INCIDÊNCIA DE CASOS CONFIRMADOS DE DENGUE EM JANUÁRIA – MG

INCIDENCE OF CONFIRMED DENGUE CASES IN JANUÁRIA – MG

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12738401


Nicoly Santiago Costa1
Luiz Carlos Ferreira2


Resumo

Nos últimos anos, o Brasil registrou um crescente aumento de casos de dengue que se tornou um problema de saúde pública em todo o país. A falta de infraestrutura, aliada a mudanças climáticas severas, impacta diretamente para o aumento desordenado de casos devido ao rápido ciclo de vida e dificuldade em controlar esses vetores. O estado de Minas Gerais tem registrado várias epidemias preocupantes nos últimos 14 anos dessa arbovirose, que afeta não só o Brasil como outros países da América. As primeiras semanas de 2024 foram as mais críticas dos últimos tempos, registrando uma incidência alarmante e preocupante para a população. Devido ao grande aumento registrado no país e no estado de Minas Gerais foi feito um estudo sobre a incidência de casos de dengue confirmados por exames laboratoriais na cidade de Januária–MG no período de 2022 a 2024 que registrou números que foram equivalentes ao aumento da tendência nacional, tendo os primeiros meses de 2024 superando resultados dos anos anteriores. Deixando evidente a necessidade de medidas públicas mais eficazes no controle desses vetores responsáveis por uma alta taxa de internações hospitalares.

Palavras-chave: Dengue. Saúde pública. Casos confirmados. Aumento.

1 INTRODUÇÃO

A dengue é uma doença viral tendo como principal transmissor o mosquito Aedes aegypti, é a arbovirose que mais afeta a América. Além da dengue, fazem parte deste agrupamento de doenças o vírus Zika e a febre Chikungunya. O patógeno causador da dengue é o vírus (DENV) possuindo diferentes sorotipos, que são: DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4, as pessoas infectadas podem ser assintomáticas ou apresentar os principais sintomas da doença que é dor atrás dos olhos, febre, dor muscular, dor de cabeça, manchas vermelhas no corpo, diarreia entre outros, quadro de sintomas esse que podem se desenvolver para a sua forma mais grave levando à morte, apesar de afetar todas as faixas etárias a dengue pode ser um agravante principalmente em pessoas com doenças preexistentes e idosos (Minas Gerais, 2022).

A urbanização mal planejada, que não tem uma estrutura adequada para a deposição dos resíduos gera consequências ambientais assim como afeta a saúde pública, que fica vulnerável a incidência do vetor Aedes aegypti e das arboviroses transmitidas (dengue, Zika e Chikungunya) (Almeida; Cota; Rodrigues, 2020). Outro fator importante que impacta o ciclo de vida e reprodução desses vetores são os efeitos das mudanças climáticas, que podem ocasionar surtos impactando negativamente a saúde pública levando a propagação de patógenos nocivos (Prophiro, 2022). Um estudo realizado entre o ano de 2010 a 2019 em Minas Gerais mostrou que as microrregiões possuem uma variabilidade de temperatura considerável, tendo as temperaturas quentes moderadas representando um maior risco de incidência comparado com as temperaturas mais frias/amenas (Gomes et al., 2024). Só o estado de Minas Gerais registrou quatro epidemias a cada 3 anos, de 2010 a 2019, tendo 2016 e 2019 49% das mortes confirmadas a partir de 2010 (Minas Gerais, 2022).

A imunização é uma importante aliada para conter o aumento de doenças imunopreveníveis, por ser uma doença infecciosa febril aguda e devido ao alto índice de casos, hospitalizações e mortes registradas no país nos últimos anos. Em 2023, a vacina passou a ser incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS) (Brasil, 2024). Inicialmente voltada para o público de 10-14 anos (segundo grupo mais afetado com alto índice de hospitalizações), a campanha vacinal iniciou-se em fevereiro de 2024 (Brasil, 2024 apud Elidio, 2024).

Segundo OPAS/OMS (2024), durante a semana epidemiológica 1 e 5 de 2024, o Brasil esteve entre os 11 países que registraram um aumento acima do normal de casos de dengue, o que representa um aumento de 218% no país com relação aos 5 anos anteriores nessa mesma época.

Tendo em vista o aumento considerável de casos de Dengue no Brasil assim como no estado de Minas Gerais e a importância de se discutir o assunto por ser um problema que afeta a saúde pública, o presente artigo visa expor os resultados obtidos após a análise epidemiológica do número de casos confirmados de dengue na cidade de Januária–MG, entre os anos de 2022 a 2024.

2 METODOLOGIA

O levantamento dos números de casos confirmados de dengue foi realizado na cidade de Januária–MG, os dados foram obtidos através da Gerência Regional de Saúde (GRS) do município, vigilância epidemiológica e site da Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (SES – MG)/SINAN NET. A análise evidenciou como foi impactante o aumento de casos da doença no estado de Minas Gerais, além de trazer a incidência diante desse quadro epidemiológico no número de casos confirmados da doença comparando 2022, 2023 e o início de 2024 na cidade de Januária.

Os dados apresentados são um conjunto tanto da zona rural quanto da urbana do município, os casos confirmados foram obtidos através do teste IGM e NS1, onde encontram organizados por mês/ano, sexo e idade.

3 RESULTADOS E DISCUSSÕES

A tabela 1 traz o total de casos confirmados de dengue em Januária de janeiro a dezembro de 2022/2023 e janeiro até março de 2024. Os dados apresentados demonstram o impacto do aumento dos 218% no número de casos em comparação com os anos anteriores que o Brasil registrou só no início de 2024 (OPAS/OMS, 2024). O mês de fevereiro de 2024 foi o que mais teve aumento na ocorrência de casos clínicos epidemiológicos, registrando 697 casos, destes, 97 foram confirmados através do teste IGM e NS1, um aumento de, 9700% comparando com o mesmo mês dos dois últimos anos. Em Januária, o aumento alarmante de casos em 2024 deve-se ao período chuvoso que favorece esse cenário e à deposição irregular de resíduos sólidos em locais que não são adequados, como lixão a céu aberto, lotes vagos, na rua e afins.

