IMPORTANCE OF VACCINATION STATUS IN THE FACE OF THE REEMERGENCE OF MEASLES CASES IN BRAZIL
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202502191626
Vívian Farias Fortuna 1
Rosilma de Oliveira Araújo Melo 2
Resumo
O sarampo é uma doença exantemática aguda e imunoprevenível através da vacinação contra o seu vírus nos primeiros meses de vida. Seu patógeno viral, também conhecido como “Measles Virus” (MeV) é considerado extremamente transmissível devido a sua circulação direta por meio de gotículas do sistema nasofaríngeo. No Brasil, em um determinado período ocorreu uma diminuição expressiva da cobertura vacinal contra o sarampo. Portanto, o objetivo desse estudo foi verificar o impacto da baixa cobertura vacinal do sarampo frente à reemergência no Brasil, no período de 2018 a 2021. Caracteriza-se por uma abordagem quantitativa de caráter seccional, analisando dados do território brasileiro sobre as taxas vacinais e casos do sarampo nas bases do Sistema de Vigilância Sanitária/Ministério (SVS/MS), Sistema de Informação de Agravos de Notificação/DataSUS (Sinan/DataSUS), Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI). Foram encontrados baixa adesão vacinal da primeira dose da tríplice viral (MMR) a partir de 2016, com maior queda em 2021 (73,50%). Em meados do ano de 2018 os casos de sarampo aumentaram de 0 a 10.346, apresentando oscilações desse número no decorrer do período estudado de casos em 2018 a 2021. Também observou-se que a Região Norte foi a mais afetada e apresentou alta incidência viral a partir de 2020 (137,22), comprometendo, principalmente, os estados do Pará e Amapá. Foi observado, portanto, uma redução significativa da cobertura vacinal da tríplice viral (D1) frente ao reaparecimento do sarampo no Brasil. Esses dados contribuem como alerta para as autoridades governamentais e disseminam conhecimentos à população mitigando o avanço dos movimentos antivacina.
Palavras-chave: Sarampo. Cobertura vacinal. Tríplice viral. Incidência.
1 INTRODUÇÃO
O sarampo é uma doença endêmica no Brasil causada por um patógeno viral formado por um ácido nucléico de RNA e pertence ao gênero Morbillivirus, família Paramyxoviridae. Conhecido também pela sigla “MeV” (Measles Virus), a propagação desse vírus se apresentou controlado entre os anos de 2016 a 2017, entretanto observou-se alterações nos dados quanto a diminuição da cobertura vacinal nesse período e um crescimento de casos do sarampo nos anos seguintes.
A transmissão do vírus ocorre através de secreções nasofaríngeas contaminadas que são repassadas de indivíduo a indivíduo (LÜTHY & KANTOR, 2020). Após o período de incubação da média de quatorze dias inicia-se sinais inespecíficos como tosse seca, febre alta, coriza, conjuntivite com fotofobia e mal estar. Assim, com um agravamento do quadro clínico, por fim, ocorre o aparecimento do exantema maculopapular que afeta todas as regiões do corpo e aumenta o índice de transmissão do vírus por mais quatro dias (LEUNG, et al.,2018). Tal fato revela as crianças menores de cinco anos de idade, sem imunização prévia, como principal alvo (BRASIL, 2022).
No Brasil, a fim de reduzir os casos de sarampo no país, foi necessário a elaboração do Plano Nacional de Eliminação do Sarampo através do Programa Nacional de Imunização (PNI). O plano de vacinação segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) (DOS SANTOS, et al., 2019) que permite a aplicação da vacina “MMR”- measles,mumps,rubella (sarampo,caxumba,rubéola) ou comumente chamada no país de tríplice viral – aos doze meses de idade, além da tetra viral (MMRV), que houve a adição da cepa atenuada da varicela, aos quinze meses da criança para aumentar a imunização desse grupo de risco. Tal programa foi um marco importante para diminuir a taxa de óbitos em crianças e aumentou o número de imunizados no país (COSTA, et al., 2020).
