INCIDÊNCIA DE SÍFILIS GESTACIONAL E CONGÊNITA NA REDE PEBA NO RECORTE TEMPORAL DE 2019 A 2023

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12510423


Ana Clara Neves da Silva Correia1
Edson Sidney de Oliveira Lima1
Eliani Maria Escheapati Duran1
Elionilson Lopes de Sousa1
Jimmy Klawston Silva Mendes1
Juliana Keila Santos Lima1
Larissa de Miranda e Silva Ribeiro1
Maria Clarissa Gois Alcântara1
Paulo Marcílio Araújo de Souza1
Ruan Martins de Almeida1
Sammir Haniel da Silva Pereira1
Walter Rufino Resende1
Jorge Messias Leal do Nascimento2


RESUMO

O estudo analisou a incidência de sífilis gestacional e congênita na Rede PEBA, abrangendo municípios do Norte da Bahia e extremo Oeste de Pernambuco, no período de 2019 a 2023. Os resultados revelaram um aumento na taxa de sífilis gestacional, enquanto a incidência de sífilis congênita apresentou uma tendência de redução ao longo dos anos. Observou-se que, a maioria dos casos de sífilis gestacional ocorreu em gestantes jovens, especialmente entre 20 e 29 anos, destacando a necessidade de educação sexual e planejamento familiar. A raça parda foi a mais afetada, refletindo as disparidades sociais e econômicas na saúde. A análise também evidenciou deficiências na cobertura do pré-natal, com diagnósticos muitas vezes realizados tardiamente, aumentando os riscos de transmissão vertical. Apesar de predominar diagnósticos de sífilis congênita nos primeiros dias de vida, houve casos de natimortalidade, ressaltando a importância do cuidado adequado aos recém-nascidos expostos à sífilis. Conclui-se que, estratégias de prevenção e intervenção devem ser direcionadas para aprimorar a assistência prénatal, promover o diagnóstico precoce e garantir o tratamento eficaz, visando a redução da incidência de sífilis gestacional e congênita na região.

Palavras – chave: Benzilpenicilina. benzatina. Perfil epidemiológico. Pré-natal. Sífilis

INTRODUÇÃO

 A sífilis congênita é uma grave preocupação de saúde pública, caracterizada pela infecção do feto pelo Treponema pallidum, através da transmissão vertical da gestante infectada para o feto, via placentária. O período gestacional em que essa transmissão pode ocorrer é amplo, podendo afetar o concepto em qualquer estágio da gravidez ou da doença materna, caso esta não seja tratada ou receba tratamento inadequado. Essa condição acarreta uma série de complicações, tanto para a gestante quanto para o concepto, incluindo, parto prematuro, baixo peso ao nascer, aborto espontâneo e até mesmo a morte fetal (Cerqueira et al., 2022).

Dentre as complicações mais graves para o concepto estão a ceratite intersticial com cegueira, surdez neurológica, hidrocefalia e retardo mental (França et al., 2015). Esses desdobramentos evidenciam a importância crucial do diagnóstico precoce e do tratamento adequado da sífilis gestacional para evitar sequelas para a criança.

O tratamento da sífilis gestacional é essencialmente baseado no uso de Benzilpenicilina benzatina, que, por sua eficácia e capacidade de ultrapassar a barreira placentária, trata tanto a gestante quanto o feto, tornando a sífilis congênita evitável quando do recebimento do tratamento de forma oportuna (Domingues et al., 2021).

No contexto brasileiro, a sífilis gestacional e congênita representam desafios significativos a saúde pública. Entre os anos de 2010 e 2017, observou-se um aumento expressivo na taxa de detecção de sífilis em gestantes, principalmente na região Nordeste, com valores médios de 16% dos casos registrados em 2017 (Silva; Carvalho; Chaves, 2021). Essa realidade é ainda mais alarmante no estado da Bahia, sendo notificados mais de 15 mil casos de sífilis gestacional e 7 mil casos de sífilis congênita entre os anos de 2007 e 2017 (Soares; Aquino, 2021).

