IMPORTANCE OF THE INTERPROFESSIONAL TEAM IN THE DIAGNOSIS, TREATMENT AND REHABILITATION OFANKYLOGLOSSIA IN CHILDREN FROM 0 TO 6 MONTHS
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10011772
Ariane Alves Pollis1
Karine Gonçalves Martinenghi1
Beatriz Essenfelder Borges2
RESUMO
A amamentação é a fase mais importante da vida do ser humano, fornecendo suas primeiras imunizações, nutrientes e vitaminas, responsáveis por seu crescimento e desenvolvimento. E neste início da vida, podem surgir um dos primeiros ofensores ao aleitamento materno, a anquiloglossia, popularmente chamada de “língua presa”, que possui causa desconhecida, mas que muitas vezes, pode estar relacionada a herança genética e/ou hereditária, prevalecendo em bebês do sexo masculino, e podendo trazer impactos imediatos no aleitamento materno, para o neonato e para as mães. Com isso, o objetivo deste estudo é apresentar a importância do envolvimento da equipe interdisciplinar no diagnóstico, tratamento e reabilitação de anquiloglossia em crianças de 0 a 6 meses de vida. Para isso, foi realizada uma revisão integrativa, dividida em 6 etapas, onde, após uma criteriosa avaliação, foram selecionados 18 artigos que melhor retrataram o tema. Diante disso, identi cou-se que há diversos protocolos de diagnóstico para a anquiloglossia, no entanto, não há um “padrão ouro” de avaliação para atuação dos pro ssionais envolvidos, di cultando na universalização de uma solução para esta doença. Ressalta-se que independente da opção de tratamento, conservadora ou intervencionista, é essencial ter a participação de pro ssionais especialistas no fortalecimento e mobilidade da língua, no manejo da amamentação, e em alguns casos em correções posturais, a m de que se tenha um processo de reabilitação segura e e caz da correção do frênulo alterado. Desta forma, é possível concluir que a atuação na anquiloglossia não depende de apenas uma especialidade médica, sendo necessário a atuação de diferentes pro ssionais aptos e atualizados em alterações de freios orais, assim como, que o diagnóstico e tratamento precoce são essenciais para garantir uma efetividade do aleitamento materno, a m de que o binômio mãe e lho tenham uma maior qualidade de vida, evitando um desmame precoce, e colaborando para que a amamentação seja duradoura e sustentável, permitindo o desenvolvimento de toda sociedade.
Palavras chave: Anquiloglossia, amamentação, frênulo lingual, equipe interpro ssional, lactente, freios orais.
ABSTRACT
Breastfeeding is the most important phase of a human being’s life, providing their rst immunizations, nutrients and vitamins, responsible for their growth and development. And at the beginning of life, one of the rst offenders of breastfeeding may appear, ankyloglossia, popularly called “tongue tie”, which has an unknown cause, but which can often be related to genetic and/or hereditary inheritance, prevailing in male babies, and can have immediate impacts on breastfeeding, for the newborn and for the mothers. Therefore, the objective of this study is to present the importance of interdisciplinary team involvement in the diagnosis, treatment and rehabilitation of ankyloglossia in children aged 0 to 6 months. To this end, an integrative review was carried out, divided into 6 stages, where, after a careful evaluation, 18 articles were selected that best portrayed the topic. In view of this, it was identi ed that there are several diagnostic protocols for ankyloglossia, however, there is no “gold standard” of evaluation for the performance of the professionals involved, making it dif cult to universalize a solution for this disease. It is noteworthy that regardless of the treatment option, conservative or interventionist, it is essential to have the participation of professionals specialized in strengthening and mobility of the tongue, in breastfeeding management, and in some cases in postural corrections, in order to have a process safe and effective rehabilitation of altered frenulum correction. In this way, it is possible to conclude that the action in ankyloglossia does not depend on just one medical specialty, requiring the work of different professionals capable and updated in changes in oral frenulum, as well as that early diagnosis and treatment are essential to guarantee effectiveness of breastfeeding, so that mother and child have a better quality of life, avoiding early weaning, and helping to ensure that breastfeeding is long-lasting and sustainable, allowing the development of the entire society.
Keywords: Ankyloglossia, breastfeeding, lingual frenulum, interprofessional team, infant, oral brakes.
INTRODUÇÃO
A amamentação é o ponto central para evolução do ser humano, pois é a partir dela, que os bebês recebem as primeiras vitaminas, nutrientes e imunizações, responsáveis para o seu crescimento e desenvolvimento, e que irão formando seus sistemas ao longo da sua vida (WILSON-CLAY e HOOVER, 2022).
E é nesta etapa da vida do neonato, que podem surgir os primeiros desa os para sua alimentação, di culdades e intempéries, que podem ser grandes obstáculos para que o “processo natural” seja desenvolvido de forma efetiva (WILSONCLAY e HOOVER, 2022).
