INCIDÊNCIA DO CÂNCER DE MAMA NAS MULHERES EM IDADE FÉRTIL: UMA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/pa10202408032048


Ianne Florian Barboza
Mariana Barbosa Pinheiro
Orientadora: Profª. Dra. Lívia F. S. Verzola


RESUMO

O câncer, de maneira geral, consiste na perda de controle do crescimento e proliferação celular, que passa a ser desordenada e exacerbada. As células passam a se dividir de forma rápida, agressiva e incontrolável, espalhando-se para vários locais do corpo .O câncer de mama atinge cerca de 30,1% mulheres no Brasil, segundo o INCA, de forma a apresentar significativo peso epidemiológico e importante problema de saúde pública. O objetivo deste estudo foi analisar a produção científica disponível acerca do conhecimento sobre a incidência do câncer de mama nas mulheres em idade fértil. Optou-se por uma revisão integrativa da literatura (RI), como método de pesquisa. A questão norteadora para condução da RI foi: Quais as evidências científicas produzidas na literatura acerca da incidência do câncer de mama nas mulheres na idade fértil? Para a busca dos estudos a base de dados escolhida foi a Biblioteca Virtual em Saúde. Foram utilizados os Descritores em Ciências da Saúde câncer: de mama; idade reprodutiva; idade fértil; mulheres em idade fértil; neoplasia maligna; neoplasia mamárias . Os critérios de inclusão estabelecidos foram: textos disponíveis na íntegra; limites: humanos, adultos, do sexo feminino; língua: inglês e português (independente do país de origem); tipo de documento: artigo; artigos publicados de 2001 até a data atual. Os critérios de exclusão adotados foram: a repetição dos artigos. Concluiu-se que a revisão integrativa revelou diversas evidências sobre a incidência do câncer de mama nas mulheres em idade fértil, destacando fatores de risco, padrões de incidência e a importância de políticas públicas para prevenção e tratamento. Ademais, nota-se, através da análise dos artigos a importância do rastreamento para detecção precoce da doença, com o objetivo de se alcançar maior índice de cura dentre as mulheres diagnosticadas. Identificou-se a necessidade de mais estudos longitudinais e comparativos para aprofundar o entendimento e melhorar as estratégias de saúde pública.

Palavras-chave:. câncer de mama. tumor de mama. jovem adulto. período fértil. incidência

ABSTRACT

Cancer, in general, consists of the loss of control over cell growth and proliferation, which becomes disordered and exacerbated. The cells begin to divide quickly, aggressively and uncontrollably, spreading to various parts of the body. Breast cancer affects around 30.1% of women in Brazil, according to INCA, presenting a significant epidemiological and important public health problem. The objective of this study was to analyze the scientific production available regarding knowledge about the incidence of breast cancer in women of childbearing age. An integrative literature review was chosen as a research method. The guiding question for conducting the IR was: What is the scientific evidence produced in the literature regarding the incidence of breast cancer in women of childbearing age? To search for studies, the database chosen was the Virtual Health Library. The Health Sciences Descriptors cancer were used: breast; reproductive age; fertile age; women of childbearing age; malignant neoplasm; breast neoplasia. The inclusion criteria established were: texts available in full; limits: human, adult, female; language: English and Portuguese (regardless of country of origin); document type: article; articles published from 2001 to the present date. The exclusion criteria adopted were: repetition of articles. It was concluded that the integrative review revealed diverse evidence on the incidence of breast cancer in women of childbearing age, highlighting risk factors, incidence patterns and the importance of public policies for prevention and treatment. Furthermore ,through the analysis of the articles, it is noticed the importance of screening for early detection of the disease, with the aim of achieving a higher cure rate among women who have the diagnoses. The need for more longitudinal and comparative studies was identified to deepen understanding and improve public health strategies.

Keywords: breast cancer. breast tumor. young adult. fertile period. incidence

1 INTRODUÇÃO

No corpo humano, diariamente ocorrem processos de proliferação celular. De forma fisiológica, ocorre crescimento controlado, com aumento localizado e autolimitado de tecidos que formam o organismo. Quando há crescimento autônomo, e de massa anormal de tecido, caracteriza-se processo patológico. (SANTOS TB, et al).

O câncer, de maneira geral, consiste na perda de controle do crescimento e proliferação celular, que passa a ser desordenada e exacerbada. As células passam a se dividir de forma rápida, agressiva e incontrolável, espalhando-se para vários locais do corpo. (SANTOS TB, et al)

Segundo o INCA, ao nos restringirmos a análise dos cânceres mais prevalentes na população feminina no Brasil, o câncer de mama corresponde a 30,1% (com 71.730 novos casos, tendo como base o ano de 2022), seguido de cólon e reto com prevalência de 9,2%, traqueia, brônquio e pulmão com 7,5, estômago com 5,6%, seguindo então para outros com menores incidências.(INCA, 2023).

Em relação ao câncer de mama, várias pesquisas contribuem para a confirmação de que, o desenvolvimento desse tipo de câncer, provém de alterações genéticas, que aumentam a taxa de proliferação e dano celular, o que altera o processo de regulação do crescimento e da morte celular, proporcionando a transformação de uma célula sem alterações em uma célula maligna.(VIEIRA DSC, et al)

Embora o exato mecanismo causal do câncer de mama não seja totalmente esclarecido, sabe-se que a interação entre fatores genéticos e ambientais contribuem de forma significativa para o desenvolvimento e evolução dos casos. Atualmente, a mutação de 3 genes tem sido apontadas como maior caso do desenvolvimento do câncer de mama, sendo eles BRCA1, BRCA2, TP53.(INCA, 2011)

Embora em países desenvolvidos o CA de mama seja mais prevalente, sua mortalidade é menor devido a programas de rastreamento e tratamentos eficientes, no Brasil, por outro lado, observa-se não somente uma alta morbimortalidade, como um aumento da incidência (PINHEIRO AB, et al.), isso porque se tem, atualmente, a tentativa de maior cobertura de rastreio, mas diversas barreiras para seguimento. 

