IMPORTÂNCIA E OS DESAFIOS DA COMUNICAÇÃO NA PRÁTICA DE ENFERMAGEM

Importance and challenges of communication in nursing pratice

REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.10428017


Emanuely Ribeiro Lima dos Anjos1
Maria Eduarda Santana Santos2
Maria Laura Moura Silva3
Paula dos Santos Sousa4
Rebeca Ferreira de Souza5
Suellen Rodrigues Mendonça6
Newton Ferreira de Paula Júnior7

RESUMO

Introdução: Comunicar pode ser compreendido como o processo de transmitir informações de uma pessoa para outra, onde se emprega a linguagem oral, escrita, imagens e sons, com o intuito de compartilhar conhecimentos. No contexto da enfermagem, observa-se que a comunicação não se limita à transmissão de informações clínicas, ela abrange aspectos emocionais, psicológicos e sociais, isso permite a compreensão das necessidades individuais dos pacientes e a promoção de um ambiente de confiança e apoio. Objetivo: Conhecer na literatura científica, os principais aspectos e desafios relacionados à comunicação para o gerenciamento das práticas de enfermagem no ambiente hospitalar. Revisão Bibliográfica: A comunicação na Enfermagem é essencial para uma prática humanizada, na qual metas são definidas em uma troca verdadeiramente compartilhada entre enfermeiro e paciente. Ademais, a comunicação é um processo dinâmico que requer elementos como emissor, receptor e mensagem para ser eficaz. Considerações finais: A comunicação na Enfermagem vai além da transmissão de dados clínicos, abrangendo dimensões emocionais e sociais, sendo um alicerce fundamental que conecta profissionais de saúde, pacientes e famílias. O enfermeiro, além de executar procedimentos técnicos, desempenha um papel importante como comunicador, sendo essencial para a qualidade do cuidado e o estabelecimento de relações significativas, destacando a importância do desenvolvimento contínuo das habilidades de comunicação para uma assistência eficaz e humanizada.

Palavras-chave: Comunicação; cuidados de enfermagem; assistência ao paciente.


ABSTRACT Introduction: Communicating can be understood as the process of transmitting information from one person to another, using oral language, writing, images and sounds, with the aim of sharing knowledge. In the context of nursing, it is observed that communication is not limited to the transmission of clinical information, it covers emotional, psychological and social aspects, allowing the understanding of patients’ individual needs and the promotion of an environment of trust and support. Objective: Map the main aspects and challenges related to communication in the scientific literature for the management of nursing practices in the hospital environment. Literature Review: Communication in nursing is essential for a humanized practice, where goals are defined in a truly shared exchange between the nurse and the patient. Furthermore, communication is a dynamic process that requires elements such as sender, receiver, and message to be effective. Final Considerations: Communication in nursing goes beyond the transmission of clinical data, encompassing emotional and social dimensions, serving as a fundamental foundation that connects healthcare professionals, patients, and families. In addition to performing technical procedures, the nurse plays a important role as a communicator, essential for the quality of care and the establishment of meaningful relationships, emphasizing the importance of continuous development of communication skills for effective and humanized healthcare.Key words: Comunication; nursing care; patient care. 1 Acadêmica do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara2 Enfermeiro- Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Docente do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara  


INTRODUÇÃO

A comunicação é um elemento essencial na experiência humana que permeia diferentes esferas da sociedade. Ao longo da história, a humanidade tem empregado a comunicação como um meio para compartilhar informações, expressar sentimentos, difundir ideias e estabelecer conexões interpessoais (BELLAGUARDA et al., 2020).

Nessa perspectiva, Morais et al. (2009) salientam que a comunicação abrange diversas formas, que inclui: verbal; escrita; digital e visual, que são utilizadas para transmitir informações, influenciar continuamente o comportamento, trocar experiências, ensinar e discutir uma gama de tópicos.

O processo de comunicar pode ter influência em diferentes aspectos, como nos relacionamentos interpessoais, nas transações comerciais, no processo educacional, na área política, dentre outros. Na área da Enfermagem, a comunicação se destaca como um alicerce fundamental, uma vez que está intrinsecamente presente em todas as interações com o paciente, seja para fornecer orientações, compartilhar informações, oferecer apoio, proporcionar conforto ou atender às necessidades básicas; além disso, ela se constitui um meio pelo qual os enfermeiros estabelecem uma conexão essencial com os pacientes, suas famílias e a equipe de saúde (PONTES; LEITÃO; RAMOS, 2008).