Um dos principais órgãos responsáveis pela amamentação efetiva, é a língua, pois possui papel essencial no processo de lactação, e, é diretamente responsável pelas funções de deglutição e sucção, e por isso, quando existe uma alteração anatômica que restringe sua movimentação, podem surgir os primeiros grandes desa os para a alimentação do recém-nascido, aumentando o desconforto e dores para a mãe amamentar, e oportunizar um desmame precoce (ARAÚJO et al., 2018).
A língua está localizada na cavidade oral, se desenvolve a partir da quarta semana de vida intrauterina do bebê, tem origem nos quatro primeiros arcos branquiais, é revestida por um estojo mucoso, possui sulcos laterais e uma prega mucosa no lado ventral a sua estrutura, que lhe permitem dar mobilidade e ser o vínculo entre a língua e o assoalho da boca. Em sua fase nal de formação, as células da prega passam por um processo de apoptose, migrando para o dorso lingual e formando uma faixa na de tecido denominada de frênulo ou freio lingual (AZEVEDO et al., 2020; GOMES et al.,2021; MACIEL, et al., 2021; SILVA et al.,2020).
O frênulo é a estrutura da língua que in uencia diretamente a capacidade de movimento da língua, podendo em casos de alterações, trazer consequências negativas para a mãe, tais como: dor, ssura nos mamilos, mastite e ingurgitamento nas mamas, redução da produção láctea e privação do sono; e consequências para o bebê, como: engasgos e cólicas em decorrência da entrada de ar nas mamadas, re uxos e baixo ganho de peso (MACHADO e RODRIGUES, 2021; PAULA, 2022; SILVA et al.,2020).
É importante destacar, que o freio lingual não se modi ca “naturalmente” ao longo do crescimento da criança, ou seja, caso identi cado uma alteração, o mesmo deve ser tratado com maior brevidade possível, pois ele não se alonga, e nem se rompe de forma espontânea ao longo do desenvolvimento do ser humano (MACHADO e RODRIGUES, 2021; PAULA, 2022; SILVA et al.,2020).
A esta possível alteração no frênulo que pode ocorrer, dá-se o nome de anquiloglossia, popularmente chamada de “língua presa”, e que pode afetar o processo de amamentação, fala, fonação, mastigação e respiração (FERRÉS-AMAT et al., 2016).
Destaca-se que esta anomalia, pode ou não, estar associada as outras alterações craniofaciais, assim como, que a espessura, elasticidade e localização do freio, podem fazer com que seus impactos sejam mais, ou menos sentidos pela díade no processo de amamentação, ocasionando danos físicos e psicológicos aos mesmos, e podendo ser classi cada em grau leve, moderada ou parcial, grave e completa, sendo as duas (2) primeiras as mais comuns (ARAUJO, et al., 2018; AZEVEDO et al., 2020; FERRÉSAMAT, et al, 2016; GOMES et al.,2021; MELO et al, 2021; PAULA, 2022; BRASIL, 2018; SILVA et al.,2020).
É importante destacar, que apesar de vários estudos já realizados sobre o tema, ainda não existe uma clara de nição sobre a causa da anquiloglossia, contudo, pode-se apontar uma relação de herança autossômica dominante, tendo uma maior prevalência em bebês que possuem histórico familiar de frênulo alterado, e em recém-nascidos do sexo masculino (AZEVEDO et al., 2020.; FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GUINOT, et al, 2022; MELO et al, 2021; OLIVEIRA, et al., 2019).
Machado et al. (2021) citam que o freio lingual curto, é uma condição que pode ser avaliada desde o nascimento do bebê, afetando entre 4 a 16% dos recém-nascidos, e com uma proporção de 20%, quando se considerado os do sexo masculino. Ainda neste estudo, destaca-se que durante muito tempo, essa alteração não foi considerada como uma barreira ou empecilho para o início ou manutenção da amamentação, de forma a inexistir até 2014, estratégias políticas/governamentais estabelecidas junto as maternidades para se ter um efetivo controle de diagnóstico e tratamento precoce.
Tendo em vista que a anquiloglossia é um grande in uenciador para o insucesso na amamentação, e a crescente demanda em busca de auxílio nos bancos de leite para tratamento de dores ao amamentar, para ajustes e posicionamento da pega, cansaço excessivo dos recém-nascidos, e reclamações de mães com baixa produção láctea, após diversos estudos com especialistas da área, em junho de 2014 foi sancionada e estabelecida a Lei Federal nº. 13.002, impondo a obrigatoriedade de execução do protocolo de avaliação do frênulo lingual nos bebês ainda na maternidade, também conhecido como “Teste da Linguinha” (FRAGA et al., 2021).
Apesar de regulamentado, até os dias atuais, não se tem estabelecido um teste de diagnóstico de anquiloglossia universal e de “padrão-ouro”, que deve envolver a avaliação anatômica e funcional, di cultando a atuação dos pro ssionais de saúde por falta de padronização dos critérios de diagnóstico (PAULA e TOSTES, 2023).
