INCIDENCE OF BREAST CANCER IN BRAZIL: A LITERATURE REVIEW
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.7879196
Helena Beatriz Marques Macedo 1
Ana Carolina Soares Gonçalves1
Ana Paula de Nazaré Soares Rego1
Mariana de Oliveira Moreira Braz1
Thalyta Souza da Silva1
Layna de Cássia Campos Cravo1
RESUMO
Este estudo objetiva identificar os fatores que levaram ao aumento na incidência do câncer de mama no Brasil nas últimas duas décadas e abordar a importância do diagnóstico e tratamento precoce. Revisão Integrativa da Literatura a partir de busca nas bases de dados SciELO e BVS, tendo como critério de inclusão artigos publicados em português, no período de 2020 a 2022. Obteve-se nove artigos científicos identificados e analisados. Foi possível traçar o perfil do público-alvo e os fatores que contribuem para a incidência de câncer nas regiões brasileiras. As taxas de óbitos por câncer de mama em mulheres variam nas diferentes regiões do Brasil. A detecção precoce do câncer e seu rastreamento foram enfatizadas por contribuírem para maiores chances de cura.
PALAVRAS-CHAVE: Diagnóstico precoce do câncer; Antineoplásicos; Câncer mamário.
ABSTRACT
This study aims to identify the factors that led to the increase in the incidence of breast cancer in Brazil in the last two decades and address the importance of early diagnosis and treatment. Integrative Literature Review based on a search in the SciELO and VHL databases, with articles published in Portuguese in the period from 2020 to 2022 as inclusion criteria. Nine scientific articles were identified and analyzed. It was possible to profile the target audience and the factors that contribute to the incidence of cancer in Brazilian regions. Death rates from breast cancer in women vary in different regions of Brazil. Early detection of cancer and its tracking were emphasized as they contribute to greater chances of cure.
KEYWORDS: Early diagnosis of cancer; Antineoplastic Agents; Breast cancer.
INTRODUÇÃO
O câncer é considerado o principal problema de saúde pública no mundo e está entre as principais causas de morte antes dos 70 anos de idade na maioria dos países (MARTINS et al., 2020). Um dos cânceres de maior incidência é o câncer de mama, que é uma patologia causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, ocasionando o desenvolvendo de um tumor. Vários fatores podem contribuir para a evolução da doença, entre eles, o tipo de carcinoma. No Brasil, sem considerar os tumores de pele não melanoma, o câncer de mama ocupa a primeira posição mais frequente entre as mulheres (29,7%), seguido pelo câncer de cólon e reto (9,2%) e câncer de colo de útero (7,4%) (INCA, 2020).
A neoplasia maligna das mamas acomete mais as mulheres do que os homens, pois conforme dados do Instituto Nacional do Câncer, estima-se que a incidência do câncer de mama em homens represente apenas 1% de todos os casos da doença (BRASIL, 2019).
Estudos realizados pelo Instituto Nacional de Câncer, levando em consideração o ano de 2020, mostram como a taxas de mortalidade por câncer de mama variam de acordo com as regiões brasileiras, sendo esta ajustada pela população mundial, a qual foi de 11,84 óbitos/100.000 mulheres, com as maiores taxas nas regiões Sudeste e Sul, com 12,64 e 12,79 óbitos/100.000 mulheres, respectivamente. Dados sobre a mortalidade por câncer de mama no Brasil por regiões, mostram uma tendência ascendente ao longo das últimas décadas, com certa desaceleração e estabilização nas regiões Sul e Sudeste e aumento nas demais regiões, entre os anos de 2000 e 2015 (BRASIL, 2022).
Contudo, a incidência de câncer de mama no país oscila de acordo com as regiões e há a necessidade de averiguar quais os fatores relacionados às altas taxas da doença nas últimas duas décadas, tendo como objetivo traçar o perfil epidemiológico na população feminina brasileira para o desenvolvimento de carcinomas mamários (DELGADILLO, 2020; OSORIO et al., 2020).
