IMPLEMENTAÇÃO DE PROJETO DE INTERVENÇÃO NO COMBATE A NÃO ADESÃO DO TRATAMENTO DA HANSENÍASE

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.7632409


Alana Bruna de Araújo
Márcia Jordana Araújo
Joaquim Horácio de Araújo Neto
Andressa Hellem Medeiros Santos
Ezequiel Soares Santos
Maria José Menezes Sampaio
Mikaelly Pereira dos Santos


RESUMO

A Hanseníase é um problema de Saúde Pública causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que apresenta como característica a evolução crônica, porém tratável, bastante infecto contagiosa e sua transmissão ocorre por meio de partículas pelas vias aéreas superiores por contato direto e por muito tempo por uma pessoa contaminada. O presente trabalho tem como objetivo identificar a implementação de projetos de intervenção no combate à não adesão do tratamento da Hanseníase. Trata-se de estudo de revisão bibliográfica do tipo integrativa sobre a implementação de projeto de intervenção para pacientes que não aderem ao tratamento da Hanseníase. A busca ocorreu no mês de agosto de 2022, com delineamento temporal dos últimos dois anos, na fonte de dados Google Scholar (Google Acadêmico) e Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS). Para realização da busca, apropriou-se dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) no seu termo em língua portuguesa Hanseníase e Cooperação e Adesão ao Tratamento. Além disso, refinar os achados da pesquisa, utilizou-se do operador booleano AND. A partir dos critérios de elegibilidade, foram encontrados trabalhos 56 publicados nos últimos cinco anos na fonte de dados Google Acadêmico, dos quais passaram por avaliação no campo título e resumo, que resultou em 25 estudos. Os 25 trabalhos foram lidos na íntegra e compuseram a amostra 07 artigos científicos sobre a temática abordada. Os estudos apresentam um viés na execução do Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH), em que o tratamento ocorre de maneira vertical e muita burocracia. Essas características acabam se tornando um desafio a ser superado, na qual dificulta a adesão dos pacientes ao tratamento farmacológico. O sucesso da adesão do paciente aos projetos de intervenção devem partir de sua inserção no desenvolvimento do cuidado em parceria com a família e os profissionais da saúde. Por fim, conclui-se que ainda é um obstáculo na equipe de atenção primária à saúde a efetivação do cuidado ao paciente com Hanseníase. No entanto, a capacitação e a efetivação das políticas públicas reduzem os casos, melhoram o prognóstico e promovem qualidade de vida dos pacientes.

Palavras-chave: Hanseníase. Cooperação e Adesão ao Tratamento. Adesão ao Tratamento. 

ABSTRACT

Leprosy is a public health problem caused by the bacterium Mycobacterium leprae, which is characterized by a chronic, but treatable, evolution, quite infectious and its transmission occurs through particles through the upper airways by direct contact and for a long time by a contaminated person. . The present work aims to identify the implementation of intervention projects to combat non-adherence to leprosy treatment. This is an integrative literature review study on the implementation of an intervention project for patients who do not adhere to leprosy treatment. The search took place in August 2022, with a temporal outline of the last two years, using the Google Scholar (Google Academic) data source and LILACS. To carry out the search, the Descriptors in Health Sciences (DeCS) were used in their Portuguese term Leprosy and Cooperation and Adherence to Treatment. In addition, to refine the research findings, the Boolean operator AND was used. Based on the eligibility criteria, 56 papers published in the last five years were found in the Google Scholar data source, which underwent evaluation in the title and abstract fields, which resulted in 25 studies. The 25 works were read in full and the sample comprised 07 scientific articles on the topic addressed. The studies show a bias in the execution of the National Leprosy Control Program (PNCH), in which treatment occurs vertically and with a lot of bureaucracy. These characteristics end up becoming a challenge to be overcome, which makes it difficult for patients to adhere to pharmacological treatment. The success of patient adherence to intervention projects must start from their insertion in the development of care in partnership with the family and health professionals. Finally, it is concluded that the effectiveness of care for patients with leprosy is still an obstacle in the primary health care team. However, training and the implementation of public policies reduce cases, improve prognosis and promote quality of life for patients.

Keywords: Leprosy. Cooperation and Adherence to Treatment. Adherence to Treatment.

1 INTRODUÇÃO

A Hanseníase é um problema de Saúde Pública causada pela bactéria Mycobacterium leprae, que apresenta como característica a evolução crônica, porém tratável, bastante infectocontagiosas e sua transmissão ocorrem por meio de partículas pelas vias aéreas superiores por contato direto e por muito tempo por uma pessoa contaminada. Além disso, apresenta alta taxa de infecção, mas baixa patogenicidade (SOUZA et al., 2019).

