REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10478884
Adriele Lins Silva1; Ana Letícia Santos do Nascimento2; Aretusa Lopes Cavalheiro3; Carine Laura de Andrade4; Juliana Araújo Brandão5; Keyse Rafaela Nascimento dos Santos6; Lilian Cristina Silva Santos Magri7; Matheus Oliveira Nery de Freitas8; Reisla Délis Silva de Almeida9; Roberto Oliveira Guimarães10; Samara Karine Carvalho Sena11.
RESUMO
Introdução: As doenças cardíacas são as principais causas de morte nos países desenvolvidos e sua ocorrência vem aumentando de forma epidêmica, também, nos países em desenvolvimento. No Brasil, ocupam o primeiro lugar nas causas de morte e internação hospitalar. Quando necessário, um dos recursos para tratamento é revascularização do miocárdio. No entanto, o tratamento para essas pessoas não se encerram com a cirurgia, é de extrema importância que após o procedimento cirúrgico, o indivíduo realize a reabilitação cardíaca, de forma a melhorar sua performance cardiopulmonar. Objetivo: Identificar na literatura a importância da fisioterapia na reabilitação cardíaca no pós operatório de revascularização do miocárdio. Metodologia: trata-se de um estudo de revisão bibliográfica, foram realizadas pesquisas nas bases de dados SCIELO, LILACS, PubMed e Google Acadêmico, foram selecionados 7 estudos para análise de acordo com os critérios de inclusão desta pesquisa. Resultados: Os estudos analisados trouxeram diferentes protocolos de tratamento de reabilitação respiratória e/ou motora. Independente das técnicas utilizadas, todos os estudos analisados demonstram eficácia nos recursos da fisioterapia no tratamento das pessoas submetidas à revascularização do miocárdio, tanto na prevenção e/ou tratamento das disfunções pulmonares, como na capacidade funcional e independência. E para além, essa reabilitação tem resposta positiva também na percepção de qualidade de vida de uma forma global, repercutindo mesmo que de forma indireta, no bem-estar biopsicossocial dos indivíduos.
Palavras-chave: Reabilitação cardíaca; Fisioterapia; Revascularização do miocárdio.
SUMMARY
Introduction: Heart diseases are the main causes of death in developed countries and their occurrence is also increasing epidemically in developing countries. In Brazil, they rank first in causes of death and hospital admission. When necessary, one of the resources for treatment is myocardial revascularization. However, treatment for these people does not end with surgery; it is extremely important that after the surgical procedure, the individual undergoes cardiac rehabilitation in order to improve their cardiopulmonary performance. Objective: To identify in the literature the importance of physiotherapy in cardiac rehabilitation after myocardial revascularization. Methodology: this is a bibliographic review study, searches were carried out in the SCIELO, LILACS, PubMed and Google Scholar databases, 7 studies were selected for analysis in accordance with the inclusion criteria of this research. Results: The studies analyzed brought different respiratory and/or motor rehabilitation treatment protocols. Regardless of the techniques used, all the studies analyzed demonstrate the effectiveness of physiotherapy resources in the treatment of people undergoing myocardial revascularization, both in the prevention and/or treatment of pulmonary dysfunctions, as well as in functional capacity and independence. Furthermore, this rehabilitation also has a positive response in the perception of quality of life in a global way, having an impact, even if indirectly, on the biopsychosocial well-being of individuals.
Keywords: Cardiac rehabilitation; Physiotherapy; Revascularization of the myocardium.
Introduction: Heart diseases are the main causes of death in developed countries and their occurrence is also increasing epidemically in developing countries. In Brazil, they rank first in causes of death and hospital admission. When necessary, one of the resources for treatment is myocardial revascularization. However, treatment for these people does not end with surgery; it is extremely important that after the surgical procedure, the individual undergoes cardiac rehabilitation in order to improve their cardiopulmonary performance. Objective: To identify in the literature the importance of physiotherapy in cardiac rehabilitation after myocardial revascularization. Methodology: this is a bibliographic review study, searches were carried out in the SCIELO, LILACS, PubMed and Google Scholar databases, 7 studies were selected for analysis in accordance with the inclusion criteria of this research. Results: The studies analyzed brought different respiratory and/or motor rehabilitation treatment protocols. Regardless of the techniques used, all the studies analyzed demonstrate the effectiveness of physiotherapy resources in the treatment of people undergoing myocardial revascularization, both in the prevention and/or treatment of pulmonary dysfunctions, as well as in functional capacity and independence. Furthermore, this rehabilitation also has a positive response in the perception of quality of life in a global way, having an impact, even if indirectly, on the biopsychosocial well-being of individuals.