O Brasil, como um todo, enfrenta um cenário desafiador, com mais de 22 mil casos de sífilis congênita notificados em 2020, com maior incidência nas regiões Sudeste, Nordeste e Sul do país (Brasil, 2021). A Bahia se destaca como um dos estados com maior incidência desse agravo, demonstrando a necessidade urgente de estratégias eficazes de controle e prevenção.

Fatores socioeconômicos, comportamentais, demográficos e relacionados à assistência à saúde estão diretamente associados à alta incidência de gestantes afetadas pela sífilis congênita (Silva; Carvalho; Chaves, 2021). A falta de acesso aos serviços de saúde, a não realização da sorologia durante o pré-natal e a ausência de abordagem para o tratamento e acompanhamento dos parceiros sexuais das gestantes com sorologia positiva são fatores que contribuem para a persistência desse agravo (França et al., 2015).

Diante do aumento preocupante da incidência de sífilis gestacional e congênita na Bahia, é crucial compreender os fatores específicos que contribuem para esse cenário alarmante. Diferentemente de outras regiões, a Bahia enfrenta desafios socioeconômicos e estruturais que impactam diretamente a saúde materno-infantil, como a falta de acesso aos serviços de saúde em áreas remotas e a inadequação na realização de exames durante o prénatal (Brasileiro et al., 2016; Lima et al., 2017). Essas barreiras aumentam a vulnerabilidade das gestantes e potencializam a transmissão vertical da sífilis, evidenciando a necessidade de intervenções específicas para essa realidade.

A qualidade da assistência pré-natal desempenha um papel fundamental na prevenção da sífilis congênita, porém, mesmo com o aumento da cobertura de pré-natal na Bahia, persistem lacunas na qualidade do cuidado oferecido às gestantes (Nunes et al., 2017). Problemas estruturais nos serviços de saúde, como a falta de penicilina e a inadequação na realização de testes diagnósticos, comprometem o diagnóstico precoce e o tratamento adequado da sífilis gestacional (Guanabara et al., 2017; Domingues & Leal, 2016). 

Esses desafios ressaltam a importância de políticas públicas que visem não apenas aumentar a cobertura de pré-natal, mas também melhorar a qualidade da assistência prestada às gestantes em todo o estado.

A associação entre as taxas de incidência de sífilis gestacional e congênita e a cobertura de pré-natal na Bahia é um aspecto fundamental a ser analisado para compreender a dinâmica dessa epidemia no estado (Bahia, 2018). Dados preliminares indicam uma associação entre a falta de acesso adequado aos serviços de saúde durante a gestação e o aumento dos casos de sífilis congênita, destacando a importância de investimentos na melhoria da assistência prénatal como uma estratégia crucial para o controle dessa doença (Rodrigues et al., 2018). 

Essa análise fornecerá insights valiosos para a formulação de políticas e intervenções direcionadas, visando a redução da incidência de sífilis gestacional e congênita na Bahia e Pernambuco.

Diante desse cenário preocupante, o monitoramento da sífilis congênita é fundamental para embasar a elaboração de estratégias eficazes de controle e prevenção. O presente estudo tem como objetivo realizar uma análise do perfil epidemiológico da sífilis gestacional e congênita na rede PEBA, localizado no Norte do estado da Bahia e extremo Oeste de Pernambuco, considerando o recorte temporal de 2019 a 2023. A compreensão desse perfil epidemiológico é essencial para o planejamento e a implementação de ações direcionadas à redução da incidência dessa doença evitável.

MATERIAL E MÉTODOS

Trata-se de um estudo descritivo/quantitativo e retrospectivo dos casos de sífilis gestacional e congênita notificados na Rede PEBA, com dados secundários obtidos através do Ministério da Saúde/SVS – Sistema de Informação de Agravos de Notificação – Sinan Net (SINAN), coletados entre os meses de março e abril de 2024.

O caminho metodológico foi constituído pelos seguintes passos: acesso ao portal DATASUS e seleção dos itens – acesso à informação; informações de saúde (TABNET); epidemiológicas e morbidades; Doenças e Agravos de Notificação – De 2007 a 2024 (SINAN) e; sífilis em gestante; sífilis congênita (https://datasus.saude.gov.br).