Ao dar ênfase em cânceres em geral, sabe-se que possuem uma prevalência aumentada ao se tratar de indivíduos com idades mais avançadas, e o CA de mama não se diferencia nesse quesito, já que possui uma maior prevalência em mulheres com mais de 40 anos de idade, isto observa-se inclusive na idade de rastreio coberta pelo MS, sendo indicada acima de 50 anos exames como a mamografia e o ultrassom de mamas. De forma geral o CA de mama é o responsável pela maior frequência de mortalidade em mulheres quando se relaciona com todos os cânceres.

Ainda que a prevalência se destaque em mulheres de mais idade, mulheres jovens, em idade fertil, não deixam de serem acometidas, e quando ocorre, esta fatalidade, são, normalmente, de diagnóstico tardio (4) (CRIPPA CG, et al.), e principalmente a doença habitua-se a ter pior prognóstico no seu curso, gerando não somente aumento da morbimortalidade, mas também grande impacto psicossocial e funcional.

O câncer de mama está relacionado a diversos fatores de risco que aumentam, de forma significativa, a chance da ocorrência do mesmo, sendo os principais: relação com idade avançada, história familiar e pessoal, hábitos de vida e influências ambientais.

Os principais fatores de risco para o desenvolvimento de câncer de mama relacionam-se com idade avançada, características reprodutivas, história familiar e pessoal, hábitos de vida e influências ambientais. As características reprodutivas de risco se dão porque a doença é estrogênio-dependente, e compreendem a menarca precoce (aos 11 anos ou menos), a menopausa tardia (aos 55 anos ou mais), a primeira gestação após os 30 anos e a nuliparidade. A influência da amamentação, do uso de contraceptivos e da terapia de reposição hormonal (TRH) após a menopausa ainda são controversas. (SILVA PA, et al.)

Atualmente entende-se que o maior tempo de exposição aos hormônios femininos como estrógeno e progesterona, proporciona aumento do risco de desenvolvimento do câncer de mama, isso por conta da ligação das moléculas de estrógeno e de progesterona aos receptores que se encontram no tecido mamário, os quais possuem como função o controle da multiplicação celular nas glândulas mamárias, para atender as necessidades fisiológicas, correspondentes a fase menacme da mulher, no qual as alterações hormonais são intensas e fundamentais para ciclo reprodutivo.

Quanto a história familiar, aumenta o risco de câncer de mama: um ou mais parentes de primeiro grau com câncer de mama antes dos 50 anos, um ou mais parentes de primeiro grau com câncer de mama bilateral ou câncer ovariano em qualquer idade, parente com câncer de mama masculina, câncer de mama e/ou doença mamária benigna prévios. (SILVA PA, et al.)

Em relação aos hábitos de vida, a obesidade, devido ao aumento da produção de estrogênio pela maior quantidade de tecido adiposo;uso de álcool de forma regular, acima de 60 gramas por dia, pois o acetaldeído, metabólito do álcool, possui alto potencial mutagênico, além de estimular a produção de estrogênio. (SILVA PA, et al.)

Sobre fatores ambientais, o mais importante para o aumento da ocorrência do câncer em questão, é a exposição à radiação ionizante (COELHO AS, et al.), sendo a chance de câncer diretamente proporcional à dosagem da radiação.

Os genes BRCA1 e BRCA2 são classificados como genes supressores tumorais, no qual estão relacionados aos aspectos centrais do metabolismo celular, tais como reparo de danos ao DNA, regulação da expressão gênica e controle do ciclo celular. (COELHO AS, et al.)

O BRCA1 localiza-se no braço longo do cromossomo 17 na posição 21 (17q21) e codifica uma proteína com 1.863 aminoácidos, sendo sua principal função a reparação do DNA na recombinação homóloga, reparo por excisão de nucleotí­deos (REN) e na regulação do ciclo celular, sendo expresso quando há uma instabilidade genômica mediada por estrogênio. O BRCA2 está situado no braço longo no cromossomo 13 na posição 12.3 (13q12.3) e codifica uma proteína com 3.428 aminoácidos, tendo a função através da interação com a RAD51 de reparar as quebras na dupla fita de DNA. (COELHO AS, et al.)

O efeito cancerígeno em células germinativas pode aparecer quando os dois genes supressores, BRCA1 e BRCA2 perderem sua função nos dois alelos (Hipótese de Knudson), com mutação na linhagem germinativa (herdada), seguida por outro evento que silencie o gene (mutação somática). Por outro lado, nos casos esporádicos são necessárias duas mutações a nível somático (mutações adquiridas) no qual resulta também na inativação gênica. Desta forma, quando estes genes perdem sua função eles não param o ciclo celular e não estimulam o sistema de reparo e a apoptose, provocando o efeito carcino­gênico. (COELHO AS, et al.)

A identificação da presença de mutações germinativas nos genes BRCA1 e BRCA2, é realizada por testes genéticos, sendo a escolha do método dependente dos recursos financeiros disponíveis e da existência de uma mutação identificada na família ou no grupo étnico do paciente.(8) (INCA, 2011). O objetivo deste estudo foi realizar uma revisão da literatura, sobre câncer de mama hereditário destacando portadores de mutações germinativas nos genes BRCA1 e BRCA2 que apresentam susceptibilidade para o desenvolvimento de câncer de mama.

