REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7778455
Ariane de Lima Garcia Fernandes1
RESUMO
O presente artigo analisou a incidência da Dengue, em vista da mesma ser uma das doenças virais de maior importância social e econômica no Brasil, atentando-se para a abrangência dessa doença que se intensifica em algumas regiões urbanas do país. O objetivo da pesquisa analisou a incidência da Dengue notificada pela Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande-MT, as suas evoluções por faixas etárias, raça, e a taxa da morbimortalidade de óbitos por essa epidemiologia. A metodologia utilizada foi um estudo analítico e epidemiológico onde ocorreram os casos notificados pelo referido município do Estado de Mato Grosso, no período de 2018 a 2022, as informações apresentadas foram obtidas pelo Sistema de informação de Agravos de Notificação (SINAN), e teve como disponibilidade de acesso pela Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande – Mato Grosso. Conclui-se que a incidência da Dengue no município de Várzea Grande-MT seguiu padrão da região Centro Oeste e do Brasil, com ciclos de alta transmissão. O modo de vida da população local, na maioria das vezes, contribui para a oviposição e consequente proliferação do A. aegypti, devido às condições sanitárias locais serem deficientes, e que a arboviroses da Dengue apesar de poucos registros de óbitos ocorridos no período analisado na cidade de Várzea Grande-MT, ela pode ser fatal para os cidadãos. Observa-se ainda que o mapeamento da epidemia é importante para que sejam tomadas ações de vigilância epidemiológica e ambiental em conjunto, com os gestores, e em contrapartida da comunidade, para a avaliação e orientação das ações de controle a esta epidemia.
Palavras chave: Saúde da Família; Dengue; Perfil Epidemiológico.
ABSTRACT
The present article analyzed the incidence of Dengue, considering that it is one of the most socially and economically important viral diseases in Brazil, paying attention to the scope of this disease, which is intensifying in some urban regions of the country. The objective of the research was to analyze the incidence of Dengue notified by the Municipal Health Department of Várzea Grande-MT, its evolution by age groups, race, and the morbidity and mortality rate of deaths due to this epidemiology. The methodology used was an analytical and epidemiological study where the cases notified by the aforementioned municipality of the State of Mato Grosso occurred, in the period from 2018 to 2022, the information presented was obtained by the Notifiable Diseases Information System (SINAN), and had as its availability of access by the Municipal Health Department of Várzea Grande – Mato Grosso. It is concluded that the incidence of Dengue in the municipality of Várzea Grande-MT followed the pattern of the Midwest region and Brazil, with cycles of high transmission. The way of life of the local population, in most cases, contributes to the oviposition and consequent proliferation of A. aegypti, due to the deficient local sanitary conditions, and that the arboviruses of Dengue, despite the few records of deaths that occurred in the period analyzed in the city of Várzea Grande-MT, it can be fatal for the citizens. It is also observed that the mapping of the epidemic is important so that epidemiological and environmental surveillance actions are taken together, with managers, and in return for the community, for the evaluation and guidance of control actions for this epidemic.
Keywords: Family Health; Dengue; Epidemiological Profile.
1. INTRODUÇÃO
Estima-se que 80 milhões de indivíduos são infectados anualmente pela Dengue explica a Organização Mundial de Saúde (OMS), na maioria dos casos, os infectados necessitam de atendimento especializado dos médicos, está doença leva a óbitos cerca de 20 mil pessoas por ano. Nas Américas, o número de casos aumentou de 66.011 em 1980 para quase 800.000 em 2017. Deste modo, a dengue é considerada atualmente, em nível global, a mais importante arbovirose (doença viral transmitida por artrópode) em termos de morbidade, letalidade e implicações econômicas (SILVA, 2018).
A dengue caracteriza-se por ser uma doença febril, cujo agente etiológico é um vírus do gênero Flavivírus, sendo transmitido ao ser humano pela picada de um mosquito do gênero Aedes. São conhecidos atualmente quatro sorotipos, antigenicamente distintos: DEN 1, DEN 2, DEN 3 e DEN 4 (SOUZA, 2010). Dentre as arboviroses, a Dengue pode ser considerada a mais fatal, pois é um dos principais problemas de saúde pública, atingindo principalmente os países tropicais, devido às condições ambientais e sociais favoráveis à proliferação do mosquito vetor Aedes egypit (RIBEIRO et al., 2012).
O Brasil é favorável à evolução dessa doença, o país tem sofrido inúmeros períodos epidêmicos em quase todas suas regiões territoriais, singularmente nas épocas mais quente e chuvosa. Apesar de que a maioria das incidências da doença possui sintoma moderado, mas, a mesma pode trazer implicações socioeconômicas importantes, pois, incapacita um elevado número de sujeitos para o trabalho temporariamente.
