REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202410241037
Paulo Henrique José da Silva1;
Esp. Cristina Barbosa Soares2;
Esp. Istella Cristina Bernardino3
RESUMO
O câncer de colo de útero (CCU) é um problema de saúde pública significativo, com altas taxas de incidência e mortalidade, especialmente em países em desenvolvimento, onde o acesso a programas de rastreamento e tratamento é limitado.Este câncer é frequentemente associado à infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV). A Zona de Transformação (ZT) e a Junção Escamo-Colunar (JEC) são áreas anatômicas do colo do útero que desempenham um papel importante na saúde cervical e na detecção de lesões precursoras do CCU, tornando assim a representatividade dessas áreas relacionada com a qualidade da amostra citólogica e efetividade diagnóstica. O objetivo da presente pesquisa é fazer uma revisão de literatura em artigos e livros sobre a relevância da ZT e da JEC no contexto do rastreamento do CCU, identificando possíveis falhas que possam ser justificadas e sanadas. Os resultados do estudo sugerem que a detecção de mudanças citológicas relevantes está diretamente relacionada à representatividade adequada da ZT e JEC, sendo necessário a criação de protocolos de coleta e treinamentos internos.
Palavras-chave: Câncer do colo do útero, Zona de transformação, Junção escamo-colunar.
ABSTRACT
Cervical cancer (CCU) is a significant public health problem, with high incidence and mortality rates, especially in developing countries, where access to screening and treatment programs is limited. This cancer is often associated with persistent infection by the Human Papillomavirus (HPV). The Transformation Zone (ZT) and the Scamo-Colunar Junction (JEC) are anatomical areas of the cervix that play an important role in cervical health and in the detection of precursor lesions of the CCU, thus making the representativeness of these areas related to the quality of the cytological sample and diagnostic effectiveness. The objective of this research is to review the literature in articles and books on the relevance of ZT and JEC in the context of CCU tracking, identifying possible failures that can be justified and remedied. The results of the study suggest that the detection of relevant cytological changes is directly related to the adequate representativeness of TZ and JEC, requiring the creation of collection protocols and internal training.
Keywords: Cervical cancer, Transformation zone, Squamo-columnar junction.
1 INTRODUÇÃO
O câncer do colo do útero (CCU), representa um sério problema de saúde pública em escala global, com incidência e mortalidade elevadas, especialmente em países em desenvolvimento. A Organização Mundial da Saúde (OMS) informou que, em 2020, foram registrados aproximadamente 604.000 novos casos de CCU e 342.000 óbitos. A mortalidade é muitas vezes relacionada ao diagnóstico em estágios avançados, particularmente em áreas com acesso limitado a serviços de rastreamento e tratamento (OMS, 2020).
O CCU é o quarto tipo de câncer mais frequente entre as mulheres brasileiras, ficando atrás apenas dos cânceres de mama, colorretal e de pulmão. Para o biênio 2020-2021, estimou-se o surgimento de aproximadamente 16.550 novos casos de CCU por ano, com um risco estimado de 15,62 casos para cada 100 mil mulheres (INCA, 2020). Em 2020, o número de óbitos chegou a 5.677, resultando em uma taxa de mortalidade de 5,40 por 100 mil mulheres. As taxas variam significativamente entre as regiões do país, com o Norte apresentando os índices mais elevados (7,27 por 100 mil mulheres) e o Sudeste os mais baixos (3,74 por 100 mil mulheres) (INCA, 2020).
O rastreamento regular contribui para a identificação precoce de lesões e para a redução de óbitos causados por esse tipo de câncer. A detecção de lesões precursoras permite intervenções oportunas que podem prevenir o desenvolvimento do câncer invasivo, aumentando as chances de cura. Entre os métodos mais difundidos, destacam-se o exame de citologia cervical (Papanicolau) e o teste de DNA para detecção do papilomavírus humano (HPV), ambos reconhecidos por sua capacidade de identificar alterações celulares e infecções virais relacionadas ao CCU (Arbyn et al., 2020).
Por sua vez, a Zona de Transformação (ZT) e a Junção Escamocolunar (JEC) são áreas anatômicas de importância no colo do útero. A ZT é onde ocorre a metaplasia escamosa, processo em que o epitélio colunar é substituído pelo epitélio escamoso sob a influência do ambiente vaginal ácido. Embora a metaplasia seja um processo fisiológico e benigno, a infecção por HPV nessas áreas pode levar ao desenvolvimento de lesões precursoras, como as neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC) (Massad et al., 2013). A detecção de alterações nessas regiões é essencial, pois a maioria dos casos de CCU tem origem na ZT (Solomon et al., 2001).