A Rede Interestadual de Atenção à Saúde do Vale do Médio São Francisco (Rede PEBA) surgiu em 2011, com a promessa de reordenar os serviços e facilitar o acesso à assistência em saúde de média e alta complexidade. Fazem parte da Rede PEBA 54 municípios, sendo 25 deles localizados na IV Macrorregião de Pernambuco e os outros 29 distribuídos pela Região Norte da Bahia, com população estimada de 2.131.734 habitantes de acordo com a estimativa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Para coleta de dados, foram incluídos os casos diagnosticados e notificados de Sífilis em Gestantes e Congênita da Rede PEBA registrados no SINAN no período de 2019 a 2023. As variáveis de interesse foram coletadas considerando-se todos os anos do período estudado, e incluíram:

  1. Número de casos de sífilis gestacional para a Rede PEBA, segundo raça (branca,preta, amarela, parda, indígena) e faixa etária (em anos: 10 a 14, 15 a 19, 20 a 39 e 40 a 59);
  2. Número de casos sífilis congênita para a Rede PEBA, segundo raça/cor da pele (branca, preta, amarela, parda, indígena), sexo (masculino ou feminino), faixa etária da criança (até 6 dias, 7 a 27 dias, 28 dias a 1 ano, e 2 a 4 anos), realização do pré-natal (sim ou não) e momento do diagnóstico da sífilis materna (durante o pré-natal, no momento do parto/curetagem, após o parto ou não realizado);
  3. Número de nascidos vivos para a Rede PEBA, utilizado no cálculo das taxas de incidência;
  4. Número de consultas pré-natal por nascidos vivos para a Rede PEBA do ano de 2022, as informações foram obtidas no Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos (SINASC).

As taxas de incidência de sífilis gestacional foram calculadas dividindo-se o número de casos novos de sífilis em gestante (numerador) pelo número de nascidos vivos (denominador), e seu quociente multiplicado por 1.000.

Para as taxas de incidência de sífilis congênita, dividiu-se o número de casos novos de sífilis congênita em menores de 1 ano (numerador) pelo número de nascidos vivos (denominador), e seu quociente foi multiplicado por 1.000.

Ressalta-se que, para as taxas de incidência de sífilis gestacional e congênita, excluiuse o ano de 2023 por ainda não contar com o número de nascidos vivos. Sendo assim, as informações para esses cálculos foram obtidas no Sistema de Informação Sobre Nascidos Vivos (SINASC). 

A coleta dos dados eletrônicos foi realizada entre os meses de março e abril de 2024. Estes dados foram registrados em números absolutos e percentuais, analisados em planilhas do programa Microsoft Office Excel – e apresentados em gráficos e tabelas.

Dessa forma, foi realizada uma análise estatística descritiva, a fim de identificar as características gerais e específicas da amostra estudada.

RESULTADO E DISCUSSÃO 

Foram analisados dados de sífilis gestacional e congênita e suas variáveis coletados no SINAN, referente aos municípios que fazem parte da Rede PEBA, entre os anos de 2019 a 2023, sendo notificados 2.102 casos de sífilis gestacional e 715 casos de sífilis congênita.

Entre o período de 2019 a 2022, a taxa de incidência de sífilis gestacional subiu de 11,9 para 16,9 casos/1 mil nascidos vivos, e a taxa de incidência de sífilis congênita diminuiu, de 4,9 para 3,5 casos/1 mil nascidos vivos (Figura 1).

Em todos os anos observados, a taxa de incidência de sífilis congênita foi inferior à taxa de incidência de sífilis gestacional na Rede PEBA. Em 2022, no Brasil a taxa foi de 32,4 casos de sífilis em gestantes por 1.000 nascidos vivos e constatou-se que, a região Nordeste apresentou taxas inferiores à nacional (Brasil, 2023), corroborando com os dados obtidos da Rede PEBA.

A incidência de sífilis congênita estimada por este estudo no ano de 2022 foi de 3,5 casos/1 mil nascidos vivos (Figura 1). Demonstrando uma incidência de aproximadamente sete vezes acima da meta de eliminação da sífilis congênita proposta para o ano de 2015 pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), definida como ocorrência de 0,5 ou menos casos de sífilis congênita para cada mil nascidos vivos, sendo essa meta adotada pelo Ministério da Saúde brasileiro (Domingues et al., 2016).