Nesse contexto, a problemática desta pesquisa é investigar se a Dengue é uma arbovirose mortal para cidade de Várzea Grande-MT?
As principais motivações acerca do assunto são referentes à modernização dos procedimentos médicos, o grande impacto da Dengue na economia local, e principalmente na rotina de vida dos cidadãos de Várzea Grande-MT. Espera-se que este Projeto possa contribuir, pois, o setor saúde não é o único responsável pelas ações de prevenção e controle da dengue, as quais dependem dos esforços articulados entre os setores públicos, privado e comunitário, principalmente no combate à proliferação do mosquito Aedes aegypti, e ainda, possa servir de material de estudo para acadêmicos e profissionais da área de saúde.
O objetivo da pesquisa foi analisar a incidência da Dengue notificada pela Secretaria Municipal de Saúde de Várzea Grande-MT, as suas evoluções por faixas etárias, raça, e a taxa da morbimortalidade de óbitos por essa epidemiologia.
2. REVISÃO DE LITERATURA
Com o elevado índice de infestação da Dengue nas localidades de clima tropical é influenciado pela presença de criadouros do mosquito Aedes aegypti, a grande densidade populacional e a falta de investimentos nos serviços de saúde, mas, está doença pode ocorrer em qualquer localidade, o vírus pode atingir a população nas mesmas proporções, independentemente de faixa etária e sexo, com exceções para os grupos que se expõem com mais frequência ao vetor (SOUZA, 2010).
Os sintomas variam de sujeito para sujeito, as manifestações variam de uma síndrome viral, inespecífica e benigna, até um quadro grave e fatal de doença hemorrágica com choque. Os fatores de risco para casos graves são, a cepa do sorotipo do vírus infectante, o estado imunitário e genético do paciente, a concomitância com outras doenças e a infecção prévia por outro sorotipo viral da doença. Além dos fatores biológicos envolvidos em seu ciclo de transmissão, a reprodução da doença está intimamente relacionada a fatores climáticos, ocorrendo redução da densidade das populações dos vetores em função da queda de temperatura e umidade, registrada entre julho e outubro (RIBEIRO et al., 2012).
As regiões que apresentam temperaturas mais elevadas são mais suscetíveis à presença e proliferação do vetor. Com isso, alguns fatores poderão levar a expansão da dengue em áreas específicas, com maior ênfase para o aumento de temperatura e de chuvas, ampliando a faixa de abrangência do vetor e acarretando grandes epidemias, principalmente em regiões tropicais (OLIVEIRA; DIAS, 2016).
O Aedes aegypti não é nativo das Américas foi trazido para o Brasil a partir da África, com a comercialização dos escravos, tendo encontrado um meio ambiente adequado à sua sobrevivência e reprodução, ocupou o país no sentido de que progressivamente se expandiu geograficamente e aumentou a sua população. No Brasil, a primeira epidemia de dengue documentada clínica e laboratorialmente ocorreu em 1982, em Boa Vista, Roraima, com circulação dos sorotipos 1 e 4. A partir de 1986, foram registradas epidemias em vários estados, sendo a mais importante a ocorrida nos anos de 1986 e 1987 na cidade do Rio de Janeiro, onde pelos inquéritos sorológicos realizados, estimou-se pelo menos um milhão de pessoas infectadas pelo sorotipo. No ano de 2008 e 2012, foram notificados 794.219 e 341.776 casos, respectivamente (SILVA, 2018).
Os primeiros casos de febre hemorrágica da dengue foram notificados em 1990, após a introdução do sorotipo DENV 2 no Brasil, sendo que durante os anos de 20012002, ocorreu um aumento marcante no número de casos dessa forma (OLIVEIRA et al., 2011). A circulação do sorotipo 3 (DENV 3) foi identificada, pela primeira vez, no final do ano 2000 e 2001, nos estados do Rio de Janeiro e Roraima, simultaneamente, culminando na maior incidência da doença já registrada até então, no ano de 2002, levando a uma rápida dispersão do sorotipo DENV 3, sendo que em 2004, vinte e sete Estados brasileiros já apresentavam a circulação dos três sorotipos do vírus (BRASIL, 2013).
Durante anos, a situação epidemiológica da dengue vem provocando epidemias nos principais centros urbanos do país, aumentando a procura pelos serviços de saúde, concomitante ao agravamento dos casos. Essa situação tornou-se, ainda, pior com a reintrodução do DENV 4, em julho de 2010, no município de Boa Vista, Roraima (BRASIL, 2013).