Já a JEC está localizada entre o epitélio escamoso e o epitélio colunar, é igualmente relevante para o rastreamento. A amostragem precisa dessas áreas nos exames de citologia aumenta a possibilidade de identificação de lesões nas fases iniciais. Estudos indicam que a coleta adequada de material da JEC e da ZT durante os exames melhora a sensibilidade dos testes e, assim, a eficácia do diagnóstico (Ronco et al., 2014).
Em países como o Brasil, onde as taxas de mortalidade por CCU são elevadas, a inclusão correta da ZT e da JEC é ainda mais necessária para garantir que as análises sejam realizadas de forma adequada, contribuindo para a redução de casos graves, com detecção precoce, e consequente redução de mortalidade. Sendo assim, a compreensão de tais processos possui grande importância, justificando assim esta pesquisa.
Para tanto, essa pesquisa possui como intuito fazer uma revisão bibliográfica sobre a relevância da ZT e da JEC no contexto do rastreamento do CCU, com o objetivo de ressaltar como a representatividade adequada dessas áreas anatômicas nos exames citopatológicos pode influenciar a detecção precoce de lesões precursoras da doença, além de apresentar acerca do CCU no Brasil, a relevância de práticas de coleta, identificando padrões, deficiências e propostas para aprimoramento.
2 METODOLOGIA
Este estudo consiste em uma revisão bibliográfica narrativa, de natureza básica, abordagem qualitativa, a qual permite uma análise da literatura existente sobre o tema. As fontes de dados para a revisão incluem artigos científicos de periódicos obtidos em bases de dados como PubMed, e Google Scholar. A pesquisa se deu de abril a outubro de 2024. Os descritores utilizados foram: Câncer do colo do útero, Zona de transformação, Junção escamo-colunar e os textos elencados foram preferencialmente dos últimos 10 anos.
3 CÂNCER DO COLO DO ÚTERO NO BRASIL: caracterização geral
O CCU é um problema de saúde pública de grande atenção no Brasil. Apesar dos avanços na prevenção e no tratamento, a doença ainda apresenta índices preocupantes de mortalidade, particularmente em regiões com menor desenvolvimento socioeconômico. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) destaca que o CCU continua a afetar milhares de mulheres, especialmente em áreas onde o acesso a cuidados de saúde é mais limitado (INCA, 2023).
A infecção persistente pelo Papilomavírus Humano (HPV), especialmente pelos tipos oncogênicos 16 e 18, é a principal causa do CCU. Outros fatores de risco incluem tabagismo, início precoce da vida sexual, múltiplos parceiros sexuais, uso prolongado de anticoncepcionais orais e imunossupressão. As principais estratégias de prevenção são a vacinação contra o HPV e o exame Papanicolau, que permitem a detecção precoce de alterações celulares no colo do útero. A vacina contra o HPV é mais eficaz quando administrada antes do início da vida sexual, protegendo contra os tipos de HPV de maior risco (Cavalcante et al., 2021; INCA, 2023, Lorencini et al., 2024).
Uma das principais problemáticas na prevenção do CCU no Brasil é melhorar a cobertura vacinal contra o HPV, especialmente entre os adolescentes, e ampliar o acesso ao exame Papanicolau, garantindo que todas as mulheres na faixa etária exigida tenham a oportunidade de realizar exames regulares e de qualidade. O diagnóstico precoce, junto com o tratamento adequado, tem um papel essencial na redução da mortalidade por CCU. Além disso, é necessário fortalecer a rede de atenção à saúde, o que inclui a capacitação dos profissionais, a modernização de equipamentos e a expansão dos serviços especializados em oncologia ginecológica, para garantir um combate mais eficiente à doença (Lorencini et al., 2024).
As vacinas recomendadas e incluídas no Plano Nacional de Imunização (PNI) são bivalente e a tetravalente, eficazes na prevenção das infecções pelos tipos HPV de alto risco. Visando aumentar a adesão e a educação da população sobre as estratégias de prevenção ao CCU, são realizadas campanhas permanentes (Da Silva; Moutinho, 2009; Eufrásio et al., 2021). Em âmbito particular há disponível recentemente no Brasil, a imunização através da vacina nonavalente recombinante, que protege contra 9 tipos distintos de HPV (Oliveira et al.,2023).
