IMPORTÂNCIA DA FISIOTERAPIA PRECOCE NA RECUPERAÇÃO FUNCIONAL MOTORA EM PACIENTES PÓS-AVC: REVISÃO DE LITERATURA

IMPORTANCE OF EARLY PHYSIOTHERAPY IN MOTOR FUNCTIONAL RECOVERY IN POST-STROKE PATIENTS: LITERATURE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102412011111


Alcires Guimarães Coelho Neto¹
Thaiana Bezerra Duarte²


Resumo

Introdução: Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) é caracterizado por um desenvolvimento rápido de sinais clínicos relacionados a distúrbios na função cerebral, que podem ocorrer devido à obstrução de vasos sanguíneos (AVC isquêmico), ou à ruptura de um vaso com consequente hemorragia cerebral (AVC hemorrágico). Iniciar a reabilitação na fase aguda é importante tanto para prevenir e tratar complicações quanto para melhorar a independência funcional. A importância da fisioterapia no tratamento pós-AVC é amplamente reconhecida devido ao seu papel fundamental no processo de reabilitação e na recuperação funcional, contribuindo para a redução das limitações físicas, prevenção de complicações, melhoria da independência funcional e a promoção de uma melhor qualidade de vida. Objetivo: Analisar por meio de revisão de literatura, a eficácia da reabilitação e recuperação precoce, propondo alternativas mais eficazes e confortáveis para a recuperação funcional motora de pacientes pós-AVC. Materiais e método: Este estudo trata-se de uma revisão de literatura. Foram realizadas buscas por artigos nas bases de dados PubMed, Lilacs e PEDro (Physiotherapy Evidence Database), que são amplamente reconhecidas pela inclusão de pesquisas rigorosas e abrangentes sobre reabilitação e fisioterapia. Resultados: Os resultados sugerem que, embora a mobilização precoce e os métodos específicos variem entre os estudos, todos destacam e reforçam que a fisioterapia precoce desempenha um papel fundamental na recuperação de pacientes pós-AVC, ajudando a melhorar a mobilidade, a eficiência e as funções necessárias, como a deglutição, além de contribuir para a independência funcional e qualidade de vida. Conclusão: Portanto, este estudo evidenciou a importância da fisioterapia precoce na recuperação funcional de pacientes pós-AVC, reforçando que a intervenção inicial e contínua é fundamental para melhorar a mobilidade, a funcionalidade e a qualidade de vida desses pacientes.

Palavras-chave: “pós-AVC”, “reabilitação”, “fisioterapia precoce”, “funcionalidade” “qualidade de vida”.

Abstract

Background: According to the World Health Organization (WHO), stroke is characterized by the rapid development of clinical signs related to disturbances in brain function, which may occur due to the obstruction of blood vessels (ischemic stroke) or the rupture of a vessel with consequent cerebral hemorrhage (hemorrhagic stroke). Starting rehabilitation in the acute phase is important both to prevent and treat complications and to improve functional independence. The importance of physiotherapy in post-stroke treatment is widely recognized due to its fundamental role in the rehabilitation process and functional recovery, contributing to the reduction of physical limitations, prevention of complications, improvement of functional independence and the promotion of a better quality of life. Objective: Analyze, through a literature review, the effectiveness of rehabilitation and early recovery, proposing more effective and comfortable alternatives for the functional motor recovery of post-stroke patients. Materials and method: This study is a literature review. Searches were carried out for articles in the PubMed, Lilacs and PEDro (Physiotherapy Evidence Database) databases, which are widely recognized for the inclusion of rigorous and comprehensive research on rehabilitation and physiotherapy. Results: The results suggest that, although early mobilization and specific methods vary between studies, all highlight and reinforce that early physiotherapy plays a fundamental role in the recovery of post-stroke patients, helping to improve mobility, efficiency and necessary functions, such as swallowing, in addition to contributing to functional independence and quality of life. Conclusion: Therefore, this study highlighted the importance of early physiotherapy in the functional recovery of post-stroke patients, reinforcing that initial and continuous intervention is essential to improve mobility, functionality and quality of life of these patients.

Keywords: “post-stroke”, “rehabilitation”, “early physiotherapy”, “functionality” , “quality of life”.