Nesse sentido, comunicar pode ser definido como o processo de transmitir informações de uma pessoa para outra, por meio da linguagem oral, escrita, imagens e sons, com o intuito de compartilhar conhecimentos (BELLAGUARDA et al., 2020). Assim, ao correlacionar a Enfermagem com a comunicação, observa-se que essa não se limita apenas à transmissão de informações clínicas, ela abrange aspectos emocionais, psicológicos e sociais, o que permite a compreensão das necessidades individuais dos pacientes e a promoção de um ambiente mais seguro, de confiança e apoio.

Além disso, nesse campo de atuação, a comunicação é considerada um instrumento fundamental no cuidado, que integra à metodologia da assistência e contribue para que a equipe de enfermagem possa estabelecer um relacionamento efetivo com o paciente, no sentido de identificar suas necessidades e atende-las (SANTOS et al., 2017). Desse modo, no processo de cuidar e ser cuidado, a comunicação torna-se um elo entre o paciente e a equipe para manter a qualidade das relações e do cuidado.

Nesse contexto, constata-se que o papel do enfermeiro não se restringe apenas à execução de técnicas e/ou procedimentos, mas também envolve a prestação de cuidados abrangentes. Isso inclui o desenvolvimento da habilidade de comunicação, que serve como base para um cuidado eficaz, humanizado e centrado no paciente. Desse modo, o presente estudo objetiva conhecer na literatura científica, os principais aspectos e desafios relacionados à comunicação para o gerenciamento das práticas de enfermagem no ambiente hospitalar. Para tal emerge a seguinte pergunta de pesquisa: como se apresenta na literatura científica, os principais aspectos e desafios relacionados à comunicação para o gerenciamento das práticas de enfermagem no ambiente hospitalar?

REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Segundo Santos et al., (2017), a comunicação pode determinar uma prática humanizada em que a troca de mensagens é verdadeiramente compartilhada, enviada e recebida. Ou seja, é por meio da comunicação estabelecida entre o enfermeiro e paciente que metas e objetivos são definidos para ambos, isso auxilia o paciente a sentir-se digno e capaz de encontrar soluções para promover, manter e recuperar sua saúde física, espiritual e mental.

Além disso, conforme Santos et al., (2017), a comunicação é um processo dinâmico caracterizado por um fluxo contínuo de energia e constante mudança, que envolve a interação entre indivíduos. Para que esse processo seja eficaz, são necessários elementos específicos, tais como: emissor, que emite a mensagem; receptor, para quem a mensagem é destinada; e mensagem, que pode ser um estímulo físico, verbal ou não verbal.

Giménez- Espert et al., (2020) define as características fundamentais de uma comunicação bem-sucedida, enfatiza a necessidade de flexibilidade, alcançada ao estabelecer novos objetivos para atender às necessidades emergentes em cada situação de maneira individual. Além disso, destaca a importância da eficiência, e indica que as mensagens devem ser claras, simples e transmitidas quando o receptor estiver apto para ouvir. Nessa lógica, observa-se que a interação entre os sujeitos é essencial para a comunicação, e para que seja bem-sucedida, é necessário ter competência comunicativa. Santos et al., (2017), considera essa competência como uma habilidade a ser desenvolvida no processo comunicacional, destaca que, ao comunicar algo, o objetivo é que a mensagem enviada provoque uma resposta no receptor. Portanto, é necessário que haja identificação do conteúdo das mensagens pelos participantes envolvidos. A seguir apresenta-se os tipos de comunicação:  

A comunicação, como fenômeno complexo e multifacetado, manifesta-se por meio de diversas modalidades e encontra-se suscetível a variadas influências, isso inclui fatores culturais, sociais e individuais. O alcance da eficácia comunicativa está intrinsecamente atrelado à habilidade de cada pessoa em compreender e transmitir suas mensagens de maneira clara e efetiva, para estabelecer, assim, uma ponte eficaz entre emissor e receptor (SANTOS et al., 2017). Nesse contexto, torna-se imperativo o domínio do conhecimento acerca das distintas formas de comunicação, sendo estas não apenas um meio de transmissão de informações, mas também veículos fundamentais na construção e manutenção das relações interpessoais.