Entre os inúmeros processos de avaliação e triagem de freios linguais, destacam-se o Instrumento de Avaliação Hazelbaker para a Função do Frênulo Lingual – ATLFF (1993), a Classi cação do Frênulo de Coryllos (2004), Sistema Kotlow (1999 – Revisado em 2011), Instrumento Bristol de Avaliação da Língua – BTAT (2015), Triagem Neonatal – Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua para Bebês – NTST (2012 – Validado em 2016) e Instrumento de Avaliação da Língua para Língua Presa em Bebês Amamentados – TABBY (2019) (PAULA e TOSTES, 2023).
Após o efetivo diagnóstico, a equipe interpro ssional deve escolher o método de tratamento (intervenção e recuperação) que mais se adequa ao paciente, considerando as características individuais e as particularidades de cada família (PERILO, 2023).
Dentro as opções de tratamento, há indicações menos invasivas, como as terapias corporais desenvolvida por sioterapeutas/osteopatas, e fonoterapia, aplicada por fonoaudiólogos; e indicações cirúrgicas, como a frenotomia, também conhecida como “pic da língua”, onde há a remoção de uma pequena parte do freio alterado, a frenectomia, que consiste na remoção/liberação total do freio, e a frenuloplastia, que é um método para reparação da anatomia da língua, utilizada em casos mais raros (PERILO, 2023).
Neste âmbito, destaca-se que a anquiloglossia é uma anomalia que transcende uma disciplina especi ca, ou seja, é preciso de um olhar e a atuação de pro ssionais de diversas áreas de conhecimento (multidisciplinar), tais como o enfermeiro especialista em amamentação, o médico pediatra, o fonoaudiólogo, o odontopediatra, entre outros pro ssionais que cada caso possa exigir, assim como, que estes envolvidos, transcendam os protocolos individuais, e atuem de forma interdisciplinar para se atingir o objetivo da família atendida (KURTZ et al., 2015).
Barbosa et al. (2018) reforça que a atuação interdisciplinar dos pro ssionais de saúde, traz mais segurança para as mães no puerpério, que por consequência, se sentem mais aptas e propícias a seguir com a amamentação do bebê, proporciona uma maior e ciência no cuidado da díade, auxilia no processo de enriquecimento do conhecimento dos pro ssionais envolvidos, e permite integrar, comparar, julgar e incorporar os elementos debatidos com a equipe multidisciplinar, para atender as reais necessidades do paciente, com equidade e integralidade.
Desta forma, o objetivo deste trabalho é apresentar a importância do envolvimento da equipe interpro ssional, no diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes com anquiloglossia nos seis primeiros meses de vida, a m de defender e proteger a amamentação, a qual está ligada diretamente no fortalecimento da base familiar e de toda sociedade.
MÉTODOS
O presente artigo baseou-se no método de trabalho descrito como revisão integrativa, apresentado por Mendes, Silveira e Galvão (2008), o qual é muito utilizado atualmente junto aos pro ssionais da saúde, visa sintetizar o conhecimento descrito em diversas pesquisas, assegurando que suas ações práticas estejam baseadas em evidências cientí cas, e que consiste em uma análise da literatura dividida em seis etapas.
A 1ª etapa consiste na escolha do tema de estudo, e após algumas análises e discussões, de niu-se o tema do presente estudo: “Importância da equipe interpro ssional no diagnóstico, tratamento e reabilitação da anquiloglossia em crianças de 0 a 6 meses”.
Na sequência, a 2ª etapa visa buscar artigos cientí cos que possam nortear o estudo, e através dos descritores: “Anquiloglosia em crianças de 0 a 6 meses”, “ equipe interpro ssional no diagnóstico e tratamento de anquiloglossia”, “anquiloglossia e aleitamento materno” e “freios orais em lactentes”, e seus respectivos correspondentes na língua inglesa: “Ankyloglossia in children aged 0 to 6 months”, “Interprofessional team in the diagnosis and treatment of ankyloglossia”, “Ankyloglossia and breastfeeding” and “Oral brakes in infants”, e a restrição de terem sido publicados nos últimos 7 anos, efetuou-se a busca em bancos de dados cientí cos (PubMed, Medline e Scielo), no buscador acadêmico (Google Acadêmico), e em artigos obtidos de revistas cientí cas, fóruns de estudos e de associações, e de participações em congressos relacionados ao estudos dos freios orais (Outros).
Após uma busca criteriosa das informações nos bancos de dados escolhidos, foram selecionadas 107 publicações, sendo 25 na PubMed, 0 na Medline, 20 na Scielo, 43 no Google Acadêmico e 19 em Outros.
Posteriormente, passou-se para a execução da 3ª etapa do processo de revisão, de nida como coleta de dados e categorização/triagem dos estudos selecionados, onde, após a realização de uma análise de conteúdo e leitura prévia, foram destacados 62 artigos que melhor representavam a temática proposta neste trabalho, sendo que os demais 45 documentos, foram excluídos do processo, pois não se referenciavam ao público alvo proposto.