  Esse cenário de elevada incidência, em estudo realizado nos 184 municípios de Pernambuco mais Fernando de Noronha, a partir dos casos de sífilis em gestantes notificados entre 2011 e 2020, observou elevada incidência de ocorrência de sífilis gestacional em Pernambuco. Dos municípios com maiores taxas de incidência, destacam-se Lagoa Grande e Trindade, o que pode estar associado às inquietudes sociais e de acesso aos serviços de saúde (Silva et al., 2024).

Figura 1 – Taxa de incidência de sífilis gestacional e congênita, Rede PEBA, 2019-2022. NVNascidos Vivo

Dentre os casos registrados de sífilis gestacional no período de 2019 a 2023, em relação à faixa etária, houve um predomínio da detecção de casos entre 20 e 39 anos, representando 1.485 casos, correspondendo a 70,8% (Figura 2).

Também merecem destaque as adolescentes de 15 a 19 anos com 575 casos,  27,4% (Figura 2). Corroborando com esses achados, estudo realizado em Uberlândia, Minas Gerais, no período de 2011 a 2020, reporta que, cerca de 58,2% dos casos notificados foram observados na mesma faixa etária, assemelhando-se com os dados do presente estudo (Souza et al., 2022).

Diante dos dados acima citados, com relação à faixa etária das gestantes infectadas com sífilis, os resultados retratam que as adultas jovens são a maioria, que tem como fator de risco o início da prática da atividade sexual precoce e negligente, o que reflete que são necessárias melhorias nas ações de educação em saúde com o objetivo de conscientizar a prática sexual segura (Filho et al., 2018).

Estudo realizado em Pernambuco, entre 2011 e 2020, apresenta alta incidência de sífilis em gestantes, sendo a maioria mulheres jovens e pardas, justificado pelo fato que essas mulheres com menos acesso à informação encontram-se em situações de maior vulnerabilidade social, exigindo maior foco em atividades de educação sexual e planejamento familiar (da Silva et al., 2024).

Figura 2 – Números de casos de sífilis gestacional estratificados por faixa etária na Rede PEBA, 2019-2023.

Os dados obtidos indicam que a ocorrência de casos foi maior em gestantes de cor parda, somando um total de 1.594 casos nos últimos cinco anos, o que representa 75,8% do total registrado. E nos casos de sífilis congênita a maioria foi da raça parda, representando 85,4% do total (Figura 3), evidenciando assim que, a infecção pela sífilis está associado a fatores econômicos e sociais da saúde,  incluindo pobreza, falta de acesso a recursos de educação e saúde e falta de apoio financeiro (Paixão et al., 2023).

Os resultados de um estudo recorde realizado no Brasil, onde foram registrados 15.810.488 nascimentos, 144.564 notificações de sífilis gestacional e 79.580 diagnóstico de sífilis congênita, de 2012 a 2017,  indicam que as mulheres da raça parda e preta são menos propensas a ter um diagnóstico precoce e receber um tratamento adequado (Paixão et al., 2023).

Essa condição pode ser atribuída ao crescimento das disparidades e desigualdades sociais que afetam a essa população no país, evidenciando-se pela dificuldade enfrentada por essas gestantes para utilizar os serviços de saúde, obter os resultados dos testes e garantir o acompanhamento pré-natal. Isso dificulta a detecção precoce e retarda o tratamento da enfermidade, elevando o risco de complicações durante a gravidez (de Freitas et al., 2022).

Figura 3 – Percentual de sífilis gestacional e congênita estratificados por raça na Rede PEBA, 2019-2023.

As medidas de prevenção à sífilis congênita estão atreladas à atenção ao cuidado da gestante no pré-natal, como o rastreamento e tratamento da sífilis materna mais precocemente possível. Os dados levantados mostram que 37 casos, representando 5,3% do total notificado estão relacionados à não realização do pré-natal (Figura 4).

Na Rede PEBA, segundo dados obtidos do SISNAC (Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos), a rede possui uma cobertura de 77,6% para o pré-natal considerado adequado, quando a quantidade de consultas é maior ou igual a 6. Entretanto, a quantidade de consultas não substitui a qualidade das consultas, uma vez que a sífilis congênita é o resultado de uma sífilis gestacional não diagnosticada ou não tratada de forma correta e precocemente. A adequada assistência à gestante evita a transmissão vertical do T. pallidum (DOMINGUES et al., 2021).