Nesse contexto, de acordo com Mourão et al. (2009), a comunicação verbal envolve troca de informações por meio de palavras faladas ou escritas. Esse processo abrange registros de enfermagem e diálogos com pacientes e familiares, sendo essencial que o enfermeiro se comunique de forma clara e objetiva para garantir a compreensão da mensagem pelo paciente ou seus familiares. Nessa forma de comunicação, é relevante que o enfermeiro empregue técnicas, como expressar interesse nas palavras do paciente, permanecer em silêncio quando necessário, evitar interrupções nos enunciados do paciente, ouvir de forma atenta, e esclarecer e validar as mensagens recebidas.

Já a comunicação não verbal ocorre quando há interação sem o uso de palavras, engloba gestos, expressões faciais, postura corporal e contato visual. Essa forma de interação detém significados tanto para o emissor quanto para o receptor, sendo a linguagem corporal particularmente relevante na Enfermagem, uma vez que pode transmitir empatia, conforto e atenção (MOURÃO et al., 2009). Assim, observa-se que é responsabilidade do enfermeiro permanecer atento a esses sinais não-verbais, e buscar compreendê-los, pois complementam as expressões verbais, isso proporciona ao enfermeiro informações mais profundas sobre o paciente.

A comunicação terapêutica é descrita como a capacidade do enfermeiro em auxiliar as pessoas a lidar com situações temporárias de estresse, adaptar-se a convivências, ajustar-se à realidade, superar obstáculos, promover o tratamento e o desenvolvimento dos pacientes, a fim de torna-los participantes ativos no processo de cuidado, considerando o cuidado centrado no paciente (CORIOLANO-MARINUS et al., 2014). Isso implica a construção de uma relação de confiança com o paciente, que inclui a prática da escuta ativa, afetiva e terapêutica a manifestação de empatia e a criação de um ambiente favorável para que o paciente se expresse (PONTES; LEITÃO; RAMOS, 2008).

            No contexto da comunicação com a família, para além de adquirir habilidades de comunicação com os pacientes, é igualmente importante que os enfermeiros empreguem essas técnicas ao se comunicarem com os familiares e cuidadores dos pacientes. Isso envolve o uso contínuo de uma comunicação clara e direta, de modo que aborde detalhes sobre condições de saúde, procedimentos, e oferece apoio emocional quando necessário (BRITO et al., 2014).

No que se refere a comunicação na iminência de morte, na área da saúde e em especial da enfermagem, para proporcionar um cuidado humanizado e personalizado a pacientes terminais ou em fim de vida, é fundamental operacionalizar não apenas conhecimentos científicos, mas também estabelecer uma relação na qual o enfermeiro esteja constantemente envolvido com o cuidado e assistência do paciente, priorizando ouvir o paciente, seus familiares e informá-los acerca de seu tratamento e estado de saúde (NEVES; PAULA JÚNIOR, 2023). Nesse contexto, é fundamental que os profissionais de enfermagem usem a comunicação como meio para oferecer assistência eficaz e abrangente, garantindo o conforto físico, mental e espiritual do paciente.

A Comunicação Interprofissional pode ser definida como a habilidade de estabelecer uma comunicação eficaz entre indivíduos, especialmente de diferentes profissões, de maneira colaborativa. Desse modo, ao estabelecer o diálogo em um ambiente interprofissional, cria-se um relacionamento integrado entre os envolvidos, isso permite o reconhecimento do trabalho e das particularidades de cada profissional. Essa integração é essencial para alcançar uma comunicação eficiente entre os profissionais, o que pode contribuir para um ambiente de cuidado mais seguro e humanizado (COIFMAN et al., 2021).

Referente a comunicação contínua, ao longo do tratamento, é fundamental que o enfermeiro estabeleça e mantenha uma comunicação contínua e aberta com o paciente, criando um ambiente propício para que este possa livremente compartilhar suas preocupações, esclarecer suas dúvidas e relatar quaisquer alterações em seu estado de saúde. Essa interação regular e acessível não apenas fortalece a relação entre o profissional de enfermagem e o paciente, mas também contribui significativamente para um cuidado mais holístico e adaptado às necessidades específicas do indivíduo em tratamento (BROCA; FERREIRA, 2012).