No Estado de Mato Grosso, a doença começou a ser registrada a partir de 1990, expandindo-se por toda região Centro Oeste, tendo sido registrado aumento expressivo no número de casos notificados da doença, anualmente. Particularmente esse aumento pode ser verificado na região norte de Mato Grosso, onde sucessivas ondas migratórias vêm ocorrendo de forma dispersa e desorganizada, em especial nos municípios localizados ao longo da BR-163, ocasionando uma urbanização descontrolada associada a saneamento básico insuficiente, gerando condições favoráveis para o desenvolvimento do Aedes aegypti (FERNANDES et al., 2014).
O mapeamento de epidemias no Brasil vem sendo um instrumento fundamental para o setor da saúde pública. Desde a década de 1990, as técnicas de análise de dados têm sido apuradas para gerar mapas de identificação de áreas de risco. A espacialização de regiões de maiores infecções, realizada através do Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN), auxilia na prevenção de endemias e orienta os gestores em saúde pública sobre as adversidades ambientais e de saúde de diferentes regiões (MUKAI et al., 2011). O mapeamento das notificações da Dengue fornece uma visão dos casos no espaço, mas, não pode confirmar estatisticamente os agrupamentos ou autocorrelações espaciais. Para isso, a estatística espacial é extensivamente utilizada para associar valores de casos e sua localização geográfica (FERNANDES et al., 2014).
Nesse cenário, fez-se necessária a realização do estudo sobre a distribuição da doença na cidade de Várzea Grande-MT, onde poucas pesquisas acerca desta endemia têm sido realizadas. A combinação de três indicadores é importante para diferenciar as características de risco, a definição da frequência de ocorrência da endemia em determinado período e a duração em semanas epidemiológicas, ou seja, a persistência da doença e a intensidade que é definida pela severidade da dengue apontam padrões da epidemia em diferentes áreas.
3. METODOLOGIA
Esta pesquisa caracteriza-se por ser epidemiológico-descritivo, foi realizada com base nos dados secundários do Sistema de Vigilância Epidemiológica (SINAN – Sistema de Informação de Agravos de Notificação), Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) com referência ao município de Várzea Grande-MT, sendo analisada a ocorrência da Dengue no referido município no período de 2018 a 2022.
A cidade de Várzea Grande-MT, pertence à Região Metropolitana do Vale do Rio Cuiabá e as regiões geográficas intermediárias de Cuiabá, capital mato-grossense, ocupa uma área de 938,057 km². É a segunda cidade mais populosa do Estado de Mato Grosso, a sétima mais populosa da região Centro Oeste e a 97º mais populosa do país, com população de 287.526 habitantes segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o mês de julho de 2020. Predomina o clima tropical chuvoso, com precipitação média anual de 1.900 milímetros, sua temperatura máxima anual é de 33ºC e mínima de 27ºC (BRASIL, 2013).
Variáveis estudadas:
Foram calculados os coeficientes de incidência por 100.000 habitantes para o período de 2018 a 2022. As estimativas da população (raça, faixa etária, óbitos) foram referentes ao período pesquisado. Os dados obtidos foram analisados por meio de estatística descritiva, utilizando frequências absoluta e relativa, e a média. A apresentação foi por meio de gráficos e tabelas, para isso, utilizou-se o software Microsoft Excel.
4. RESULTADOS
Tabela 1: Distribuição de casos de Dengue por ano da ocorrência, Várzea Grande-MT
Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica (SINAN), referência ao município de Várzea Grande-MT.
A tabela 1 demonstra que no ano de 2018 a taxa de ocorrência da Dengue na cidade pesquisada foi alto com 45% dos casos notificados no período pesquisado, já o ano de 2022 teve o menor índice com 5% dos casos.
Gráfico 1: Coeficiente de incidência (por 100.000 habitantes) da Dengue, Várzea Grande-MT, 2018 a 2022.
Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica (SINAN), referência ao município de Várzea Grande-MT.
No gráfico 1 observa-se que o pico do surto da dengue foi o ano de 2018, tendo ocorrido 605 dos casos a cada 100.000 habitantes, e foi sendo contido o surto tendo diminuído nos anos seguintes em 2021 com 116,10 e em 2022 com apenas 83 dos casos a cada 100.000 habitantes.
Tabela 2- Variáveis da Média e Mediana das ocorrências da Dengue referente ao período de 2018 a 2022, na cidade de Várzea Grande-MT.
Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica (SINAN), referência ao município de Várzea Grande-MT.
Gráfico 2: Frequência relativa dos casos de Dengue segundo faixa etária do período de 2018 a 2022, Várzea Grande-MT.