Keywords: Cardiac rehabilitation; Physiotherapy; Revascularization of the myocardium.
1.0 INTRODUÇÃO
As doenças cardíacas podem ser definidas como qualquer agravo que obstrua ou impeça a normalidade da circulação sanguínea. Várias doenças são classificadas sob a denominação de doenças cardiovasculares (DCVs) (ALMEIDA et al, 2020; OMS, 2017). As DCVs são as principais causas de morte nos países desenvolvidos e sua ocorrência vem aumentando de forma epidêmica, também, nos países em desenvolvimento. A etiologia para o acometimento pelas DVCs está normalmente associada com fatores quem envolvem estilo de vida, como tabagismo, sedentarismo e alimentação inadequados, não obstante existe também o fator genético como predisponente (CHAGAS; SILVA; ALENCAR, 2016).
No Brasil, as DVCs ocupam o primeiro lugar nas causas de morte e internação hospitalar (CAVENAGHI et al, 2011; CHAGAS; SILVA; ALENCAR, 2016; RIBEIRO; COTTA; RIBEIRO, 2012;). Sendo observado nos últimos anos um aumento expressivo de pacientes com problemas cardíacos que necessitaram de cuidados intensivos, clínicos ou cirúrgicos como no infarto agudo do miocárdio (IAM), doença arterial coronariana e a dor associada à esternotomia. (CHAGAS; SILVA; ALENCAR, 2016).
Nas últimas décadas, inúmeros avanços foram alcançados no diagnóstico e tratamento das cardiopatias como os ecocardiogramas, eletrocardiogramas, cateterismo, bem como, incluindo o desenvolvimento de tecnologias e técnicas cirúrgicas, as quais têm contribuído para a diminuição do índice de morbimortalidade e para a melhoria da sobrevida de pessoas com cardiopatas, como a Angioplastia e Cirurgia de Revascularizção do Miocárido (CRVM). Sendo que CRVM é uma das mais frequentes modalidades de tratamento em todo o mundo (ALMEIDA et al, 2020; SAMANCO et al, 2017).
È preciso, no entanto, ter ciência que nem todos os indivíduos com uma doença arterial coronariana é um paciente elegível para a CRVM. Esta opção de tratamento é considerada como padrão para pessoas que são acometidos com estreitamentos ou bloqueios importantes das artérias que nutrem o coração (ALMEIDA et al, 2020). A escolha sobre qual vaso será utilizado para a revascularização está associado com a importância da artéria cardíaca obstruída, se veia safena ou artéria mamária.
O objetivo da CRVM é restabelecer o fluxo de sangue e consequentemente, oxigênio para a região suprida por uma artéria do coração que apresenta alguma obstrução. Assim, com o suprimento adequado de sangue e oxigênio para o coração, observa-se uma melhora na qualidade de vida dos pacientes, promovendo o alívio dos sintomas anginosos relacionados à cardiopatia, como a dispneia, cansaço e dor no peito, favorecendo o aumento da sobrevida (ALMEIDA et al, 2020)
Não obstante, o tratamento para essas patologias não se findam com a CRVM, já se tem demonstrado pela literatura que a reabilitação cardíaca (RC) auxilia na redução da mortalidade, podendo ocorrer em várias etapas do tratamento, incluindo a fase pré-hospitalar, pós cirúrgico (PO) imediato e tardio e os momentos que sucedem a alta hospitalar (ALMEIDA et al, 2020).
A Reabilitação Cardíaca é uma terapia desenvolvida por uma equipe multiprofissional que compreende desde atividades físicas, orientações nutricionais, psicossociais à mudanças nos hábitos de vida (NERY, 2011; CHAGAS; SILVA; ALENCAR, 2016). E pode ser dividida em 4 fases: a fase I- abrange o período de hospitalização; a fase II realizada ambulatoriamente se inicia após alta hospitalar e dura de três a seis meses; a fase III, também realizada ambulatoriamente ou em domicílio, tem duração de seis meses a um ano, e a fase IV, de tempo indeterminado, tem como objetivo manutenção da atividade física e pode ser realizada em domicílio ou outros ambientes (CHAGAS; SILVA; ALENCAR, 2016).