Existem diversos tipos de câncer de mama, determinados pelo tipo de células mamárias afetadas no seu desenvolvimento, sendo geralmente denominado adenocarcinoma, que começa nas células de um ducto mamário ou nos lóbulos. Os tipos de câncer mais comuns são o carcinoma ductal in situ ou Cancinome Intraductal; carcinoma invasivo e o carcinoma lobular invasivo. A forma de evolução é variada, enquanto uns podem progredir para um estágio mais avançado rapidamente, outros podem evoluir de forma mais lenta, sendo o carcinoma invasivo o mais comum entre os tipos citados acima (AMÉRICASAMIGAS, 2018).
O carcinoma lobular invasivo atinge os lóbulos mamários podendo se disseminar para o tecido adiposo do seio, aumentando o risco de metástase, pois as células cancerígenas podem migrar desta região para demais partes do corpo através do sistema linfático ou circulação sanguínea, além dos riscos já citados este é o tipo mais difícil de ser diagnosticado durante o exame de mamografia (REAL E BENEMÉRITA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE BENEFICÊNCIA, 2021).
No carcinoma ductal também há risco de metástase, pois o mesmo ao se desenvolver no ducto mamário, pode romper suas paredes e se disseminar pelo organismo, este pode ser classificado em “não invasivo” e “pré-invasivo”. Além dos tipos mais comuns também há classificações menos frequentes, como o câncer de mama inflamatório que corresponde cerca de 1 a 5% dos casos diagnosticados da doença; doença de paget que atinge cerca de 1% a 3% dos casos registrados; tumor filodes que possui o surgimento no tecido conjuntivo da mama e podem ser benignos ou malignos e angiosarcoma que corresponde a menos de 1% de todos os casos diagnosticados (AMÉRICASAMIGAS, 2018).
Além disso, é importante compreender como a realização do diagnóstico em tempo hábil pode ser importante para melhores condições de tratamento e qualidade de vida, evitando possíveis complicações e consequentemente, contribuir para a diminuição da mortalidade pela doença (DELGADILLO, 2020; OSORIO et al., 2020).
Os fatores de risco podem ser divididos em três tipos, sendo eles: comportamentais e ambientais; quanto à história reprodutiva e hormonais ou hereditários e genéticos. Dentre os fatores de risco relacionados ao desenvolvimento da doença, destacam-se a pré-disposição genética, menarca precoce, menopausa tardia, tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e alimentação inadequada. Outros fatores estão relacionados, como a idade em mulheres com mais de 50 anos, sendo estas mais propensas a desenvolver a doença (BRASIL, 2022).
Os fatores de risco podem ser classificados em “modificáveis” e “não modificáveis”. Instruir a população sobre as formas de prevenção é uma das linhas do cuidado Integral. Os fatores modificáveis para o câncer são aqueles que podem sofrer alterações com a adoção de alguns hábitos de vida saudáveis, como praticar exercícios físicos, ter uma alimentação que atenda às necessidades do corpo, evitar o sedentarismo e o excesso de bebidas alcoólicas, ou seja, ações voltadas para o equilíbrio e o bem-estar do corpo (PROCÓPIO, 2022).
Os não modificáveis são fatores que aumentam o risco de o indivíduo possuir câncer de mama e não podem ser mudados, como por exemplo os fatores genéticos, idade e raça. A prevenção do câncer de mama deve começar com atenção voltada aos fatores hereditários e genéticos, em que o histórico da patologia na família interfere diretamente no tempo em que os exames de rastreamento devem ser realizados (REAL E BENEMÉRITA ASSOCIAÇÃO PORTUGUESA DE BENEFICÊNCIA, 2021).
A prevenção de agravos e a promoção à saúde são fundamentais, e mudanças nos hábitos comportamentais, adoção à um estilo de vida mais saudável, além de práticas de exercícios físicos regularmente e ter uma alimentação equilibrada, são essenciais para diminuir as chances de possíveis complicações de saúde no futuro. Assim, as ações de prevenção ajudam a minimizar os custos de cuidado com a saúde, além de melhorar a qualidade de vida das pessoas (CARVALHO et al., 2020; VIEGAS et al., 2021).
