IMPACTOS NA BIOSSEGURANÇA EM CONSULTÓRIO ODONTOLÓGICO – PÓS COVID

IMPACTS ON BIOSAFETY IN DENTAL OFFICE – POST COVID

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10031745


Isabelle Medeiros Ferraz1;
Julia Ísis Nascimento da Cruz2;
Osvaldo Augusto de Oliveira3;
Maria Fernanda Borro Bijella4;
Chimene Kuhn Nobre5


RESUMO

Nesta pesquisa, foram explorados os impactos da pandemia de COVID-19 na biossegurança dos consultórios odontológicos. A investigação teve como objetivo geral analisar as mudanças nas práticas de biossegurança e suas implicações. Para isso, foram definidos três objetivos específicos: identificar as mudanças adotadas pelos consultórios, avaliar a eficácia das medidas e entender seu impacto na experiência dos pacientes e na prática odontológica. Foi conduzida uma revisão abrangente da literatura como método, coletando dados qualitativos e quantitativos para compreender as tendências e resultados relacionados à biossegurança em consultórios odontológicos pós-COVID. Descobriu-se que houve mudanças significativas, incluindo protocolos rigorosos, uso intensivo de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), triagem e teleodontologia. Essas descobertas destacam a importância contínua da biossegurança e a relevância crescente da teleodontologia na prática odontológica pós-pandemia.

PALAVRAS-CHAVE: Biossegurança. Pandemia De COVID-19. Consultórios Odontológicos.

ABSTRACT

In this research, the impacts of the COVID-19 pandemic on the biosafety of dental offices were explored. The general objective of the investigation was to analyze changes in biosafety pratices and their implications. To achieve this, three specific objectives were defined: identifying the changes adopted by dental offices, evaluating the effectiveness of the measures and understanding their impact on patients’ experience and dental practice. A comprehensive literature review was conducted as a method, collecting qualitative and quantitative data to understand trends and outcomes related to biosafety in post-COVID dental practices. It found that there have been significant changes, including strict protocols, intensive use of Personal Protective Equipment (PPE), screening and teledentistry. These findings highlight the continued importance of biosecurity and the increasing relevance of teledentistry in post-pandemic dental practice.

KEYWORDS: Biosafety. COVID-19 Pandemic. Dental Offices.

INTRODUÇÃO

A pandemia de COVID-19 teve um impacto profundo em diversos setores da sociedade, e a área da saúde não foi exceção. Nesse contexto, os consultórios odontológicos enfrentaram desafios significativos, uma vez que as práticas de biossegurança se tornaram ainda mais cruciais. Esta revisão de literatura tem como objetivo oferecer uma visão abrangente dos impactos deixados na biossegurança em consultório odontológico no período pós-COVID (FEBBO; PINCHEMEL, 2021).

A delimitação deste tema surge da necessidade de compreender como as práticas e protocolos de biossegurança foram alterados ou aprimorados em consultórios odontológicos após o surgimento da pandemia de COVID-19. A pesquisa se concentra em explorar as mudanças necessárias e as adaptações implementadas para garantir a segurança dos pacientes e dos profissionais de odontologia nesse novo cenário.

A problemática subjacente a esta revisão de literatura é a seguinte: quais foram os principais desafios enfrentados pelos consultórios odontológicos no que diz respeito à biossegurança após a pandemia de COVID-19, e como esses desafios foram abordados? Diante dessa questão, a pesquisa visa analisar as mudanças nas práticas de biossegurança e identificar as estratégias adotadas para minimizar riscos de infecção.

As hipóteses que norteiam esta revisão incluem a suposição de que os consultórios odontológicos tiveram que implementar medidas adicionais de biossegurança, como o uso mais rigoroso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e protocolos de desinfecção mais robustos, em resposta à pandemia. Além disso, presume-se que a teleodontologia e a digitalização de registros odontológicos tenham ganhado importância como formas de reduzir a exposição direta aos pacientes (DO NASCIMENTO et al., 2022).

O objetivo geral desta pesquisa é investigar os impactos da pandemia de COVID-19 na biossegurança dos consultórios odontológicos. Para alcançar esse objetivo, foram definidos três objetivos específicos: (1) identificar as mudanças nas práticas de biossegurança adotadas pelos consultórios odontológicos; (2) analisar a eficácia das medidas de biossegurança implementadas; e (3) avaliar o impacto das mudanças na experiência dos pacientes e na prática odontológica.

