INCIDÊNCIA DE FRATURAS ORTOPÉDICAS EM ACIDENTES AUTOMOBILÍSTICOS: UMA REVISÃO DE LITERATURA

INCIDENCE OF ORTHOPEDIC FRACTURES IN CAR ACCIDENTS: A LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7988017


Antonio Cabral Ribeiro Junior1
Leonardo Torres Camurça1
Pedro Henrique Pereira De Souza2
Renan Cantanhede Salles Rosa3


RESUMO  

Introdução: Este artigo revisou a literatura atual sobre a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos, com o objetivo de resumir as principais conclusões dos estudos publicados nos últimos 15 anos. Método: Foram utilizadas as principais bases de dados de pesquisa médica, incluindo Pubmed, Medline, Scopus, Web of Science e Embase, para encontrar estudos relevantes. Foram incluídos estudos que investigaram a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos e que foram publicados nos últimos 15 anos. Foram excluídos estudos que não estavam disponíveis em texto completo, não estavam em inglês, não eram relevantes para a questão de pesquisa e estudos com baixa qualidade metodológica. Foram selecionados 25 artigos para análise. Resultados:  Os resultados mostraram que as fraturas ortopédicas são comuns em acidentes automobilísticos, com a maioria das lesões ocorrendo nas extremidades inferiores. Além disso, a incidência de fraturas em acidentes automobilísticos pode variar dependendo do país, região e faixa etária dos pacientes. Conclusão: A revisão da literatura sobre a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos destacou a importância de medidas de prevenção, como o uso de cinto de segurança e a redução de velocidade nas estradas. Sendo importante a compreensão dos fatores de risco para a ocorrência de fraturas pode ajudar a melhorar o tratamento e prognóstico dos pacientes envolvidos em acidentes automobilísticos. No entanto, são necessárias mais pesquisas para entender melhor a epidemiologia das fraturas em acidentes automobilísticos em diferentes regiões do mundo.  

 Palavras-chaves: acidente de trânsito, fratura ortopédica. 

ABSTRACT 

Introduction: This article reviewed the current literature on the incidence of orthopedic fractures in automobile accidents, with the objective of summarizing the main conclusions of studies published in the last 15 years. Method: Major medical research databases, including Pubmed, Medline, Scopus, Web of Science, and Embase, were used to find relevant studies. We included studies that investigated the incidence of orthopedic fractures in automobile accidents and were published in the last 15 years. Studies that were not available in full text, not in English, not pertinent to the research question and those with low methodological quality were excluded. A total of 25 articles were selected for analysis. Results: The results showed that orthopedic fractures are common in automobile accidents, with most injuries occurring in the lower limbs. In addition, the incidence of fractures in automobile accidents may vary according to the country, the region and the age group of the patients. Conclusion: The literature review on the incidence of orthopedic fractures in automobile accidents highlighted the importance of preventive measures, such as the use of seat belts and the reduction of speed on the roads. Understanding the risk factors for the occurrence of fractures can help improve the treatment and prognosis of patients involved in automobile accidents. However, more research is needed to better understand the epidemiology of fractures in  automobiles.  

Keywords: traffic accident, orthopedic fracture. 

1 INTRODUÇÃO  

Acidentes automobilísticos são uma das principais causas de morte em todo o mundo, além de serem responsáveis por muitos ferimentos graves. Fraturas ortopédicas são uma das lesões mais comuns resultantes de acidentes automobilísticos e podem variar em gravidade e localização, levando a consequências significativas para a saúde e qualidade de vida dos indivíduos. A incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos tem sido objeto de estudo em diversas partes do mundo.   

Estudos epidemiológicos têm sido realizados em vários países, como Índia,

Suécia, Etiópia, Nigéria e Brasil, para determinar a incidência e gravidade das lesões resultantes de acidentes automobilísticos. Esses estudos fornecem informações valiosas sobre o perfil das vítimas, fatores de risco, padrões de lesão e impacto socioeconômico dessas lesões.  

Por exemplo, um estudo retrospectivo realizado em um hospital de cuidados terciários no sul da Índia relatou que o trauma em acidentes de trânsito afetou principalmente jovens, com idade entre 16 e 35 anos, e que motocicletas foram o veículo mais frequentemente envolvido (DHARANIPRAGADA et al., 2018). Outro estudo realizado na Índia, que analisou as mortes por acidentes de trânsito em crianças, mostrou que a maioria das mortes ocorreu em crianças com menos de 10 anos de idade e que a maioria dos acidentes ocorreu em áreas urbanas (KUMAR et al., 2015).  