As alterações relacionadas aos sinais de alerta para a doença devem ser investigadas, tais como, protuberâncias, mudança na forma da mama, nódulo fixo, endurecido e indolor, pele da mama avermelhada retraída, pequenas feridas na pele, alteração no mamilo, aparecimento de pequenos nódulos nos braços e axilas ou pescoço, presença de secreção nos mamilos, entre outros sinais relacionados. Desta forma, detectar e tratar precocemente o câncer de mama aumenta as chances de cura e realizar o exame de rotina é fundamental para o diagnóstico (KUHN et al., 2018; OHL et al., 2016; RIBEIRO et al., 2021).
A principal justificativa para a abordagem do tema proposto se dá pela alta taxa de incidência e mortalidade por neoplasias mamárias malignas no Brasil, sendo a primeira causa de morte por câncer na população feminina em todas as regiões do país, exceto na região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a primeira posição (BRASIL, 2022).
Com base no contexto apresentado, este estudo buscou, por meio da análise dos dados coletados analisar a incidência de câncer de mama no Brasil.
MÉTODO
O estudo em questão consiste em uma Revisão Integrativa da Literatura, que consiste em um método de pesquisa cujo objetivo é investigar sobre determinado assunto já discutido na literatura seguindo protocolos específicos, estratégias de busca, seleção criteriosa da amostra para análise dos resultados. Busca conhecer e analisar estudos já existentes com o intuito de correlacionar os estudos entre si, trazendo novas visões e interpretações a fim de contribuir cientificamente na identificação de lacunas e falhas nos estudos, bem como propor e impulsionar discussões acerca da temática estudada (GALVÃO; RICARTE, 2020).
Para elaboração dessa pesquisa, seguiu-se as etapas de construção da revisão integrativa, a saber: I) elaboração da pergunta norteadora; II) busca ou amostragem na literatura; III) coleta de dados; IV) análise crítica dos estudos incluídos; V) discussão dos resultados; VI) apresentação da revisão integrativa (SOUZA; SILVA; CARVALHO, 2010).
Foi realizado levantamento de publicações cientificas que respondiam a seguinte questão de pesquisa: ‘’Porque houve aumento na incidência do câncer de mama no Brasil nas últimas duas décadas?’’
A pesquisa foi realizada nas bases de dados virtuais SCIELO e BVS, sendo utilizados os descritores “Diagnóstico precoce do câncer”, “Antineoplásicos” e “Câncer mamário” e operador booleano “AND”. Os critérios de inclusão foram artigos publicados em português, no período de 2020 a 2022 e disponíveis gratuitamente. Foram excluídos artigos indisponíveis na íntegra ou que não descrevessem o tema abordado.
Para a coleta de dados e definição dos estudos e das informações a serem extraídas, foi utilizada a técnica de pesquisa de Análise de Conteúdo defendida por Laurence Bardin (2011), a qual é estruturada em três etapas, sendo elas: pré-análise; exploração do material (categorização); tratamento dos resultados (interpretação). Esta análise acontece por meio do processo de categorização dos artigos científicos, classificados e agrupados por temáticas e elementos que constituem cada um (SOUSA; SANTOS, 2010).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A partir dos resultados encontrados, foram aplicados os critérios de inclusão e exclusão, os quais resultaram em cinco artigos capazes de responder a pergunta e os objetivos de pesquisa.
O conteúdo extraído dos textos foi organizado no Quadro 1, contendo informações mais relevantes extraídas dos estudos: título do artigo, autores e ano da publicação, nome da revista, objetivos e principais resultados.
Quadro 1: Caracterização dos estudos em relação ao título, autoria, ano de publicação, revista, objetivos e principais resultados. Brasil, 2022.
