das escolas brasileiras e reconhece-se a necessidade de incluir. Esse movimento foi reforçado, sobretudo a partir de 2008, com a implementação da Política Nacional na Perspectiva da Educação Inclusiva.

Debates sobre a Educação Especial e a implementação de práticas inclusivas estão se tornando cada vez mais comuns no Brasil, desde a infância. O conceito de Educação Inclusiva está gradualmente sendo incorporado nos diálogos nas escolas do país, reconhecendo a importância da inclusão. Para Araújo (2019) uma nova perspectiva surge de forma a ser imprescindível incluir a todos por meio de um ensino de excelência. Para atingir esse padrão de qualidade, percebeu-se a urgência de realizar transformações significativas dentro de nossas instituições de ensino, abrangendo diversas áreas, desde a infraestrutura até a capacitação dos profissionais que atuam no ambiente escolar.

Nesse sentido, a prática educativa é um evento social que se materializa na experiência de ensino e ocorre em diversos momentos e ambientes dentro da rotina escolar, através da interação entre o estudante, o professor e o conteúdo escolar. Assim, o professor ao desenvolver atividades pedagógicas em sala de aula, auxilia o estudante com síndrome  Down nos aspectos de interação, habilidade que contribuem para convivência em sociedade social. 

Na educação infantil, as atividades direcionadas às aprendizagens contribuem para vida da criança. Nesse sentido, o  respeito às diferenças, a  empatia  com os colegas, são atividades que colaboram com a convivência com a diversidade. Essas abordagens que auxiliam na educação dessa criança são muito importantes, pois propicia a autonomia e convivência na sociedade, iniciando no meio familiar. Com isso, é fundamental que o professor inclua o aluno nas atividades, na dinâmicas, momentos lúdicos com os outros estudantes. 

3 METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se como pesquisa bibliográfica feita através de publicações de artigos disponíveis no portal google acadêmico nos últimos 10 anos. O objetivo é compreender quais os desafios e as possibilidades para inclusão do estudante com síndrome de Down na Educação Infantil. Para Gil (2008), a pesquisa bibliográfica é realizada através de publicações científicas, e permite ao investigador a cobertura de uma gama de fenômenos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente.

Para alcançar os objetivos, realizou-se uma análise qualitativa contextualizando as principais informações da pesquisa, a fim de ampliar os conhecimentos sobre o tema em estudo.  O método de análise escolhido foi o dedutivo, o qual, segundo Gil (2008), parte de princípios reconhecidos como verdadeiros e indiscutíveis e possibilita chegar a conclusões de maneira puramente formal, isto é, em virtude unicamente de sua lógica.

4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS

O processo de análise seguiu as etapas de leitura minuciosa de todos os materiais e a análise das particularidades dos indivíduos com Síndrome de Down, conduzida de forma temática e alinhada à compreensão da problemática central definida na pesquisa.

A pesquisa bibliográfica relacionada a políticas públicas educacionais mostra que ainda são necessárias melhorias. É dever dos órgãos públicos assegurar que esses alunos tenham acesso à educação e, além disso, permaneçam de forma inclusiva. Evidencia-se a necessidade de garantir os direitos na prática, com a implantação de políticas educacionais mais abrangentes que atendam às individualidades dos estudantes com Síndrome de Down, incluindo, entre outros aspectos, a formação docente e as propostas pedagógicas.

Quanto à legislação brasileira sobre inclusão, o material pesquisado aponta que há uma crescente adequação dos dispositivos, visando atender às especificidades de cada necessidade ou deficiência, principalmente nos ambientes escolares. Apesar disso, ainda é urgente a aplicação prática de alguns dispositivos, além da implementação de políticas que visem minimizar as dificuldades de aprendizagem e de interação social das crianças com essa condição genética.

Nessa perspectiva, a inclusão escolar do estudante com Síndrome de Down deve ocorrer através de socialização direcionada com as propostas pedagógicas. Na educação infantil, é imprescindível a promoção de práticas que envolvam atividades lúdicas, interação entre os estudantes em rodas de conversa, além de atividades que incluam o contato com a natureza. As crianças com Síndrome de Down têm potencial para aprender e desenvolver suas habilidades, bem como para se inserir na sociedade, desenvolvendo suas competências de convivência com os colegas e contribuindo de forma autônoma ou em grupo.