A partir de então, foi realizada a leitura dos resumos e conclusões dos documentos selecionados, de forma que 27 foram elegidos para a 4ª fase onde ocorre a análise crítica dos estudos, ou seja, para leitura na íntegra, e 35 descartados, pois não abordavam sobre o envolvimento interpro ssional, sendo que em muitos casos, apresentaram apenas o processo técnico que envolve o pro ssional da odontopediatria.
Após a realização da leitura dos artigos em sua integridade, 18 artigos foram selecionados para fazerem parte da amostra nal da revisão integrativa. Por outro lado, outros 08 documentos foram excluídos por não retratarem integralmente o objetivo proposto e 01 por estar duplicado com outro artigo selecionado (Figura 1).
Figura 1 – Processo de seleção dos artigos para inclusão na revisão integrativa.
Fonte: Elaborada pelos autores, 2023.
RESULTADOS
Com base nos artigos analisados, iniciou-se o processo de categorização dos artigos selecionados para o estudo, os quais foram publicados entre os anos de 2016 e 2022, e a m de auxiliar no processo de discussão do conteúdo pesquisado, os referidos artigos foram organizados e classi cados em uma tabela de categorização (tabela 1).
Para ter uma melhor visualização e uma análise mais crítica, os estudos foram organizados de acordo com o autor, ano de publicação, título do documento e suas contribuições para a revisão integrativa proposta neste trabalho.
Tabela 1 – Síntese dos objetivos alcançados pelos artigos inclusos na revisão integrativa.
DISCUSSÃO
Com base nos artigos selecionados, destaca-se a importância do envolvimento da equipe interpro ssional no processo de diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes de 0 (zero) a 6 (seis) meses que foram constatados com anquiloglossia.
Conforme já demonstrado, a amamentação é uma etapa da vida que trás inúmeros benefícios ao neonato, contudo, para que eles sejam tangíveis, é preciso que o aleitamento materno se desenvolva de forma efetiva, e para isso, faz-se necessário, que o sistema estomatognático da criança esteja em plena sintonia, ou seja, que os mecanismos de sucção e deglutição estejam coordenados e harmônicos com o processo de respiração da criança (ARAUJO, et al., 2018; MACHADO e RODRIGUES, 2021; MACIEL, et al., 2021; PAULA, 2022).
Neste âmbito, a língua possuí um papel fundamental durante o aleitamento materno, sendo responsável por fazer o vedamento e aderência anterior ao redor do mamilo, e posterior no palato mole e na faringe, colaborando para um processo efetivo de sucção e extração do leite, e consequente ganho de peso do bebê (ARAUJO, et al., 2018; FERRÉS-AMAT, et al, 2016; MACHADO e RODRIGUES, 2021).
Assim, apesar de não se ter estudos robustos que apontem para uma comprovação dos impactos na amamentação, tem-se que a anquiloglossia é um dos grandes fatores que causam problemas no aleitamento materno, principalmente no que se tange ao sofrimento materno, gerando dor e ssuras, e sendo um dos grandes causadores do desmame precoce (GOMES et al.,2021; MACHADO e RODRIGUES, 2021. BRASIL, 2018).
Neste sentido, tem-se que o correto diagnóstico e tratamento do frênulo alterado, é uma das anomalias mais negligenciada entre os pro ssionais de saúde, seja por falta de conhecimento ou de atualização sobre o tema, e que precisa ter um olhar mais amplo de todos os pro ssionais envolvidos nos cuidados iniciais do recém-nascido, tais como: enfermeiros, consultores em lactação, pediatras, fonoaudiólogos, odontopediatras, entre outros (GOMES et al.,2021; MACHADO e RODRIGUES, 2021. BRASIL, 2018).
Neste âmbito, encontra-se o primeiro grande desa o no processo de avaliação e diagnóstico da anquiloglossia, a falta de uniformidade, universalização, sintomatologia e de uma classi cação “padrão-ouro” que não gere discussões de interpretação, e que seja objetiva para se ter um prognóstico assertiva, assim como, a própria aceitação dos pro ssionais de saúde a nível global, o que di culta a comparação de resultados por meio de registro literários, e as possíveis indicações de tratamento (BRZECKA, et al., 2019; GUINOT, et al, 2022; PAULA, 2022).
O primeiro protocolo de avaliação e diagnóstico de anquiloglossia registrado nas literaturas avaliadas foi a ATLFF (Avaliação Hazelbaker para a Função do Frênulo Lingual), descrita em 1993 pela terapeuta Alison K. Hazelbaker, a qual consiste em uma avaliação anatômica visual da língua elevada (elasticidade, localização e comprimento do frênulo, e aparência da língua), e em um segundo momento, uma avaliação de restrição de mobilidade no processo de elevação e lateralização (FERRÉSAMAT, et al, 2016; GUINOT, et al, 2022; MACHADO e RODRIGUES, 2021).
Este é um dos critérios de diagnósticos mais utilizados, mas que encontra também diversos questionamentos sobre sua validade em razão da quantidade de itens a serem considerados e por ser uma “avaliação cansativa” para os bebês (FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GUINOT, et al, 2022; MACHADO e RODRIGUES, 2021).