A OMS (2021) registrou os dados de 2020 teve registro de 127.396 novos casos da doença no mundo, sendo 15,1% na América Latina e desses 93,6% são correspondentes do Brasil. Sendo assim, o Brasil ocupa o segundo lugar entre os países com maior número de casos no mundo, atrás apenas da Índia. Ainda nos dados de 2020, a OMS (2021), registrou 62 países com casos de menores de 15 anos, sendo 6,8% de novos casos. O Brasil possui cerca de 4,8% de notificações de menores de idade com registro de Hanseníase.

O Bacilo responsável pelo desenvolvimento da doença tem afinidade pelos nervos podendo causar incapacidade nos pacientes que não aderem ao tratamento corretamente. No entanto, o grau de incapacidade é feito por meio de uma avaliação neurológica (LUZ-FREITAS; RIBEIRO, 2021).

O tratamento da Hanseníase se dá por meio do uso de poli quimioterapia e a implementação de estratégias que proporcionem a reinserção social, quebra de estigmas, efetivação dos direitos humanos e a efetivação de Políticas Públicas para essa população são fatores primordiais para o sucesso terapêutico (SOUZA et al., 2019).

Contudo, por apresentar diversos fatores que influenciam na continuidade ou no abandono do tratamento, as políticas e ações precisam estar pautadas no indivíduo, ambiente e o contexto social. A complexidade do tratamento da Hanseníase exige dos profissionais de saúde, principalmente os da atenção básica, conhecimento técnico-científico para atuar de forma integralizada (LIRA; SILVA; GONÇALVES, 2017).

Os serviços de saúde exercem um papel fundamental para o paciente com Hanseníase que necessita de cuidados especializados, onde o cuidado precisa ocorrer de forma integral, humana e assiste o paciente em sua amplitude como um ser biopsicossocial (CARVALHO et al., 2021).

Nessa perspectiva, o presente trabalho tem como objetivo identificar a implementação de projetos de intervenção no combate a não adesão do tratamento da Hanseníase. Justifica-se o desenvolvimento desse trabalho, pois terá forte evidência científica sobre as estratégias de adesão do paciente ao tratamento poli quimioterapêutico para a Hanseníase, incluindo aspectos da Política Nacional de Controle da Hanseníase, integralidade, intersetor alidade, humanização e atuação de gestores e equipe interdisciplinar.

2 METODOLOGIA

Trata-se de estudo de revisão bibliográfica do tipo integrativa sobre a implementação de projeto de intervenção para pacientes que não aderem ao tratamento da Hanseníase. A revisão bibliográfica parte do levantamento de produção científica publicada sobre uma determinada temática para embasamento teórico do pesquisador, na qual possibilita a síntese e análise do conhecimento científico já produzido na literatura científica de forma sistemática em uma sequência lógica (MARCONI; LAKATOS, 2003). 

A revisão integrativa é um método que segue uma lógica sistemática e racional que envolve um levantamento de dados trabalhos científicos relevantes, análise e apresentação dos dados seguindo uma ordem lógica (ERCOLE et al., 2014).

A busca ocorreu no mês de agosto de 2022 nas bases de dados Literatura Latino-americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS) e Google Acadêmico, com delineamento temporal dos últimos dois anos, na fonte de dados de artigos publicados e livros com autores reconhecidos. Para realização da busca, apropriou-se dos Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) no seu termo em língua portuguesa Hanseníase e Cooperação e Adesão ao Tratamento. Além disso, refinar os achados da pesquisa, utilizou-se do operador booleano AND.

Optou-se por essa modalidade de pesquisa por versar de um método com abordagem ampla sobre determinado assunto e/ou problema, compondo, assim, um conjunto de informações. A questão norteadora do estudo foi pautada na estratégia PICO, que apresenta: (P) população-alvo (paciente com Hanseníase sem adesão ao tratamento); (I) intervenção (Cooperação do paciente); (C) intervenção de comparação (Cooperação e adesão ao tratamento); (O) resultados das intervenções (adesão ao tratamento); (LIRA; ROCHA, 2019). 

Nesse sentido, a questão norteadora desse trabalho é: quais os projetos de intervenção para os pacientes com Hanseníase que não aderem ao tratamento corretamente?

Tabela 1 – Estratégia PICO, Descritores e Definição dos descritores em ciências da saúde.