A relevância deste trabalho acadêmico reside na sua contribuição para o entendimento das transformações necessárias na área odontológica para enfrentar desafios de saúde pública como a COVID-19. Compreender as adaptações na biossegurança pode beneficiar não apenas os profissionais de odontologia, mas também a sociedade em geral, ao garantir ambientes mais seguros de atendimento odontológico (MARTINS et al., 2020).

A metodologia utilizada nesta revisão de literatura baseou-se em pesquisa bibliográfica, com análise de artigos científicos, livros e documentos relacionados ao tema. A revisão foi conduzida de forma sistemática, com a seleção de fontes relevantes para a discussão dos impactos na biossegurança em consultórios odontológicos pós-COVID.

Este trabalho está estruturado em cinco capítulos. O primeiro capítulo aborda a introdução e contextualização do tema, como apresentado anteriormente. O segundo capítulo discute os princípios da biossegurança em consultórios odontológicos. O terceiro capítulo aborda os impactos da pandemia de COVID-19 na prática odontológica. O quarto capítulo analisa as mudanças nas práticas de biossegurança em consultórios odontológicos pós-COVID. Por fim, o quinto capítulo apresenta as conclusões da revisão e as recomendações para futuras pesquisas na área.

MATERIAL E MÉTODO

O método de pesquisa para estudar os impactos da pandemia de COVID-19 na biossegurança dos consultórios odontológicos é uma revisão de literatura que envolve a seleção de fontes de dados, critérios de inclusão, coleta e análise de dados. As fontes incluem bases de dados acadêmicas, repositórios de saúde, sites de associações odontológicas e revistas científicas. Os critérios de inclusão consideram a relevância ao tema, atualidade, inclusão de medidas de biossegurança e disponibilidade do texto completo. A análise avalia a qualidade metodológica e sintetiza resultados relevantes, destacando mudanças na biossegurança, estratégias adotadas e seu impacto na prática odontológica.

Foram selecionados artigos publicados nos últimos cinco anos, (2018 – 2023), com o intuito de obter informações atualizadas e relevantes sobre o tema. Para isso, foram consultadas bases de dados renomadas, como Lilacs, Periódicos Capes e Scielo. Três critérios de inclusão foram estabelecidos para a seleção dos artigos. Primeiro, os estudos deveriam abordar diretamente o tema. Segundo, os artigos deveriam ter sido publicados nos últimos cinco anos, garantindo assim a atualidade das informações. Terceiro, as buscas foram feitas com as palavras-chave: Biossegurança. Pandemia De COVID-19. Consultórios Odontológicos. 

Por outro lado, dois critérios de exclusão foram aplicados para eliminar estudos que não atendiam aos objetivos desta revisão de literatura. Primeiramente, foram excluídos artigos que não estavam disponíveis na íntegra, já que a análise completa do conteúdo era essencial para esta revisão. Além disso, estudos que não estavam escritos em português, inglês ou espanhol foram excluídos, para garantir a compreensão adequada e a análise precisa dos resultados.

Após a aplicação desses critérios de inclusão e exclusão, os textos selecionados foram submetidos a uma análise crítica. Os dados relevantes foram extraídos dos estudos selecionados e agrupados de acordo com os objetivos específicos estabelecidos nesta revisão de literatura. A partir daí, foram feitas sínteses e comparações dos resultados encontrados, a fim de obter uma visão abrangente sobre o tema. 

PRINCÍPIOS DA BIOSSEGURANÇA EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS

A biossegurança em consultórios odontológicos é um tema de extrema relevância, especialmente em um cenário pós-COVID-19, no qual a atenção à saúde e à segurança tornou-se ainda mais crucial. Nesse contexto, os princípios da biossegurança desempenham um papel fundamental na prevenção de riscos de infecção tanto para os pacientes quanto para os profissionais de odontologia (HOFFMANN et al., 2021).

Os princípios fundamentais da biossegurança odontológica estão solidamente fundamentados no controle de infecções. Isso engloba a adoção de medidas rigorosas destinadas a prevenir a propagação de patógenos, tais como vírus, bactérias e outros microrganismos, durante os procedimentos odontológicos. A eficácia da abordagem de biossegurança em consultórios odontológicos repousa sobre sete pilares essenciais (RIATTO, 2020):

Primeiramente, a higienização das mãos assume um papel de destaque. A correta e frequente lavagem das mãos com água e sabão, seguida da aplicação de antissépticos, constitui a primeira linha de defesa contra a transmissão de infecções. Os profissionais de odontologia devem adotar essa prática como um hábito, realizando-a antes e após cada atendimento (FEBBO; PINCHEMEL, 2021).