TÍTULO DO ARTIGO | AUTOR/ANO | REVISTA | OJETIVOS | PRINCIPAISRESULTADOS |
Câncer de mama e análise dos fatores relacionados aos métodos de detecção e estadiamento da doença. | Dourado, C. A. R. D. O., Santos, C. M. F. D., Santana, V. M. D., Gomes, T. N., Cavalcante, L. T. S., & Lima, M. C. L. D. 2022. | Revista Cogitare Enferm | Descrever o perfil das mulheres acometidas pelo câncer de mama e avaliar os aspectos relacionados aos métodos de detecção e estadiamento da doença e suas associações. | 40,3% da amostra tinha <50 anos e o autoexame foi o método de detecção prevalente (74,9%) em todas as idades grupos, com associação significativa para estágios mais avançados da doença, >70% da amostra. |
Incidência de câncer nas regiões brasileiras e suas associações às políticas de saúde | Paiva, K.M.P.; Besen, E.; Moreira, E.; Corrêa, V.; Silveira, D.; Pozzi, R.; Hass, P. 2022. | Revista Saud Pesq. | Analisar as taxas de incidência de câncer de pulmão, traqueia, brônquios, esófago, estômago, cólon, reto, ânus, próstata, lábio, cavidade oral, melanoma maligno da pele e outras neoplasias malignas de pele verificando a tendência nas regiões brasileiras, e a relação com as políticas públicas existentes neste período. | Observa-se diferentes padrões de incidência dos principais tipos de cânceres entre as regiões brasileiras, com as maiores taxas para o câncer de próstata, de mama, de pele e cólon, reto e ânus, que permaneceram em ascensão no período analisado. O câncer de pulmão, brônquio e traqueia tem apresentado tendência de estabilidade e no de estômago, houve redução para o sexo masculino na região sudeste. |
Câncer de mama no Brasil: medicina e saúde pública no século xx. | Teixeira, L. A.; Neto, L.A.A. 2020. | Revista Saúde Soc. | Discutir sobre o Câncer de mama no Brasil. | A partir do desenvolvimento de tecnologias médicas de diagnóstico precoce, deu-se mais atenção ao processo de prevenção à doença, implicando controvérsias sobre a melhor forma de implementar as práticas de prevenção. |
Detecção precoce do câncer de mama em Unidades Básicas de Saúde. | Melo, F.B.B.; Figueiredo, E.N.; Panobianco , M.S.; Gutiérrez, M.G.R.; Rosa, A.S. 2021. | Acta Paul Enferm. | Analisar as ações para detecção precoce do câncer de mama realizadas por enfermeiros da atençãoprimária, de acordo com as diferentes configurações de unidades básicas de saúde. | Dos 133 enfermeiros do estudo, 46,6% atuavam em unidades básicas da Estratégia Saúde da Família, 31,6% em unidades mistas e 21,8% em unidades tradicionais. Houve melhor desempenho para o modelo Estratégia Saúde da Família, com resultados estatisticamente significativos para as seguintes ações: investigação dos fatores de risco (p=<0,001); orientação da idade ideal para o exame clinico das mamas e a importância de sua realização (p=0,002 e p=<0,001. |
Histórico familiar para câncer de mama em mulheres: estudo populacional em Uberaba (MG) utilizando o Family history screen-7. | Buranello, M.C.; Walsh, I.A.P.; Pereira G.A.; de Castro S.S. 2021. | Revista Saúde Debate | Determinar a prevalência de mulheres com risco de desenvolvimento de câncer de mama pelo histórico familiar em Uberaba (MG), e essa prevalência nas diferentes condições socioeconômicas e epidemiológicas. P | Como resultado, 28,6% da amostra apresentaram risco hereditário para câncer de mama. Houve associação significativa do risco de câncer quanto a: faixa etária, sendo nas mulheres com idade de 70 anos ou mais a maior proporção com risco (33,5%); etnia, sendo a maior proporção entre mulheres de etnia branca (31,2%); renda familiar, com maior ocorrência para renda per capita > 2,5 salários-mínimos (31,6%); prática de exames preventivos (30,6%); e alterações benignas na mama (46,7%). |
Com base nos artigos revisados neste estudo, observou-se possíveis causas para o aumento epidemiológico do câncer de mama no Brasil nos últimos 20 anos. Uma grande variedade de acontecimentos pode ter contribuído não só para o aumento na incidência da doença, como também para maior conhecimento dos casos devido as evoluções clínicas, que contribuíram para melhorias no processo de fechamento do diagnóstico e levantamentos estatísticos (TEIXEIRA; NETO, 2020).