1  INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Acidente Vascular Cerebral (AVC) refere-se a um desenvolvimento rápido de sinais clínicos de distúrbios da função cerebral, esses distúrbios podem ser focal ou global, que podem ter duração igual ou superior a 24 horas. Esses eventos podem ocorrer quando há obstrução de um vaso sanguíneo, bloqueando o seu fluxo para as células cerebrais (AVC isquêmico), ou à ruptura de um vaso sanguíneo gerando uma hemorragia cerebral (AVC hemorrágico). Os idosos são a população com maior incidência de AVC e esses eventos resultam em uma menor oferta de oxigênio ao cérebro e que pode levar ao óbito. As manifestações clínicas do AVC variam conforme a local e a extensão da lesão no cérebro (Ministério da Saúde, 2013).

Iniciar a reabilitação na fase aguda é importante tanto para prevenir e tratar complicações quanto para melhorar a independência funcional. Entretanto, vários componentes da reabilitação que ainda são pouco definidos, estando a mobilização precoce entre eles e, ainda, no que se refere à mobilização de pacientes trombolisados, alguns protocolos incluem 24 h de repouso no leito após o tratamento (Anjos et al., 2023).

A espasticidade é um distúrbio do movimento que causa uma hipertonia e hiper- reflexia, no momento da contração muscular, sendo ela uma das principais consequências no pós AVC. O diagnóstico precoce e a aplicação de procedimentos terapêuticos adequados reduzem os efeitos dos distúrbios de deglutição e limitam a mortalidade devido à disfagia pós- AVC. O objetivo da fisioterapia para disfagia é prevenir a aspiração, desidratação e desnutrição por meio da restauração da deglutição funcional e fisiológica (Krajczy et al., 2019).

A importância da fisioterapia no tratamento pós-AVC é amplamente reconhecida devido ao seu papel fundamental no processo de reabilitação e na recuperação funcional, contribuindo para a redução das limitações físicas, prevenção de complicações, melhoria da independência funcional e a promoção de uma melhor qualidade de vida. A fisioterapia ajuda os pacientes a recuperarem a função muscular e a mobilidade perdidas após um AVC, além disso, a reabilitação motora deve iniciar o mais precocemente possível, pois busca reduzir as deficiências motoras além de beneficiar sua motricidade, capacidade de atividade e desempenho na vida diária (Kwakkel et al., 2023).

No período de recuperação após acidente vascular cerebral agudo, a terapia de reabilitação física pode reativar gradualmente as células neuronais no cérebro do paciente por meio de compressão, sustentação de peso, tração, estimulação e outros métodos de movimento. Essas atividades promovem a contração muscular e melhoram a força muscular para que a função dos membros hemiplégicos possa ser recuperada (Huang et al., 2022).

A mobilização precoce é um tratamento que traz benefícios tanto físicos quanto mentais, contribuindo para a redução do risco de internação prolongada. Entre suas vantagens, destaca-se a melhora no transporte de oxigênio, a diminuição da incidência de complicações pulmonares, a aceleração da recuperação e a prevenção dos efeitos negativos do imobilismo. Essa mobilização é realizada por meio de atividades fisioterapêuticas, como exercícios realizados na cama, treinamento para sentar à beira do leito, ortostatismo, transferência para cadeira e deambulação. A cinesioterapia precoce, que envolve exercícios passivos, ativo- assistidos e resistidos, também visa diminuir o risco de tromboembolismo, além de manter a amplitude dos movimentos articulares, o tônus muscular, a força e a função muscular. Iniciar o atendimento fisioterapêutico o mais cedo possível é fundamental para a melhoria do paciente, ajudando a prevenir complicações associadas à hospitalização prolongada e à imobilidade (Aquim et al., 2019)

Estudos indicam que o início do tratamento fisioterapêutico pode ocorrer entre 24 e 72 horas após o evento, mas é essencial considerar fatores como a estabilidade clínica do paciente, o lado da lesão, sua prontidão para a reabilitação, bem como a motivação e a disposição para colaborar com o tratamento. A intervenção fisioterapêutica precoce, durante a fase aguda, pode prevenir complicações secundárias e, ao mesmo tempo, melhorar o desempenho em outras atividades diárias. Além disso, contribui para a elevação da autoestima e auxilia na recuperação motora, no aumento da capacidade funcional e na promoção da independência do paciente (Oliveira et al., 2024).