Com o passar dos anos, foram surgindo outros protocolos de avaliação, tal como a Classi cação do Frênulo de Coryllos, desenvolvida em 2004, que considera apenas a avaliação anatômica e divide o freio sublingual em quatro (4) tipos: tipo 1 quando o frênulo está acoplado no ápice da língua, sendo geralmente no e elástico; tipo 2 quando possui uma extensão de 2 a 4 mm, mantendo-se no e elástico; tipo 3 quando está localizada na parte média da língua, sendo espesso, broso e com menor capacidade de elasticidade; e de tipo 4, quando o frênulo está xado na base da língua, é espesso, broso e que não possui mobilidade (FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GUINOT, et al, 2022; MACHADO e RODRIGUES, 2021; OLIVEIRA, et al., 2019).
Anos mais tarde, surge o Sistema Kotlow, desenvolvido anteriormente em 1999 e revisado em 2011, o qual segue a mesma linha de classi cação de Coryllos, efetuando apenas a classi cação anatômica, mas simpli cando o enquadramento de gravidade da anquiloglossia de acordo com a distância do frênulo em relação ao ápice da língua: leve de 12 a 16 mm, moderada de 8 a 11 mm, severa de 3 a 7 mm, e completa quando for inferior a 3 mm (GOMES et al.,2021; GUINOT, et al, 2022).
Em 2012, a fonoaudióloga Roberta Martinelli e seus colaboradores desenvolveram a Triagem Neonatal – Protocolo de Avaliação do Frênulo da Língua para Bebês – NTST, validada em 2016, e que cou conhecida popularmente no Brasil como “Teste da Linguinha”. Este foi o primeiro protocolo proposto que tinha como objetivo avaliar além da anatomia funcional da língua, a história clínica (antecedentes da anomalia na família) e as funções orais durante a amamentação e o choro do bebê em suas primeiras 48 horas de vida (MACHADO e RODRIGUES, 2021; MELO et al, 2021; SILVA et al.,2020).
Neste método leva-se em consideração a herança genética, a posição da língua durante o choro (ocorrência ou não da elevação do órgão até o céu da boca), formato da ponta da língua, xação do frênulo na face sublingual da língua e no assoalho da boca, efetividade do processo de sucção e deglutição ao longo do aleitamento materno. Para se obter o resultado de alteração positiva do freio lingual, considera-se o escore de 0 a 8 para a história clínica, de 0 a 12 para a avaliação anátomo-funcional, e de 0 a 5 para a classi cação do processo de sucção nutritiva e não nutritiva durante a amamentação, sendo que quanto maior a pontuação, maior a gravidade da alteração (MACHADO e RODRIGUES, 2021; MELO et al, 2021; SILVA et al.,2020).
O desenvolvimento deste estudo por Martinelli e seus colaborares, foi o grande impulsionador para que em 2014, após um longo período de discussões com diversos especialistas da área, fosse aprovada e implementada a Lei nº. 13.0002/2014, a qual tornou obrigatório a realização do “Teste da Linguinha” em todas as maternidades e hospitais do Brasil durante as primeiras 48 horas de vida dos recém-nascidos, o qual deve ser realizado por um pro ssional capacitado da equipe de saúde da instituição que esteja apto a realizar o atendimento do binômio mãe e bebê, objetivando assim ter um diagnóstico precoce de anquiloglossia e
efetuando a intervenção necessária de imediata nos casos de alteração positiva no frênulo (MACHADO e RODRIGUES, 2021; MACIEL, et al., 2021; BRASIL, 2018; SILVA et al.,2020).
Apesar da regulamentação e da obrigatoriedade do “Teste da Linguinha”, e da ausência de um “padrão ouro” de diagnóstico da anquiloglossia, em 2016, através do Parecer nº 09/2016-MS, posteriormente atualizado em 2018 pelo Parecer Técnico nº 35/2018, o Ministério da Saúde do Brasil adotou outro protocolo de classi cação de frênulo alterado, o Instrumento Bristol de Avaliação da Língua – BTAT, desenvolvido em 2015 pelos Drs.
Jenny Ingram e Alan Edmond, da Universidade de Bristol no Reino Unido, a partir de estudos de práticas clínicas e com referências do protocolo inicial de Hazelbaker (MACHADO e RODRIGUES, 2021; PALESTINO, et al., 2019; BRASIL, 2018).
Este protocolo foi escolhido em razão da sua praticidade de exempli cação e aplicação, possível de ser executado por pro ssionais não especialistas em alteração orofaciais, e por permitir uma seleção rápida dos lactentes com indicação cirúrgica (MACHADO e RODRIGUES, 2021; PALESTINO, et al., 2019; BRASIL, 2018).