Ao passar dos anos, visto que a vacina permitiu maior controle aos surtos da doença a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS) não registrou novos casos de contaminação pelo vírus e decretou que a situação estava controlada na região, então, conferiu ao Brasil em 2016 o certificado de erradicação do sarampo no país (BRASIL, 2021). Entretanto, após a certificação, observou-se um conforto das autoridades governamentais quanto à compra e aplicação das vacinações contra o sarampo, principalmente da tríplice viral no país, fato que refletiu na cobertura vacinal especialmente da Região Norte do Brasil, onde houve uma redução de mais de 10% em alguns estados (PARRA, et al., 2022).
Atrelado a isso, outros diversos fatores contribuíram para o decaimento da cobertura vacinal como: a prevalência de movimentos antivacina em países do ocidente que ocasionou, com a publicação de “Fake News”, a não adesão da vacina MMR (tríplice viral) e interferiu na baixa imunização global para o vírus do sarampo (HUSSAIN, et al., 2018). Além disso, observou-se a partir de 2016, uma alta quantidade imigratória de venezuelanos ao Brasil devido a problemática socioeconômica da Venezuela (DE MACEDO, et al., 2019). Outra causa que dificultou a adesão da vacina do sarampo foi a pandemia do Covid 19 no ano de 2020, pois esse outro vírus no país trouxe um declínio para as campanhas do sarampo (DO, et al, 2018).
Tais fatores desencadearam a reemergência do sarampo no Brasil em 2018 e aumentou os casos principalmente na Região Norte do país (PARRA, et al., 2022). A partir desse ano foi registrado um acréscimo de internações e óbitos de crianças no país brasileiro (LEUNG, et al.,2018). Então foi notório que o Brasil precisaria retomar as medidas de prevenção e retardar o surto viral (COSTA, et al., 2020). Diante do exposto, o objetivo desse trabalho foi verificar o impacto da baixa cobertura vacinal do sarampo frente à reemergência no Brasil, no período de 2018 a 2021. Sendo assim, tal estudo justifica-se pela importância de alertar aos gestores públicos sobre a situação vacinal do sarampo e auxiliar contra movimentos antivacina, visto que com a recaída da imunização houve um aumento de casos da doença.
2 METODOLOGIA
Foi realizado um estudo de abordagem quantitativa do tipo seccional. Que caracteriza-se por uma pesquisa de caráter transversal, ou seja, que permitirá coletar as informações do universo ou amostra em um período de tempo, descrevendo e observando sem interferência nas condições da pesquisa (KESMODEL, 2018). A pesquisa foi realizada com dados referentes ao território brasileiro, datados entre os anos de 2018 a 2021.
O estudo teve como base os dados dos casos de sarampo notificados pelo Sinam/DataSUS e relatados pelo Sistema de Vigilância Sanitária/ Ministério da Saúde (SVS/MS), onde foi considerada a incidência da doença viral nos estados do Brasil oriundos do período de 2018 a 2021. Também foi estudado e analisado a partir dos dados coletados a cobertura vacinal do sarampo nesse período, com relevância principal a situação vacinal da tríplice viral (D1) a partir de 2016. Portanto, tais variáveis se apresentaram da seguinte maneira, no quadro a seguir:
Quadro 1. Variáveis do estudo
Variável | Categorização | Fonte |
Faixa etária (em anos) | < 1 ano; 1 a 4 anos; 5 a 9; 10 a 14; 15 a 19; 20 a 29; 30 a 39; 40 a 49; 50 a 59; > 60 anos | Secretaria de Vigilância Sanitária/ Ministério da Saúde (SVS/MS) e Sistema de Informações de Agravos de Notificação/ DataSUS (SINAN/DataSUS) |
Dose Vacinal Aplicadas na Rotina | Tríplice Viral D1 | Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) |
Critério de confirmação dos casos positivos para sarampo | Laboratorial; Clínico- Epidemiológico; Clínico | Secretaria de Vigilância Sanitária/ Ministério da Saúde (SVS/MS) |
Nacionalidade | Brasileira | Secretaria de Vigilância Sanitária/ Ministério da Saúde (SVS/MS) |
Indicação de uso | Uso Adulto e Pediátrico; Uso Pediátrico | Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) |
Foram utilizados instrumentos de coleta de dados secundários encontrados nas plataformas do Sistema de Vigilância Sanitária/Ministério (SVS/MS) aqueles que revelam variáveis com relação aos casos de sarampo, bem como situação da cobertura vacinal no período de 2018 a 2021. Também foi adquirido os dados dos sites do Sistema de Informação de Agravos de Notificação/DataSUS (Sinan/DataSUS) sobre a situação geral do sarampo no Brasil e no espaço do Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) levando em consideração as variáveis referentes a cobertura vacinal a partir de 2016.