Dois genes são de extrema importância na fisiopatologia do câncer de mama, sendo eles o BRCA1 que localiza-se no braço longo do cromossomo 17 na posição 21 (17q21), que tem como principal função a reparação do DNA na recombinação homóloga, reparo por excisão de nucleotí­deos (REN) e na regulação do ciclo celular, e o BRCA2, que está situado no braço longo no cromossomo 13 na posição 12.3 (13q12.3), tendo a função através da interação com a RAD51 de reparar as quebras na dupla fita de DNA. (COELHO AS, et al.) Ambos são genes supressores tumorais, relacionados ao metabolismo celular.

Uma vez que os genes em questão são responsáveis por suprimir ação tumoral e reparar qualquer defeito no ciclo celular, o efeito cancerígeno em células germinativas pode aparecer quando os dois genes supressores perdem sua função nos dois alelos (Hipótese de Knudson), com mutação na linhagem germinativa (herdada), seguida por outro evento que silencie o gene (mutação somática). (COELHO AS, et al.)

Por outro lado, nos casos esporádicos são necessárias duas mutações a nível somático (mutações adquiridas) no qual resulta também na inativação gênica. Portanto, se os genes perdem sua função, não há reparo celular adequado, gerando efeito carcinogênico. Além disso, quando há mutação nesses genes, os chamados genes protetores (gatekeepers) , que regulam diretamente o crescimento celular, são mutados.

Em pacientes portadores de mutações no BRCA1 e BRCA2, são caracterizados em 90% dos casos como triplo negativo, devido a deficiência em três receptores celulares: receptor de fatores de crescimento epidermal (HER2/Erb2), receptor de progesterona (PR), e receptor de estrógeno (ER). (COELHO AS, et al.)

O resultado de testes moleculares, associado aos fatores de risco revelam o real risco para o desenvolvimento do câncer de mama, além de direcionar a conduta de forma individualizada para cada paciente.

Frente ao exposto, o objetivo desse estudo foi analisar dados referentes a produção científica disponível acerca da incidência do câncer de mama em mulheres em idade fértil.

2 METODOLOGIA

Tratou-se de uma revisão integrativa (RI) da literatura. Trata-se de um método de pesquisa utilizados na prática baseada em evidências, que permite a incorporação das evidências na prática clínica. Esse método permite a junção de diversos estudos já realizados e, a partir da síntese dos mesmos, possibilita conclusões gerais acerca de determinado tema.

A questão norteadora para condução da RI foi: Quais as evidências científicas produzidas na literatura acerca da incidência do câncer de mama nas mulheres em idade fértil. Para a busca dos estudos, a base de dados escolhida foi a plataforma Scielo. A busca ocorreu dia 31/01/2023 às 20:00. Os descritores adotados para os cruzamentos foram: câncer de mama, adultos jovens, neoplasia da mama, tumor de mama, jovem adulto, período fértil, incidência.

Os critérios de inclusão estabelecidos foram:  neoplasia de mama, mamografia, mama, neoplasias, receptores de estrogênio, detecção precoce de câncer, doenças mamárias, carcinoma in situ, estradiol, genes BRCA1.

Os critérios de exclusão adotados foram: a repetição dos artigos, artigos de temática diferente da estudada, artigos com metodologia não condizente.

Quadro 1 – Cruzamento dos descritores para a Revisão Integrativa

Elaborado pelos autores

O cruzamento entre os descritores foi realizado utilizando todas as combinações possíveis, sendo o resultado sempre o mesmo.

A figura 1, aponta a seleção e exclusão dos artigos apontando os resultados em cada filtro aplicado, e dos quais 8 artigos foram selecionados.

Para a construção da introdução, foram utilizados artigos científicos levantados da plataforma Scielo, utilizando-se dos mesmos descritores adotados para a RI, de maneira isolada.

Figura 1. Fluxograma da busca dos referenciais

Elaborado pelos autores.

3. RESULTADOS

Para obtenção da resposta da pergunta de pesquisa desta RI, a busca na Scielo resgatou, após aplicação de todos os critérios descritos, artigos como segue abaixo no Quadro 2.

Quadro 2 – Síntese dos artigos selecionados para a RI. Franca, SP- 2023.

