REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502141640
Yago Nogueira Nascimento²
João Vitor Gomide Ferreira³
Danyella Dornelas Lacerda Santos⁴
Stefhanny Martins Rosa⁵
Yasmin Martins Rosa⁶
Amanda Pereira Neves⁷
Emanuella Ferreira Dias⁸
Danyelle de Oliveira Rocha⁹
Laura Fernanda Bastos dos Santos¹⁰
Kamilla Oliveira de Sousa Costa¹¹
Alexandre Marques Silva Cavalcante¹²
Sara Ferreira Rodrigues¹³
Isaac Clementino de Sá¹⁴
Luis Henrique Candido Callou¹⁵
A primeira infância compreende o período do nascimento até os 6 anos de idade, sendo um período crucial no que tange o desenvolvimento físico, cognitivo, emocional e social. Durante esses primeiros anos, o cérebro passa pela fase conhecida como ‘’plasticidade cerebral’’, momento em que a interação entre fatores genéticos e estímulos do ambiente desempenham um papel fundamental na aquisição e aprimoramento de diversas habilidades como linguagem, memória, atenção, coordenação motora e regulação emocional. Todavia, também é durante esse momento que o cérebro está mais vulnerável e suscetível a influências negativas, como a falta de estímulos adequados ou a exposição excessiva a fatores estressores (LIMA et al, 2024).
Nos últimos anos, as telas se tornaram parte do cotidiano de famílias de todas as classes sociais e faixas etárias, inclusive na rotina de crianças cada vez mais jovens (VITORINO et al, 2023). Apesar da American Academy of Pediatrics (2016), recomendar que crianças menores de 2 anos devem evitar contato com a tecnologia digital e que dos 2 aos 5 anos esse contato seja limitado a até uma hora por dia o que se percebe é um contato cada vez mais precoce e mais intenso das telas durante a infância devido ao acesso facilitado as ferramentas tecnológicas que os cuidadores fornecem com o objetivo de que a criança se distraia (SANTOS et al, 2024).
Segundo Lima et al (2024), o uso controlado e supervisionado de conteúdos de qualidade pode ser benéfico no desenvolvimento cognitivo, especialmente no que tange a alfabetização e aprendizado inicial. Em contrapartida, estudos recentes indicam que o uso excessivo de telas pode estar associado a diversos efeitos negativos na criança, como dificuldades na linguagem, atenção, interação social, modulação emocional, bem como outros problemas comportamentais. Desse modo, esta revisão sistemática da literatura tem como objetivo explorar de modo abrangente os impactos neuropsicológicos do uso prolongado de telas em crianças.
METODOLOGIA
Trata-se de uma revisão integrativa de literatura, que se refere a um método que tem como base a análise e sintetização de pesquisas, contribuindo para o aprofundamento da temática investigada, partindo de estudos que investigaram problemas semelhantes ou idênticos possibilitando então a construção de única conclusão (Mendes, 2008).
Como critérios de inclusão foram considerados artigos originais, dissertações e revisões de literatura em língua portuguesa, publicados nos últimos 5 anos e disponíveis na íntegra, cujo tema abordasse os impactos neuropsicológicos do uso prolongado de telas em crianças. Foram excluídas as publicações que não atenderam os critérios de inclusão, bem como duplicatas, trabalhos em outros formatos, pagos ou em outras línguas.
A escolha do recorte cronológico se dá em razão do interesse por análises mais atuais sobre o tema em questão. As referências utilizadas foram coletadas a partir dos portais de notícias disponíveis na íntegra e a base eletrônica de dados: Google scholar, utilizando os descritores: “tempo de tela”, “desenvolvimento cognitivo”, “desenvolvimento comportamental” e “crianças”
Primariamente, foi realizada uma busca nos bancos de dados utilizando os descritores e analisando os artigos com base no título e resumo, em seguida, foi aplicado nos trabalhos selecionados os critérios de inclusão e exclusão. Por fim, houve leitura dos materiais escolhidos, priorizando o alinhamento com o presente trabalho científico. Tendo em vista que as informações e dados coletados são informações públicas e de livre acesso, não houve necessidade de submissão a um Comite de Ética em Pesquisa (CEP).
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A plasticidade cerebral diz a respeito a capacidade do cérebro de se moldar em resposta a experiencias, aprendizado e desenvolvimento, sendo mais pronunciada na infância, quando o cérebro está em constante formação e é mais vulnerável a influências externas, sendo imprescindível o uso de métodos que estimulem o desenvolvimento cognitivo e emocional das crianças ((VITORINO et al, 2023).
No entanto, a criança que é exposta ao uso excessivo de telas tem seu desenvolvimento natural prejudicado. Quando os estímulos que seriam benéficos para a maturação cognitiva e comportamental, como brincadeiras ao livre, socialização com o meio, descoberta de novas texturas e sensações são substituídos por horas e horas na frente da Tv ou outro dispositivo eletrônico, o resultado é uma redução substancial da capacidade de aprender coisas novas, pois a formação de novas conexões neurais está sendo limitada. Portanto, ao não garantir estímulos apropriados durante a infância do indivíduo, este terá seu desenvolvimento humano comprometido, levando a dificuldades não apenas durante a infância, mas também no decorrer da adolescência e vida adulta (DESMURGET, 2023).