A análise dos dados teve como instrumento da coleta levantar informações a partir do método de observação não-participante e foi feito através do recurso informático do programa Excel ®, onde foi apresentado todos os dados coletados durante o período da pesquisa de 2018 a 2021 e levou em consideração as variáveis que expressam os casos de sarampo nesse período e sua cobertura vacinal a partir de 2016.
3 RESULTADOS
No Brasil a cobertura vacinal do sarampo se manteve instável nos anos de 2016 a 2021. Durante essa margem, foi apresentada menor cobertura vacinal da primeira dose da tríplice viral no ano de 2021 (73,50%). Paralelo a tal situação, observou-se oscilações quanto aos números de casos de sarampo, sendo reemergente a partir do ano de 2018 (10.346) e alcançando maior número de portadores da doença no ano de 2019 (20.901), conforme a figura 1.
Figura 1. Cobertura vacinal em percentual (%) e número de casos de sarampo no Brasil, 2016 a 2021.
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Fonte: Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI) e Boletim Epidemiológico Volume 53 | N°3 | Jan 22
Verificando o quadro de vacinações das regiões do país, observou-se que Região Norte foi a mais afetada com a baixa cobertura vacinal durante todo o período de 2016 a 2021. Sendo assim, foi observado que as vacinações da tríplice viral (D1) se manteve com oscilações nesse período estudado. Entretanto, demonstrou uma queda expressiva ao final dessa margem de tempo, apresentando assim, as menores porcentagens vacinais nos anos de 2020 (68,59%) a 2021 (67,80%), conforme figura 2.
Figura 2. Cobertura vacinal em percentual (%) da tríplice viral (D1) nas diversas Regiões do Brasil, 2016 a 2021.
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Fonte: Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI)
Analisando o período de queda mais expressiva da cobertura vacinal da Região Norte, observou-se que a situação veio acompanhada de uma alta incidência viral e consequentemente de um número expressivo de casos na região. Ao verificar o ano de 2020, a Região Norte se mostrou à frente de outras regiões quanto a incidência viral (137,22) e o número de casos (5.590). Em 2021 a situação se repete e revelou 642 casos na região com incidência de 86,72. Apesar desses dois anos serem aqueles de menores quantidades de casos no território brasileiro, notou-se que a Região Norte do país compõe a maior parte desses casos gerais do sarampo no país (conforme a tabela 1).
Tabela 1. Casos de sarampo segundo Regiões do Brasil, 2021.
Regiões/ano/incidência | 2020 | Incidência | 2021 | Incidência |
Região Norte | 5.590 | 137,22 | 642 | 86,72 |
Região Nordeste | 76 | 44,5 | 14 | 3 |
Região Sudeste | 2.236 | 13,37 | 12 | 0,12 |
Região Sul | 524 | 15,88 | 0 | 0 |
Região Centro-Oeste | 22 | 3,43 | 0 | 0 |
Total: | 8448 | 10,82 | 668 | 2,82 |
Fonte: Boletim Epidemiológico Volume 53 | N.º 3 | Jan. 2022 e Volume 52 | N°3 | Jan 2021
Foi observado no período estudado de 2016 a 2021, a situação vacinal da tríplice viral (D1) dos estados que constituem a Região Norte. Portanto, a maioria dos estados apresentaram sua menor cobertura vacinal no último ano do período (2021), assim notou-se que a única exceção foi a porcentagem vacinal do estado do Pará, cuja menor cobertura foi destacada no ano de 2020 com 61,71%. Analisou-se também aqueles estados que apresentaram mais anos de baixa adesão vacinal, desse modo, o Pará e o Amapá obtiveram esse destaque. O Pará chamou atenção em 2016 (69,61%), 2017 (67,51%) e principalmente e 2020 (61,71%) e 2021 (62,00%). O Amapá também obteve destaque em 2020 (52,11%) e 2021 (63,35%).
Figura 3. Cobertura vacinal (%) da tríplice viral (D1) segundo os estados da Região Norte, 2016 a 2021.