Além da prevenção primária com a vacinação contra o HPV e a realização do exame Papanicolau, a conscientização sobre a importância dessas medidas é um aspecto fundamental na luta contra o CCU. No Brasil, campanhas de educação em saúde voltadas para a população feminina e adolescente são essenciais para aumentar o conhecimento sobre o HPV e a necessidade de exames regulares. Estima-se que muitas mulheres, especialmente em regiões menos favorecidas, não realizam o exame preventivo com a frequência recomendada, seja por falta de acesso ou por desconhecimento da importância da detecção precoce (Oliveira, 2024).
A descentralização dos serviços de oncologia é indispensável, pois possibilita que consultas, exames e tratamentos de radioterapia e quimioterapia sejam disponibilizados em diferentes regiões do país, principalmente em áreas fora dos grandes centros urbanos. Isso facilita o acesso de pessoas que vivem em regiões distantes, garantindo que recebam o atendimento necessário (Eufrásio et al., 2021; INCA, 2023).
Deste modo, percebe-se que a disponibilidade limitada de serviços especializados e a demora na referência para tratamento podem agravar o prognóstico de pacientes diagnosticados com CCU. Investir na descentralização dos serviços de oncologia e no fortalecimento da atenção primária à saúde, garantindo que todas as mulheres diagnosticadas recebam atendimento adequado e oportuno, é fundamental para reduzir a mortalidade associada ao CCU no Brasil.
4 COLO DO ÚTERO – ZONA DE TRANSFORMAÇÃO E JUNÇÃO ESCAMOCOLUNAR
O colo do útero desempenha um papel fundamental no sistema reprodutor feminino e é dividido em duas partes principais: A ectocérvice e a endocérvice. A ectocérvice é a parte externa que pode ser visualizada durante um exame ginecológico e é coberta por epitélio escamoso estratificado. A endocérvice, por sua vez, é a parte interna que se estende pelo canal cervical em direção à cavidade uterina, sendo revestido por epitélio colunar simples. Entre essas duas áreas, encontra-se a JEC e a ZT, que marca a transição entre os dois tipos de epitélios e é de extrema importância para a detecção de lesões cervicais (Maia, Silveira, De Carvalho, 2018; Sousa, 2021).
A JEC é um local onde ocorrem mudanças epiteliais significativas, enquanto a ZT refere-se à área da JEC que é especialmente vulnerável a lesões precursoras do câncer, sendo representada através da presença de células escamosas metaplásicas. A endocérvice corresponde à porção interna do colo e é revestida por uma única camada de células glandulares, responsáveis pela produção de muco. Por outro lado, a ectocérvice, que está em constante contato com a vagina, é revestida por epitélio escamoso estratificado não queratinizado, o que confere proteção mecânica à região (Barbosa, Lima, 2006).
A metaplasia escamosa na ZT refere-se ao processo em que o epitélio proveniente da endocérvice sofre modificações para substituir epitélio escamoso estratificado. Essa transformação ocorre a partir das células de reserva presentes na endocérvice, que, em resposta a estímulos inflamatórios ou hormonais, se diferenciam em células escamosas. Essa mudança é um mecanismo adaptativo que visa proteger a área contra lesões e infecções, principalmente por agentes patogênicos como o HPV. A ZT, devido à sua alta sensibilidade, torna-se um local crítico para o rastreamento do câncer de colo do útero, uma vez que é nessa região que se originam a maioria das neoplasias intraepiteliais cervicais. Caso essas lesões não sejam detectadas e tratadas precocemente, podem evoluir para CCU (Koss; Gompel, 2006; Girardi et al., 2017).
A localização da JEC e o epitélio colunar da endocervical pode variar conforme os níveis hormonais na mulher. Durante a infância e na pós-menopausa, a JEC tende a se localizar mais internamente, na endocérvice. Por outro lado, na fase reprodutiva, ela se posiciona mais externamente, próxima ao orifício cervical externo, ou até mesmo ultrapassando essa região. Esse deslocamento da JEC pode resultar na ectopia, quando o epitélio glandular endocervical se exterioriza sobre a ectocérvice. O contato deste epitélio com o pH vaginal provoca sua erosão, gerando a ZT, caracterizada pela substituição do epitélio por células metaplásicas escamosas (Consolaro; Maria-Engler, 2012).