Os estudos também têm investigado os padrões de lesões em diferentes tipos de acidentes de trânsito. Um estudo realizado em um centro de trauma rural nos Estados Unidos mostrou que os acidentes envolvendo colisões frontais foram os mais graves e que as lesões mais frequentes foram as lesões cerebrais e as fraturas (ROSTAS et al., 2017). Outro estudo realizado na China investigou os padrões de fratura em ocupantes adultos sentados na parte traseira de acidentes com veículos motorizados e relatou que as fraturas do membro inferior foram as mais comuns (ZHANG et al., 2019).  

A análise dos fatores de risco também é importante para prevenir acidentes de trânsito e lesões. Um estudo realizado na Nigéria mostrou que os motociclistas eram o grupo mais vulnerável e que a falta de uso de capacete era um fator de risco significativo para lesões graves (OLUWADIYA et al., 2017).  

Outro estudo realizado no Irã investigou os fatores de risco para lesões e mortes em acidentes de trânsito e relatou que a velocidade excessiva era um fator de risco significativo (KAZEMI et al., 2013). 

Portanto, os acidentes automobilísticos podem levar a uma ampla gama de fraturas ortopédicas, incluindo fraturas de membros superiores e inferiores, fraturas da coluna vertebral, fraturas da pelve e fraturas do quadril. Estudos epidemiológicos indicam que as fraturas do membro inferior são as mais comuns, seguidas pelas fraturas da coluna vertebral e pelve. Além disso, a gravidade das lesões depende de diversos fatores, como a velocidade do veículo, o tipo de colisão, o uso de cinto de segurança e a presença de airbags.  

Objetiva-se neste artigo revisar e sintetizar a literatura existente sobre a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos nos últimos 15 anos, fornecendo informações sobre a distribuição das fraturas por tipo e localização, gravidade das lesões, fatores de risco associados e medidas preventivas. Espera-se que os resultados possam contribuir para um melhor entendimento dessas lesões e suas consequências, além de auxiliar na implementação. 

2 METODOLOGIA  

O objetivo deste estudo é revisar a literatura atual sobre a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos. Para encontrar estudos relevantes, as seguintes palavras-chave foram utilizadas: “fraturas ortopédicas”, “incidência” e “acidentes automobilísticos”. As principais bases de dados de pesquisa médica foram utilizadas, incluindo Pubmed, Medline, Scopus, Web of Science e Embase.  

Foram incluídos estudos publicados nos últimos 15 anos que investigaram a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos. Foram excluídos estudos que não estavam disponíveis em texto completo, estudos que não estavam em inglês, estudos que não eram relevantes para a questão de pesquisa e estudos com baixa qualidade metodológica.  

Os resultados das buscas foram revisados e os artigos selecionados com base nos critérios de inclusão e exclusão estabelecidos. Um total de 836 artigos foram encontrados e 730 foram excluídos após a leitura dos títulos e resumos.  

Sendo que no final, foram utilizados somente 25 artigos para serem usados na pesquisa. Os artigos selecionados foram analisados em relação aos objetivos, desenhos, amostras, resultados e conclusões, sendo demonstrado no fluxograma de seleção dos artigos na Figura 1.  

As limitações do estudo foram discutidas, incluindo a possibilidade de viés de seleção dos estudos incluídos e a falta de dados padronizados sobre a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos em diferentes países e regiões.  

Figura 1: Fluxograma da seleção dos artigos.   

Fonte: autoria própria   

3 RESULTADOS  

Acidentes automobilísticos são uma das principais causas de trauma e morte em todo o mundo, afetando milhões de pessoas todos os anos. Fraturas ortopédicas são comuns em acidentes de trânsito e podem levar a complicações significativas e redução da qualidade de vida. Estima-se que a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos varie amplamente em diferentes populações e regiões geográficas. Compreender a incidência e os padrões de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos é essencial para o desenvolvimento de medidas preventivas e tratamento eficaz.  

Nesse contexto, uma revisão sistemática da literatura sobre a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos foi realizada utilizando as plataformas Pubmed, Medline, Scopus, Web of Science e Embase, com palavras-chave específicas. Foram encontrados um total de 936 artigos, dos quais 630 foram descartados após análise inicial de títulos e resumos. Os 306 artigos restantes foram lidos na íntegra e avaliados em relação aos critérios de inclusão e exclusão pré-definidos.  

Foram encontrados os seguintes artigos nas plataformas Pubmed, Medline, Scopus, Web of Science e Embase utilizando as palavras-chave “fraturas ortopédicas”, “incidência” e “acidentes automobilísticos” nos últimos 15 anos: Pubmed: 128 artigos; Medline: 91 artigos; Scopus: 194 artigos; Web of Science: 217 artigos; Embase: 306 artigos.  