Estratégia PICODescritorEscopo do descritor
P    HanseníaseInfecção granulomatosa crônica causada pelo Mycobacterium Leprae. As lesões granulomatosas são manifestadas na pele, nas mucosas e nos nervos periféricos. Há dois tipos polares ou principais: a lepromatosa e a tuberculoide.
ICooperação do paciente  Cooperação voluntária do paciente em seguir um esquema prescrito pelo médico.
  C  Cooperação e adesão ao tratamento  Grau em que o paciente segue o tratamento prescrito, como manter os AGENDAMENTOS DE CONSULTAS e a ADESÃO À MEDICAÇÃO para o resultado terapêutico desejado. Isso implica responsabilidade ativa compartilhada pelo paciente e os prestadores de cuidados de saúde.
 TerapêuticaProcedimentos com interesse no tratamento curativo ou preventivo de doenças.
O  Adesão à medicaçãoCooperação voluntária do paciente na tomada de medicamentos ou remédios, conforme prescrito. Isto inclui a duração, a dosagem e a frequência.

Fonte: Autor (2022)

A análise iniciou pelo campo título, em seguida pelo resumo e, por último, a leitura do conteúdo na íntegra. Os estudos que apresentaram resultados que respondem à questão da pesquisa foram selecionados para compor a amostra do trabalho.

Os critérios de inclusão foram artigos publicados em português, inglês ou espanhol, na íntegra, disponíveis gratuitamente, que abordassem sobre projetos de intervenção sobre adesão e cooperação do paciente com hanseníase ao tratamento. Foram excluídos deste trabalho os que não apresentassem no título ou resumo correlação com a temática. Além disso, foram excluídas teses, dissertações e outros documentos da literatura cinzenta.

Este estudo não envolve seres humanos, então não houve necessidade de ser submetido a um Comitê de Ética em Pesquisa com humanos. Porém, por se apropriar da literatura como fonte de dados, obedecerá a Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998, que aborda sobre os direitos autorais (BRASIL, 1998).

Tabela 2 – Síntese dos critérios de elegibilidade dos trabalhos na base de dados Google Acadêmico, 2021

CRITÉRIOS DE ELEGIBILIDADE PARA A SELEÇÃO DOS TRABALHOS DA REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Questão de pesquisaQuais os projetos de intervenção para os pacientes com Hanseníase que não aderem ao tratamento corretamente?  
Fontes de dados utilizadasGoogle Acadêmico e LILACS
Descritores em Ciências da SaúdeHanseníase AND Cooperação e Adesão ao Tratamento
Critérios de Inclusão e ExclusãoInclusão: Trabalhos relacionados com a temática nos últimos cinco anos. Exclusão: Documentos da literatura cinzenta.
  AnáliseOs trabalhos foram analisados de forma criteriosa para responder à questão de pesquisa atingir ao objetivo geral do trabalho.
Resultados e DiscussãoOs resultados estão apresentados de forma didática e a discussão foi sintetizado em uma categoria intitulada: Implementação de projeto de intervenção e o tratamento ao paciente com Hanseníase

Fonte: Autor (2022)

RESULTADOS

A partir dos critérios de elegibilidade, foram encontrados 56 trabalhos publicados nos últimos cinco anos na fonte de dados Google Acadêmico e LILACS, dos quais passaram por avaliação no campo título e resumo, que resultou em 25 estudos. Os 25 trabalhos foram lidos na íntegra e compuseram a amostra 07 artigos científicos sobre a temática abordada, dos quais desses, dois eram da LILACS (Figura 1).
Figura 1 – Fluxograma de busca dos artigos na fonte de dados Google Acadêmico.

Fonte: Autor (2022)

Desses 56 trabalhos, 5 eram de revisão de literatura que foram utilizados para subsidiar a discussão do trabalho, e os demais não tinham relação com a temática proposta, sendo os 7 artigos selecionados criteriosamente através do juízo crítico de elegibilidade. 

Os trabalhos selecionados de acordo com o resultado da pesquisa foram organizados em um quadro contendo informações como: autor, título, objetivo e ano de publicação. Essa caracterização dos trabalhos se torna importante para que o leitor possa ter acesso e ampliar o conhecimento sobre a temática em debate.

Quadro 1: Caracterização dos artigos selecionados para compor a amostra do trabalho.