Estudos epidemiológicos indicam que a correta amostragem da ZT durante os exames citopatológicos, como o Papanicolau, é essencial para aumentar a eficácia do rastreamento do CCU. Exames que incluem adequadamente células da JEC têm maior sensibilidade para identificar lesões precursoras do CCU, reduzindo, assim, a taxa de mortalidade associada à doença. A implementação de protocolos de coleta que assegurem a representatividade da JEC é, portanto, uma estratégia central para o sucesso dos programas de rastreamento no Brasil, especialmente em regiões de alta prevalência de HPV e com limitações de acesso a serviços de saúde (De Bortoli et al., 2020).
5 RASTREAMENTO DO CCU POR MEIO DE EXAME CITOPATOLÓGICO
Os programas de rastreamento têm demonstrado um impacto significativo na redução da incidência e mortalidade do CCU. A introdução do Papanicolau nos programas de saúde pública durante a segunda metade do século XX levou a uma queda acentuada nos casos de CCU em muitos países desenvolvidos. Por exemplo, nos Estados Unidos, a taxa de incidência caiu mais de 70% desde a introdução do exame de Papanicolau nos programas de rastreamento sistemáticos (Hegadoren et al., 2020; Santos, 2020).
No Brasil, o rastreamento do CCU por meio de exame citopatológico em larga escala e campanhas de prevenção teve início na década de 1960, influenciado por programas de países como Inglaterra e Estados Unidos. Atualmente, o exame citopatológico, conhecido como Papanicolau, é a principal estratégia que contribui para o diagnóstico precoce da doença no país (Menezes et al., 2014;Teixeira, 2015).
Diversos programas de rastreamento do foram implementados em todo o mundo, variando de acordo com as diretrizes e recursos disponíveis em cada país. No Brasil, o Ministério da Saúde, por meio INCA, orienta a realização do exame de Papanicolau como principal estratégia de rastreamento, recomendada para mulheres entre 25 e 64 anos que já tiveram atividade sexual. O exame deve ser realizado anualmente, e, após dois resultados negativos consecutivos, o intervalo entre os exames pode ser estendido por três anos. Esta abordagem visa garantir a detecção precoce de lesões pré-cancerosas, facilitando o tratamento e reduzindo a mortalidade associada ao CCU (Mendonça et al., 2008; Menezes et al., 2014;Teixeira, 2015; Oliveira et al., 2018 INCA, 2021).
O rastreio de CCU no Brasil depende da procura espontânea das mulheres pelos serviços de saúde. Isso resulta em uma cobertura desigual, com até 25% dos atendimentos sendo realizados em mulheres fora da faixa etária recomendada, e cerca de 50% das mulheres realizando o exame em intervalos menores do que o recomendado. Isso implica que algumas mulheres realizam exames de forma excessiva, enquanto outras não têm acesso adequado ao rastreamento (Ferreira et al., 2022).
Através da citologia esfoliativa, as lesões intraepiteliais de colo uterino são divididas entre lesão intraepitelial escamosa de baixo grau (LSIL), lesão intraepitelial escamosas de alto grau (HSIL), HSIL com microinvasão, carcinoma de células escamosas e células atípicas de significado indeterminado. Estas classificações são fundamentais no diagnóstico de alterações pré-cancerosas e cancerosas do colo do útero, pois apresentam diferentes níveis de risco e necessidade de intervenção. Enquanto a LSIL geralmente está associada a infecção por HPV de baixo risco e podem regredir espontaneamente, a HSIL representa um risco elevado de progressão para o carcinoma invasivo, exigindo monitoramento rigoroso e tratamento imediato (Oliveira, 2024).
Cabe salientar que entre as lesões endocervicais que podem evoluir para câncer cervical estão o adenocarcinoma in situ (AIS) e o adenocarcinoma invasivo. O AIS é uma lesão pré-maligna, caracterizada pela proliferação desordenada das células glandulares, permanecendo limitada à camada epitelial. Quando não tratado, o AIS pode progredir para um adenocarcinoma invasivo, no qual as células neoplásicas atravessam a membrana basal, invadindo o estroma cervical e, em estágios mais avançados, podem se disseminar para outras partes do corpo. O adenocarcinoma invasivo, embora menos comum que o carcinoma escamoso, tem mostrado um aumento em sua incidência nas últimas décadas. O manejo dessas lesões inclui a excisão cirúrgica das áreas comprometidas e, em casos de doença invasiva, pode ser necessário tratamento mais agressivo, incluindo histerectomia e terapia adjuvante, como radioterapia e quimioterapia (De Almeida Farias et al., 2022).