Sua classi cação considera quatro (4) elementos: a aparência do ápice (ponta) da língua, o local de xação do freio (na gengiva ou no assoalho da boca), a capacidade de elevação e protusão da língua durante o choro do bebê (com a boca aberta), e a projeção e saliência da língua (posição até a gengiva ou sobre o lábio inferior) (MACHADO e RODRIGUES, 2021; PALESTINO, et al., 2019; BRASIL, 2018).
Cada item do BTAT recebe uma pontuação de 0 a 2, e ao nal, o escore total pode variar de 0 a 8, onde considera-se o resultado de 0 a 3 como indicação em potencial para intervenção cirúrgica (MACHADO e RODRIGUES, 2021; PALESTINO, et al., 2019; BRASIL, 2018).
Neste âmbito, independente do protocolo a ser adotado para o diagnóstico da anquiloglossia, é possível destacar que a identificação precoce desta anomalia, ainda nos primeiros dias de vida do bebê, pode ser um grande diferencial para que a amamentação ocorra, assim como para evitar complicações futuras ao longo do desenvolvimento do indivíduo (GUINOT, et al, 2022; MACHADO e RODRIGUES, 2021; BRASIL, 2018).
Por esta razão, é fundamental que os pro ssionais de saúde envoltos no atendimento da díade, tenham conhecimento e estejam atualizados para dar todo o suporte necessário a mãe e ao recém-nascido, oportunizando um diagnóstico efetivo e que se necessário, possam ser encaminhados ao tratamento adequado, seja este cirúrgico ou não (GUINOT, et al, 2022; MACHADO e RODRIGUES, 2021; BRASIL, 2018).
Ressalta-se desta forma, que é preciso encerrar a mística de que apenas um determinado pro ssional deve indicar a presença ou não da anquiloglossia, pois sua variação anatômica, clínica e funcional, exige a participação de uma análise interpro ssional, ou seja, a avaliação, diagnóstico e tratamento da anquiloglossia não é responsabilidade de apenas uma especialidade da saúde, mas sim, do resultado da atuação conjunta e interdisciplinar de diversos pro ssionais (AZEVEDO et al., 2020; MELO et al, 2021; NOGUEIRA, et al., 2021; PEREIRA, et al., 2020; POSSAMAI, 2019; SILVA et al.,2020).
Em geral, os pro ssionais envoltos neste processo são: os especialistas em aleitamento materno, pro ssionais de enfermagem, pediatras, fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas e odontopediatras, atualizados e com conhecimento em alterações de freios orais, entre outros que possam ser necessários conforme a necessidade do binômio, a m de que se favoreça um correto prognóstico para um tratamento efetivo e rápido (AZEVEDO et al.,
2020; MELO et al, 2021; NOGUEIRA, et al., 2021; PEREIRA, et al., 2020; POSSAMAI, 2019; SILVA et al.,2020).
É importante destacar, que a presença da discussão e atuação interpro ssional, favorece a se ter a uma solução mais ágil e efetiva, e que cada especialidade, pode colaborar para evolução do paciente, proporcionando um atendimento integrado e individualizado (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
Os pro ssionais de enfermagem especialistas em aleitamento materno e/ou as consultoras em lactação, tem papel essencial no processo de avaliação diagnóstica, e no acompanhamento pré e pós operatório, pois precisam estar atualizados e capacitados para conduzir a dupla mãe e bebê ao longo do processo do manejo da amamentação, orientando os ajustes de pega e posicionamento necessários, apresentação de alternativas para o fornecimento do leite materno de forma segura, quando da indisponibilidade da mama, entre outras abordagens, que são essenciais para a manutenção da alimentação do recém-nascido (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
Destaca-se também, que os pro ssionais de enfermagem, em geral são os primeiros contatos das famílias, as referências de informação, e em muitos momentos o apoio emocional, principalmente da mãe, que se encontra em uma fase de adaptação e aprendizagem, e necessita de todo cuidado para se sentir apta para cuidar da nova vida que chegou, e desta forma, devem estar capacitados para identi car os primeiros sinais de anomalias no frênulo lingual que possam estar impactando no processo de aleitamento materno (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
Alinhada com a atuação da equipe de enfermagem, o fonoaudiólogo tem uma visão mais ampla das funcionalidades da língua, sua mobilidade, seus impactos orofaciais, e sobre a necessidade de técnicas que visem o fortalecimento do órgão ou que possam complementar uma intervenção cirúrgica (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
A fonoaudiologia pode contribuir com a aplicações dos testes de diagnósticos da anquiloglossia, a aplicação de exercícios que visem o fortalecimento muscular da língua no pré e pós operatório, e com outras abordagens que sejam necessárias em casos de outras anomalias orofaciais (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
Outro pro ssional essencial neste processo de discussão e acompanhamento da alteração do freio lingual, é o pediatra, um pro ssional que normalmente é a referência para a família, que acompanha o bebê desde o seu nascimento, e que tem a visão da evolução funcional do neonato, crescimento e desenvolvimento do bebê, podendo assim, trazer grandes contribuições para que o tratamento evolua da forma mais segura possível para o bebê (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
Por m, o pro ssional odontopediatra, que possui a visão do desenvolvimento orofacial, da dentição, e o amplo conhecimento das diferentes alternativas de técnicas cirúrgicas a serem aplicadas, caso seja necessário a correção da anquiloglossia (AZEVEDO et al., 2020; GHAHERI, et al, 2018; GOMES et al.,2021; BRASIL, 2018).
