IMPORTÂNCIA DE ALIMENTOS RICOS EM NUTRIENTES PARA ADOLESCENTES.

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7427467


 Luana de Paula dos Santos1


Resumo

Objetivo: Avaliar a importância do consumo de alimentos ricos em nutrientes para a fase da adolescência.

Metodologia: Foi feita uma pesquisa de campo quantitativa com onde foi passado um questionário para 30 adolescentes aleatoriamente, de ambos os sexos de diferentes bairros do Rio de Janeiro que responderam de forma voluntária. A pesquisa teve objetivo de uma descritiva e explicativa, observacional com estudo seccional para verificar a alimentação dos adolescentes estão de acordo com as necessidades nessa fase da vida.

Resultados: Com os resultados podemos ver uma alta porcentagem de consumo diário desses adolescentes de carboidratos simples, proteínas, frituras e refrigerantes, podendo comparar essa pesquisa com estudos que indicam alto índice de doenças relacionadas com a má alimentação já nessa fase da vida.

Conclusão: Podemos concluir que a alimentação dos adolescentes ainda continua muito deficiente de nutrientes necessários para o organismo nessa fase, mas os comparativos a outros estudos mostram uma discreta melhora sendo necessários estudos mais completos e detalhados para essa conclusão.

Summary

Objective: To evaluate the importance of consuming nutrient-rich foods during adolescence.

Methodology: A quantitative field research was carried out with which a questionnaire was passed to 30 adolescents randomly, of both sexes from different neighborhoods of Rio de Janeiro who responded voluntarily. The research had the objective of a descriptive and explanatory, observational with cross-sectional study to verify the diet of adolescents are in accordance with the needs at this stage of life.

Results: With the results we can see a high percentage of these adolescents’ daily consumption of simple carbohydrates, proteins, fried foods and soft drinks, being able to compare this research with studies that indicate a high rate of diseases related to poor diet already at this stage of life.

Conclusion: We can conclude that the diet of adolescents is still very deficient in nutrients needed by the body at this stage, but comparisons with other studies show a slight improvement, requiring more complete and detailed studies for this conclusion.

Palavra chave: Alimentação para adolescentes; Nutrientes; Adolescência.

Keywords: Food for teenagers; Nutrients; Adolescence.