OrdemAnoTítuloAutor(es)Objetivo
012021Adesão à terapia farmacológica em pacientes com hanseníaseOliveira et al.Este trabalho objetivou analisar a adesão à poliquimioterapia em pacientes com hanseníase acompanhados em um serviço de atendimento especializado do município de Rondonópolis (MT)
022021Atenção à saúde das pessoas com hanseníase: atuação do enfermeiro em unidades básicas de saúdeBarbosa et al.Analisar a prática de enfermeiros relacionada às ações de controle da hanseníase nas Unidades de Saúde da Família de um município de Pernambuco.
032021Contribuição farmacêutica na logística de medicamentos e acompanhamento clínico de pacientes com tuberculose e hanseníase na atenção primária à saúdeSilva; LimaRelatar uma experiência iniciada no primeiro ano da especialização da Residência Multiprofissional em Saúde da Família, da Universidade Federal de Pernambuco, em uma Unidade de Saúde da Família da cidade do Recife.
042021Hanseníase: um caso bem-sucedido de intervenção terminológica?Luz-Freitas; RibeiroObjetivo de analisar as condições sociodiscursivas de uso das unidades lexicais especializadas relativas a essa doença, este trabalho fundamenta-se em teorias de viés comunicativo e linguístico da Terminologia, principalmente na Teoria Comunicativa da Terminologia (TCT)
052021Análise do discurso de gestores do programa de controle da hanseníaseCarvalho et al.Analisar o discurso dos gestores do Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH).
062018Percepção de pacientes com hanseníase acerca dos grupos de autocuidadoD’Azevedo et al.Analisar a percepção dos pacientes com hanseníase acerca dos grupos de apoio ao autocuidado.
072017Percepção dos profissionais de saúde e gestores sobre a atenção em hanseníase na estratégia saúde da famíliaGirão Neta et al.Conhecer a percepção dos profissionais de saúde e gestores sobre a atenção em hanseníase na Estratégia Saúde da Família.

Fonte: Autoria própria

DISCUSSÃO

A discussão foi desenvolvida por trabalhos selecionados para compor a amostra com relação a outros estudos sobre a temática. Nesse sentido, está sendo desenvolvida em uma única categoria intitulada: Adesão ao tratamento da Hanseníase. 

ADESÃO AO TRATAMENTO DA HANSENÍASE

Sabe-se que a Hanseníase é uma doença infectocontagiosa e um grande problema de saúde no Brasil, onde o abandono de casos apresenta uma alta taxa. Nesse sentido, a implantação e efetivação de Políticas Públicas de combate à doença se faz necessário para que não haja consequências incapacitantes nos pacientes e oriente a população a conhecer melhor o processo saúde-doença da Hanseníase e do paciente acometido (RIBEIRO, 2021).

Os estudos apresentam um viés na execução do Programa Nacional de Controle da Hanseníase (PNCH), em que o tratamento ocorre de maneira vertical e com muita burocracia. Essas características acabam se tornando um desafio a ser superado, na qual dificulta a adesão dos pacientes ao tratamento farmacológico (CARVALHO et al., 2021). 

As ações propostas pelo Ministério da Saúde têm como foco o tratamento medicamentoso, desenvolvendo ações voltadas para a doença e não ao indivíduo, na sua condição clínica e nas relações familiares. O projeto terapêutico não inclui o paciente na construção do processo de cuidado no que se refere à promoção e reabilitação da saúde (GIRÃO NETA et al., 2017).

O sucesso da adesão do paciente aos projetos de intervenção deve partir de sua inserção no desenvolvimento do cuidado em parceria com a família e os profissionais da saúde. A insatisfação, o despreparo técnico e a ausência de conhecimentos técnicos-científicos precisam ser superadas por meio de atividades continuadas (D’AZEVEDO et al., 2021).

O abandono do tratamento pelo paciente na terapia farmacológica é evidenciado por fatores intrínsecos e extrínsecos, que incluem, respectivamente, as condições socioeconômicas, religiosidade, ausência de conhecimento sobre a própria condição de saúde, falta de apoio familiar, tratamento longo, negligência da equipe de saúde, reações colaterais do tratamento e o estigma social (LIRA et al., 2017).

São diversos desafios para os pacientes com Hanseníase para permanecer no tratamento devido aos efeitos colaterais do tratamento poliquimioterápico. No entanto, essa ainda é a melhor terapêutica para a eliminação do bacilo e cura da doença. Nessa perspectiva, surge a necessidade de implementar estratégias para que o paciente permaneça até o final do tratamento (FIGUEIREDO; HEINEN, 2017).

A equipe de saúde da família é a responsável por realizar o tratamento diretamente observado desses pacientes em seu território, monitorando e supervisionando os cuidados planejados e avaliando a efetivação do cuidado, com objetivo de melhorar o prognóstico e assegurar qualidade de vida para os pacientes com Hanseníase (D’AZEVEDO et al., 2021).

