REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7860544
João Victor Almeida de Oliveira
Gustavo Trindade Histzschky Pinto
Victhor Henrique Kemp
Orientadores: Andre Luiz Ferreira da Silva, Gilmar dos Santos Nascimento
1 INTRODUÇÃO
A malária é uma doença causada por um protozoário do gênero Plasmodium e sua transmissão ocorre através do mosquito fêmea do gênero Anopheles. Existem diversas espécies de Plasmodium, como P. vivax, P. falciparum, P. malariae, P. ovale e a P. Knowlesi, mas, somente as três primeiras estão presentes no Brasil. Em relação à etiologia, há um ciclo entre o homem, hospedeiro definitivo da doença, plasmódio e o mosquito, o qual, em seu início, é possível identificar os primeiros sintomas clínicos, como: febre alta, calafrios e sudorese (MONTEIRO, FERNANDES, RIBEIRO, 2013).
Nesse sentido, é uma doença predominante da região Amazônica devido a quantidade de chuva na região, presença de vetores e índices de populações, serem todos elevados, culminando na proliferação do mosquito. A Amazônia Legal é uma região com grande índice de casos de Malária no Brasil, sendo evidentes 99,7% dos casos totais do país e 106 cidades se encontram em alto risco para a doença. Dando ênfase para a cidade de Porto Velho, capital do Estado de Rondônia, foi observado elevados números de casos notificados da doença (MARQUES, 2018).
Ademais, segundo Saraiva et.al. (2009), cerca de 99,5% dos casos de infecção por malária no Brasil ocorrem na Amazônia Legal – área que corresponde aos estados do Amazonas, Roraima, Rondônia, Pará, Amapá, Acre, Tocantins, Mato Grosso e parte significativa do Maranhão – sendo esta área considerada uma região endêmica. Nos anos de 2003 e 2004 os municípios de Manaus-AM e Porto Velho-RO concentraram juntos, 26,9% e 22,9% dos casos de malária da Região Amazônica, respectivamente. Esse fato foi observado em decorrência da extensa migração para estes municípios e concentração de pessoas em regiões periféricas, locais com altos índices de infecção.
As áreas urbanas que apresentam maior risco de transmissão dessa parasitose possuem como principais características a proximidade à floresta tropical úmida, principalmente em grupo de trabalhadores, populações migrantes ou pessoas que apresentam baixa imunidade e expostas às altas densidades de Anopheles darlingi e em mordias em condições precárias. Geralmente, nesses locais e nestas condições ocorre uma alta prevalência do Plasmodium falciparum, segundo Saraiva et. al. (2009).
Sobre os altos índices de contaminação observados nos municípios de Manaus-AM e Porto Velho-RO, podemos afirmar que:
Os surtos da malária surgem em função da aglomeração de indivíduos em habitações precárias ou simples abrigos, onde estão reunidos os elos da cadeia epidemiológica da malária, ou seja, os portadores do plasmódio, vetores e indivíduos suscetíveis. As coleções hídricas artificiais constituídas de barragens e tanques de piscicultura têm se configurado como importantes criadouros permanentes de mosquito transmissor da malária, devendo ser considerados entre os fatores ambientais de riscos passíveis de intervenções. Saraiva et. al. (2009).
A malária é uma parasitose febril, aguda e sistêmica que apresenta transmissão vetorial. Sua infecção ocorre de forma alternada onde um hospedeiro do gametócito, a forma infectante para o mosquito, seja picado e transfira o plasmodium para o portador invertebrado, o qual irá disseminar o parasita nas proximidades do local inicial da infecção. A principal espécie vetora no Brasil é o Anopheles (Nyssorhynchus) darlingi. Existem três espécies de protozoários causadores da malária em seres humanos nas Américas Central e do Sul, sendo elas o Plasmodium vivax, e Plasmodium falciparum e o Plasmodium malariae (SARAIVA et.al., 2009).
Segundo dados apresentados pelo Ministério da Saúde, a malária apresenta como principais sintomas a febre alta, calafrios, tremores, sudorese, dor de cabeça, tais sintomas podem ocorrer de forma cíclica. Além disso, as pessoas infectadas podem apresentar náuseas, vômitos, cansaço e falta de apetite. Em pacientes com a imunidade precária esta doença pode evoluir para a forma grave e apresentar sintomas como prostração, alteração da consciência, dispneia e taquipneia, convulsões, hipotensão ou choque e hemorragia.
As características clínicas da malária na gestante diferem quando a mulher já adquiriu uma imunidade durante a vida e a epidemiologia da região. Chagas (2009) afirma que pessoas que vivem em regiões de alta transmissão da malária vão desenvolver febre, do mesmo modo as gestantes que já adquiriram imunidade.