1 Introdução

A Adolescência é o período de passagem da infância para a vida adulta onde há diversas mudanças morfológicas e fisiológicas referente à puberdade. Durante essa fase ocorrem diversas mudanças no desenvolvimento mental, físico, sexual, emocional e social, essas mudanças gerais terminam quando o individuo estabelece o crescimento coma personalidade (EISENSTEIN, 2005). Nesse período acontece um crescimento de máxima velocidade, que é referente ao desenvolvimento físico e da massa corporal que inclui também o amadurecimento dos órgãos e sistemas para obter novas capacidades mais específicas. O resultado desse processo de transformação é também influenciado constantemente pelos fatores genéticos, ambientais, hormonais, sociais e culturais (BIANCULLI, 1995 apud VITOLO, 2003).
O hormônio de crescimento tem importante papel na composição corporal e também de controlar o crescimento longitudinal dos indivíduos agindo da distribuição do tecido adiposo e no metabolismo das proteínas, carboidratos, lipídios, minerais e água (MARSHALL; TANNER, 1974 apud VITOLO, 2003). De acordo com a Organização Mundial de Saude (OMS), os adolescentes estão na faixa etária de 10 anos a 19 anos de idade, O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) determina adolescentes na faixa etária de 12 anos a 18 anos de idade (EISENSTEIN, 2005).
Os sexos possuem uma atividade hormonal diferente, os do sexo masculino devida à testosterona terão um estimulo maior no aumento de massa muscular e no sexo feminino pela ação dos estrogênios haverá um maior aumento na gordura corporal. Mas durante todo o período de puberdade, em ambos os sexos haverá um aumento de massa muscular e tecido adiposo. (MALINA; BOUCHARD, 1991 apud VITOLO, 2003).
Encarar os adolescentes pode ser uma função difícil, mas além de ter que enfrentar problemas, pode ser uma alavanca para promover hábitos de saúde. Ao fazer um diagnóstico da situação nutricional, modificar comportamentos e condições desfavoráveis que desviam o adolescente de uma trajetória de crescimento e desenvolvimento saudável em geral podem contribuir para incentivar um novo estilo de vida e prevenir futuros distúrbios nutricionais comuns na população através de atividades de educação em saúde e das oportunidades para a orientação nutricional. Esse estado nutricional dos indivíduos pode ser influenciado por fatores socioeconômicos, alimentos influenciados pela mídia, conflitos psicossociais e familiares, falta de horário e tempo para o preparo e escolha dos alimentos e entre outro (EISENSTEIN e col., 2000).
A adaptação à independência, iniciando a vida social e horários começam a ficar ocupados e caóticos o que afetam a rotina alimentar desses adolescentes. Começa a ser frequente a alimentação rápida, podem perder ou pular refeições, sendo tendência maior entre as meninas, começa também a se alimentar fora de casa além de estarem iniciando a prática de compra e preparo desses alimentos. A mídia também é um dos maiores influenciadores da alimentação nessa fase mostram uma variedade enorme de alimentos rápidos totalmente ultraprocessados(OSSUCCI, BONFLEUR, 2008).
Estudos dizem que os adolescentes tem uma alimentação deficiente de nutrientes necessários para o processo de crescimento adequado e estado nutricional inadequado, com isso, faz com que os adolescentes estejam mais propícios a desenvolver doenças relacionadas com a má alimentação futuramente, tornando-os adultos e idosos com doenças crônicas resultante dessa má alimentação. Assim a dieta nessa fase da vida também deve ser significativa, com alimentos de todos os grupos alimentares e rico em nutrientes importantes para esse processo de transformação (GIANINI, 2007).
Nos últimos anos ocorreu um grande aumento no consumo de alimentos classificados com processados e ultraprocessados e essa mudança não ocorreu apenas na população adulta, pesquisas mostram que as crianças e adolescentes tem consumido cada vez mais porções significativas desse tipo de alimentos (OMS; IBGE, 2010).

Esses estudos sobre a avaliação do consumo alimentar de adolescentes tem um papel crítico e necessário para o
desenvolvimento de programas que seja ideal para esse grupo populacional que podemos levar em conta que serão a população futura predominante (CAVALCANTE e cols., 2004).
Esse trabalho teve como objetivo avaliar a alimentação dos adolescentes e com isso a importância de uma boa ingestão de nutrientes nesse período da vida.

2. Metodologia

Trata-se de uma pesquisa de campo quantitativa com objetivo de uma pesquisa descritiva e explicativa, observacional com estudo seccional.
Na presente pesquisa será distribuído um questionário sobre o consumo alimentar em no mínimo 30 adolescentes de ambos os sexos na faixa etária de 10 a 18 anos de idade (ECA, 1990) que moram em diferentes bairros do Rio de Janeiro e esses adolescentes podem ou não apresentar sobrepeso (ANDRADE e cols., 2003). Os adolescentes selecionados aceitaram voluntariamente responder os questionários distribuídos (CARVALHO e cols., 2001).
As variáveis serão separadas em socioeconômicas (idade, sexo e classe econômica), hábitos alimentares com frequência do consumo de alguns determinados alimentos (SANTOS e cols., 2005 apud WILLET, 1994).

3. Resultados e Discussão

A tabela 1 representa os resultados da frequência de consumo de determinados alimentos. Podemos observar que diante de todas as categorias alimentares, 7 delas prevalece ter um consumo diário e em ordem decrescente são: Carnes e ovos e feijões e leguminosas com 66,6%, carboidratos com 56,25%, frutas, legumes e verduras com 46,6%, leite e queijos com 40% e refrigerantes e óleos e gorduras com 33,3% dos participantes, esta ultima categoria também tem a mesma porcentagem de consumo em 1 à 2 vezes na semana. As demais categorias alimentares como fast food, teve uma maior prevalência de consumo de 1 a 2 vezes ao mês com 53,3% dos adolescentes. Em relação aos açucares e doces, 33,3% dos participantes relataram o consumo de 1 à 2 vezes na semana.