Em suma, destaca-se que di cilmente existirá um “super pro ssional” capaz de acumular todos os conhecimentos para o tratamento da anquiloglossia, assim como, não uma “receita pronta”, que indique qual é o tratamento mais assertivo para os casos de alteração do frênulo, sendo necessário uma revisão caso a caso em busca de alternativas a serem seguidas (FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GOMES et al.,2021; GUINOT, et al, 2022; MELO et al, 2021; SILVA et al.,2020).
Após o diagnóstico positivo da “língua presa” há duas (2) alternativas de tratamento, uma visão conservadora onde alinhase a correção do manejo da amamentação, com sessões de fonoterapia (realização de exercícios extraorais e intraorais com o intuito de estimular os re exos de sução e fortalecimento da língua, e sessões de correção posturais (osteopatia), quando necessário; e se tem uma visão de intervenção, onde após a avaliação de todos os pro ssionais envolvidos, chega-se à conclusão da necessidade de remoção cirúrgica do freio lingual, acompanhada dos ajustes dos manejos necessários para o aleitamento materno, que devem estar ajustados antes da efetiva cirurgia (FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GOMES et al.,2021; GUINOT, et al, 2022; MELO et al, 2021; SILVA et al.,2020).
Caso a opção de tratamento seja a cirurgia, há três (3) diferentes técnicas a serem aplicadas para a correção da anquiloglossia: a frenotomia, também conhecida popularmente como “pic”, que é considerada um processo menos invasivo, tendo em vista que consiste na remoção parcial do frênulo a m de permitir uma maior mobilidade da língua; a frenectomia, que é considerada uma intervenção mais invasiva, pois consiste na remoção total do freio lingual, ou seja, é efetuado o rompimento do tecido mucoso que prende a língua ao assoalho da boca; e a frenuloplastia, um método utilizado em casos raros onde há necessidade de intervenção plástica, ou seja, de reconstrução da língua (MACHADO e RODRIGUES, 2021; OLIVEIRA, et al., 2019; PEREIRA, et al., 2020; SILVA et al.,2020).
Destaca-se que nos procedimentos cirúrgicos mais comuns de correção da anquiloglossia, frenotomia e frenectomia, há a possibilidade de realização através do uso de tesoura e bisturis, que tendem a ter um processo de recuperação mais lento no que se refere-se a cicatrização, mas que tem um custo menos elevado; ou por técnica de laser, que reduz o risco de danos nos tecidos, permite uma melhor cicatrização, mas que tem um valor mais alto em relação a custo, sendo pouco utilizado no atendimento público (AZEVEDO et al., 2020; OLIVEIRA, et al., 2019; SILVA et al.,2020).
É importante destacar, que independente da forma de efetivação da cirurgia e do método escolhido, há um consenso que a amamentação imediata no pós-cirúrgico, colabora efetivamente para uma melhor cicatrização para o bebê, e para a mãe, já demonstra um resultado imediato no quesito da dor ao amentar, o que reforça a importância do envolvimento do pro ssional especialista em lactação para que o manejo esteja efetivo antes do processo de intervenção (AZEVEDO et al., 2020; OLIVEIRA, et al., 2019; SILVA et al.,2020).
Como resultado, os estudos avaliados demonstraram que o envolvimento interpro ssional foi essencial para o sucesso dos processos de avaliação, diagnóstico e tratamento da anquiloglossia, ou seja, apenas a realização da intervenção cirúrgica pelos odontopediatras, não torna efetivo o tratamento da alteração do frênulo lingual, é preciso o envolvimento dos pro ssionais especialistas em lactação para o desenvolvimento e correção do manejo da amamentação, da ação dos fonoaudiólogos para a estimulação orofacial e realização de exercícios a m de evitar uma possível aderência da língua, do acompanhamento pediátrico para garantir o correto desenvolvimento e crescimento do bebê, e em casos especí cos, do acompanhamento de um osteopata para a redução das tensões musculares existentes (BRZECKA, et al., 2019; FERRÉSAMAT, et al, 2016; GHAHERI, et al, 2018; MELO et al, 2021).
Em relação a evolução da díade, para os bebês foi possível observar uma melhora na efetividade na mama já no póscirúrgico imediato, maior espaço entre as mamadas, evolução no ganho de peso, redução na reclamação de acúmulo de gases (entrada de ar nas mamadas); e para a mãe, foi possível constatar o alívio imediato com a redução da dor e desconforto no momento do aleitamento materno, redução do risco de lesões nos mamilos e melhora na proteção da mama (BRZECKA, et al., 2019; FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GHAHERI, et al, 2018; POSSAMAI, 2019).