Tais mudanças se deram a partir de diversos processos sociais, entre eles, o desenvolvimento do conhecimento médico, novas tecnologias diagnósticas e terapêuticas, transições demográficas e epidemiológicas e avanço da urbanização e industrialização (TEIXEIRA; NETO, 2020).
Fatores relacionados ao aparecimento do carcinoma mamário precisam ser traçados para determinar o enfoque adequado de planejamento para prevenção da doença. Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), 8.8 milhões de pessoas, principalmente as que moram em países subdesenvolvidos, acabam morrendo anualmente por consequência do câncer (PAIVA et al., 2020).
O controle do câncer de mama é um problema de saúde pública e é feito através de ações estratégicas na prevenção, no atendimento e tratamento. Sabe-se que a epidemiologia do câncer de mama no Brasil é multifatorial, sua incidência corresponde ao surgimento de novos casos em um mesmo local e período de tempo. No início do século XX, pouco se sabia sobre as taxas de incidência do câncer de mama no país, porém com os avanços tecnológicos e científicos da saúde esse tipo de abordagem passou a ser mais estudada e o acesso a informações mais efetivo, atualmente já se tem conhecimento, por exemplo, das taxas incidentes em cada região do país (PAIVA et al., 2020).
Segundo estudos, levando em consideração os anos de 2002 a 2013, quanto ao câncer específico por sexo, exceto quanto ao câncer de pele não melanoma, o câncer de mama é o mais frequente entre a população feminina, apresentando aumento entre 2002 (40,6%) e 2005 (52,9%) seguido por uma pequena queda percentual até 2011 (49,3%) e novamente um aumento em 2013 (52,5%). A região sudeste apresentou a taxa média mais elevada (68,7%) dentre as regiões brasileiras, acima da média nacional (49,2%) em todo o período analisado, seguido pela região sul (58,7%) (PAIVA et al., 2020).
Atualmente, são estimados 704 mil novos casos de câncer no Brasil para cada ano do triênio 2023-2025, sendo destes um percentual equivalente a um décimo do total construído pelo câncer de mama, com estimativas de até 74 mil novos casos previstos por ano até 2025.4
Dessa forma, evidencia-se que os fatores que levaram a essa oscilação e posteriormente a um progressivo aumento, precisam ser analisados para que se possa entender o motivo de tal evento, afim de se estabelecer um rastreamento eficaz e possibilitar a prevenção da doença.
O rastreamento para pessoas com história familiar de câncer de mama deve iniciar aos 35 anos de idade com mamografias anuais e exame clínico das mamas. Existem ainda, exames para detecção de mutações génicas que podem ser indicados, este método pode ser utilizado em mulheres e homens, principalmente aqueles que têm histórico familiar da patologia (INCA, 2021).
Em média, 10% dos casos de carcinomas mamários são por fatores hereditários, e as mutações dos genes BRCA1 e BRCA2 se encaixam nesses fatores. Além disso, se a mulher tiver casos na família de parentes em primeiro grau que tiveram a doença, o risco desta desenvolver o câncer de mama pode se tornar ainda mais elevado (BRASIL, 2022)
De modo geral, todo tumor ocorre devido a anormalidades genéticas, pois se formam a partir de alterações indevidas dos genes durante o processo de multiplicação celular. Todavia, algumas dessas falhas podem estar associadas a fatores hereditários de predisposição. O fato de ser mais vulnerável, não significa que a mulher necessariamente desenvolverá o câncer de mama. No entanto, o risco pode aumentar, já que para quem apresenta predisposições genéticas familiares, os fatores ambientais se somam à vulnerabilidade hereditária já existente (BURANELLO et al., 2021).
De acordo com dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a pré-disponibilidade hereditária para o desenvolvimento da doença, corresponde a cerca de 10% do total de casos. No caso do câncer de mama, o risco hereditário envolve mutações genéticas relacionadas, especialmente, aos genes BRCA1 e BRCA2, que são supressores de tumor, porém em indivíduos com risco hereditário, há a herança genética de determinada mutação em um dos seus alelos, predispondo à sua inativação e ao consequente desenvolvimento do carcinoma (BURANELLO et al., 2021).