Contudo, ao levar em consideração as gestantes, sabe-se que muitas situações podem acontecer e levar a interrupção precoce do feto. Assim, entre alguns contextos epidemiológicos que levam a esse fato, tem a malária. A cada ano, cerca de 50 milhões de mulheres que habitam em áreas endêmicas de malária, engravidam e estão sujeitas a enfrentarem essa parasitose e consequentemente suas complicações. Segundo dados epidemiológicos, em torno de 100.000 óbitos/ano maternos e 20.000 mortes/ano de crianças menores de um ano, ocorrem quando mães são infectadas pelos plasmódios (CHAGAS, 2009).
Segundo Chagas (2009), a mulher grávida tem uma imunidade alterada durante a gestação e a placenta está localizada em um lugar de multiplicação do parasita, o que torna mais suscetível a infecção e as formas graves da doença. Levando em consideração as crianças, aumenta o risco de natimortalidade, prematuridade, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e mortalidade infantil.
É válido salientar que a gestante infectada apresenta maior suscetibilidade para o desenvolvimento de anemia, uma vez que a mulher grávida apresenta uma necessidade maior de células sanguíneas e nutrientes para suprir o feto, e a malária gera um elevado índice de hemólise, além de comprometer a hematopoese. A infecção pode gerar ainda insuficiência renal e a insuficiência respiratória aguda, a qual pode vir ou não acompanhada de edema pulmonar (LIMA, 2017).
Segundo Lima (2017), outras consequências da malária durante a gestação incluem alterações cerebrais, tais como a perda ou alteração no estado de consciência da paciente; incapacidade de circulação sanguínea e queda na pressão arterial, gerando um estado de choque cardiogênico e, por fim, há um risco elevado de a paciente desenvolver distúrbio de coagulação disseminada, podendo gerar uma hemorragia disseminada e culminar em um choque hipovolêmico.
Sabe-se que a malária é uma doença muito perigosa quando infecta a gestante, pois os riscos de mortalidade fetal e materna são grandes. Através de estudos feitos, a alteração no curso da gestação ocorre mais em infecções na fase aguda, sendo ela a ameaça da interrupção da gravidez. Notou também, que as mulheres na faixa etária jovem, no segundo trimestre e que já possuem gestações anteriores, ocorrem mais complicações materno-fetal, tornando um fator de risco (CHAGAS, 2009).
É importante o cuidado das gestantes quando habitam em regiões endêmicas, pois a gravidez torna a imunidade mais frágil e leva a morte rapidamente. Assim que diagnosticada com essa parasitose, é importantes buscar o tratamento adequado para assim não levar em risco a vida materno-fetal.
2.JUSTIFICATIVA
A malária é uma doença que preocupa a saúde pública pela sua grande abrangência de infecção, bem como sua rápida evolução e fortes complicações acarretadas. Dessa forma, tendo em vista que essa enfermidade faz parte do grupo de doenças tropicais, sabe-se que ela ainda é muito recorrente na região Amazônica, devido ao clima chuvoso e quente. Nesse sentido, consequentemente o município de Porto Velho- RO, também detém numerosos casos de infecção por P. falciparum, abrangendo desde crianças e grávidas, até idosos.
As mulheres grávidas são vulneráveis à malária porque o seu estado de imunidade se modifica durante a gestação, tornando-a mais suscetível às alterações no curso da gravidez. Infecção malárica em gestantes ocorre, principalmente, em mulheres jovens infectadas pelo P. vivax, sendo a plaquetopenia e a anemia as principais alterações hematológicas, causadas, em especial pela forma P. falciparum;
Dessa maneira, sabe-se que mulheres gestantes possuem maior vulnerabilidade a infecções, e, se houver contaminação pelo mosquito Anopheles carregando o protozoário causador da malária, essa está sujeita a ter intensas complicações, tanto em sua própria saúde, quanto à do bebê. Sendo assim, o intuito desse trabalho é evidenciar o agente causador da malária na gestante, bem como o melhor tratamento, mostrando a diferença dos medicamentos utilizados em cada indivíduo preconizando a gestante e conhecimento sobre cuidados e os riscos durante a gravidez, para que haja, então, devida atenção, cautela e entendimento das melhores medidas a serem tomadas eminentemente.
3.OBJETIVO
3.1 Objetivo Geral
Avaliar a incidência de forma de distribuição geográfica da Malária em gestante em Porto Velho – RO, bem como o Plasmodium predominante e o tratamento eficaz para cada situação.
3.2 Objetivos Específicos
3.2.1 Apresentar um mapeamento, por região de saúde, dos casos de malária em gestantes presentes na cidade de Porto Velho-RO.