A má notícia pode ser conceituada como qualquer informação que implique uma mudança drástica na perspectiva de futuro em um sentido negativo, como a necessidade de procedimentos invasivos, a prescrição de medicações potentes, como morfina e fentanil, a impossibilidade de alimentação oral, ou qualquer informação que tenha um impacto negativo nas perspectivas de mudanças ou adaptações para o paciente (ARAÚJO; LEITÃO, 2012., NEVES; PAULA JÚNIOR, 2023).

Silva (2012) e Neves; Paula Júnior (2023) afirmam que a forma de comunicar más notícias varia conforme a idade, sexo, contexto cultural, social, educacional, a natureza da doença e o contexto familiar. Assim, a eficácia da comunicação depende da capacidade de se adaptar e utilizar a técnica adequada em cada circunstância. Além disso, esse tipo de comunicação não se limita apenas à revelação do diagnóstico, também estão inclusos aspectos como a progressão da doença e a necessidade de encaminhamentos.

No contexto dos níveis de comunicação, para compreender de maneira abrangente o processo comunicativo na Enfermagem, é essencial não apenas explorar os diversos tipos de comunicação, mas também aprofundar-se nos níveis de comunicação. Esses níveis representam as formas e complexidades por meio das quais as interações comunicativas podem se desdobrar. Compreender esse aspecto torna-se fundamental para os profissionais de enfermagem, pois proporciona uma visão mais detalhada e estratificada do processo comunicativo no contexto clínico. Cada nível, seja ele intrapessoal, interpessoal ou transpessoal, carrega consigo nuances específicas que demandam abordagens distintas, isso permite um conhecimento aprofundado, o aprimoramento das habilidades práticas dos profissionais de enfermagem, capacitando-os a atender de forma mais eficaz as demandas comunicativas nos variados cenários de cuidado em saúde.

Acerca da comunicação interpessoal, Pontes, Leitão e Ramos (2008) afirmam que a autoconsciência é fundamental para o enfermeiro, haja vista que envolve o reconhecimento prévio de suas emoções, preconceitos e níveis de estresse antes de interagir com o paciente.  Isto é, refere-se ao diálogo interno de um indivíduo consigo mesmo, influenciando diretamente seu estado emocional e comportamental, podendo impactar a eficiência do cuidado de enfermagem. Esse processo é necessário para assegurar que esses elementos não exerçam influência negativa na comunicação estabelecida.

Já a comunicação interpessoal concentra-se nas interações entre indivíduos, sendo importância na relação enfermeiro-paciente. Portanto, durante essa interação, é essencial que o enfermeiro pratique a escuta ativa, dedique atenção, mantenha contato visual, realize perguntas abertas e demonstre interesse genuíno. Além disso, é significativo mostrar compreensão e empatia em relação às preocupações e sentimentos do paciente, para isso, é necessário a utilização de linguagem apropriada para transmitir apoio e segurança (ARMA, 2022).

O cuidado transpessoal é caracterizado pelo contato entre os mundos subjetivos do enfermeiro e do paciente, indo além do físico e emocional para alcançar o sentido espiritual. Essa forma de cuidado, baseada em valores humanos, acontece na relação paciente-enfermeiro, o que transforma e potencializa o processo de cura. Ademais, enfatizam fatores como a formação de um sistema humanista-altruísta, que envolva fé, esperança e sensibilidade, integrando-se às relações interpessoais. O cuidado transpessoal, implica respeito pelo outro, conectando seres sem barreiras de espaço, tempo ou nacionalidade (FAVERO et al., 2009)

Assim, é importância reconhecer e respeitar as crenças, valores e necessidades espirituais individuais do paciente, família e coletividade, além de assegurar um ambiente em que os envolvidos se sintam confortáveis e respeitados, preservando suas privacidades e dignidades durante a comunicação, especialmente durante procedimentos físicos.

COMUNICAÇÃO NO PROCESSO DE ENFERMAGEM

A comunicação é um processo intrínseco e imprescindível para a evolução cultural, intelectual e humanista do ser humano uma vez que, por meio dela, as pessoas desenvolvem interações entre si e o ambiente em que se encontram, além de desempenhar um papel fundamental em sua formação e na prestação de assistência ao cuidado (MENDES et al., 2020).