O HPV é um dos principais fatores responsáveis pelo desenvolvimento do CCU. Existem mais de 200 tipos, dos quais aproximadamente 14 são considerados de alto risco para CCU. Entre esses, os tipos 16 e 18 são responsáveis por cerca de 70% dos casos de câncer de colo do útero (Zardo et al., 2014). Embora a infecção pelo HPV seja comum e, na maioria dos casos, transitória, infecções persistentes com tipos de alto risco podem levar a alterações celulares na ZT, progressão para NIC e, eventualmente, carcinoma invasivo, se não houver intervenção adequada (Martins, 2017). Deste modo o conhecimento das regiões anatômicas, bem como histológicas do colo do útero são de grande importância, além dos métodos de coleta e suas classificações.
Nos últimos dez anos, o Sistema Único de Saúde (SUS) realizou entre 9 e 11 milhões de exames citológicos por ano. No entanto, considerando a faixa etária alvo e o intervalo recomendado, o programa poderia ter alcançado de 27 a 33 milhões de mulheres, resultando em uma cobertura de 70% a 85%, o que seria considerado adequado para um programa de rastreamento populacional (Gasperin; Boing; Kupek, 2015). Apesar do grande número de exames realizados, a cobertura ainda está aquém do necessário para reduzir efetivamente a mortalidade associada ao câncer de colo do útero.
Um dos desafios adicionais é a desigualdade regional no acesso aos serviços de rastreamento. Regiões mais desenvolvidas, como o Sudeste e o Sul, apresentam maior cobertura de exames citopatológicos, enquanto regiões como o Norte e o Nordeste enfrentam dificuldades significativas na implementação do programa, o que resulta em maior mortalidade por CCU nessas áreas (Da Silva, Guimarães, Da Trindade, 2023). Deste modo, percebe-se que para superar essas desigualdades, é necessário investir em campanhas de conscientização direcionadas às populações mais vulneráveis, além de fortalecer a infraestrutura de saúde em áreas carentes.
Além disso, a inclusão do teste de HPV no sistema público de saúde tem sido debatida como uma estratégia para melhoria do rastreamento no Brasil. Estudos mostram que o teste de HPV, por ser mais sensível, pode identificar lesões precoces que não são detectadas pelo Papanicolau. No entanto, a implementação desse teste em larga escala enfrenta barreiras logísticas e financeiras, uma vez que envolve custos maiores e requer uma infraestrutura laboratorial mais avançada. A expansão do teste de HPV em programas de rastreamento no Brasil poderia complementar o Papanicolau, oferecendo uma abordagem mais precoce para a detecção do câncer de colo do útero (Oliveira, 2024).
6 RELEVÂNCIA DA AMOSTRAGEM SIGNIFICATIVA DE ZT E JEC POR MEIO DA CITOPATOLOGIA
A representatividade adequada da ZT e da JEC foi significativamente associada à detecção de alterações citológicas sugestivas de lesões precursoras do câncer de colo do útero (Paniago, 2019). Em estudos conduzidos por Schiffman et al. (2007), foi observado que, nos exames em que a ZT e a JEC foram adequadamente representadas, a taxa de detecção de neoplasias intraepiteliais cervicais (NIC) alcançou 7%, enquanto que, em exames inadequados, essa taxa foi de apenas 2%. Esses dados reforçam a posição dos autores sobre a importância da amostragem correta dessas regiões no diagnóstico precoce de lesões cervicais.
A inadequação na representatividade da ZT e JEC foi associada a vários fatores. Estudo realizados por Walboomers et al., (1999); Neto, (2020); Slovinski; Slovinsk,; Oliveira, (2022) descrevem que que mulheres em idade mais avançada, especialmente aquelas na pós-menopausa, apresentaram uma maior taxa de inadequação (20%) em comparação com mulheres em idade reprodutiva (10%). Além disso, a coleta durante a fase menstrual foi menos adequada (15% inadequação) do que em outros períodos do ciclo (8%). A experiência do coletor também influenciou significativamente a adequação dos exames; coletores com menos de dois anos de experiência apresentaram uma taxa de inadequação de 25%, enquanto aqueles com mais de cinco anos tiveram uma taxa de apenas 5%.
A literatura aponta que esses elementos influenciam diretamente a qualidade dos exames e a precisão no diagnóstico. Dessa forma, há uma necessidade urgente de implementar abordagens mais individualizadas no rastreamento do câncer de colo do útero, visando otimizar os resultados e a detecção precoce de lesões cervicais (Neto; 2020; Macedo et al., 2023).