A fisioterapia tem papel fundamental nesse processo de reabilitação, com técnicas que previnem ou tratam as disfunções pulmonares que tão comumente acometem as pessoas com revascularização do miocárdio (SANTOS et al, 2016), como na reabilitação das condições motoras para o desenvolvimento das atividades funcionais do indivíduo. Intervindo na capacidade funcional do indivíduo a fisioterapia de forma indireta também nas condições que envolvem aspectos psicológicos e sociais subjacentes ao processo saúde/doença (ALMEIDA et al, 2020). Justificando assim a realização desse trabalho que tem como objetivo demonstrar Importância da fisioterapia na reabilitação cardíaca no pós-operatório de revascularização do miocárdio.
2.0 METODOLOGIA
Este trabalho trata-se de uma Revisão Bibliográfica. Este tipo de estudo é produzido a partir de material já publicado, constituído principalmente de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias, dissertações, teses, material cartográfico, internet, e tem como objetivo colocar o pesquisador em contato direto com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa (PRODANOV; FREITAS, 2013).
Assim, foi realizado o levantamento bibliográfico nos seguintes bancos de dados de pesquisa: Scientific Electronic Library Online (SCIELO), Literatura Latino Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e PubMed e GOOGLE Acadêmico. Inicialmente, pensou-se em utilizar o mesmo descritor de assunto para todas as bases, devido a não encontrar artigos, foi necessário a utilização de descritores diferentes em cada base. Assim, para a base LILACS foram usados os seguintes descritores: “Fisioterapia e Reabilitação ou Reabilitação cardíaca e Revascularização do miocárdio”. Para a base de dados SCIELO não foram encontrados artigos com esses descritores, logo utilizamos os seguintes: “Fisioterapia e Reabilitação Cardíaca”, o mesmo ocorreu na base de dados PubMed, sendo usado os seguintes descritores: “Physiotherapy and Cardiac Surgery”. Na busca na plataforma do GOOGLE acadêmico foi utilizado para a pesquisa o seguinte termo: “Fisioterapia no pós operatório de revascularização do miocárdio”.
Em todas as bases, foram utilizados os seguintes filtros: artigos em português, com até 10 anos de publicação, que tivesse disponível de forma gratuita na plataforma. Para a seleção dos artigos, foram lidos os títulos, de acordo com o título, lido os resumos, identificados o tema de acordo com o estudado, o artigo era então selecionado para o nosso estudo.
Após essa busca foram feitas as análises dos resultados dos trabalhos dos quais, a temática estavam de acordo com a relevância da proposta dessa pesquisa. Foi elaborada uma tabela de informações com os títulos dos trabalhos, nome dos autores, ano de publicação, principais resultados e/ou conclusões. Depois de todos os passos acima citados concluídos, foi realizada a análise crítica dos resultados e a escrita final deste artigo.
5;0- RESULTADOS E DISCUSSÃO
Considerando a utilização dos descritores nas bases de dados na forma supracitadas e os filtros utilizados para esta pesquisa, foram encontrados 11 artigos na base de dados LILACS, dos quais 4 correspondiam ao tema abordado neste estudo, na base de dados SCIELO, foram encontrados 9 estudos, nenhum entrava nos critérios de inclusão para este estudo e na base de dados PubMed foram encontrados 4 atigos, porém nenhum abordava o objeto de estudo desta pequisa, já no GOOGLE Acadêmico foram encontrados 218 estudos, dos quais 4 foram incluídos para esta pesquisa sendo que 1 era comum a base de dados LILACS. Assim totalizaram 7, os artigos selecionados para análise nesse estudo.