A problemática central deste estudo é responder: Qual importância da fisioterapia precoce para a recuperação funcional e de que maneira ela pode contribuir de forma eficaz e abrangente para o tratamento desses pacientes.

A reabilitação após o AVC é de suma importância para a recuperação na qualidade de vida do paciente. Este processo é essencial para recuperar a mobilidade, habilidades funcionais e a própria independência do indivíduo. Além do mais, a mobilização do membro parético deve ser priorizado, pois pode ser estimulado com fisioterapia precoce, movimentos repetitivos e nas atividades diárias. Assim, deve ser iniciado o mais precoce possível, desde que o paciente possua condições clínicas, e conduzida por uma equipe multiprofissional (Monteiro et al., 2022).

Portanto, a realização deste estudo se justifica pela importância de entender o papel da fisioterapia precoce na reabilitação de pacientes pós-AVC.

Desse modo o objetivo deste estudo é analisar por meio de revisão de literatura, a eficácia da reabilitação e recuperação precoce, propondo alternativas mais eficazes e confortáveis para a recuperação funcional motora de pacientes pós-AVC.

2  MATERIAIS E MÉTODO

Este estudo trata-se de uma revisão de literatura. Foram realizadas buscas por artigos nas bases de dados PubMed, Lilacs e PEDro (Physiotherapy Evidence Database), que são amplamente reconhecidas pela inclusão de pesquisas rigorosas e abrangentes sobre reabilitação e fisioterapia. Para essa revisão, foi realizada uma busca por artigos nas bases de dados por meio dos descritores: “post stroke”, “rehabilitation” e “early physiotherapy” utilizando o operador “and”, a fim de garantir que os resultados fossem específicos ao tema. Os descritores citados foram usados apenas na língua inglesa. Definiu-se o período de publicação de 10 anos pela possibilidade de poder ser encontrado um maior número de artigos científicos sobre o tema. A pesquisa nas bases de dados foi realizada em Setembro de 2024.

Como critérios de inclusão, foram selecionados os artigos do tipo ensaio clinico que aplicaram a fisioterapia precoce em pacientes diagnosticados com AVC, população alvo composta por adultos e idosos, e artigos publicados nos últimos 10 anos em inglês e português.

Como critérios de exclusão, foram rejeitados os artigos duplicados, artigos em outros idioma e os que não estavam disponíveis na integra.

Após ser realizada a busca, os artigos que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão foram analisados e resumidos em uma tabela. O resumo foi organizado de forma a apresentar a estrutura dos trabalhos em tópicos, compostos por: nome do autor, ano de publicação, formato dos materiais e principais resultados obtidos.

3  RESULTADOS

A partir das palavras-chave utilizadas e dos critérios de inclusão e exclusão descritos na sessão anterior, pela leitura dos títulos e resumos, foram encontrados 238 resultados.

Em seguida, após uma segunda leitura dos materiais selecionados, foram excluídos 234 por não terem relação direta com o tema proposto pelo trabalho, permanecendo no estudo 4 como mostra a Figura 1.

Figura 1: Fluxograma do estudo.

Dos 238 artigos encontrados inicialmente, restaram 4 artigos que foram selecionados e constituem essa revisão. Esses materiais estão descritos na Tabela 1.

Tabela 1: Resumo dos estudos utilizados na revisão.

Este estudo envolve dados de 268 participantes, com uma média de idade de 70,1 e com um total de 34 sessões de fisioterapia. A análise dos estudos selecionados reforça a eficácia da fisioterapia precoce em diversos aspectos da recuperação funcional pós-AVC.

Essa revisão incluiu resultados de 4 artigos. Esses resultados sugerem que, embora a mobilização precoce e os métodos específicos variem entre os estudos, todos destacam e reforçam que a fisioterapia precoce desempenha um papel fundamental na recuperação de pacientes pós-AVC.

No estudo de Dantas et al. (2023) participaram 51 indivíduos com sequela de AVC, dos quais 28 completaram o protocolo de treinamento. A média de idade dos participantes foi de aproximadamente 56,3 anos. O protocolo de fisioterapia incluiu um total de 12 sessões, realizadas duas vezes por semana durante seis semanas, com cada sessão durando cerca de 30 minutos. Ele sugeriu que a adição de estímulo elétrico funcional ao treinamento em extensão promove melhorias significativas na mobilidade e resistência, indicando que protocolos mais complexos e combinados podem acelerar a reabilitação.