O estudo procedido por Nai et al., (2011) objetivou avaliar a frequência de material da junção escamo-colunar (JEC) em esfregaços cérvico-vaginais de mulheres com idade superior a 40 anos, em comparação com aquelas com idade inferior a 40 anos. Os resultados mostraram que a presença de células da JEC diminui progressivamente com a idade, sendo mais acentuada em mulheres acima de 60 anos. Além disso, a análise revelou que a presença de células endocervicais é crucial para a detecção de neoplasias, incluindo adenocarcinomas, especialmente em mulheres acima de 50 anos. A pesquisa também indicou que a terapia de reposição hormonal não teve uma associação significativa com a presença de material da JEC, e que a maioria das pacientes com idade inferior a 40 anos sem material da JEC apresentava inflamação intensa nos esfregaços.
Nai et al., (2011) apresenta ainda, que o câncer do colo uterino se origina a partir das células da junção escamo-colunar (JEC), assim como as lesões precursoras e a infecção pelo papilomavírus humano (HPV). Embora alguns estudos questionem a relevância das células endocervicais na adequação das amostras, outros indicam que a presença dessas células está associada a uma maior detecção de lesões neoplásicas e pré-neoplásicas, reforçando sua importância na prevalência do câncer cervical. A ausência de células endocervicais é responsável por 56% dos casos de falso negativo no exame de Papanicolaou, o que pode levar a diagnósticos tardios e aumento da morbimortalidade. Por isso, as diretrizes internacionais recomendam a repetição do exame em intervalos de 2 a 4 meses para resultados insatisfatórios e um novo exame em 12 meses para casos negativos sem representação da JEC. Os mesmos autores citam:
Assim, as diretrizes internacionais recomendam a repetição do exame de Papanicolau num intervalo de 2 a 4 meses para a maioria das mulheres com resultado colpocitológico insatisfatório e seguimento de mulheres com colpocitologia negativa mas sem representação da JEC ou com fatores de obscurecimento da amostra com novo exame de Papanicolau em 12 meses 18. No presente estudo, observou-se que apenas 11,2% das pacientes com idade inferior a 40 anos não apresentavam material da JEC em seus esfregaços, enquanto nas pacientes com 40 anos ou mais, 47% não apresentavam. Estes dados mostram índice semelhante de ausência de material da JEC em pacientes com idade inferior a 40 anos, observado no estudo de Queiroz et al.19, no qual foi observada ausência de material da JEC em 12% das amostras da população com faixa etária até 40 anos (Nai et al., 2011, p. 05).
Uma pesquisa realizada por Souza (2020), que aborda a representatividade da JEC em uma análise de 400 lâminas, teve como resultado a presença de células endocervicais em apenas 3% (12 lâminas) delas. O estudo também correlacionou dados estatísticos estimativos de casos de adenocarcinoma em relação ao carcinoma epidermóide, sendo 90% dos casos de CCU atingindo o epitélio escamoso e apenas 10% o epitélio glandular. Diante deste fato, a ausência de representatividade da JEC torna o método menos sensível à detecção de adenocarcinomas.
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir dessa revisão narrativa de literatura, percebeu-se a relevância da ZT e da JEC como áreas anatômicas de importância no colo do útero e nos exames citopatológicos para a detecção precoce de lesões precoces do CCU. A consideração adequada dessas áreas anatômicas durante a coleta no exame Papanicolau está diretamente correlacionada com a eficácia dos procedimentos diagnósticos, com taxas muito mais altas de detecção de neoplasia do CCU.
Os autores estudados apontam que vários fatores, como a idade, estágio do ciclo menstrual, coleta e a experiência do profissional de saúde, podem afetar a precisão da representação das amostras, o que sugere a necessidade de abordagens mais individualizadas no momento da coleta, bem como na análise do material, ressaltando a necessidade de melhorias nas práticas clínicas relacionadas ao rastreamento do CCU, com a implementação de políticas de treinamento adequadas para os profissionais responsáveis pela coleta de amostras.
Ademais, com o estudo do material elencado, percebeu-se que há a necessidade de um rastreamento mais eficaz e acessível, especialmente em regiões com altas taxas de mortalidade por CCU, contribuindo assim para redução de desigualdes territoriais relacionadas a índices de efetividade de rastreamento.
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1Graduando em Biomedicina pela Faculdade Patos de Minas.
email: paulo.24138@alunofpm.com.br
2Biomédica, orientadora da pesquisa, docente do curso de Biomedicina pela FPM
e-mail: cristina.soares@faculdadepatosdeminas.edu.br
3Biomédica, docente do curso de Biomedicina pela FPM e-mail: istella.bernardino@faculdadepatosdeminas.edu.br