O segundo pilar é o uso adequado de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). O emprego correto de EPIs, como luvas, máscaras, óculos de proteção e aventais, assume um papel fundamental na proteção tanto do paciente quanto do profissional contra possíveis exposições a fluidos corporais contaminados (HOFFMANN et al., 2021).

Rodrigues et al. (2022), afirmam que o terceiro aspecto essencial é a desinfecção e esterilização meticulosa de instrumentos odontológicos. Todos os instrumentos utilizados em procedimentos odontológicos devem passar por processos rigorosos de desinfecção e esterilização, visando eliminar qualquer potencial contaminação. Isso inclui a limpeza dos equipamentos com soluções apropriadas, seguida da esterilização por meio de autoclave.

Em quarto lugar, as barreiras de proteção desempenham um papel relevante. A utilização de barreiras, como filmes plásticos em superfícies e instrumentos, bem como a troca frequente de lençóis e capas de cadeira, desempenha um papel fundamental na prevenção da contaminação cruzada entre os pacientes (DE ALMEIDA et al. 2020).

O quinto pilar é a gestão adequada de resíduos. O descarte correto de resíduos infectantes, incluindo materiais utilizados em procedimentos odontológicos, representa um aspecto crucial da biossegurança. Os consultórios devem aderir estritamente às normas específicas para a coleta e o descarte seguros desses resíduos (NAKAME, 2020).

A educação e o treinamento contínuo compõem o sexto pilar. Todos os membros da equipe odontológica devem receber treinamento regular sobre as práticas atualizadas de biossegurança, o que inclui a conscientização sobre os riscos de infecção e a implementação de medidas preventivas (MARTINS et al., 2020).

Por último, mas não menos importante, o controle de infecções aéreas, especialmente no contexto da pandemia de COVID-19, assume um papel crítico. A ventilação adequada dos consultórios, a utilização de purificadores de ar e a implementação de protocolos destinados a minimizar a disseminação de partículas no ar são medidas adicionais que ganharam proeminência na busca pela máxima segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde bucal (BRANDÃO et al., 2023).

Em conjunto, esses sete pilares formam a base sólida das práticas de biossegurança odontológica, garantindo a proteção e a saúde de todos os envolvidos no contexto da assistência odontológica (DO NASCIMENTO et al., 2022).

As normas e diretrizes de controle de infecção desempenham um papel crucial na prática odontológica, assegurando que os consultórios sejam ambientes seguros e livres de riscos de transmissão de doenças infecciosas. Em um contexto pós-COVID-19, a atenção a essas normas tornou-se ainda mais imperativa (HOFFMANN et al., 2021).

O controle de infecções em consultórios odontológicos é um conjunto de práticas essenciais para prevenir a disseminação de patógenos, como vírus e bactérias, durante os procedimentos odontológicos. Isso envolve seguir normas e diretrizes específicas que garantem a segurança dos pacientes e dos profissionais de saúde bucal (DA SILVA, 2020).

Primeiramente, os padrões de esterilização e desinfecção são vitais. Os instrumentos odontológicos devem ser esterilizados de maneira adequada, utilizando autoclaves e outros métodos aprovados. Além disso, superfícies e equipamentos devem ser regularmente desinfetados com produtos específicos para evitar a contaminação cruzada (RIATTO, 2020).

As barreiras de proteção, como lençóis descartáveis e capas para cadeiras, também desempenham um papel crucial. A troca dessas barreiras após cada atendimento ajuda a prevenir a disseminação de patógenos entre os pacientes (NAKAME, 2020).

A gestão de resíduos é outro aspecto importante. A coleta, armazenamento e descarte de resíduos infecciosos devem ser realizados de acordo com normas rigorosas. Isso inclui a segregação adequada de materiais contaminados e a eliminação segura de resíduos biológicos (MACHADO et al., 2022).

A higienização das mãos é uma prática fundamental para todos os profissionais de odontologia. Deve ser realizada antes e após cada atendimento, utilizando água e sabão ou desinfetantes à base de álcool (MARTINS et al., 2020).

A emergência da pandemia de COVID-19 trouxe consigo uma série de mudanças substanciais na prática odontológica, gerando impactos profundos e desafiadores em diversos aspectos. Uma das áreas afetadas significativamente foi a rotina de atendimento odontológico, que passou por transformações radicais em resposta às necessidades de segurança e prevenção de infecções (HOFFMANN et al., 2021).