ArtigoTítuloObjetivoResultadoConclusão
3Câncer de Mama em Mulheres Jovens: Análise de 12.689 CasosDescrever o perfil clínico e epidemiológico de mulheres jovens diagnosticadas com câncer de mama no Brasil e comparar as características clínicas entre mulheres com idade inferior a 34 anos e aquelas entre 35 e 39 anos.Foram incluídos 12.689 casos. A idade mediana foi de 36 anos, a maioria das mulheres possuía ensino médio (32,3%) e era proveniente do Sistema Único de Saúde (74,6%). O estadiamento avançado (≥IIB) foi registrado em 62,8% dos casos e, ao final do primeiro tratamento, 44,4% das pacientes encontravam-se sem evidência da doença. Mulheres muito jovens apresentaram mais frequentemente tamanho do tumor >2cm, status dos linfonodos positivo, presença de metástase, estadiamento clínico avançado (≥IIB) e ausência de resposta terapêutica ao primeiro tratamento.  No Brasil, mulheres jovens com câncer de mama apresentam estadiamento avançado ao diagnóstico. Aquelas muito jovens (< 35 anos)  apresentam doença ainda mais avançada e pior resposta terapêutica que aquelas entre 35 e 39 anos.    
4Perfil Clínico e Epidemiológico do Câncer de Mama em Mulheres JovensDescrever as principais características clínicas e epidemiológicas do câncer de mama em mulheres com idade igual ou inferior a 35 anos no momento do diagnóstico.  A idade média foi de 31,6 anos. O principal motivo da consulta relatado por 75,4% das pacientes foi nódulo mamário, verificando-se que apenas 2,2% das mulheres eram assintomáticas. História familiar de câncer de mama foi referida por 21,8% das pacientes. O diagnóstico da doença durante o período grávido-puerperal aconteceu em 17% dos casos. O tipo histológico mais encontrado foi o carcinoma ductalinfiltrativo e suas variantes, em 95,6% dos casos. A maioria (55,9%) das pacientes apresentou comprometimento dos linfonodos locorregionais no exame histopatológico, enquanto o estadiamento pós-operatório mais frequente (33,1%) foi o IIA. Os receptores de estrogênio estavam ausentes na maior parte dos tumores (54,5%). Quanto ao tratamento realizado, 63,1% das mulheres foram submetidas à mastectomia radical modificada  O câncer de mama na mulher jovem é, na grande maioria dos casos, diagnosticado tardiamente, sendo raramente encontrado pelo médico ao exame clínico de paciente assintomática.    
9Carcinoma de mama: novos conceitos na classificaçãoResumir os mais recentes conhecimentos em que se baseiam os novos conceitos da classificação do carcinoma de mamaAté o final da década passada, as pacientes que tinham o diagnóstico de carcinoma de mama eram tratadas como doenças semelhantes, baseado principalmente numa classificação morfológica que impossibilitava justificar por que os casos com o mesmo diagnóstico e estádio podiam ter desfechos clínicos marcadamente diferentes. As deficiências na investigação dos diferentes tipos tumorais, como doenças distintas, podem ser explicadas pelas presumíveis limitações da classificação vigente, que utilizava somente critérios clínicos e morfológicos. Hoje em dia, não há dúvida sobre a importância dos estudos do grupo de Stanford32, que, baseado em estudos com cDNAmicroarrays, impulsionou a classificação dos carcinomas de mama, ao introduzir conhecimentos sobre o perfil molecular.Um dos maiores desafios dos pesquisadores é melhorar os diagnósticos para direcionar condutas terapêuticas mais individualizadas, especialmente às pacientes com perfil basal, que estão relacionadas com um pior prognóstico e com um curso da doença mais agressivo, sem resposta à terapia utilizada. No futuro, o conhecimento genético sobre a carcinogênese mamária poderá servir de subsídio para orientar políticas de rastreio e o melhor controle do carcinoma de mama.
30  Identificação da mulher com alto risco para o desenvolvimento do câncer de mama: revisão sistemática da literatura  Identificar a partir da análise clínica a paciente considerada “alto risco” para desenvolver câncer de mama. Discutir medidas de redução de risco para essas mulheres e relatar como é realizado atualmente o rastreamento da doença.O principal método de rastreamento para a doença é a mamografia. Mulheres consideradas “alto risco” para o desenvolvimento da doença devem ser rastreadas anualmente com mamografia e ressonância magnética à partir dos 30 anos ou 10 anos antes da idade em que a parente de primeiro grau teve câncer de mama, ou 8 anos após a irradiação do tórax. A Ressonância magnética das mamas é recomendada nas mulheres entre 25 e 50 anos como exame de imagem primário, sendo após essa faixa etária, a mamografia o método primário para rastreio. A ultrassonografia das mamas é apropriada para mulheres jovens, com mamas densas, gestantes ou para aquelas que não possuem condições de realizar a ressonância.A identificação da mulher com alto risco para o desenvolvimento da doença, permite que estratégias de prevenção para o câncer de mama sejam discutidas com a paciente, sendo a cirurgia redutora de risco uma medida efetiva na diminuição da incidência da doença nessas situações. A literatura estudada demonstra que identificar a paciente “alto risco” para o desenvolvimento do câncer de mama é imprescindível para que o rastreamento da doença seja feito adequadamente, promovendo o diagnóstico precoce e dessa forma proporcionando um tratamento adequado e mudando o curso natural da doença.
31Perfil das internações por neoplasias no Sistema Único de Saúde: estudo de séries temporais.  Descrever o perfil das internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS) por diagnóstico de câncer no Brasil no período de 2008 a 2018. No período de 2008 a 2018, a taxa de internação por neoplasias malignas apresentou tendência crescente no SUS, com variação anual de 10,7% (p < 0,001; IC = 9,4–11,7). Observou-se tendência crescente de internações em todas as regiões do Brasil, com exceção da região Norte, que apresentou comportamento estacionário. A região Nordeste foi a que apresentou maior variação anual (13,5%; p < 0,001), enquanto as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação por 100 mil habitantes, 506 e 325 respectivamente As internações por neoplasias malignas mostraram tendência crescente, em consonância com o aumento da incidência de câncer, em particular das neoplasias mais incidentes entre homens e mulheres. Apesar da região Nordeste ter apresentado maior variação no período, as regiões Sul e Sudeste apresentaram as maiores taxas de internação do país. Observou-se também aumento das internações entre a população jovem (entre 0 e 19 anos) e mais idosa (acima de 60 anos). As internações por neoplasias de colo de útero nas mulheres, embora ainda sejam a terceira causa de internações, apresentaram comportamento decrescente.
32Internações por neoplasia maligna da mama nas regiões brasileiras no período de 2014 a 2018  Analisar os casos de internação por neoplasia maligna da mama nas regiões brasileiras de 2014 a 2018.Foram notificados 305.086 internamentos por câncer de mama no período de 2014 a 2018. Em 2017 ocorreram o maior número de internações com 65.029 (21,3%) casos, a região Sudeste ocupou o primeiro lugar com 51,1% dos internamentos, houve predominância do sexo feminino (98,9%), cor branca (45,8%) e na faixa etária de 40 a 59 anos (51,3%).Os dados encontrados mostram que a conscientização dos profissionais e da população sobre a importância da prevenção e detecção precoce do câncer de mama é um fator essencial para a mudança do panorama no país