No estudo de Anjos et al. (2023) participaram 104 pacientes tratados com trombólise, dos quais 51 foram mobilizados precocemente, enquanto 53 receberam os cuidados habituais. Média de idade dos participantes variou de 55,8 a 72,1 anos, mas a média exata não foi especificada. Não foi detalhado no estudo o número exato de sessões de fisioterapia aplicadas a cada paciente, mas a avaliação foi realizada ao longo de sete dias de internação e também em 90 dias após a alta, sugerindo uma sequência de intervenções nesses períodos. Este estudo corroboram a importância da mobilização precoce, mostrando que pacientes trombolisados que iniciaram a mobilização dentro de 24 horas apresentaram maior independência funcional.

No estudo de Krajczy et al. (2019) foram incluídos 60 pacientes, com uma média de idade de 63 anos. Os participantes foram divididos em dois grupos: um grupo de estudo e um grupo controle. A intervenção consistiu em 15 sessões de fisioterapia, realizadas diariamente ao longo desse período. Esse estudo demonstrou que, após a terapia, o grupo que recebeu tratamento para disfagia apresentou melhorias significativas nas funções de deglutição e reflexos, em comparação ao grupo controle, que não recebeu a intervenção. O reflexo de deglutição eficaz aumentou de 57% para 97% no grupo que recebeu fisioterapia, diminuindo o risco de complicações como aspiração e desnutrição, que são essenciais para o bem-estar geral do paciente.

Por fim, no estudo de Longley et al. (2023) 53 pacientes participaram, com uma média de idade variando de 24 a 89 anos. Os participantes receberam uma média de 7 sessões de treinamento de adaptação a prismas, com cada sessão durando cerca de 5 minutos. Neste estudo exploram uma abordagem menos tradicional, investigando as previsões do treinamento de adaptação de prismas, mostrando uma diversificação de estratégias que podem ser adotadas.

4  DISCUSSÃO

A análise dos estudos destaca a eficácia da fisioterapia precoce na recuperação funcional de pacientes pós-AVC, abrangendo desde a mobilidade até a reabilitação de funções específicas, como a deglutição. Os achados indicam que a implementação de intervenções fisioterapêuticas logo após o AVC pode não apenas potencializar a recuperação, mas também promover uma maior independência funcional, demonstrando o impacto positivo dessa abordagem em diversos aspectos da reabilitação.

No estudo de Dantas et al. (2023), a introdução de estímulo elétrico funcional durante o treinamento em extensão resultou em melhorias significativas na mobilidade e na resistência dos participantes. Essa combinação sugere que protocolos de fisioterapia que incluam estímulos adicionais são especialmente eficazes na promoção da reabilitação motora, podendo acelerar o retorno à mobilidade funcional. Esses achados estão alinhados com o conceito de neuroplasticidade, pois o estímulo elétrico associado ao movimento motor otimiza a reorganização neural e potencializa a recuperação motora, o que é fundamental nos primeiros meses pós-AVC. Essa abordagem multidimensional reforça a importância de um planejamento terapêutico que abranja não apenas a mobilidade, mas também a resistência e a função muscular, aumentando as chances de uma recuperação motora mais rápida e eficiente (Pereira et al. 2024).

O estudo de Anjos et al. (2023), por sua vez, reforça a importância da mobilização precoce em pacientes tratados com trombólise. Os pacientes mobilizados dentro das primeiras 24 horas após o AVC mostraram níveis mais elevados de independência funcional em comparação aos que receberam os cuidados convencionais. Esse resultado sugere que o início da mobilização logo após a trombólise não apenas é seguro, mas também se traduz em ganhos funcionais significativos. Isso confirma achados de pesquisas anteriores que associam a mobilização precoce à prevenção de complicações secundárias, como trombose venosa profunda e encurtamento muscular, e ainda contribui para a autonomia funcional do paciente a longo prazo. Essa abordagem demonstra que, quando realizada sob supervisão adequada, a fisioterapia precoce pode ser integrada com segurança ao tratamento clínico de emergência, sendo um complemento crucial para os pacientes que passaram por tratamento trombolítico (Aquim et al. 2019).