As alterações na rotina de atendimento odontológico incluíram a implementação de medidas rigorosas de biossegurança, como a triagem ampliada de pacientes, a utilização intensiva de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) pelos profissionais e a desinfecção frequente de superfícies e instrumentos. O objetivo central dessas mudanças foi reduzir ao máximo o risco de transmissão do vírus SARS-CoV-2 entre pacientes e equipe odontológica (DE ALMEIDA, 2020).

Outra mudança notável foi a adaptação das agendas de atendimento, com agendamentos espaçados para evitar aglomerações na sala de espera e permitir a desinfecção adequada entre pacientes. A priorização de procedimentos odontológicos de urgência e emergência também se tornou comum, enquanto procedimentos eletivos eram adiados para reduzir o tempo de exposição dos pacientes ao ambiente do consultório (BRANDÃO et al., 2023).

Além disso, a comunicação entre pacientes e profissionais de odontologia sofreu uma transformação, com a adoção de consultas prévias por teleodontologia para triagem e orientação, minimizando a necessidade de encontros presenciais. Isso não apenas ajudou a reduzir a exposição, mas também proporcionou uma abordagem mais flexível para o atendimento odontológico (NAKAME, 2020).

A integração de novas tecnologias, como a digitalização de registros e a teleodontologia, desempenhou um papel crucial na adaptação da rotina de atendimento. A digitalização de registros permitiu o acesso mais eficiente às informações dos pacientes, enquanto a teleodontologia ofereceu uma alternativa viável para consultas não presenciais, garantindo a continuidade do cuidado odontológico (FEBBO; PINCHEMEL, 2021).

IMPACTOS DA PANDEMIA DE COVID-19 NA PRÁTICA ODONTOLÓGICA

A emergência da pandemia de COVID-19 teve impactos significativos e imediatos na prática odontológica, transformando drasticamente a maneira como os profissionais de odontologia prestam cuidados aos pacientes. No início da pandemia, quando a compreensão sobre o vírus era limitada e as medidas de controle ainda estavam sendo desenvolvidas, a comunidade odontológica foi forçada a responder rapidamente às novas demandas de segurança e prevenção de infecções (RIATTO, 2020).

Em seus impactos iniciais, a pandemia trouxe uma série de desafios para os consultórios odontológicos em todo o mundo. Um dos primeiros impactos foram à necessidade de suspender temporariamente procedimentos odontológicos não emergenciais, como limpezas regulares e procedimentos estéticos, a fim de minimizar a exposição dos pacientes ao vírus e conservar recursos de equipamentos de proteção individual (EPIs) (BRANDÃO et al., 2023).

Os profissionais de odontologia tiveram que adotar medidas rigorosas de triagem, incluindo questionários de saúde e medição de temperatura, para identificar possíveis casos de COVID-19 entre os pacientes. Essa triagem se tornou uma prática comum e essencial para garantir a segurança de todos no consultório (NAKAME, 2020).

Outro impacto inicial foi a escassez de EPIs, como máscaras N95, luvas e aventais, devido à alta demanda global. Isso levou os profissionais de odontologia a buscar alternativas e soluções criativas para garantir a proteção dos pacientes e de si mesmos (MARTINS et al., 2020).

Além disso, houve uma mudança na ênfase dada à teleodontologia, permitindo consultas e acompanhamento de pacientes por meio de videochamadas para reduzir a exposição pessoal. No entanto, essa transição para a teleodontologia também apresentou desafios, especialmente em procedimentos que requerem intervenção física (DO NASCIMENTO et al., 2022).

Outro impacto significativo foi a mudança nas diretrizes de atendimento odontológico, com a necessidade de reduzir o número de pacientes atendidos por dia para permitir a desinfecção rigorosa entre as consultas e garantir o distanciamento físico nas salas de espera (HOFFMANN et al., 2021).

No entanto, apesar dos desafios iniciais, a pandemia também impulsionou a inovação na odontologia, com a pesquisa e o desenvolvimento de novos equipamentos e tecnologias de esterilização e desinfecção, bem como o investimento em medidas de proteção adicionais (MACHADO et al., 2022).

As alterações na rotina de atendimento odontológico em decorrência da pandemia de COVID-19 foram profundas e necessárias para garantir a segurança de pacientes e profissionais de saúde bucal. Essas mudanças impactaram não apenas a forma como os procedimentos são realizados, mas também a dinâmica e a gestão dos consultórios odontológicos (NAKAME, 2020).