Assim, é possível destacar a importância do diagnóstico e intervenção precoce para correção da anquiloglossia, a m de que se possa proporcionar uma melhor experiência e qualidade de vida para a mãe e para o bebê, assim como, contribuir socialmente para o aumento dos períodos de amamentação exclusiva no seio materno e para se evitar o desmame precoce em crianças menores de seis (6) meses de vida (BRZECKA, et al., 2019; FERRÉS-AMAT, et al, 2016; GHAHERI, et al, 2018; POSSAMAI, 2019).
Por m, é importante destacar que apesar de muitos estudos ainda não apontarem uma relação direta entre a anquiloglossia e a amamentação, é possível referenciar que o aleitamento materno é um componente essencial e efetivo para o tratamento da alteração do frênulo lingual, pois os contratempos em seu início podem indicar a existência do diagnóstico, alertando os pro ssionais envolvidos, o seu manejo e ajuste é essencial ao longo do tratamento pré e pós-operatório, e que sua “normalização”, é o indicativo para as famílias do sucesso da correção da anomalia identi cada (GOMES et al.,2021; GUINOT, et al, 2022; NOGUEIRA, et al., 2021; OLIVEIRA, et al., 2019; POSSAMAI, 2019; SILVA et al.,2020).
Destaca-se também, que a ação interdisciplinar dos pro ssionais envolvidos no atendimento do binômio mãe e lho (a) é fundamental para garantir o sucesso da amamentação, e para propiciar a oportunidade de que o indivíduo possa usufruir de todos os benefícios que ela poderá lhe propiciar ao longo de toda sua vida (fala, dentição, mastigação, respiração, redução de risco de infecções, alergias, e outras doenças), e de seus familiares (GOMES et al.,2021; GUINOT, et al, 2022; NOGUEIRA, et al., 2021; OLIVEIRA, et al., 2019; POSSAMAI, 2019; SILVA et al.,2020).
CONCLUSÃO
Apesar de não se ter uma literatura robusta que demonstre a relação direta entre anquiloglossia e a amamentação, os estudos realizados apontam que uma alteração no frênulo lingual é prejudicial para o desenvolvimento do aleitamento materno, pois demonstrou-se que as principais consequências desta anomalia a curto prazo são: para os bebês, o baixo ganho de peso, engasgos frequentes, aumento da incidência de cólicas e re uxos, e para a mãe, a ocorrência de ssuras mamilares, privação de sono, redução na produção de leite, e principalmente a dor, sendo esta última, uma das principais causas do desmame precoce. Já a médio e longo prazo, pode afetar na fala, dentição, mastigação, respiração e na incidência de diversas doenças ao longo da vida adulta do indivíduo.
Por esta razão, demonstra-se que o diagnóstico e a intervenção precoce na correção da “língua presa”, são essenciais para que se possa garantir uma amamentação efetiva, e por consequência, reduzir os riscos que essa anomalia pode vir a in uenciar, assim como, que a responsabilidade é interdisciplinar, não sendo competência de apenas uma especialidade, mas sim, de vários pro ssionais que estejam capacitados e atualizados para atuar em casos de freios orais.
Há diversos protocolos de diagnóstico e de tratamento da anquiloglossia, e mesmo não se tendo um “padrão ouro” para atuação nesta anomalia, há um consenso de que apenas o ato cirúrgico executado por um odontopediatra, não resolve as consequências que o freio alterado trás, é preciso que o manejo da amamentação esteja efetivo (antes, durante e após a cirurgia).
Os ajustes da amamentação devem ser efetuados através de ações e orientações de especialistas em aleitamento materno (pro ssionais de enfermagem e consultores em lactação), o acompanhamento de um fonoaudiólogo, é essencial para a realização de exercícios de fortalecimento da estrutura da língua e de mobilidade do órgão, e o pediatra, é o elo que irá acompanhar o desenvolvimento e crescimento da criança.
Além desses pro ssionais, foi possível observar que em alguns casos, poderá ser necessário o envolvimento de outros pro ssionais, como por exemplo o osteopata, para tratar possíveis tensões musculares.
Por m, é possível a rmar que o envolvimento interdisciplinar é essencial para o diagnóstico, tratamento e reabilitação dos pacientes com anquiloglossia nos seis primeiros meses de vida do bebê, e que suas ações, devem ser avaliadas de forma coletiva, a m de integrar as ações de cada especialidade, para buscar o melhor tratamento possível a cada paciente, que tem suas individualidades e especi cidades.
Reforçar-se também, que a precocidade de identi cação e tratamento desta anomalia, pode fazer toda diferença na história de amamentação das famílias, e do crescimento e desenvolvimento de toda sociedade, e por isso, deve ser um assunto a ser debatido e apoiado por todos, a m de se universalizar os cuidados para garantir os melhores resultados possíveis.
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1Graduandas em Enfermagem pelo Centro Universitário Santa Cruz, Curitiba, Paraná, Brasil.
2Professora orientadora do Centro Universitário Santa Cruz, Curitiba, Paraná, Brasil.