Fonte: Sistema de Vigilância Epidemiológica (SINAN), referência ao município de Várzea Grande-MT.
Observa-se no gráfico 2, que a faixa etária que foi mais acometida foi a faixa etária de 20 a 39 anos com 33% das ocorrências do surto da Dengue, seguida da faixa etária de 10 a 19 anos com 23%, a faixa que foi menos acometida foi a de 70 a 80 anos com apenas 2% das ocorrências.
Gráfico 3: Frequência relativa de casos de Dengue segundo raça do período de 2018 a 2022, Várzea Grande-MT.
Raça
O Gráfico 3 apresenta a distribuição dos casos de dengue no município, segundo raça. A raça que mais apresentou casos de dengue foi a Parda com 3309 dos casos notificados, sendo a frequência relativa (70%), seguido da raça Branca 990 (21%), Preta 242 (5%) e Amarela/Indígena 184 (4%) dos casos notificados.
Gráfico 4- Frequência relativa de óbito em virtude da Dengue no período de 2018 a 2022 no município de Várzea Grande-MT.
Fonte: Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde – DATASUS, Várzea Grande-MT.
No Gráfico 4 traz que no período compreendido da pesquisa ocorreram 8 óbitos em virtude da Dengue, sendo 73% por causa diretamente da Dengue e 27% encontrase em investigação do Caso.
5. DISCUSSÃO
A classificação clínica dos casos da Dengue é determinada de acordo com o Protocolo da Secretaria Estadual de Saúde do Estado de Mato Grosso, como: Dengue Clássico (DC), Dengue com Complicação (DCC), Febre Hemorrágica do Dengue (FHD) e Síndrome do Choque do Dengue (SCD). Ressalta-se que os casos de DCC, FHD e SCD, são considerados como Dengue Grave.
O processo empregado para confirmação dos casos da Dengue Clássico são avaliações clínico/epidemiológico/laboratorial e os graves, realizados somente em laboratórios. O estudo de variações levou em consideração a origem, raça, classificação final dos casos (dengue clássico, dengue grave), resultado da doença (cura, óbito por dengue), faixa etária subdividida em 0-4 anos, 5-9, 10-19, 20-39, 40-59; 60-69; 70-80 anos. A incidência da Dengue é classificada de acordo com o Programa Nacional de Controle da Dengue (PNCD), em baixo (até 100 casos por 100.000 habitantes), médio (101 a 299 casos por 100.000 habitantes) e alto (acima de 300 casos por 100.000 habitantes) (BRASIL, 2013).
Estima-se que o aumento da temperatura mundial, elevou as áreas de ocorrências das doenças transmitidas por vetores do Aedes aegypti na região Centro Oeste. A maior prevalência que as alterações climáticas provocaram foi no processo de transmissão, pois, é nos extremos da variação de temperatura em que ocorre a oviposição. Para a maioria dos vetores, esse intervalo varia de 14-18ºC a 35-40ºC. O aumento da temperatura tem um impacto significante não linear no período de incubação do vírus, e, porventura na transmissão da Dengue (OLIVEIRA; DIAS, 2016).
Como os mosquitos do gênero Aedes, são sensíveis a alterações de temperatura no ciclo larvária, em ambiente aquático, e quando adultos. Se a temperatura da água eleva, o tempo de maturação da larva diminui, e, com isso, há um aumento da capacidade reprodutiva durante o período de transmissão (SILVA, 2018).
Nesta revisão de literatura, os procedimentos adotados basearam-se em dados de notificação de casos (confirmados), que podem ser utilizados para a vigilância e o controle da Dengue, por meio de uma estratégia de ações, já que existem informações das localidades de maior risco, identificadas nos diversos períodos, ou seja, as áreas do município que devem ser priorizadas quanto à vigilância e ao controle dos vetores e da doença. Além disso, esses dados podem auxiliar os Agentes Comunitários de Saúde na aplicação de substâncias químicas nos locais de maior incidência.
A estratificação das variáveis expostas e dos índices construídos mostrou a grande diversidade de situações de vida existente na cidade de Várzea Grande-MT, levando a acreditar que a distribuição dos vetores e dos casos sintomáticos da doença, possam referir as taxas de incidência para o ano de 2018 a 2019, e uma possível melhora nas condições de vida da população, que provocou a diminuição dos casos nos anos posteriores 2021 e 2022. A análise das notificações registradas no período analisado, caracteriza a doença como de perfil Endêmico, com picos principalmente durante a (re)introdução de novos sorotipos virais, observa-se que a cidade avaliada oscilou a sua classificação de risco de contágio em Baixo e Moderado, nos últimos 3 anos.