3.2.2 Avaliar as regiões com maior incidência desta doença, bem como as possíveis causas deste fenômeno e a espécie que mais acomete.
3.2.3 Evidenciar as formas de tratamento de cada grupo de pessoas, enfatizando o modo que se deve assistir a gestante com Malária.
3.2.4 Verificar os possíveis riscos aos quais tanto a mãe, quanto ao feto estão expostos ao serem acometidos por esta enfermidade. Correlacionando a gravidade da doença com a cepa da malária que a contaminou.
3.2.5 Informar os agentes de Saúde sobre o predomínio da Malária na região que ele atua, como também os principais sintomas iniciais, para que assim, consigam dar maior atenção às gestantes e diminuam a evolução da doença.
4. METODOLOGIA
4.1 TIPO DE PESQUISA
Este trabalho será realizado por meio da pesquisa descritiva, haja vista que, segundo Gil (1999) elas têm a principal finalidade de descrever as características de uma determinada população ou estabelecer relações entre variáveis. Além disso, esse tipo de pesquisa busca discorrer detalhadamente um fenômeno ou situação que esteja acontecendo com o grupo escolhido, permitindo a compreensão das características de um indivíduo, de uma determinada situação ou um grupo, além de apurar a relação entre os eventos investigados, segundo Selltiz et al. (1995).
Quanto à natureza, esta pesquisa será realizada de forma quantitativa, uma vez que ela possui o objetivo de mostrar aos leitores quais são as áreas de maior incidência da doença na cidade de Porto Velho – RO, os riscos de uma gestante ser exposta a áreas endêmicas, bem como mostrar que a busca por um tratamento o mais rápido evita complicações. Assim, com o intuito de aumentar os conhecimentos dos agentes comunitários de saúde, tendo uma atenção retomada às gestantes sintomáticas evitando uma complicação para o feto ou para a mãe.
Por fim, quanto às técnicas de coleta de dados que serão aplicados nessa pesquisa documental, além da revisão bibliográfica, será aplicada a pesquisa documental, com análise dos dados presentes na plataforma do Ministério da Saúde, DATASUS. Essa técnica de coleta foi escolhida pois, segundo Lakatos e Marconi (2001), ela visa coletar dados em fontes primárias, como documentos redigidos ou não, de fontes públicas ou privadas. E ainda, de acordo com Gil (1999) esse tipo de pesquisa permite a coleta de um número expressivo de dados, os quais se apresentam dispersos pelo espaço.
4.2 LOCAL DA PESQUISA
A pesquisa será realizada por meio da coleta e estudos dos dados obtidos na plataforma DATASUS, fonte de danos pública do Ministério da Saúde, a qual apresenta os dados primários, ou seja, não trabalhados, acerca dos casos de gestantes acometidas por malária na cidade de Porto Velho no estado de Rondônia.
4.3 POPULAÇÃO DA AMOSTRA
A população que será estudada nesta pesquisa é composta por mulheres gestantes acometidas por malária que residem na cidade de Porto Velho no estado de Rondônia.
4.4 CRITÉRIOS DE INCLUSÃO E EXCLUSÃO
Os critérios de inclusão são: pessoas residentes na cidade de Porto Velho, sexo feminino, gestação confirmada, diagnostico positivo de malária.
Os critérios de exclusão: homens, mulheres que não tem gestação confirmada e pessoas que residem em outras cidades.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. CHAGAS E.C.S; NASCIMENTO C.T; SANTANA Filho F.S; BÔTTO-MENEZES C.H; MARTINEZ-ESPINOSA F.E. Malária durante a gravidez: efeito sobre o curso da gestação na região amazônica. Rev Panam Salud Publica.2009;26(3):203–08.
2. MARQUES, Renata Duarte. A dinâmica da malária urbana em Porto Velho (RO) no período de 2005 a 2015. Dissertação (mestrado) – Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, 2018. CDD, 22.ed., 614.532.
3. FERNANDES F.B; LOPES R.G.C; MENDES Filho S.P.M. Malária grave em gestantes. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2010; 32(12):579-83.
4. OLIVEIRA, Maxwell Ferreira de. Metodologia científica: um manual para a realização de pesquisas em Administração. Manual (pós-graduação) – Universidade Federal de Goiás, 2011. Catalão: UFG, 2011.
5. LIMA, Ada. Malária na gravidez: Projeto de pesquisa da Fapeam e FMT mostra as consequências da doença na gestante, antes e após o bebê nascer. Revista Amazonas Faz Ciência. Manaus, N°38; p.19-22; abr./jun. de 2017.
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