Tabela 1.1- Resumo dos artigos analisados
Título do trabalho | Autores | Ano de Publicação | Principais resultados e/ou conclusões |
Efeitos agudos nos parâmetros cardiorrespiratórios da ventilação mecânica não invasiva e do incentivador respiratório no pós-operatório de revascularização miocárdica | FREIRE, Ana Paula Coelho Figueira, et al | 2014 | “Conclusão: Nesta amostra, os recursos terapêuticos aplicados demonstraram resultados similares em relação ao comportamento hemodinâmico, o que demonstra que na fase I de reabilitação são técnicas seguras e que podem ser indicadas para reversão ou prevenção das possíveis complicações pulmonares.” |
Efeitos de técnicas respiratórias no clearance mucociliar, força e fluxo expiratório no pós-operatório de revascularização do miocárdio | SANTOS, Caroline Pereira, et al. | 2016 | “Conclusão: Não foram observadas diferenças significativas entre as técnicas, porém foram eficientes no clearance mucociliar, força muscular e pico de fluxo expiratório quando avaliadas separadamente.” |
Estudo de revisão: A eficácia dos protocolos de fisioterapia na prevenção das disfunções pulmonares no pós-operatório da revascularização miocárdica | MARQUES, Ana Maria Rocha; D’ALESSANDRO, Walmirton Bezerra, D’ALESSANDRO, Aline Almeida Barbaresco | 2016 | “Considerações Finais: Pelo exposto, o tratamento fisioterapêutico em cirurgia cardíaca, contribui para o sucesso do processo de reabilitação pós-operatório de CRVM, destacando-se os protocolos de CPAP e MP.” |
A fisioterapia no pós-operatório de revascularização do miocárdio: reflexões sobre a reabilitação no enfoque da integralidade em saúde | ALMEIDA, Beatriz Rodrigues de, et al | 2020 | “Conclusão: A atuação da fisioterapia na reabilitação pós-cirúrgica deve priorizar uma abordagem que contemple a integralidade como princípio estruturante do cuidado em saúde, o que demanda a problematização do tema no campo da formação e prática profissional.” |
Atuação fisioterapêutica no pós-operatório de revascularização miocárdica: revisão sistemática | CARVALHO, André Rodrigues; SOUSA Izabelle Macedo de. | 2020 | CONCLUSÃO: As condutas comumente realizadas pela fisioterapia na fase de pós-operatório de revascularização miocárdica incluem técnicas relacionadas a fisioterapia respiratória e mobilização progressiva. Dentre as intervenções empregadas o exercício aeróbio tem sido a modalidade com maior número de evidências a respeito dos seus benefícios. |
Fisioterapia no pós-operatório de cirurgia cardíaca: revisão sistemática | FREITAS, Michele Frittoli de, MIRANDA, Vânia Cristina dos Reis; PEREIRA Elaine Cristina Alves; TEODORO Elaine Cristina Martinez. | 2020 | “Concluiu-se que o programa de Reabilitação Cardíaca mostrou resultados satisfatórios no pós-operatório de cirurgia cardíaca, como a melhora na força muscular global, capacidade respiratória, funcionalidade, qualidade de vida e deve ser iniciado o mais precoce possível.” |
Manobras de reexpansão pulmonar no pós-operatório de cirurgia cardíaca: revisão bibliográfica | DIAS, Willsyany Monteiro Assunção; SILVA, Rafaela Ferreira Da; LOURENÇO, Lécia Kristine. | 2021 | “Conclusão: O presente estudo demonstra que a cirurgia cardíaca provoca várias alterações pulmonares, renais, neurológicas, sendo comum ocorrer cerca de 70% dos casos. De acordo com os estudos analisados, a aplicação das técnicas de reexpansão pulmonar no pós-operatório de cirurgia cardíaca se mostrou relevante na melhora do quadro funcional desses pacientes.” |
A CRM é considerada como tratamento padrão para pessoas que são acometidos com estreitamentos ou bloqueios importantes das artérias que nutrem o coração (ALMEIDA et al, 2020). Sendo um importante recurso utilizado para aumentar a sobrevida de pessoas acometidas pela DAC, bem como sua qualidade de vida. Não obstante após a realização do procedimento cirúrgico, é iniciada uma nova fase, a da reabilitação.
Mesmo com todos os avanços, diversos tipos de alterações podem acometer a pessoa que precisou ser submetida ao uma CRVM, que podem ser cardiovasculares, neurológicas, renais e principalmente pulmonares no pós-operatório desta cirurgia (FREIRE et al, 2013).