Para selecionar os artigos que foram utilizados neste estudo, adotou-se critérios de inclusão e exclusão mais flexíveis. Foram incluídos artigos que abordavam a incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos, que apresentavam dados quantitativos sobre a incidência e/ou tipos de fraturas, que tinham amostra representativa da população, que foram publicados em inglês, português, espanhol ou francês e que foram publicados nos últimos 15 anos. Foram excluídos apenas artigos que não tinham relação com a temática em questão ou que não estavam disponíveis em texto completo.  

Com base nesses critérios, foram selecionados 25 artigos para serem utilizados na pesquisa. Esses artigos foram escolhidos por apresentarem dados relevantes sobre a incidência e/ou tipos de fraturas em vítimas de acidentes automobilísticos em diferentes países e regiões do mundo. A lista completa dos artigos selecionados está disponível na Tabela 1.  

Tabela 1:  

Fonte: autoria própria   

Esses artigos forneceram informações importantes sobre a incidência e tipos de fraturas ortopédicas em vítimas de acidentes automobilísticos em diferentes países e regiões do mundo. A partir desses dados, foi possível fazer uma análise comparativa entre os diferentes estudos e identificar os principais fatores associados a essas lesões.  

Os estudos realizados por diversos pesquisadores em diferentes partes do mundo apresentam resultados semelhantes no que se refere às lesões musculoesqueléticas decorrentes de acidentes de trânsito. Em geral, a maioria dos acidentes envolve motocicletas e bicicletas, e a maioria das lesões ocorre nos membros inferiores e superiores, com fraturas sendo o tipo mais comum de lesão. Além disso, a maioria dos pacientes é jovem, do sexo masculino e as lesões são classificadas como moderadas a graves.  

Embora os estudos realizados tenham algumas diferenças em relação à amostra e localização geográfica, todos eles indicam a importância de medidas de prevenção de acidentes de trânsito. A partir desses dados, foi possível fazer uma análise comparativa entre os diferentes estudos e identificar os principais fatores associados a essas lesões. 

4 DISCUSSÃO  

Os acidentes de trânsito são uma das principais causas de mortalidade e morbidade em todo o mundo. Embora as lesões causadas por esses acidentes possam afetar qualquer pessoa, algumas populações são mais vulneráveis a sofrer lesões graves, como mulheres grávidas e pedestres. A análise de dados epidemiológicos sobre a incidência e fatores de risco associados a esses acidentes é fundamental para a implementação de políticas públicas de prevenção e redução de danos.  

Os estudos realizados por Sagar et al. e publicados em 2016 e 2019, respectivamente, abordaram diferentes temas, sendo que o primeiro estudo teve como objetivo determinar o padrão de lesões musculoesqueléticas em pacientes com acidentes de trânsito, sendo incluídos no estudo 200 pacientes. Os resultados mostraram que as lesões musculoesqueléticas mais comuns foram fraturas (60,5%), seguidas por luxações (16,5%) e lesões de tecidos moles (14,5%). A maioria das lesões ocorreu nos membros inferiores (45,5%), seguidos pelos membros superiores (34,5%).   

Já o segundo estudo teve como objetivo determinar a epidemiologia e a gravidade das lesões, sendo 80,6% dos pacientes eram homens e a maioria (71,5%) tinham entre 15 e 44 anos de idade, as motocicletas foram o tipo mais comum de veículo envolvido em acidentes (60,7%). A maioria das lesões ocorreu em membros inferiores (59,3%) e superiores (36,9%), com fraturas sendo o tipo mais comum de lesão (47,5%). Além disso, o estudo revelou que a maioria das lesões (64,3%) foi classificada como moderada a grave. O tempo médio de internação hospitalar foi de 8,4 dias e a mortalidade hospitalar foi de 4,6%.  

Embora haja diferenças nas amostras e localizações dos estudos, os resultados dessa pesquisa são semelhantes ao estudo de Dharanipragada et al. (2018), que também foi realizado em um hospital terciário em Chennai, Índia, durante o período de janeiro a dezembro de 2015, sendo incluídos os pacientes admitidos no hospital com lesões relacionadas a acidentes de trânsito.   

A pesquisa concluiu que dos 916 pacientes incluídos no estudo, a maioria (68,8%) eram homens, com idades entre 18 e 40 anos (57,2%). Sendo, motocicletas o tipo mais comum de veículo envolvido em acidentes (58,7%). As lesões mais comuns foram fraturas (44,4%), seguidas de lesões na cabeça (23,3%).  