33Sobrevida em 10 anos em mulheres com câncer de mama: coorte história de 2000-2014  O objetivo deste artigo é investigar a sobrevida em 10 anos após o diagnóstico, e os fatores prognósticos de mulheres com câncer de mama admitidas no Serviço de Mastologia do Sistema Único de Saúde em Joinville, Santa Catarina, entre 2000-2014A sobrevida global em 10 anos foi 41,0% (IC95% 36,1% 45,0%). O risco de mortalidade em 10 anos estratificado pelo estadiamento tumoral foi maior entre as mulheres com invasão linfática e estadiamento II, e com 60 anos ou mais e estadiamento III.Os achados sugerem que a presença de invasão linfática,idade avançada e estadiamento intermediário/avançado da doença podem ser considerados indicadores de pior prognóstico para o câncer de mama.
34Spatial pattern of mortality from breast and cervical cancer in the city of São Paulo.Verificar o padrão espacial da mortalidade por câncer de mama e colo do útero nas áreas de atenção primária à saúde, considerando as condições  socioeconômicas.A taxa de sucesso da geocodificação foi de 98,9%. A mortalidade por câncer de mama, sem estratificação temporal, apresentou padrão com taxas mais elevadas localizadas em regiões centrais e com melhores condições socioeconômicas. Apresentou diminuição no final do período e mudança no padrão espacial, com aumento da mortalidade nas regiões periféricas. Por outro lado, a mortalidade por câncer do colo do útero permaneceu com as taxas mais elevadas nas regiões periféricas e com piores condições socioeconômicas, apesar de ter diminuído ao longo do tempo.O padrão espacial da mortalidade pelos cânceres estudados, ao longo do tempo, sugere associação com as melhores condições socioeconômicas do município, seja como proteção (colo do útero) ou risco (mama). Esse conhecimento poderá direcionar recursos para a prevenção e promoção da saúde nos territórios.
  36Prática de exames de rastreio para câncer de mama e fatores associados – Inquérito de Saúde da Mulher em Uberaba MG, Brasil, 2014 / Breast cancer screening practice and associated factors: Women’s Health Survey in Uberaba MG Brazil, 2014 Os objetivos deste estudo foram caracterizar o perfil socioeconômico e epidemiológico das mulheres em Uberaba, segundo a prática de exames de rastreio para câncer de mama, bem como verificar os fatores associados à prática.Os históricos de neoplasias gerais e de neoplasias benignas da mama também se comportaram da mesma forma, sendo que a prática dos exames de rastreio para câncer de mama foi respectivamente 28% e 51% maior em relação às mulheres que não apresentaram tais condições. A faixa etária demonstrou uma diminuição da razão de prevalências com o aumento da idade. A faixa entre 40-49 anos apresentou uma prática dos exames de rastreio 23% maior em relação à faixa etária base (entre 20-39 anos), já para a faixa entre 50-69 anos a prática foi 20% maior e para as de 70 anos ou mais a prática foi 19% menor em comparação à faixa etária base.De acordo com os objetivos da pesquisa, o perfil das mulheres segundo a prática de exames de rastreio para câncer de mama em Uberaba, MG, é de mulheres de raça/cor branca, nível de escolaridade alto, maior renda per capita, e não chefes de família. Os fatores associados à prática dos exames de rastreio foram a faixa etária, reduzindo sua prática com o avançar da idade, renda per capita maior que um salário mínimo, e fonte de pagamento da mamografia pública e por plano de saúde.      
37Análise dos determinantes que influenciam o tempo para o início do tratamento de mulheres com câncer de mama no Brasil.Este estudo teve como objetivo analisar o intervalo de tempo entre o diagnóstico e o início do tratamento do câncer de mama em mulheres e seus determinantes.O tempo mediano entre o diagnóstico e o início do tratamento foi de 43 dias (Região Sudeste: 44 dias; Nordeste: 43 dias; Sul: 39 dias; Centro-oeste: 30 dias; Norte: 49 dias). A diferença entre as regiões foi estatisticamente significante. Em 63,1% dos casos, o início do tratamento ocorreu em um intervalo de tempo menor ou igual a 60 dias. Entre as pacientes que foram encaminhadas ao hospital especializado com diagnóstico de câncer previamente realizado, o tempo mediano entre o diagnóstico e a primeira consulta foi de 35 dias; da primeira consulta até o início do tratamento decorreram 22 dias. Já para as pacientes que chegaram ao hospital especializado sem diagnóstico de câncer, o tempo mediano entre a primeira consulta e a confirmação diagnóstica foi de 13 dias, e entre o diagnóstico e o início do tratamento decorreram 28 dias. verificou-se que as mulheres com intervalo de tempo mais longo para o início do tratamento do câncer de mama foram as com mais de 60 anos de idade, as não brancas, vivendo sem companheiro, com menos de oito anos de estudo, com doença em estadiamento inicial, que receberam diagnóstico entre os anos de 2006 e 2011, bem como aquelas encaminhadas pelo SUS.Faz-se necessária a realização de novas pesquisas direcionadas à identificação dos fatores associados aos longos intervalos de tempo nas etapas percorridas pelas mulheres com câncer de mama. Somente mediante identificação desses fatores será possível compreender as falhas existentes na abordagem dos casos de câncer de mama e desenvolver políticas de saúde pública específicas, centradas nas populações de maior risco.
38Avaliação da morbidade hospitalar e mortalidade por neoplasia: 2015 – 2019 / Evaluation of Hospital Morbity and Neoplasm Mortality: 2015 ­2019 / Evaluación de Morbidad Hospitalaria yMortalidad por Neoplasma: 2015-2019Analisar a morbidade hospitalar e mortalidade por neoplasias na população com faixa-etária entre 10 e 59 anos no Brasil, no período de 2015 a 2019.Observou-se que a distribuição da taxa de mortalidade por neoplasia, por 100.000 habitantes por causa do código relativo à classificação de doença sem população com faixa etária entre 10 e 59 anos, se deu por Neoplasia maligna da mama, como segunda causa  de  mortes  por Neoplasia  no  quinquênio,  seguido  por  Neoplasia  maligna  da traqueia, dos brônquios e dos pulmões, Neoplasia maligna do cólon, do reto e do ânus, Neoplasia maligna do estômago e Neoplasia maligna das meninges, do encéfalo e de outras  partes  do  sistema  nervoso  central. Quanto  a  taxa  de  morbidade  hospitalar  a partir das causas de maior prevalência observa-se que o Leiomioma do útero apresenta maior média no período observado (39.454), mediana de 38.88 e desvio padrão de 2.03, seguido   por   outras   neoplasias   in   situ   e   neoplasias   benignas   e   neoplasias   de comportamento  incerto  ou  desconhecido  com  média  em  31.724,  mediana  30.88  e desvio  padrão  0.66.A análise de  indicadores  da  saúde  por  neoplasias demonstra   a   tendencia   crescente   no   quinquênio   da   morbidade   hospitalar   e mortalidade.  De modo que se destacam que sejam  alvo  de  maiores  pesquisas  e atenções.