As complicações pulmonares são as que mais frequentemente acometem essas pessoas (FERREIRA; MARINO; CAVENHAGUI, 2012; SANTOS et al, 2016). Durante o pós-operatório (PO). Essas complicações podem estar ligadas a diversos fatores, tais como o local da incisão cirúrgica, o tipo e o tempo de anestesia e de ventilação mecânica, a presença de drenos pleurais, o grau de função pulmonar no pré-operatório, além do tempo de circulação extra corpórea, que podem levar a alterações em volumes e capacidades pulmonares (SANTOS et al, 2016).
Dos 7 artigos analisados nessa pesquisa, 4 avaliaram diretamente aspectos relacionados a condutas respiratórias, dos demais, 2 abordaram um protocolo de reabilitação que também incluíam a reabilitação respiratória e apenas 1 avaliava outros aspectos relacionados a CRM.
Santos e colaboradores (2016), em seu estudo compararam a eficácia da respiração por pressão positiva e de exercícios de respiração profunda. Esse estudo teve um número amostral inicial de 32 indivíduos, onde foram avaliados a transportabilidade mucociliar, força muscular e pico de fluxo expiratório após a CRVM. Neste estudo observou-se que ambas as técnicas promovem melhora quando analisados individualmente, no entanto, foram similares comparativamente, ou seja, não houve diferenças significativas entre os grupos.
Já Freire et al (2014), se propuseram a avaliar os parâmetros cardiorrespiratórios: frequência respiratória (FR), frequência cardíaca (FC), saturação de oxigênio (SpO2) e pressão arterial (PA) e duplo produto (DP) em dois grupos, antes e após serem submetidos um à ventilação mecânica não invasiva com pressão positiva contínua (VMNI/CPAP) e outro grupo submetido ao incentivador respiratório a volume (IR).
A amostra foi constituída de 20 pacientes, estes foram avaliados antes, durante e após o protocolo. Como resultado esses autores identificaram resultados similares em relação ao comportamento hemodinâmico, o que demonstra que na fase I de reabilitação são técnicas seguras e que podem ser indicadas para reversão ou prevenção das possíveis complicações pulmonares (FREIRE et al, 2014).
Porém, o uso de CPAP teve uma resposta significativa, levando aos autores concluírem que CPAP é o recurso mais aconselhado (FREIRE et al, 2014), que corrobora o estudo de Marques, D’Alessandro e D’Alessandro (2017) que em seu estudo identificaram que os protocolos de CPAP são mais frequentes, bem como que auxiliam na melhora da complacência pulmonar, na diminuição do trabalho inspiratório, melhora CRF e diminui o quadro hipoxêmico.
Marques, D’Alessandro e D’Alessandro (2017), se propuseram a avaliar os protocolos de fisioterapia na reabilitação cardíaca pós CVRM na prevenção de disfunções pulmonares. Esse estudo tratou-se de uma revisão, onde diante dos critérios de inclusão foram selecionados para análise 9 estudos de ensaios clínicos randomizados que utilizaram e avaliaram diferentes protocolos de condutas para a reabilitação cardíaca
Das técnicas que foram descritas nos estudos analizados por estes autores estão: mobilização precoce (MP), a espirometria de incentivo (EI); exercícios de respiração profunda (ERP); ERP associados a pressão expiratória positiva (PEP) e a PEP acrescida de resistência inspiratória (PEP-RI); a respiração com pressão positiva intermitente (RPPI); CPAP e pressão positiva em dois níveis (BILEVEL). Dos 9 artigos analisados, 4 utilizaram a CPAP como recusro e três a MP, os protocolos mais usados nos artigos analisados. Todos os protocolos utilizados apresentaram benefícios na reabilitação cardíaca (MARQUES; D’ALESSANDRO; D’ALESSANDRO, 2017), conclusão também corroborado por Dias, Silva e Lourenço (2021).
Dias, Silva e Lorenço (2021), também se propuseram a realizar uma revisão bibliográfica sobre as manobras de reexpansão pulmonar no pós-operatório de cirurgia cardíaca, eles descreveram em seu estudo algumas técnicas para este fim como: exercícios respiratórios diafragmáticos, exercícios respiratórios com inspiração máxima sustentada, exercícios de inspiração fracionada, exercícios de respiração abreviada, RPPI, espirometrias de incentivo, CPAP, Pressões positiva expiratória nas vias aéreas (EPAP) e BILEVEL.