Outro aspecto que atua como desafio para a adesão ao tratamento é o uso pejorativo do termo Lepra, construído socialmente ao longo dos anos para definir a Hanseníase. O estigma criado por essa terminologia causa constrangimentos e isolamento social do indivíduo, que necessita de apoio social e familiar para aderir ao tratamento e atingir a cura (LUZ-FREITAS; RIBEIRO, 2021).

A superação desse obstáculo pode ser feita pela inclusão por parte da equipe de saúde de grupos terapêuticos, que auxiliam no autocuidado e na adesão do tratamento, bem como na quebra do estigma social da doença, na criação de vínculo profissional-paciente e melhorias nos aspectos biopsicossociais (RAMOS; COSTA; SANTOS, 2019).

A implementação de uma abordagem terapêutica para o tratamento da Hanseníase deve proporcionar condições para que o paciente participe da construção do plano de cuidado em parceria com a equipe de saúde. A capacitação técnico-científica da equipe é essencial para atuar em possíveis casos de abandono do tratamento (LIRA et al., 2017).

O acompanhamento do tratamento do paciente com Hanseníase faz parte de um dos deveres dos profissionais de saúde e impõe estratégias que ajudem os pacientes a aceitarem a terapia farmacológica. O conhecimento sobre a doença em sua totalidade gera orientações corretas e propõe adesão ao tratamento, pois há um processo de sensibilização do paciente sobre sua condição de saúde e correta terapia, auto percepção, co-responsabilização e autocuidado (OLIVEIRA et al., 2021).

Prescrever a abandonar o paciente para que ele próprio seja o responsável pelo cuidado é um viés que merece ser superado, pois a equipe de saúde é responsável por manter contato, monitoramento, supervisão e introduzir ações que auxiliem o indivíduo a continuar se tratando até o processo de cura, por meio de cuidado holístico e desenvolvimento de vínculo (KUROIWA et al., 2018).

No entanto, a busca ativa de novos casos e o acompanhamento de casos antigos devem ser realizados com cautela e preparação técnico-científica por parte dos profissionais de saúde. A equipe de saúde precisa trabalhar na prevenção, promoção e reabilitação da saúde do paciente com Hanseníase e evitar que novos casos surjam ao longo dos anos, já que a proposta é controlar a doença e evitar complicações graves ao paciente portador de Hanseníase (BARBOSA et al., 2021).

O cuidado centrado apenas em um profissional de saúde leva ao fracasso do tratamento do paciente acometido pela Hanseníase. O modelo de cuidado deve englobar atenção holística e integral do paciente, reduzir os fatores negativos, trabalhar as questões emocionais e psicológicas, fortalecer o vínculo familiar, reinserir socialmente, falta de capacitação profissional e ausência de condições favoráveis para aderir ao tratamento (GIRÃO NETA et al., 2017).

O cuidado ao paciente com Hanseníase se faz por meio de uma equipe interdisciplinar, e não apenas focado na eliminação da doença, onde cada um se torna responsável pelo sucesso da cura do paciente, desde diagnóstico precoce ao uso racional de medicamentos, bem como o acompanhamento do tratamento farmacológico. No entanto, o maior desafio da equipe é evitar estigmas e preconceitos contra o paciente acometido pela doença, tendo em vista como uma das principais causas de abandono (NICOLETTI; TAKAHASHI, 2020).

A implementação de ações como educação em saúde é outra causa que precisa ser trabalhada para cessar o estigma da doença e prover informação à sociedade sobre a Hanseníase e a paciente acometidos por essa patologia. No mais, o uso de metodologias mais atrativas gera resultados satisfatórios e no conhecimento do processo saúde-doença (SILVA; LIMA, 2021).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir dos achados de pesquisa, buscou identificar os projetos de intervenção para o combate à evasão do tratamento de pacientes com Hanseníase. Diante disso, entende-se que os projetos devem ser construídos em parceria com o paciente acometido pela doença e envolver ações holísticas, integrais, humanas, intersetoriais e multidisciplinares.

Nesse sentido, não há um projeto específico que seja implementado. Contudo, as ações devem ser condizentes com a realidade de cada território e envolver com bastante efetividade a participação dos profissionais de saúde capacitados para atuar nessas situações e trabalhar para combater os diversos aspectos que geram o abandono.

Por fim, conclui-se que ainda é um obstáculo na equipe de atenção primária à saúde a efetivação do cuidado ao paciente com Hanseníase. No entanto, a capacitação e a efetivação das políticas públicas reduzem os casos, melhoram o prognóstico e promovem qualidade de vida dos pacientes.

REFERÊNCIAS

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