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Fonte: Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações (SI-PNI)
Dessa forma, os estados do Pará e Amapá apresentaram suas menores coberturas vacinais nos anos de 2020 a 2021. Paralelo a isso, nesse mesmo período demonstraram grandes quantidades de casos de indivíduos infectados com o vírus do sarampo. O estado do Pará se destacou no ano de 2020 por apresentar 5.385 casos registrados durante uma incidência viral de 93,65, enquanto o Amapá obteve maior destaque em 2021 com 527 casos confirmados e maior incidência nesse mesmo ano (81,72), conforme a tabela 2.
Tabela 2. Número de casos dos estados do Pará e Amapá, 2020 a 2021.
UF/ano/incidência | 2020 | Incidência | 2021 | Incidência |
Pará | 5.385 | 93,65 | 115 | 5,00 |
Amapá | 191 | 33,58 | 527 | 81,72 |
Total | 5576 | 63,62 | 642 | 43,36 |
Fonte: Boletins Epidemiológicos Volume 53 I N.º 3 I Jan.2022 e Volume 52 I N° 3 I Jan. 2021
4 DISCUSSÃO
Ao longo do período estudado, o Brasil se mostrou um grande foco de circulação para o vírus do sarampo. A partir de 2016, apesar de não haver registro de circulação do sarampo no país, ficou evidente o declínio da cobertura vacinal no país, principalmente da tríplice viral (D1). Visto isso, após o rebaixamento desse imunizante foi iniciado o reaparecimento do sarampo no Brasil (BRASIL, 2022).
A problemática da baixa adesão da vacinação do sarampo no período de 2016 a 2017 foi expressiva devido a um primeiro cenário marcante ocorrido no Brasil. Esse contexto foi promovido pelo certificado de erradicação do sarampo adquirido em 2016 conferido pela OPAS (BRASIL, 2021). Tal evento refletiu diretamente em uma falta de importância das autoridades governamentais para realizarem a compra de lotes da vacina. Consequentemente, ocorreu essa queda da tríplice viral (D1) no país nesse período de 2016 a 2017 (ARROYO, et al., 2020).
Como consequência dessa baixa adesão vacinal no início do período estudado houve um retorno recorrente dos casos, portanto os estados das regiões do país emitiram alertas da situação e foi necessário voltar atrás com as campanhas de vacinações no ano de 2018, repercutindo assim em um aumento de cobertura com 92,61%. Entretanto, esse cenário de baixa vacinação nos anos anteriores à reemergência viral foi decisivo para o aumento significativo do sarampo em 2018 a 2019. Sendo assim, o maior pico registrado foi com 20.901 casos em 2019 (BRASIL, 2022).
Um segundo cenário que repercutiu negativamente na taxa de vacinação do país, foi o surgimento da pandemia de Covid-19. A circulação desse vírus no Brasil retirou o foco das autoridades para a problemática do sarampo e foi determinante para a diminuição da compra de lotes da tríplice viral (DO, et al., 2022). Entretanto, vale destacar que com a pandemia da Covid-19 no Brasil houve um número menor de registro dos casos de sarampo. Esse fato pode ser explicado por meio da diminuição do trânsito de pessoas nos ambientes públicos quando iniciou o isolamento social no país devido a Covid-19. Sendo assim, com essa medida ocorreu uma queda paralela das campanhas da tríplice viral (D1) e uma pequena diminuição dos casos do sarampo (DA SILVA, et al, 2020).
O distanciamento social foi uma solução para mitigar a circulação do vírus SARS-CoV-2 e diminuir seu surto no Brasil (COWLING & AIELLO, 2021). Essa diminuição no trânsito de pessoas nos diversos estados brasileiros ficou conhecido como o movimento “Fique em casa”, uma alternativa para diminuir inicialmente a transmissão vírus, porém que interferiu indiretamente como método de barreira na circulação de outros vírus, a exemplo o causador do sarampo (COWLING, et al., 2020). E isso serviu para ajudar as regiões do país quanto aos casos do sarampo, mas não foi decisivo para barrar a sua incidência, pois a queda das vacinações nas regiões do país foi determinante, análogo ao caso da Região Norte (DA SILVA, et al, 2020).