Apesar de os estudos analisados avaliarem diferentes protocolos, descreverem diferentes técnicas, fica evidente a eficácia e necessidade da utilização de técnicas de fisioterapia respiratória em pacientes no pós cirúrgico cardíaco. De forma a auxiliar na prevenção e tratamento das complicações pulmonares das cirurgias de revascularização miocárdica melhorando a mecânica respiratória, a reexpansão pulmonar e a higiene brônquica, para se ter melhora no prognóstico destes pacientes (CAVALLI; NOHAMA, 2013; MARQUES; D’ALESSANDRO; D’ALESSANDRO, 2017).
Carvalho e Sousa (2020), se propuseram a realizar uma revisão sistemática para avaliar a atuação fisioterapêutica no pós operatório, apesar de não avaliarem só a questão pulmonar, também tiveram em sua pesquisa estudos que avaliaram condutas respiratórias. Seguindo os critérios de inclusão e exclusão adotados, em seu estudo foram analisados 12 produções científicas.
Os protocolos utilizados nestes artigos incluíram exercícios aeróbios, anaeróbios e respiratórios, eletroterapia, fototerapia e ventilação mecânica não invasiva de forma isolada, comparativa ou associada. Sendo que foram mais investigados os efeitos dos exercícios aeróbios (7 estudos), seguidos pelos exercícios respiratórios que foram utilizados (4 estudos) e ventilação mecânica não invasiva (3 estudos); a laserterapia, a eletroterapia e o exercício anaeróbio foram utilizadas em 1 estudo, cada (CARVALHO; SOUSA, 2020).
Freitas e colaboradores (2020), por sua vez, também se propuseram a realizar uma revisão sistemática, sobre a intervenção da fisioterapia no período de pós-operatório de revascularização cardíaca. Em seu estudo, foram selecionados 8 artigos, seguindo os critérios de inclusão e exclusão, para análise. Esses artigos trouxeram protocolos de reabilitação, bem como avaliação da qualidade de vida dos pacientes que foram submetidos a um protocolo de RC.
Corroborando com os estudos já descritos, ao fim de sua análise eles puderam concluir que independente da intervenção escolhida um protocolo de RC apresenta resultados satisfatórios no pós-operatório de cirurgia cardíaca, como a melhora na força muscular global, capacidade respiratória, funcionalidade, qualidade de vida, bem como demonstrou que deve ser iniciado o mais precoce possível, claro, após a liberação e estabilidade clínicas do paciente (ALMEIDA et al, 2020; CARVALHO; SOUSA, 2020; CHAGAS; SILVA; ALENCAR, 2016; FREITAS et al, 2020).
Não obstante, Almeida et al (2020), buscou avaliar a importância da fisioterapia no pós operatório de revascularização do miocárdio com o enfoque na integralidade da saúde. Eles se propuseram a avaliar a qualidade de vida de indivíduos submetidos a CRVM que estavam em atendimento ambulatorial Participaram desse estudo 10 pessoas.
Os autores referem que a maioria dos participantes havia realizado a CRVM há mais de 2 meses, porém não descreve se esse há mais de dois meses chegava a três meses de cirurgia, uma importante dado a ser analisado, visto as variáveis analisadas. E grande parte da amostra já havia realizado mais de cinco sessões de fisioterapia.
De acordo com as respostas dos participantes pode-se observar que para eles a qualidade de vida está intimamente relacionada à percepção de que se é livre e capaz de realizar as atividades demandadas pelo cotidiano da vida. Liberdade esta que que pode ser ameaçada pelo adoecimento e as restrições dele decorrentes, especialmente no que se refere ao comprometimento da autonomia funcional (ALMEIDA et al, 2020).
Quanto à qualidade de vida, antes da cirurgia, a maioria dos participantes avaliou como excelente (30%) e boa (30%), 20% como regular, e os outros 20% como ruim. A cardiopatia pela qual esses participantes eram acometidos levavam-nos a ser acometidos por alguns sintomas como presença de dores, dispneia, fadiga e cansaço, assim como dificuldades em executar simples tarefas relacionadas às atividades de vida diária (AVD’s), repercutindo na disposição, resistência e independência desses participantes (ALMEIDA et al, 2020).