As práticas e intervenções pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem desses estudantes na educação infantil visam uma aprendizagem significativa e leve, exemplificada por atividades dinâmicas, reconhecimento e rotina individual da criança, brincadeiras que envolvam interação com os colegas e momentos de socialização em ambientes diversos da escola. Assim, as práticas pedagógicas no processo de ensino e aprendizagem devem ser articuladas e planejadas para promover a aprendizagem, sempre considerando as perspectivas desses estudantes, através de uma educação humanizada e afetiva.

Os desafios incluem problemas de aprendizagem e habilidades comunicativas que podem surgir como obstáculos. Atrasos no progresso motor e cognitivo podem influenciar diretamente o rendimento escolar. Por exemplo, um estudante na fase inicial da educação com Síndrome de Down pode começar a colorir ou desenhar mais tarde em relação aos colegas de classe. A discriminação é um obstáculo significativo que precisa ser superado nas escolas, devido à carência de qualificação e treinamento dos professores. A criança se depara com um ambiente escolar desconhecido, fora de sua rotina habitual, e enfrenta desafios como atraso no desenvolvimento motor e dificuldades na comunicação verbal durante o processo de aprendizagem. Além disso, pode recusar qualquer direcionamento e agir de forma insubordinada.

As possibilidades são que a criança pode aprender, interagir, utilizar materiais para sua aprendizagem, superar os desafios e obstáculos da educação inclusiva na socialização com colegas e professores, desenvolver autonomia em atividades e brincadeiras, evoluir na aprendizagem da leitura e escrita, e participar de jogos lúdicos e atividades práticas.

5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS

No presente trabalho de pesquisa, refletiu-se sobre a inclusão de estudantes com Síndrome de Down na educação infantil, com o objetivo de compreender os desafios e as possibilidades para a inclusão desses estudantes. Foi possível também explorar as implicações das políticas educacionais e da legislação, assim como analisar as práticas e intervenções descritas na literatura relacionada à inclusão na educação infantil.

Realizou-se uma pesquisa bibliográfica na base do Google Acadêmico, a fim de filtrar publicações recentes e atualizadas sobre a temática. Foi possível atingir o objetivo geral da pesquisa, pois foram identificados alguns desafios, tais como a ausência de treinamento e qualificação pedagógica para docentes, a dificuldade na aprendizagem dos próprios discentes devido à sua condição e a dificuldade motora que afeta a escrita.

Como possibilidades, a pesquisa mostrou que é possível desenvolver a autonomia dos discentes, além de ampliar o estímulo à realização das lições, promovendo avanços na aprendizagem e na socialização com os colegas, bem como na participação em atividades práticas e jogos.

Entre as limitações deste estudo, destaca-se o tempo para a realização da pesquisa bibliográfica, devido ao curto prazo estabelecido para a conclusão do Trabalho de Conclusão de Curso (TCC). Acrescenta-se também a dificuldade de acesso a recursos didáticos tecnológicos por parte das autoras e a ausência de investigação de campo.

Como perspectiva para trabalhos futuros, propõe-se a ampliação da bibliografia utilizando outras bases de dados nacionais e internacionais, assim como a realização de pesquisas de estudo de caso que possam acompanhar mais de perto a rotina de aprendizagem dos estudantes com Síndrome de Down. Dessa forma, as percepções sobre essa condição genética se tornarão mais evidentes, contribuindo para o desenvolvimento da aprendizagem desse público na educação infantil.

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¹Discente do Curso Superior de Pedagogia do Instituto Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Petrolina. e-mail: nome@provedor.com.br
²Discente do Curso Superior de Pedagogia do Instituto Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF, Campus Petrolina. e-mail: carolinefabia574@gmail.com
³Professor orientador do trabalho de conclusão de curso. Universidade Federal do Vale do São Francisco – UNIVASF. Especialista em Matemática e Física (FJN). e-mail: gilmarhsilva@gmail.com