Um tratamento eficaz para a sífilis gestacional é aquele que começa pelo menos 30 dias antes do parto, utilizando Benzilpenicilina benzatina na dose apropriada para o estágio clínico da doença. Embora seja crucial tratar os parceiros sexuais devido ao risco de reinfecção, essa prática não está incluída nos critérios epidemiológicos para definir casos de sífilis congênita (Kirienko et al., 2023).

Figura 4 – Percentual de pré-natal realizado nos casos notificados de sífilis congênita na Rede PEBA, 2019-2023.

Em relação às características da sífilis congênita demonstraram que 68,3% do diagnóstico materno foi realizado durante o pré-natal (Figura 5), entretanto, 27,8% tiveram o diagnóstico tardio, ou seja, no momento do parto ou após o parto. Estes dados mostram que existe uma deficiência na cobertura da assistência pré-natal na Rede PEBA, diante disso a cada semana em que uma gestante não é tratada de sífilis, aumenta-se o perigo de transmiti-la ao feto durante a gravidez. Portanto, o diagnóstico durante o parto mostra uma probabilidade maior de agravamento ou até mesmo de morte fetal relacionada à sífilis congênita (Goes et al., 2023).

Um estudo realizado em Minas Gerais, no período de 2009 a 2019, apresentou dados semelhante ao obtidos na Rede PEBA, com cerca de 62,8%, mostrando que, o controle efetivo da doença, a qualidade da assistência ofertada à gestante durante as consultas pré-natal, parto e nascimento são pontos importantes para redução da taxa de transmissão vertical da sífilis, e também que, o início após as 12 semanas de idade gestacional à saúde pré-natal, sendo o principal fator a dificultar o controle da doença durante o período gestacional (CERQUEIRA et al., 2022).

Figura 5 – Percentual do momento do diagnóstico materno nos casos notificados de sífilis congênita na Rede PEBA, 2019-2023.

Observada a variável faixa etária do diagnóstico de sífilis congênita, evidencia-se maior número de casos até os primeiros 6 dias de vida, com 96,6% (Figura 6)  e, com evolução, em sua maioria, para a cura. Entretanto, ainda foi observada natimortalidade entre as crianças com sífilis. Corroborando esse achado, a pesquisa realizada em Caxias, Maranhão entre 2013 e 2017 onde também foi observado o predomínio da infecção como sífilis congênita recente e com evolução dos casos para a cura (Conceição et al., 2019).

É fundamental ressaltar que a falta de cuidados apropriados com recém-nascidos expostos à sífilis ou infectados pode resultar em complicações sérias para o bebê, incluindo baixo peso ao nascer, anemia, aumento do fígado e baço, o que acarreta em custos adicionais para os sistemas de saúde. A sífilis congênita é uma questão central na atenção primária, que garante diagnósticos e tratamentos oportunos. Além disso, considerando que a sífilis congênita resulta da sífilis adquirida, é crucial promover a educação em saúde para informar a população sobre os modos de transmissão da sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis (Kirienko et al., 2023).

Figura 6 – Percentual da faixa etária do diagnóstico nos casos notificados de sífilis congênita na Rede PEBA, 2019-2023.

CONCLUSÃO

   Diante análise de dados desse estudo referente a sífilis gestacional e congênita, com base nos municípios que fazem parte da Rede PEBA, a taxa de incidência de sífilis gestacional subiu consideravelmente, mas observou-se que a taxa de sífilis gestacional é superior a taxa de sífilis congênita que está reduzindo com o passar dos anos.

  Além disso, há fatores de risco que influenciam significativamente nas taxas de infecção pela sífilis como a raça parda, baixa renda, falta de acesso a recursos e falha no tratamento adequado que se tornou referente a deficiência na cobertura da assistência pré-natal na Rede PEBA.

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1Discentes do curso de Medicina da Faculdade Estácio IDOMED Juazeiro-BA

2Docente do curso de Medicina da Faculdade Estácio IDOMED Juazeiro-BA
email: nascimento.jorge@estacio.br