Elaborado pelos autores.

Dentre os artigos selecionados para constituir a revisão, foram utilizados 20 artigos que abordavam epidemiologia, 6 artigos que abordavam a fisiopatologia do câncer de mama, 5 artigos que descreviam o perfil clínico e o curso de internação das mulheres com o diagnóstico da doença , 6 artigos que relatavam o prognóstico relacionado ao câncer de mama,14 que descreviam evidências acerca do rastreamento da patologia e sua importância, e 3 que abordavam o tratamento e manejo acerca do assunto.

4. DISCUSSÃO

Nesta revisão integrativa da literatura, foram observados dez artigos que exploram a prevalência do câncer de mama em mulheres em idade reprodutiva. Os estudos escolhidos proporcionaram uma perspectiva ampla dos aspectos clínicos, epidemiológicas e das influências de riscos ligadas a essa situação.

Tais estudos observados demonstraram que o câncer de mama em mulheres em idade jovem mostra características singulares em uma análise comparativa com mulheres mais velhas. Exemplifica-se que mulheres com o diagnóstico de câncer de mama em idade jovem frequentemente revelam estágios mais avançados da enfermidade, o que pode estar associado a um diagnóstico tardio e retardo no tratamento. Contudo, foi analisado que mulheres muito jovens possuem uma incidência maior de estágios avançados do câncer e uma resposta de tratamento com menor efetividade comparado com mulheres na faixa etária entre 35 e 39 anos de idade.

Outro aspecto importante enfatizado pelos estudos é a importância de alternativas de detecção mais eficientes para mulheres em idade reprodutiva com elevado risco de desenvolver câncer de mama. A identificação precoce desse público-alvo permite condutas de prevenção e diagnóstico precoce, como a realização de mamografias e ressonâncias magnéticas, o que pode contribuir significativamente para a melhora do prognóstico e tratamento dessas pacientes.

Além disso, a análise dos dados epidemiológicos mostrou um aumento significativo ao longo do tempo na incidência de câncer de mama em mulheres jovens. Isso implica a importância da conscientização pública, políticas de saúde preventivas e programas de rastreamento eficazes.

Em relação aos fatores de risco associados ao câncer de mama em mulheres em idade reprodutiva, os estudos identificaram fatores como por exemplo história familiar de câncer de mama, características reprodutivas, exposição à radiação ionizante e uso de contraceptivos hormonais. Esses achados ressaltam a importância de avaliação dos fatores de risco e a implementação de estratégias de prevenção personalizadas.

 Ademais, o que diz respeito aos aspectos genéticos, os estudos destacaram a relevância dos genes BRCA1 e BRCA2 na predisposição ao câncer de mama hereditário. A identificação precoce de mutações nesses genes por meio de testes genéticos possibilita uma intervenção preventiva adequada e um manejo clínico mais eficaz para mulheres com alto risco.

 Com isso, os resultados desta revisão integrativa ressaltam a necessidade de uma abordagem multidisciplinar, individualizada e personalizada no manejo do tratamento do câncer de mama em mulheres em idade reprodutiva. Estratégias de rastreamento eficazes, avaliação de fatores de risco, detecção precoce de mutações genéticas e intervenções preventivas são cruciais para melhor o prognóstico e qualidade de vida dessas pacientes.

Independentemente da exposição a agentes cancerígenos ou carcinógenos, a fisiopatologia do CA de mama começa com o crescimento rápido e desordenado das células cancerígenas. Esse crescimento é progressivo e incontrolável. Assim , as células afetadas não alteram seu desenvolvimento normal .​ Por outro lado, essas mudanças podem ocorrer em genes específicos, conhecidos como proto-oncogenes, que normalmente não são ativos em células normais. Após sua ativação, eles se transformam em oncogenes, que causam malignização , ou cancerização, das células comuns, tornando-as neoplásicas.   Algumas características particulares facilitam ou dificultam danos ao celular . (SANTOS TA e GONZAGA MF, 2018).