Em um estudo realizado na cidade de Uberaba (MG), com uma amostra de 1.520 mulheres maiores de 20 anos, através da realização de testes genômicos foi possível traçar um perfil epidemiológico no grupo em questão, onde Como resultado, 28,6% da amostra apresentaram risco hereditário para câncer de mama, destes pôde-se notar uma associação significativa do risco de câncer quanto a faixa etária, sendo nas mulheres com idade de 70 anos ou mais, a maior proporção com risco; etnia, sendo a maior proporção entre mulheres de etnia branca; e renda familiar, com maior ocorrência em mulheres com renda per capita maior que dois salários mínimos. Tais resultados possibilitam melhores direcionamentos de políticas públicas na região (BURANELLO et al., 2021).
Em contrapartida este tipo de testagem não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), o que dificulta o rastreamento genômico da doença pelos profissionais de saúde. Portanto, deve-se sempre atentar quanto ao histórico familiar da paciente, pois a presença do diagnóstico na família, principalmente em parentes de primeiro grau, é considerada um importante fator de risco para o desenvolvimento do câncer de mama antes dos 50 anos de idade (BURANELLO et al., 2021).
Frente a este contexto, a estratégia de detecção precoce objetiva constatar a doença já instalada, porém em estágios iniciais, a qual pode ocorrer de duas formas: ou por diagnóstico precoce, que identifica os sinais e sintomas prematuros da doença, ou por rastreamento, que é a aplicação de exames em pessoas sem sinais e sintomas da doença, para identificá-la na fase pré-clínica, ou seja, assintomática (TEIXEIRA et al., 2017).
Dessa maneira, é importante salientar a necessidade de extrapolação dessa estratégia de modo a englobar faixas etárias inferiores aos 50 anos, através de ações e atividades estratégicas de saúde realizadas rotineiramente no processo de trabalho das equipes de saúde (DOURADO et al., 2022).
Vale destacar que as estratégias de diagnóstico precoce estão baseadas em três pilares: população munida de conhecimento, profissionais capacitados e sistemas e serviços de saúde eficientes. O alcance dessa tríade pode acontecer por meio do alinhamento de estratégias de conhecimento da população feminina e do fortalecimento de investigações clínico-diagnósticas por parte dos profissionais médicos e enfermeiros através do desenvolvimento mais eficaz do exame clínico das mamas (DOURADO et al., 2022).
A não recomendação do autoexame como método de rastreamento é um consenso entre os especialistas, pois não possui impacto significativo na redução da mortalidade, e a malignidade já se encontra em estágios mais avançados na maioria dos casos, com pior prognóstico (DOURADO et al., 2022).
Identificar sintomas iniciais da doença eleva as chances de um tratamento mais eficaz e menos doloroso, pois sabe-se que o diagnóstico tardio pode aumentar o tempo de tratamento e diminuir a sua eficácia a depender do estadiamento da doença, além de ser mais doloroso para o paciente (MELO et al., 2022).
O atendimento integral à saúde das mulheres, a prevenção e o tratamento precoce contra o câncer de mama são fatores relevantes e considerados desafios que precisam de investimentos junto à complementação de diretrizes que reforçam o controle com recomendações do rastreamento (MELO et al., 2022).
Dessa forma, as principais associações de especialistas nacionais têm proposto um alargamento na faixa etária para o rastreamento, além de uma periodicidade anual, associada à melhoria de elementos complementares como educação em saúde para a sociedade e periodicidade anual de exames clínicos de rotina (MELO et al., 2022).
Entre os fatores relacionado a história reprodutiva e hormonais, a primeira menstruação anterior aos 12 anos de idade e parar de menstruar após os 55 anos são fatores que podem aumentar os riscos da doença e que não podem ser modificados como forma de prevenção. Todavia, fatores hormonais como fazer uso prolongado de contraceptivos orais são fatores que podem sofrer alterações, sendo indicada a substituição por métodos não hormonais, visto que podem influenciar na saúde da mulher (TEIXEIRA; NETO, 2020).