Desse modo, quando se trata da comunicação no âmbito do cuidado e da assistência de enfermagem, Mendes et al., (2020), destacam, ainda, que a comunicação é vista como uma ferramenta-chave dentro de uma das fases mais importantes do processo de enfermagem, a obtenção do histórico de enfermagem, que ocorre por meio da coleta sistemática de dados e informações relacionadas à condição de saúde, histórico médico, estado atual e progressão do paciente, permitindo assim a formulação de um plano de cuidados adequado com abordagem holística. Nesse contexto, torna-se válido ressaltar que a comunicação também possibilita um atendimento humanizado, haja vista as atitudes positivas e assertivas cultivadas nas interações interpessoais, tanto com a equipe quanto com os pacientes. Isso contribui para a redução da impessoalidade e fortalece o vínculo entre os profissionais de enfermagem, os pacientes e a equipe multiprofissional.

Ainda sob essa lógica, constata-se a imprescindibilidade de que o profissional de enfermagem compreenda a cultura do paciente, considerando sua idade e formação, para garantir um atendimento de qualidade. Logo, ter a habilidade de se relacionar com o paciente, família e coletividade, possibilita o fornecimento de um atendimento de excelência, que só é possível quando há uma comunicação eficaz, na qual o receptor compreende a mensagem transmitida pelo emissor (QUEIROZ et al., 2012).

A comunicação desempenha um papel significativo na prevenção de situações embaraçosas e conflitos, especialmente em relação aos procedimentos a serem realizados. Assim, de acordo com Queiroz et al., (2012), omitir informações não é benéfico para que os problemas dos pacientes sejam resolvidos. É essencial orientá-los adequadamente, considerando a natureza de sua condição de saúde e suas restrições, preparando-os para cuidar de si mesmos e melhorar seu estado clínico. Portanto, uma comunicação eficaz requer que os profissionais se esforcem para minimizar mal-entendidos e conflitos, visando alcançar os objetivos estabelecidos na resolução dos problemas identificados durante a interação, destacando a importância de orientar e tranquilizar os pacientes.

Nessa conjectura, Broca e Ferreira (2012) observam que a Política Nacional de Humanização enfatiza o desafio de promover a interação entre os profissionais de saúde, visando à produção de saúde de alta qualidade, considerando que a humanização contribui para aprimorar a relação entre as equipes de saúde e para qualificar os profissionais, permitindo um melhor gerenciamento das necessidades individuais e coletivas na prestação de cuidados de saúde.

Os autores ainda destacam que:

“Os profissionais de saúde convivem constantemente com problemas de comunicação, que, consequentemente, interferem na continuidade, qualidade e consecução do trabalho ou na satisfação das necessidades dos profissionais, de forma que o trabalho transcorra de maneira produtiva e eficaz” (BROCA; FERREIRA, 2015).

Logo, enfatizam-se a qualificação do processo de comunicação dentro da equipe de enfermagem como uma estratégia para que se possa prestar uma assistência de qualidade ao paciente de forma eficaz e eficiente. Os autores ainda abordam o conceito de feedback, que é tido como um aspecto crítico na comunicação, considerando que desempenha um papel fundamental na avaliação da eficácia da informação transmitida aos membros da equipe, bem como na análise das instruções para procedimentos específicos e no acompanhamento da execução das prescrições de enfermagem. Se houver desvios, é essencial ajustar a forma como a mensagem é transmitida ou mesmo seu conteúdo. O feedback também se torna vital quando, por vezes, não se obtém a resposta desejada, seja por falhas na fonte ou pela relutância do receptor em ouvir. Além disso, a obtenção de uma resposta positiva, baseada na compreensão da mensagem pelo receptor, é essencial para se atingirem os objetivos da comunicação.

DESAFIOS DURANTE O PROCESSO DE COMUNICAÇÃO

Por outro lado, o processo de comunicação possui diversas vertentes que podem influenciar a forma como a mensagem é transmitida e/ou recebida. Desse modo, alguns autores destacam o comportamento destrutivo no trabalho em saúde, ou comportamento antiprofissional, e a falta de comunicação efetiva como desafios que podem prejudicar a assistência ao paciente, levando a diversas consequências que, se não evitados, podem causar danos aos pacientes (MOREIRA et al., 2019).