Tabela 1 – Frequência do consumo alimentar dos adolescentes divididas em categorias.

Na figura 1 nos mostra o resultado da presenta de doenças que podem ser relacionadas com a má alimentação. No entanto, na presente pesquisa, 67% dos participantes indicam não ter nenhuma das patologia descritas acima. Na categoria de presença de obesidade na família teve um total de 17% e apenas 3% dos participantes marcaram já possuir diabetes e hipertensão. Na categoria de doenças cardíacas não houve nenhum resultado significativo.

Figura 1 – Presença de doenças relacionadas com a má alimentação nos adolescentes participantes.

De acordo com Rosa e colaboradores (2005), pesquisa feita sobre pré-hipertensão com 456 adolescentes, indicaram que 39 desses participantes apresentavam pré-hipertensão e 21 desses adolescentes já sofriam de hipertensão arterial.
Em relação ao consumo alimentar, outros artigos foram estudados e apresentaram 52% dos adolescentes consumiam a quantidade limite de carboidratos e 51% de lipídeos (LEAL e cols., 2010). Outros estudos que mostram o consumo de frutas, verduras e hortaliças, mostra que 20% dos participantes não tinham feito o consumo delas no dia relatado e apenas 6,5% dos adolescentes tinham um consumo adequado (BIGIO e cols., 2010).
Uma pesquisa com dados de Orçamentos Familiares (POF) avaliaram entre os anos de 1987 e 2009 que houve uma queda no consumo de alimentos in natura ou minimamente processados e aumento do consumo em produtos alimentícios prontos como bebidas açucaradas, embutidos, biscoitos e salgadinhos de pacote (MARTINS e cols., 2013). Sabemos que o Guia Alimentar para a População Brasileira (OMS) indica que a alimentação deve-se grande variedade e predominante em alimentos in natura e minimamente processados, pois oferecem a base da alimentação balanceada e necessária para o organismo independente da fase da vida que estamos nos referindo e cita as outras categorias como alimentos processados e alimentos ultraprocessados
como sendo favorecedor de doenças do coração, diabetes e vários tipos de câncer, além de contribuírem com as deficiências nutricionais.
Um estudo relacionado ao perfil lipídico em crianças e adolescentes que consomem ultraprocessados encontrou uma piora quando se trata nesses parâmetros. Ainda ressaltam que os hábitos adquiridos na infância e adolescência tendem a persistir na fase adulta e podem contribuir para anos de exposição aos malefícios do consumo de alimentos processados e ultraprocessados, elevando o risco de todo tipo de doenças relacionadas com a má alimentação (BESERRA e cols. 2020).

4. Conclusão

Podemos concluir que muito dos adolescentes de hoje em dia ainda possui uma alimentação deficiente dos nutrientes necessários para seu desenvolvimento e, além disso, eles ainda possuem alguns maus hábitos que podem gerar, futuramente, adultos com doenças relacionadas com essa má alimentação e exagero de alimentos que não tem benefício nenhum para o nosso organismo. Em comparação a outros estudos mais artigos podemos ver que os resultados têm uma discreta diferença fazendo-nos pensar que já pode estar havendo algumas pequenas mudanças alimentares dos adolescentes, para melhor, mas gradativamente. É necessário realizar pesquisas mais completas e detalhadas para que a conclusão seja feita de forma mais acertiva.

Esse público ainda deve ser bastante estimulado e incentivado para que tenha sua alimentação balanceada. Deve alertá-los sobre a importância de todos os nutrientes de maneira clara para que tenha um fácil entendimento e principalmente pontuar os principais problemas que podem causar sem essa alimentação adequada.

    Referencias Bibliográficas

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    1Graduada em Nutrição – UVA