Os resultados obtidos por faixa etária estão alocados na tabela 2. A faixa etária que registrou a maior incidência de casos confirmados foi de 1 a 10 anos, tanto em 2022 como em 2024, seguida por 11-20 em 2024. Com esses dados, ficou perceptível que o público mais afetado foi o de crianças e adolescentes no Município, o que deixa nítido a necessidade da adoção de medidas públicas que dê atenção para este público mais vulnerável identificando a principal causa desse aumento a fim de adotar ações que reduzam esse resultado. Um estudo de uma análise epidemiológica da dengue (2019-2023) realizado no Brasil, expôs que entre 2019 e 2023 o número de casos confirmados entre crianças e adolescentes foi de 1,2 milhão tendo 457 mortes, seguido de um aumento de 170% nas notificações em 2022, sendo 15-19 anos as idades mais afetadas (PRATES et al., 2024).

Além dos dados gerais e por faixa etária, tabela 1 e 2, a tabela 3 traz os dados dos casos confirmados por sexo, feminino e masculino. É possível notar que, em 2022 e 2023, as mulheres foram mais acometidas em relação aos homens. O gráfico abaixo da região sudeste ressalta que, em 2023, o estado de Minas Gerais foi o que obteve mais pessoas do sexo feminino com maior quantidade de casos prováveis de dengue (Da Cunha; Padilha, 2024).

No início de 2024 o público mais afetado no município foi o masculino, que pode se dar devido à exposição em locais com uma maior incidência de casos.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos resultados obtidos destaca-se a importância de medidas mais efetivas/eficazes para o controle dessa arbovirose na cidade de Januária–MG, é um trabalho que não depende somente dos órgãos públicos, mas de toda a população no geral, em prol da saúde coletiva, visto que o município tem um problema sério com a deposição irregular dos resíduos sólidos. A adoção de capacitação aos profissionais da saúde, vigilância sanitária frente a situação epidemiológica assim como reforço na campanha contra o mosquito Aedes aegypti e reforço na campanha de imunização que está disponível no SUS é primordial para a redução de casos clínicos assim como redução de óbitos.

É importante destacar que os resultados de 2024 foram obtidos até o mês de março, destacando o elevado índice de casos que o início do ano de 2024 teve em Januária–MG em comparação com o início do ano de 2022 e 2023, dados esses que corroboram com o aumento que o Brasil registrou nas primeiras semanas do ano.

REFERÊNCIAS

Organização Pan-Americana da Saúde/Organização Mundial da Saúde. Alerta Epidemiológico: Dengue na Região das Américas. 16 de fevereiro de 2024. Washington, D.C. OPAS/OMS. 2024. Disponível em: www.paho.org/pt/documentos/alerta-epidemiologico-aumento-casos-dengue-na-regiao-das-a mericas-16-fevereiro-2024. Acesso em: 26 de março de 2024.

ALMEIDA, Lorena Sampaio; COTA, Ana Lídia Soares; RODRIGUES, Diego Freitas. Saneamento, Arboviroses e Determinantes Ambientais: impactos na saúde urbana. Ciência & Saúde Coletiva, v. 25, p. 3857-3868, 2020.

DA CUNHA, Gabriel Medeiros; PADILHA, Deborah de Melo Magalhães. Epidemiologia de dengue no Sudeste brasileiro. Brazilian Journal of Implantology and Health Sciences, v. 6, n. 5, p. 2377-2389, 2024.

ELIDIO, Guilherme A. et al. Atenção primária à saúde: a maior aliada na resposta à epidemia de dengue no Brasil. Revista Panamericana de Salud Pública, v. 48, p. e47, 2024.

GOMES, João Pedro Medeiros et al. Relação entre temperatura do ar e incidência de dengue: estudo de séries temporais em Minas Gerais, Brasil (2010-2019). Cadernos de Saúde Pública, v. 40, p. e00076723, 2024.

MINAS GERAIS (estado). Doenças transmitidas pelo Aedes. Minas Gerais: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais, 2022. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/aedes/doencastransmitidas#. Acesso em: 26 de março de 2024.

Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, Departamento do Programa Nacional de Imunizações, Coordenação-Geral de Incorporação Científica e Imunização. Informe técnico operacional da estratégia de vacinação contra a dengue em 2024. Ministério da Saúde: Brasília; 2024. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/arboviroses/publicacoes/estrategiavacinacao-dengue»https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/a/arboviroses/publ icacoes/estrategia-vacinacao-dengue. Acesso em 26 de março de 2024.

PRATES, Ana Lara Milian et al. Análise epidemiológica da dengue em crianças e adolescentes no Brasil: Casos notificados, hospitalizações e óbitos (2019-2023). Research, Society and Development, v. 13, n. 5, p. e3313545529-e3313545529, 2024.

PROPHIRO, Josiane Somariva. Arboviroses e Mudanças Climáticas. Revista Gestão & Sustentabilidade Ambiental, v. 11, n. 1, p. 1-2, 2022.


1Discente do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Norte de Minas
Gerais Campus Januária e-mail: nsc1@aluno.ifnmg.edu.br

2Docente do Curso Superior de Licenciatura em Ciências Biológicas do Instituto Federal do Norte de Minas
Gerais Campus Januária. Doutor em Ciências de Alimentos (UFMG). e-mail: luiz.ferreira@ifnmg.edu.br