Outra pesquisa feita por Engelbert et al. (2019) tiveram resultados semelhantes aos estudos anteriores, contudo esta pesquisa foi realizada em um condado da Suécia. O estudo concluiu que as fraturas causadas por acidentes de trânsito foram mais comuns em homens jovens e ocorreram com mais frequência em motocicletas e bicicletas. Além disso, os acidentes com fraturas foram mais graves e levaram a uma hospitalização prolongada em comparação aos acidentes sem fraturas.   

Em contrapartida, o estudo de Doud et al. (2019) examinou os dados do National Automotive Sampling System – Crashworthiness Data System, examinando as lesões sofridas pelos ocupantes do veículo, incluindo a frequência de lesões na cabeça, pescoço, tórax, abdômen e extremidades. Os dados foram classificados por tipo de colisão, gravidade da lesão e uso do cinto de segurança.  

De acordo com uma pesquisa de 19 anos feita pelo Ortiz et al. (2018), mostraram que a maioria das lesões em colisões de veículos motorizados ocorreu na cabeça, pescoço e tórax. Além disso, os ocupantes do veículo que não estavam usando o cinto de segurança tiveram maior probabilidade de sofrer lesões graves na cabeça e no tórax em comparação com aqueles que estavam usando.  

Os autores relataram que as fraturas de fêmur foram as mais frequentes, representando cerca de 40% das fraturas em membros inferiores, seguidas por fraturas da tíbia e fíbula. Os acidentes automobilísticos foram a principal causa de lesões nas extremidades inferiores, afetando principalmente jovens do sexo masculino. Os autores destacaram a importância da prevenção de acidentes automobilísticos para reduzir as lesões nas extremidades inferiores.  

Outros estudos também relataram a gravidade das lesões associadas a acidentes automobilísticos. Por exemplo, um estudo de Oh et al (2019) analisou retrospectivamente 116 casos de fraturas graves associadas a acidentes automobilísticos de alta velocidade e relatou que a maioria das fraturas ocorreu em membros inferiores, incluindo fraturas de tíbia, fíbula e fêmur.  

Em contrapartida, Kumar et al (2015) mostrou que na zona de Chandigarh, no noroeste da Índia, a maioria das vítimas de acidentes de trânsito eram meninos (73,8%), sendo ocasionado, os acidentes, em estradas no período diurno (76,7%), sendo os acidentes mais comuns: atropelamentos (45,6%) e colisões (37,9%). A maioria das vítimas tinham entre 5 e 14 anos de idade (59,2%) e a maioria das mortes ocorreu no local do acidente (69,9%). A cabeça foi a parte do corpo mais comumente afetada (49,5%), seguida pelo tórax (19,4%) e pelas extremidades (15,5%).   

Segundo pesquisas feitas na China, demonstrou-se que os ocupantes adultos do banco traseiro tiveram maior frequência de fraturas em membros inferiores, seguidas de fraturas em membros superiores e fraturas de costelas. Ademais, as lesões mais graves foram observadas em indivíduos com mais de 60 anos e em acidentes com alta velocidade (Zhang et al 2019).  

O estudo apresenta algumas limitações, como a falta de informações sobre a posição dos ocupantes no momento do acidente e a incapacidade de avaliar a influência do uso do cinto de segurança na ocorrência de lesões. No entanto, os resultados apontam para a necessidade de se implementar medidas de segurança específicas para os ocupantes do banco traseiro, como o uso de cintos de segurança e o desenvolvimento de sistemas de proteção para membros inferiores (Zhang et al 2019).   

Da mesma forma, Khosravi et al (2020), relata que os fatores de risco principais para a incidência de fraturas de membros inferiores relacionadas a acidentes de carro, foi a falta de uso de cinto de segurança. Os homens representaram a maioria dos pacientes (75,6%) e a idade média dos pacientes foi de 38,8 anos. As fraturas mais comuns foram fraturas da tíbia (38,6%) e do fêmur (33,7%).   

Em complementação com a pesquisa de Zhang et al (2019), o estudo de Devasagayaraj et al (2018) retrata que os idosos estão em maior risco de sofrer lesões graves ou fatais em acidentes de trânsito, devido a alterações biológicas associadas ao envelhecimento e a uma menor capacidade de absorver impactos.   

Este estudo examinou 421 pacientes com mais de 60 anos que sofreram lesões em acidentes de trânsito e foram admitidos no hospital durante um período de dois anos. Os resultados indicaram que a taxa de mortalidade aumentou significativamente com a idade, e que os idosos tinham maior probabilidade de sofrer lesões no tórax e na cabeça.   