Já o estudo de Krajczy et al. (2019) destaca a fisioterapia focada em uma função específica a deglutição que é essencial para a saúde e qualidade de vida de pacientes com sequelas de AVC. O aumento da eficácia do reflexo de deglutição de 57% para 97% no grupo que recebeu fisioterapia demonstra uma melhoria substancial, reduzindo significativamente o risco de complicações graves, como aspiração e desnutrição. Esse estudo amplia a visão dos efeitos da fisioterapia precoce, mostrando que, além de auxiliar na recuperação motora, ela também pode ser adaptada para melhorar funções vitais específicas.

Por fim, o estudo de Longley et al. (2023) introduz uma perspectiva inovadora ao incluir o treinamento de adaptação a prismas, uma técnica voltada para o treinamento da percepção visual e espacial. Embora menos tradicional, essa abordagem demonstrou-se promissora em diversificar as possibilidades de tratamento fisioterapêutico para pacientes que apresentam déficits cognitivos e perceptuais após o AVC.

Apesar dos resultados promissores, algumas limitações são observáveis nos estudos analisados. Primeiramente, a variabilidade nos métodos e na frequência das sessões, como a falta de um número exato de sessões no estudo de Anjos et al. (2023), dificulta uma comparação direta entre os protocolos e pode afetar a reprodutibilidade dos resultados. Além disso, a falta de uniformidade nas idades dos participantes e nas condições clínicas entre os grupos reduz a possibilidade de generalização dos achados para toda a população de pacientes com AVC. Finalmente, o número de participantes em alguns estudos foi limitado, o que pode restringir a validade estatística de alguns resultados e exige cautela na extrapolação dos dados. Para futuras pesquisas, recomenda-se um aprofundamento na avaliação dos efeitos de protocolos combinados e personalizados, com um controle mais rigoroso da frequência e duração das sessões. Investigar os impactos da fisioterapia precoce em diferentes subgrupos, considerando características como tipo de AVC, idade e comorbidades, também poderia fornecer insights mais detalhados sobre a eficácia dessa abordagem. Além disso, o acompanhamento de longo prazo poderia esclarecer se os benefícios da fisioterapia precoce são sustentáveis ao longo dos anos, ajudando a guiar as melhores práticas na reabilitação de pacientes pós-AVC.

5 CONCLUSÃO

Portanto, este estudo evidenciou a importância da fisioterapia precoce na recuperação funcional de pacientes pós-AVC, reforçando que a intervenção inicial e contínua é fundamental para melhorar a mobilidade, a funcionalidade e a qualidade de vida desses pacientes. A análise dos estudos revelou que métodos como a mobilização precoce, o estímulo elétrico funcional e intervenções específicas para funções comprometidas (como a deglutição) promovem ganhos substanciais na reabilitação motora e funcional. Além disso, as estratégias menos convencionais, como o treinamento de adaptação a prismas, oferecem abordagens promissoras para déficits específicos, ampliando o alcance da fisioterapia.

Os achados também destacam que a fisioterapia precoce não só beneficia a recuperação física, mas também reduz riscos de complicações secundárias e hospitalização prolongada, aspectos essenciais para o bem-estar geral e a independência funcional dos pacientes. No entanto, limitações como a falta de uniformidade nos protocolos e a variabilidade entre os participantes sugerem a necessidade de estudos mais robustos e específicos, que considerem fatores como idade, tipo de AVC e condições clínicas para definir abordagens personalizadas.

Futuras pesquisas devem investigar o impacto de protocolos individualizados e com acompanhamento a longo prazo para determinar se os benefícios da fisioterapia precoce são sustentáveis e como eles podem ser otimizados. Com base nesses achados, recomenda-se que a mobilização e a reabilitação precoce se tornem práticas-padrão na fisioterapia para pacientes com AVC, integrando-se aos cuidados clínicos com o objetivo de maximizar a recuperação e a independência funcional.

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1 Discente do Curso de Fisioterapia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE.

2 Doutorado em Reabilitação e Desempenho Funcional, Docente do Curso de Fisioterapia e Fonoaudiologia do Centro Universitário do Norte – UNINORTE e do Curso de Medicina da Afya Faculdade de Ciências Médicas Itacoatiara.

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