Durante as pesquisas dos dados, notou-se que a Região Norte foi a mais afetada com a baixa cobertura vacinal. A partir do período de 2016 a 2017, nessa região representou-se uma queda na adesão da tríplice viral, fato que pode revelar a negligência governamental baseada na certificação conferida pela OPAS. Porém no período de 2018 a 2019 o cenário mudou e tentou se recuperar com o acréscimo das vacinações da tríplice viral (D1). Isso porque além do decaimento das compras de vacinas, a Região Norte recebeu nesse período uma grande quantidade de imigrantes, principalmente vindos da Venezuela (PARRA, et al., 2022).
A taxa de imigração dos venezuelanos aumentou no território brasileiro, principalmente na Região Norte. Isso aconteceu devido a situação socioeconômica que se encontra na Venezuela. Portanto, repercutiu diretamente na circulação da linhagem D8 do vírus no Brasil. Tal fato revela uma desvalorização dos direitos à saúde tanto do povo imigrante quanto da população brasileira (DE MACEDO, et al., 2019).
O reflexo da baixa cobertura se tornou maior em meados dos anos 2020 a 2021 na Região Norte. Além de levantar a questão da pandemia de Covid-19 como interferente para a baixa adesão da tríplice viral, pode-se certamente alertar sobre os movimentos antivacinas que ganharam ainda mais força nesse período com a publicação de “Fake News” (HUSSAIN, et al., 2018). O receio da população brasileira quanto a vacinação do sarampo ainda se encontra presente e torna-se recorrente por falta de campanhas públicas dedicadas à quebra desse movimento antivacina (MATOS, 2020).
Além disso, segundo o Boletim Epidemiológico 52, N°3 de 2021, os estados da Região Norte apresentaram maior incidência viral e uma predominância de crianças menores de cinco anos de idade como a classe populacional mais afetada nesse ano na região e também no Brasil (BRASIL, 2022). Isso confirma a baixa adesão principalmente da tríplice viral, visto que no território brasileiro é considerado a primeira porta de defesa para o vírus (DOS SANTOS, et al., 2019), pois segundo o plano de vacinação confere a MMR a partir dos 12 meses de idade (BRASIL, 2021). Essa baixa adesão em 2020 e 2021, tendo em vista essas crianças afetadas, se dá principalmente pela insegurança da vacina graças a movimentos antivacina que possuem força devido a algumas culturas, religiões e grupos sociais (HUSSAIN, et al., 2018).
Os estados do norte do país que apresentaram menores coberturas vacinais e maiores casos do sarampo foram os estados do Pará e Amapá (PARRA, et al., 2022. Dá-se como fator determinante para aumento dos casos nessas duas localidades, além da baixa adesão vacinal, a localização dos territórios serem ao extremo norte do país e próximo das fronteiras brasileiras favorecendo, assim, a chegada de imigrantes por essas regiões (DO, et al., 2022).
Os estados do Pará e Amapá mantiveram as piores coberturas vacinais no período estudado e relataram alta incidência viral. Entretanto, graças ao distanciamento social promovido em todo território brasileiro na virada do ano de 2020 a 2021 (COWLING, et al., 2020), o número de casos tende a diminuir porém não se extingue, demonstrando que a decorrência da baixa campanha vacinal para as vacinações do sarampo nessas localidades e em todo território brasileiro favorecem proliferação desse vírus na sociedade (COSTA, et al., 2020).
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Devido a baixa situação vacinal, principalmente da tríplice viral (D1) ficou evidenciado o aumento da incidência de sarampo no país, tendo como grande localidade afetada os estados da Região Norte, considerados fronteiriços a outros países da América.
Dessa forma fica evidente a importância de políticas públicas contra a propagação do vírus do sarampo no Brasil. Faz-se necessário estratégias de campanhas vacinais como forma de diminuir o número de casos principalmente em crianças e recém-nascidos, também é importante bloquear a circulação de movimentos antivacina através do trabalho multidisciplinar dos profissionais de saúde para alertar a população. Sendo consequentemente esperado, com essas medidas, a diminuição do número de casos e óbitos causados pelo vírus do sarampo.
REFERÊNCIAS
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1 Farmacêutica pelo Centro Universitário Maurício de Nassau (UNINASSAU). e-mail: vivianffortuna@gmail.com – ORCID: https://orcid.org/0000-0003-3450-9385
2 Doutora em Ciências Biológicas pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). e-mail: rosilma.melo@sereducacional.com – ORCID: https://orcid.org/0000-0003-1523-4101