O primeiro desafio supracitado compreende condutas profissionais inadequadas que ocorrem no ambiente de trabalho, podendo se manifestar na forma de incivilidade, violência psicológica ou violência física/ sexual (MOREIRA et al., 2019). Isso pode levar aos profissionais de saúde vivenciarem emoções como: medo; raiva; vergonha; confusão; incerteza; isolamento; insegurança e, por vezes, até depressão, que afetam significativamente a capacidade de raciocínio, e pode levar a erros na tomada de decisões ou desempenho da equipe como um todo (LEAPE et al., 2012).

Nesse contexto, observa-se que o comportamento destrutivo impacta diretamente o atendimento ao paciente, uma vez que informações relevantes deixam de ser compartilhadas de maneira apropriada. Isso ocorre, principalmente, em razão da interrupção do processo de comunicação, já que os profissionais que experimentam ações destrutivas sentem medo e podem evitar compartilhar seus pensamentos com os perpetradores. Esse silêncio pode resultar em submissão, perda de autonomia, redução da criatividade e da iniciativa, diminuindo o interesse em questionar, por exemplo, os planos de tratamento com outros membros da equipe multiprofissional. Isso pode, consequentemente, resultar no aumento de incidentes no cuidado prestado, colocando em risco a saúde do paciente (LUX; HUTCHESON; PEDEN, 2014).

Para além desse problema, tem-se que a falta de comunicação efetiva na equipe de enfermagem pode levar a falhas no relacionamento interpessoal, haja vista que a interação entre os profissionais de saúde de diferentes áreas e a comunicação adequada são essenciais para a promoção do cuidado e, por conseguinte, a segurança do paciente nas instituições hospitalares. (SANTOS; CORREA JÚNIOR; SILVA, 2022). Essa dificuldade se apresenta principalmente quando a fragilidade do cuidado ao paciente é atribuída a problemas como a aceitação de mudanças, a falta de treinamento e o escasso feedback, além da falta de informatização dos instrumentos de comunicação, como, por exemplo, protocolos estruturados e registros informatizados, o que pode dificultar comunicação eficaz e precisa e, consequentemente, a continuidade dos cuidados (CASTRO et al., 2023).

Dentro dessa conjectura, observa-se ainda que alguns fatores como a ausência de reuniões, a falta de escuta qualificada e a sobrecarga de trabalho, ampliam essa problemática, tendo em vista que são empecilhos para a resolução de problemas e conflitos. Ressalta-se ainda que essas dificuldades, se não resolvidas, podem desencadear conflitos, disputas e interferência nas condutas deliberadas interprofissionalmente, que impactam, diretamente, a qualidade da assistência ao paciente (CASTRO et al., 2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Em síntese, a comunicação na Enfermagem é um elemento essencial que vai além da simples transmissão de informações clínicas. Ela abrange dimensões emocionais, psicológicas e sociais, que proporciona uma compreensão profunda das necessidades individuais dos pacientes, seus familiares e a comunidade. No contexto da assistência de enfermagem, a comunicação se torna um alicerce fundamental, que facilita não apenas a troca de dados clínicos, mas também o estabelecimento de conexões significativas entre os profissionais de saúde, pacientes e suas famílias. O enfermeiro, além de executar procedimentos técnicos, desempenha um papel importante como comunicador, sendo fundamental no processo de cuidar e estabelecer relações de qualidade. É imperativo não apenas enfatizar a importância desse aspecto na prática de enfermagem, mas também destacar a necessidade de se enfrentarem desafios específicos, especialmente no ambiente hospitalar e na interação com equipes multiprofissionais. O desenvolvimento contínuo das habilidades de comunicação é, portanto, essencial para garantir uma assistência eficaz, humanizada e centrada no paciente e.

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SILVA, MJP. Comunicação de Más Notícias. O Mundo


Emanuely Ribeiro Lima dos Anjos – Acadêmica do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara1
Maria Eduarda Santana Santos – Acadêmica do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara2
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Newton Ferreira de Paula Júnior – Enfermeiro- Doutor em Enfermagem pela Universidade Federal de Goiás (UFG). Docente do curso de Enfermagem – Universidade Estadual de Goiás (UEG), Unidade Universitária Itumbiara