A formação de tumores (oncogênese ou carcinogênese) é geralmente lenta e pode levar anos para que uma célula cancerosa se desenvolva e dê origem a um tumor visível. Esse tempo é determinado pela exposição a agentes cancerígenos ou carcinógenos em uma determinada frequência e período, bem como pelas interações que as células se desenvolvem entre si. (SANTOS TA e GONZAGA MF, 2018). As fases do CA (início, promoção, progressão e prevenção do tumor) são causadas pelos efeitos combinados desses vários agentes. O período de latência varia de acordo com a intensidade do estímulo carcinogênico, a localização primária do CA e os agentes ambientais estímulos. (INCA, 2020).

O quadrante superior externo tem uma neoplasia mamária. As lesões geralmente não causam dor, são fixas e têm bordas irregulares e estão associadas a alterações dermatológicas no início (INCA, 2020). O carcinoma ductal invasivo, que ocorre em 70% a 80% dos casos, é um tipo histológico invasor que se origina nos ductos lactíferos e causa ruptura da membrana basal e infiltração do tecido adjacente.  Assim, essas células podem se espalhar para outras partes do corpo por meio do sistema linfático e da circulação sanguínea. O carcinoma lobular infiltrante é o segundo mais comum, representando cerca de 5 a 15% dos casos. (PEREIRA HF, et al., 2017; ELICKER MA, et al., 2020).

Alterações na pele mamária, abaulamentos, retrações com aspecto de casca de laranja e dor local estão entre as principais manifestações clínicas do CA de mama, além da presença de nódulos na mama ou axila (SANTOS TA e GONZAGA MF, 2018). Além disso, sintomas como ansiedade, insônia, depressão e estresse já foram relatados como resultado do diagnóstico e do tratamento a longo prazo, o que enfatiza a necessidade de um acompanhamento multidisciplinar para pacientes oncológicos.

4.1 FATORES DE RISCO

A idade avançada, que indica uma exposição prolongada a fatores endógenos e exógenos ao longo da vida; características reprodutivas, como menarca precoce, menopausa tardia , ausência de filhos, primeira gravidez após 30 anos e mudanças hormonais , estão entre os principais fatores de risco para CA de mama. Além disso, a história pessoal e familiar, fatores genéticos e hereditários, e hábitos de vida também são levados em consideração. (RIBEIRO PV, et al., 2021).

Quadro 1 – Principais fatores de risco relacionados ao desenvolvimento de CA de mama.

Fatores de risco relacionados ao CA de mama
Idade
Vida reprodutiva da mulher
Menarca antes dos 12 anos; Menopausa tardia (após os 55 anos); Primeira gestação acima de 30 anos; Nuliparidade; Uso frequente de anticoncepcionais orais*; Alta densidade do tecido mamário; Terapia de reposição hormonal após menopausa*; Amamentação*.
Histórico de doença mamária proliferativa benigna
Hábitos de vida
Obesidade*; Uso excessivo de álcool (60 gramas por dia); Alimentação não saudável; Sedentarismo; Tabagismo*.
Influências ambientais
Exposição à radiação ionizante entre a puberdade e 30 anos de idade.

Legenda: *Fatores que ainda divergem opiniões na literatura sobre a contribuição para o desenvolvimento de CA de Mama.
Fonte: Costa LS, et al., 2021; adaptado de Ministério da Saúde – Instituto Nacional do Câncer, 2011.

4.2 DIAGNÓSTICO

Na atualidade, o câncer de mama é um dos problemas mais desafiadores no cenário da saúde pública no Brasil. Isso deve às relações entre as taxas de incidência e mortalidade, que estão diretamente relacionadas a fatores que impedem que uma população em risco tenha acesso aos serviços públicos de saúde, incluindo falta de conhecimento sobre a doença e baixa realização dos protocolos de rastreio . Como resultado, os diagnósticos.(OLIVEIRA DA, et al., 2020).

O exame considera várias recomendações relacionadas à idade e à possibilidade de CA de mamãe na família. Logo, é importante ressaltar que, de acordo com as diretrizes para a detecção precoce do CA de mama no Brasil, a eficácia do rastreamento com AEM não contribui para a redução da mortalidade global, pois o exame não pode detectar tumores de até 1 centímetro ou lesões pré-malignas ou ainda muito pequenas antes de se transformarem em CA. (SOCIEDADE BRASILEIRA DE MASTOLOGIA, 2017).

Além disso, as mulheres deixam de se preocupar e não vão ao médico para fazer exames de rastreamento com padrão ouro porque se auto-apalpam e não percebem mudanças. Portanto, a mortalidade feminina é aumentada por falhas no rastreamento e tempo de espera entre a confirmação e o tratamento. O Exame Clínico das Mamas (ECM) é então realizado por um profissional de saúde qualificado, que pode ser um médico(a) ou enfermeiro(a). Os componentes de inspeção e palpação das mamas para verificar a existência de linfonodos estão entre as várias abordagens que o extrato extracelular (ECM) apresenta na literatura médica. (BARCELOS MR, et al., 2020).

Outro método importante é a Mamografia, a qual caracteriza-se como um exame de imagem básico e imprescindível para o diagnóstico das patologias mamárias, sendo o único reconhecido como técnica de rastreamento para o CA de mama nos seguimentos da saúde, além de ser o exame padrão ouro para lesões precursoras presentes na população de risco, consequentemente obtendo um diagnóstico precoce (INCA, 2021).

Mulheres com idade entre 50 e 69 anos que não apresentam sinais ou sintomas de câncer de mama devem receber uma mamografia de rotina a cada dois anos. Antes dessa faixa etária, as mães das mulheres após a menopausa ficam mais densas , diminuindo a sensibilidade dos exames e o risco de resultados falsos-negativos. Quando vários fatores de risco são avaliados, o exame é recomendado a partir dos 35 anos de idade, com periodicidade anual. (INCA, 2021).