A amamentação também contribui para reduzir as probabilidades de a mãe desenvolver o câncer de mama, sendo considerada uma prevenção primária no Brasil, visto que reduz os hormônios que aumentam o risco de câncer e elimina as células mamárias com mutações (TEIXEIRA; NETO, 2020).
O excesso de gordura do corpo é um fator que pode contribuir para o desenvolvimento da doença, pois ele aumenta os níveis de hormônios circulantes no organismo. A atividade física equilibra os hormônios circulantes e ajuda na desinflamação do corpo, dessa forma, diminui as chances de o indivíduo desenvolver o câncer. A prevenção do sedentarismo com práticas de atividades físicas rotineiramente com a estimulação da população através de estratégias de atenção à saúde é de suma importância e o enfermeiro tem um papel fundamental na orientação dessa população (PAIVA et al., 2020).
Há ainda, fatores de risco comportamentais e ambientais como, alimentação pobre em nutrientes e ingesta excessiva de bebidas alcoólicas. Uma alimentação saudável, que supra as necessidades do organismo é fundamental. A obesidade e o sobrepeso após a menopausa também são considerados fatore de risco comportamental e ambiental (PAIVA et al., 2020).
A ingestão de bebidas alcoólicas pode expor o corpo ao desenvolvimento do câncer de mama, pois o álcool pode causar alterações no DNA e aumentar os níveis de estrogênio no corpo quando consumido deliberadamente (PAIVA et al., 2020).
Segundo a Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à saúde da mama (FEMAMA) com a realização do diagnóstico precoce as chances de cura são de 95% para o câncer de mama. Quanto mais rápido identificado o estadiamento da doença, maiores as chances de reversão no quadro clínico do paciente (TEIXEIRA; NETO, 2020).
A educação em saúde possui um papel importante para alertar a população em relação a ações que podem influenciar tanto sobre os fatores modificáveis, quanto não modificáveis para o surgimento da doença. Vale ressaltar a importância de enfermeiros qualificados e capacitados, desde a detecção dos sinais de alerta e interpretações de resultados, até o tratamento paliativo da patologia DOURADO et al., 2022).
Ademais, também houve crescimento substancial das atribuições dos profissionais da rede de atenção básica, contudo, há necessidade de maior investimento institucional no processo de educação permanente desses profissionais quanto a sua atuação na APS. Além disso, é preciso modernizar as estratégias didáticas utilizadas na educação em saúde e os conteúdos abordados, visando sua real contribuição para o sistema de saúde centrado neste modelo de atenção (MELO et al., 2021).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por meio deste estudo, foi possível discutir sobre as possíveis causas do aumento das taxas da incidência do câncer de mama no Brasil nos últimos anos, através da compreensão dos fatores de risco que fazem as taxas de incidência variar nas diferentes regiões brasileiras, de forma a contribuir para o planejamento de estratégias de controle, observando ainda, a sua relação com nível de desenvolvimento regional.
Conclui-se, portanto, que os fatores como o desenvolvimento do conhecimento médico associado a novas tecnologias diagnósticas e terapêuticas, contribuíram para identificação mais efetiva do diagnóstico. Além disso, o fenômeno das transições demográficas e epidemiológicas, avanço da urbanização e industrialização podem ter contribuído para o aumento nos números de casos.
Fatores de predisposição hereditária para o desenvolvimento da doença precisam ser considerados como um potencial de risco relevante, pois somam-se a fatores externos aumentando a probabilidade de desenvolver o carcinoma mamário.
Destaca-se o padrão alimentar inadequado rico em calorias, o sedentário, a ingestão de bebidas alcoólicas e tabagismo como alguns dos fatores que contribuem para o desenvolvimento da doença.
Além disso, destacou-se os fatores protetores, como a prática regular de exercícios físicos, ter uma alimentação saudável, amamentação por maior tempo, são importantes formas de prevenção do câncer de mama. Estratégias de rastreamento eficazes podem fazer uma diferença significativa no diagnóstico precoce. Por fim, pode-se notar que quanto mais desenvolvida a região, maior será a incidência do câncer de mama.
REFERÊNCIAS
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1Centro Universitário Maurício de Nassau (Uninassau). Belém, Pará, Brasil.