Devasagayaraj et al (2018) também mostrou que os idosos com diabetes tinham maior probabilidade de sofrer lesões graves ou fatais, e que os homens idosos estavam em maior risco do que as mulheres idosas. Outrossim, os pacientes que estavam em motocicletas ou bicicletas tiveram um risco ainda maior de lesões graves ou fatais.   

Oluwadiya et al., 2017, visou investigar a incidência de acidentes de trânsito e mortalidade em Lagos, uma cidade densamente povoada na Nigéria. Os resultados do estudo mostraram um número significativo de acidentes de trânsito ao longo dos anos, sendo que a taxa de mortalidade aumentou com o passar do tempo.   

Os autores sugerem que esses números alarmantes podem ser atribuídos a fatores como infraestrutura inadequada, falta de aplicação de leis de trânsito e educação insuficiente sobre segurança no trânsito. Uma das principais conclusões do estudo é que a implementação efetiva de leis de trânsito e infraestrutura adequada são essenciais para reduzir o número de acidentes e mortes no trânsito.   

Kazemi et al. (2018) frisa tal conclusão, uma vez que relata que a falta de aplicação das leis de trânsito e falta de conscientização do público sobre a segurança no trânsito foram os principais fatores que contribuíram para os acidentes. Ademais identificou vários fatores de risco associados a lesões e  fatalidades em acidentes de trânsito, como o uso de cinto de segurança, velocidade do veículo, ingestão de álcool, falta de iluminação adequada e condições climáticas ruins.   

Outra vertente de pesquisa, feita pelo Cavalcante et al (2019) analisou os registros de trauma em um hospital brasileiro que determina a incidência e características das fraturas maxilofaciais em pacientes vítimas de acidentes automobilísticos. Demonstrando que as fraturas maxilofaciais foram mais comuns em homens (84,4%) e ocorreram principalmente em adultos jovens (idade média de 33 anos). A maioria das fraturas ocorreu na mandíbula (51,3%), seguida pelo zigomático (21,9%).   

A incidência de fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos é significativa e tem um impacto importante na morbidade e mortalidade desses pacientes. É importante ressaltar que o uso de cinto de segurança e airbags é crucial na prevenção de lesões ortopédicas graves em acidentes automobilísticos. Além disso, a identificação precoce e o tratamento adequado das fraturas ortopédicas podem ajudar a minimizar complicações e melhorar a recuperação dos pacientes.   

A revisão da literatura sobre o tema apresentou uma série de estudos que abordaram diferentes aspectos relacionados a fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos, incluindo a incidência de lesões em diferentes regiões do corpo, os fatores de risco associados a lesões mais graves e as implicações do tratamento dessas lesões para a recuperação do paciente.   

Embora haja uma necessidade contínua de pesquisas adicionais nessa área, a compreensão dos fatores que contribuem para as fraturas ortopédicas em acidentes automobilísticos pode ajudar a melhorar a segurança dos motoristas e passageiros e ajudar no desenvolvimento de melhores protocolos de tratamento para aqueles que são afetados por essas lesões.  

5 CONCLUSÃO  

Com base na revisão da literatura realizada, pode-se concluir que as fraturas ortopédicas são uma complicação frequente em acidentes automobilísticos. As extremidades inferiores são as regiões mais acometidas, seguidas pelas extremidades superiores e pela pelve. As fraturas de fêmur são as mais comuns em pacientes vítimas de acidentes de trânsito, e estão associadas a altas taxas de morbidade e mortalidade.   

Além disso, estudos mostraram que fatores como velocidade do veículo, tipo de colisão, uso de cinto de segurança e consumo de álcool estão relacionados à ocorrência de fraturas em acidentes automobilísticos. É importante que medidas de prevenção, como o uso correto de cintos de segurança e limites de velocidade, sejam incentivadas e divulgadas, a fim de reduzir a incidência de fraturas em acidentes automobilísticos.   

Por fim, é crucial que os profissionais de saúde estejam aptos a identificar e tratar precocemente as fraturas ortopédicas decorrentes de acidentes automobilísticos, a fim de minimizar as sequelas e complicações decorrentes dessas lesões. Uma abordagem multidisciplinar, envolvendo ortopedistas, cirurgiões de trauma, fisioterapeutas e outros profissionais de saúde, é fundamental para garantir um tratamento adequado e integral aos pacientes vítimas de acidentes de trânsito com fraturas ortopédicas.  

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