Estudos indicam que o tempo excessivo de tela pode interferir negativamente de diversas formas no desenvolvimento infantil, tanto nas capacidades cognitivas, como linguagem, atenção e habilidades de resolução de problemas (SILVA; SANTOS, 2020), quanto no desenvolvimento físico, devido ao sedentarismo que acompanha o uso de meios digitais de modo desmedido, bem como no ciclo circadiano, posto que a luz azul emitida pelas telas atrapalha a produção de melatonina e consequentemente a regulação do sono (OLIVEIRA et al, 2021).
Além disso, a autora Carvalho (2020), afirma que o uso de telas, independente do meio tecnológico a ser utilizado, super estimula a liberação de dopamina no cérebro, o neurotransmissor que gera a sensação de bem-estar. Para um cérebro maduro já seria extremamente preocupante essa super estimulação, quando se leva em consideração que o cérebro infantil ainda está no processo de desenvolvimento a temática se mostra ainda mais alarmante. Isto porque o excesso de estímulos provocados pelo uso de tecnologias digitais dessensibiliza o sistema de recompensa do cérebro, sendo necessários cada vez mais incentivos para a experimentação do prazer gerado pelo neurotransmissor supracitado.
Somado a isso tem-se ainda repercussões indiretas no uso exacerbado das tecnologias digitais, como por exemplo a redução nas interações sociais, tanto fora quanto dentro de casa. Pesquisas sustentam que o aumento das atividades infantis com telas está correlacionado com a diminuição do contato com familiares, do apego e afeto humano, bem como substituindo a presença das figuras de cuidado da criança (LIMA et al, 2024). Como resultado do fraco vínculo interpessoal a criança futuramente pode apresentar dificuldades em desenvolver habilidades sociais importantes, como confiança, empatia e interações de qualidade com a sociedade (VITORINO et al, 2023).
Por fim, a autora Santos (2024) afirma que é indiscutível que as crianças necessitam de um ambiente que forneça a ela os estímulos necessários para um pleno desenvolvimento. Ao considerar que a tecnologia digital está integrada a sociedade o melhor a se fazer é usá-la como instrumento complementar desse desenvolvimento, com monitoramento contínuo tanto do tempo, quanto da qualidade dos conteúdos acessados. Sendo possível desfrutar dos benefícios tecnológicos por meio de seu gerenciamento, a fim de promover um aprimoramento cognitivo saudável nas crianças.
CONSIDERAÇÕES FINAIS:
O uso excessivo de telas, dispositivos frequentemente presentes no cotidiano das crianças apresentam riscos significativos para seu desenvolvimento neuropsicomotor. Afetando e alterando habilidades cognitivas, como concentração, memoria, fala, regulação emocional e interações interpessoais, habilidades motoras devido ao sedentarismo, além de impactar também o sono e outros aspectos do indivíduo.
Diante da problemática é imprescindível que os responsáveis pelo cuidado da criança estabeleçam limites claros acerca do tempo de uso das telas, assim como o conteúdo acessado, além de elaborarem e aplicarem novas formas de estímulos e entretenimento para as crianças. Dessa maneira é possível alcançar um desenvolvimento saudável que misture o mundo virtual com o mundo real.
Referências:
VITORINO, Karolayne Cristina Dias Silva Domingues et al. OS IMPACTOS DO USO EXCESSIVO DE TELAS NA INFÂNCIA: uma revisão de literatura. REVISTA DE TRABALHOS ACADÊMICOS- UNIVERSO–GOIÂNIA, v. 1, n. 11, 2023.
LIMA, Mirella Maria et al. Impacto do tempo de tela no desenvolvimento cognitivo e comportamental de crianças em idade pré-escolar. Periódicos Brasil. Pesquisa Científica, v. 3, n. 2, p. 1472-1479, 2024.
SANTOS, Stéphanie de Oliveira. O impacto do uso excessivo de tecnologias digitais na infância e as consequências para o cognitivo das crianças. 2024.
CARVALHO, A. S. et al. Efeitos do uso de dispositivos eletrônicos nas interações sociais de crianças pré-escolares: uma revisão narrativa. Psicologia em Estudo, v. 25, n. 3, p. 345-353, 2020.
OLIVEIRA, M. F. et al. Efeitos do tempo de tela no desenvolvimento da atenção em crianças pré-escolares. Revista de Neurociências, v. 29, n. 4, p. 200-208, 2021.
SILVA, J. P.; SANTOS, L. A. O uso de telas e o atraso no desenvolvimento da linguagem em crianças pré-escolares. Cadernos de Saúde Pública, v. 36, n. 1, p. e00033420, 2020.
American Academy of Pediatrics. “Media and Young Minds.” Pediatrics, 2016. DESMURGET, Michel. Faça-os ler: Para não criar cretinos digitais. Vestígio Editora, 2023.
¹ dumamemarcolino@gmail.com
² workny@hotmail.com
³ Gomide157@gmail.com
⁴ Danyella.dornelas0@gmail.com
⁵ stefhannymartins.2013@gmail.com
⁶ martinsyasmin.2012@gmail.com
⁷ amandanvs88@gmail.com
⁸ emanuelladiaas@hotmail.com
⁹ dany.oliveira12@hotmail.com
¹⁰ laurafernandabds@gmail.com
¹¹ Kamillaoliveira_odonto15@hotmail.com
¹² Isadora.cavalcante112@gmail.com
¹³ Dra.sarafr@gmail.com
¹⁴ izacclementinosa2010@gmail.com
¹⁵ lhenriquecallou@gmail.com