A Ressonância Nuclear Magnética (RNM), uma técnica de imagem preferida para pacientes com mutações nos genes BRCA1 e BRCA2, é outra ferramenta utilizada no diagnóstico do CA de mama. Além da mamografia, sua aplicação clínica está diretamente relacionada ao estadiamento de tumores. A ultrassonografia também pode ser usada como outro método de rastreio, focando principalmente em mulheres com diagnóstico anterior de tecido mamário denso com fatores de risco. O único método usado isoladamente é a ultrassonografia. (BARCELOS MB, et al., 2020).

4.3 TRATAMENTO

A terapia do CA de mama evoluiu nos últimos anos graças ao avanço da ciência e da tecnologia relacionada à pesquisa. Isso inclui a busca por um tratamento individualizado baseado no estadiamento da doença, nas características biológicas do tumor e nas condições do paciente (idade, níveis séricos de hormônios, comorbidades e preferências) (PEREIRA AC et al., 2015). O tratamento do CA de mama pode ser feito de várias maneiras, como tratamento local, cirurgia, radioterapia (incluindo outras mamárias), tratamento sistêmico, quimioterapia, hormonioterapia e terapia biológica.(INCA, 2020).

O prognóstico do CA de mama varia com a gravidade da doença e os tipos de tumor. O tratamento é mais provável de ser curativo quando a patologia ocorre no início . Assim, o objetivo do tratamento em pacientes com metástase é fornecer QV e maior sobrevida (INCA, 2020). Abaixo estão listados os comentários da doença, cada um com seus próprios atributos.

4.5 PREVENÇÃO: FERRAMENTAS E PRÁTICAS

A e B são as categorias de prevenção primária e secundária para CA de mama. O paciente deve primeiro prestar atenção aos aspectos básicos do dia a dia que são considerados para a qualidade de vida, como hábitos de vida saudáveis; controle da obesidade, principalmente monitorando a quantidade de gordura na gordura abdominal; atividade física regular; e alimentação saudável. (SANTOS SJ, et al., 2019).

Em indivíduos com sobrepeso ou obesidade, uma inflamação crônica causada pelo excesso de lipídios pode aumentar a agressividade do sistema cardiovascular (CA) e auxiliar na propagação de tumores, um processo mediado pelas citocinas inflamatórias. Portanto, a prevenção é fundamental por meio da prática regular de exercícios físicos e da adoção de um estilo de vida mais saudável, que inclua mais alimentos naturais e menos processados. (CORMANIQUE TF, et al., 2015).

O tabagismo é um fator de risco relacionado aos hábitos de vida que podem afetar a progressão do CA da mama para atrapalhar o metabolismo hormonal. Existe uma relação entre o hábito de fumar e alguns fatores de risco perigosos, como metástases linfáticas e um maior risco de desenvolver metástases sem disseminação. (SUN Y, et al., 2017).

Além do tabagismo, o consumo de bebidas alcoólicas também é um grande fator de risco para câncer de mama em mulheres na pré-menopausa e na pós-menopausa. O etanol tem a capacidade de agir como carcinogênico, aumentando a permeabilidade da membrana celular aos carcinógenos, impedindo o fígado de desintoxicar esses carcinógenos e causando estresse oxidativo (SILVA SE et al., 2013). O consumo excessivo de álcool pode causar a ativação de um processo mutagênico, aumentando os níveis séricos de estrógenos e a atividade de transcrição do receptor de estrógenos, aumentando a resposta celular aos hormônios. (ROCHA ME, et al., 2020).

A segunda categoria, chamada de prevenção secundária, inclui monitoramento por extração extracelular (ECM) e rastreamento por mamografia. Todas as mulheres devem ser submetidas manualmente ao CE após os 40 anos (SALDANHA RF, et al., 2019). Ao identificar sinais e sintomas e confirmar diagnósticos precoces, essas ações buscam estratégias de conscientização.

A eliminação dos obstáculos que impedem a redução da taxa de mortalidade por CA de mama entre as mulheres brasileiras envolve não apenas o acesso rápido a mamografias de rastreio, mas também o controle dos fatores preventivos e a criação de uma rede de saúde que oferece aos pacientes um acesso humanizado a tratamentos de alta qualidade. (INCA, 2019).

Sabe-se que o acesso aos serviços de saúde continua sendo considerado o maior obstáculo para as mulheres que participam da prevenção. Estudos mostram que quanto menor a escolaridade e a renda da família, maior é a dificuldade de acesso ao sistema de saúde. Isso destaca os fatores sociodemográficos como escolaridade, renda familiar e vínculo empregatício como fatores coadjuvantes para a adesão ao rastreamento mamográfico e, portanto, a prevenção de doenças mamárias. (OHL IC, et al., 2016).

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Foi possível concluir que a revisão integrativa da literatura revelou uma diversidade de evidências científicas acerca da incidência do câncer de mama em mulheres em idade fértil.

Os estudos analisados destacaram fatores de risco específicos, padrões de incidência, e variações geográficas e demográficas que influenciam o desenvolvimento da doença nessa faixa etária.

A análise também evidenciou a importância de políticas públicas voltadas para a prevenção, diagnóstico precoce e tratamento do câncer de mama em mulheres jovens.

No entanto, foi identificado um gap na literatura referente a estudos longitudinais e comparativos que possam aprofundar o entendimento sobre a evolução do câncer de mama em mulheres em idade reprodutiva.

Portanto, futuras pesquisas são necessárias para preencher essas lacunas e fornecer um suporte mais robusto para estratégias de saúde pública e intervenções clínicas.

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