O maior número de casos notificados de Dengue pode ser observado que em sua grande maioria entre jovens adultos, variando de 10 a 39 anos, mas não existe um comportamento único de ocorrência de Dengue por idade. Um estudo constatou que o menor número de casos foi observado em crianças, o que pode ser explicado pelo fato de que a infecção nas crianças e idosos, pois, geralmente apresentam quadro clínico de forma mais amena do que nos jovens, e ainda, esta doença pode ser confundida com outras viroses que também apresentam manifestações clínicas semelhantes aos da Dengue (ROCHA, 2011).
Diante do cenário apresentado, tem que se tomar cautela com as subnotificações de casos suspeitos e a necessidade de sensibilizar os profissionais de saúde para a responsabilidade de notificar todos os atendimentos que se enquadram na definição de caso suspeito de Dengue definido pelo Ministério da Saúde.
A partir da operacionalização desses índices, é possível projetar cenários relativos aos riscos da endemia, como a associação da verificação entomológica, a aplicação de armadilhas para as formas imaturas e adultas do vetor do mosquito. Tudo isso pode contribuir para a escolha de diferentes metodologias a serem aplicadas no combate e controle da epidemia.
Mas, a situação socioambiental deve ser analisada e as políticas públicas devem estar voltadas para as interações entre o ambiente, os cidadãos, o vetor da doença e patógeno, levando-se em conta a desigualdade social. Isso porque a Dengue, muitas vezes tratada com negligência, não prevalece só em condições de pobreza, mas também contribui para a manutenção do quadro de desigualdade, que representa forte entrave ao desenvolvimento do país. Observa-se com a presente pesquisa que houve um grande número de Notificações em virtude do surto da dengue no período de 2018 a 2020, tendo em vista o modo de vida da população local, as condições de saneamento básico precário, os habitats para a oviposição e consequente proliferação do mosquito da Dengue.
6. CONCLUSÃO
Com a realização desta pesquisa, constatou-se que, o Aedes aegypti é o transmissor da Dengue com importância epidemiológica, observa-se que esta espécie de mosquito é originária da África, onde se domesticou e se adaptou ao ambiente criado pelo homem, tornando-se antropofílico, sendo suas larvas encontradas em depósitos artificiais. Estas características de adaptação permitiram-lhes que se tornassem abundantes nas cidades e fossem facilmente levados para outras áreas, pelos meios de transporte, o que aumentou sua competência vetorial, ou seja, a sua habilidade em tornar-se infectado por um vírus, replicá-lo e transmiti-lo.
A incidência da dengue no município de Várzea Grande-MT seguiu padrão da região Centro Oeste e do Brasil como um todo, com ciclos de alta transmissão. Atualmente, a Dengue é uma das doenças de maior incidência no Brasil, independentemente da classe social dos afetados. O modo de vida da população local, na maioria das vezes, contribui para a oviposição e consequente proliferação do A. aegypti, tanto em locais onde as condições sanitárias são deficientes, quanto em outros, onde se considera que existe adequada infraestrutura de saneamento ambiental.
Observa-se que a Dengue apresenta uma fisiopatogenia importante, e não deve ser avaliado como uma simples virose pode levar a quadros graves, como choque hemorrágico, acidose e óbito, mas, como no período compreendido da pesquisa, notou-se apenas 08 óbitos, constata-se então, que a arboviroses da Dengue apesar de poucos registros de óbitos ocorridos na cidade de Várzea Grande-MT, ela pode ser fatal para os cidadãos desta cidade.
Conclui-se que o mapeamento da epidemia é importante para que sejam tomadas ações de vigilância epidemiológica e ambiental em conjunto, com os gestores, e em contrapartida da comunidade, ou seja, contribuir para a avaliação e orientação das ações de controle a esta epidemia, no referido município pesquisado, é provável que o gestor municipal investiu nas ações de prevenção, ocasionando-se a diminuição de ocorrência da doença no município nos últimos anos (2020 e 2021). Entretanto, outro fator que pode ter ocasionado a queda de casos notificados nesse período, pode ser a falta de notificações adequada pelos profissionais das Estratégias de Saúde da Família e das Unidades Básicas de Saúde. Diante desse contexto, pode-se refletir que ainda há muito a ser pesquisado em relação à epidemiologia da Dengue no Brasil e, sobretudo, na cidade de Várzea Grande-MT.
REFERÊNCIAS
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1Graduada em Medicina pelo Centro Universitário UNIVAG em 1/2019, Residência Médica no Hospital
Geral Universitário “Medicina de Família e Comunidade”, no período de 2020 a 2021, Mato Grosso, Brasil.