Após a CRVM 50% dos participantes declararam que a cirurgia impactou favoravelmente na qualidade de vida. Do restante, 40% afirmaram que a cirurgia impactou parcialmente e 10% revelou que pouco influenciou. Como influenciadores para esta percepção os participantes destacaram restrições físicas após a CRVM como limitações na capacidade para realizar tarefas domésticas, andar de bicicleta, carregar peso, andar sozinho, administrar a dieta alimentar, também foi mencionada a cicatriz da cirurgia como uma das limitações decorrentes (ALMEIDA et al, 2020).
Também foram relatadas algumas alterações pscicológicas após o procedimento cirúrgico incluindo mudanças de humor, sentimentos de tristeza e depressão, sensação de inutilidade e dependência. E no âmbito social como as restrições para realizar atividades de lazer e frequentar atividades sociais, bem como laborais, 70% dos participantes relataram diminuição da capacidade para o trabalho levando a uma piora da condição financeira em decorrências das limitações funcionais que acompanham o quadro pós-operatório (ALMEIDA et al, 2020).
Quando destacamos a questão da não descrição se os paciente já tinham 3 meses de pós-cirúrgico, é um dado importante, pois muitas das queixas do participantes dessa pesquisa estão relacionadas a limitações que não são definitivas, mas transitórias, com algumas restrições de 3-6 meses, para que haja uma consolidação adequada no esterno, sem complicações. Ou seja, após esse perído, ele poderá andar de bicicleta, carregar o peso, voltar a desenvolver suas atividades laborais, o que não desmerece os sentimentos expressos, mas sabendo-se que talvez se fosse realizado um novo estudo após esse período os resultados poderia ser outros.
Já em relação à fisioterapia, 100% dos participantes qualificaram a contribuição da Fisioterapia como importante para a sua qualidade de vida, dos quais 90% conseguem identificar uma melhora em sua condição de saúde após o ingresso no tratamento fisioterapêutico (ALMEIDA et al, 2020). Corroborando com os estudos anteriores que demonstraram que a intervenção fisioterapêutica é eficaz tanto para a reabilitação e prevenção de disfunções pulmonares como funcional das pessoas no pós operatório de CRVM (ALMEIDA et al, 2020; CARVALHO; SOUSA, 2020; DIAS, SILVA, LOURENÇO, 2021; FREIRE et al, 2014; FREITAS et al, 2020; MARQUES; D’ALESSANDRO; D’ALESSANDRO, 2017; SANTOS et al, 2016).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Quando se fala em reabilitação, logo vem em mente fisioterapia, também na reabilitação cardiopulmonar a fisioterapia vem ganhando cada vez mais espaço, tornando o fisioterapeuta um importante membro da equipe multiprofissional também dentro das unidades hospitalares e de cuidados intensivos.
Na reabilitação cardíaca não se faz diferente, como analisado nos estudos, mesmo que tenham trazido diferentes protocolos de reabilitação, seja respiratória e/ou motora, todos trouxeram com resultados melhoras nas funções pulmonares e funcionais. E para além, como foi demonstrado, essa reabilitação tem resposta positiva também na percepção de qualidade de vida de uma forma global, repercutindo mesmo que de forma indireta, no bem-estar biopsicossocial dos indivíduos.
Não obstante, não damos o assunto por esgotado, acreditamos que novas pesquisas podem ser realizadas comparando protocolos de reabilitação para que se possa elencar a melhor forma de realizar esse tratamento no PO de CVRM em todas as fases, hospitalar, ambulatorial e orientação para toda vida.
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¹ Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: adri.linsh@gmail.com
² Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: leticiasantosphb@hotmail.com
³ Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: aretusalc@hotmail.com
4 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: cariine.andrade@hotmail.com
5 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas de Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: juliana.abrandao@hotmail.com
6 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH. e-mail: rafaeladrk@gmail.com
7 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: lilian_magri@hotmail.com
8 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: matheusnery_6@hotmail.com
9 Fisioterapeuta da Universidade Federal de Uberlândia, e-mail: reisladelis@gmail.com
10 Fisioterapeuta do Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: roberto_rog@hotmail.com
11 Fisioterapeuta do Complexo Hospitalar da Universidade Federal do Ceará, pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares – EBSERH, e-mail: samarakarinecs@yahoo.com.br