Riatto (2020), destaca que uma das principais mudanças foi a implementação de rigorosas medidas de triagem e agendamento. Os pacientes passaram a ser submetidos a questionários de saúde, medição de temperatura e histórico de viagens antes de suas consultas, a fim de identificar possíveis casos de infecção por COVID-19. Além disso, os horários de agendamento foram espaçados para evitar aglomerações na sala de espera, contribuindo para o distanciamento físico.

Outra alteração fundamental foi a adoção de protocolos de desinfecção mais rigorosos. Todos os consultórios odontológicos passaram a implementar medidas adicionais de limpeza e desinfecção entre os atendimentos, com foco especial em superfícies de alto toque e áreas comuns. Além disso, a esterilização de instrumentos odontológicos tornou-se ainda mais essencial, seguindo padrões estritos (HOFFMANN et al., 2021).

A utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) se tornou mais abrangente e obrigatória. Profissionais de odontologia passaram a usar máscaras N95, protetores faciais e aventais descartáveis em uma variedade de procedimentos, não apenas nos considerados de alto risco. Isso visou garantir uma camada adicional de proteção contra a disseminação do vírus (MACHADO et al., 2022).

Os desafios de segurança e prevenção de infecções na prática odontológica em meio à pandemia de COVID-19 são complexos e multifacetados. Um dos desafios centrais é a disponibilidade contínua de EPIs de qualidade, uma vez que a demanda global por esses equipamentos permanece alta. A escassez e os aumentos de preço representaram dificuldades significativas para muitos consultórios odontológicos (BRANDÃO et al., 2023).

A adaptação às novas diretrizes e protocolos de biossegurança exigiu um esforço significativo por parte dos profissionais de odontologia. Treinamento constante e conscientização sobre as práticas de prevenção de infecções tornaram-se essenciais para garantir o cumprimento das normas e a segurança de todos os envolvidos (DO NASCIMENTO et al., 2022).

A implementação das mudanças na rotina de atendimento odontológico também se mostrou desafiadora em termos de eficiência e produtividade. A necessidade de espaçar os agendamentos e realizar desinfecções minuciosas entre as consultas impactou a capacidade dos consultórios de atender a um número maior de pacientes (HOFFMANN et al., 2021).

Além disso, a comunicação com os pacientes sobre as novas medidas de segurança e a importância do comparecimento às consultas agendadas se tornou crucial para garantir a continuidade dos cuidados odontológicos. Muitos pacientes podem ter receios e dúvidas, e é papel dos profissionais de odontologia fornecer informações claras e tranquilizadoras (MARTINS et al., 2020).

MUDANÇAS NAS PRÁTICAS DE BIOSSEGURANÇA EM CONSULTÓRIOS ODONTOLÓGICOS PÓS-COVID

As mudanças nas práticas de biossegurança em consultórios odontológicos após o período da pandemia de COVID-19 têm sido significativas e necessárias para garantir a segurança de pacientes e profissionais de saúde bucal. A adaptação a um novo contexto epidemiológico trouxe consigo a implementação de protocolos rigorosos e inovações nas medidas de proteção (NAKAME, 2020).

Uma das principais adaptações envolveu a atualização e fortalecimento dos protocolos de limpeza e desinfecção. Superfícies, equipamentos e áreas comuns passaram a ser desinfetados com maior frequência e utilizando produtos específicos comprovadamente eficazes na inativação do vírus SARS-CoV-2. A esterilização de instrumentos odontológicos também se tornou mais rigorosa, seguindo as diretrizes estabelecidas pelas autoridades de saúde (DO NASCIMENTO et al., 2022).

O uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) foi ampliado e aprimorado. Além das tradicionais luvas, máscaras e aventais, os profissionais de odontologia passaram a utilizar protetores faciais, óculos de proteção e, em alguns casos, aventais impermeáveis para procedimentos que envolvem geração de aerossóis. Essa abordagem visa minimizar a exposição direta a partículas virais e fluidos corporais dos pacientes (MACHADO et al., 2022).

A triagem de pacientes também foi intensificada, com questionários de saúde mais detalhados e aferição de temperatura antes do atendimento. Pacientes com sintomas gripais ou com exposição conhecida ao vírus são orientados a adiar as consultas ou a receber atendimento odontológico em condições de isolamento (HOFFMANN et al., 2021).

Outra mudança importante, como ressaltada Riatto (2020), foi a ênfase na ventilação adequada dos consultórios. A circulação de ar é vista como uma estratégia importante para diluir potenciais partículas virais no ambiente, reduzindo o risco de transmissão (MACHADO et al., 2022).

Além disso, os consultórios odontológicos passaram a adotar medidas adicionais de distanciamento físico, como redução do número de pacientes na sala de espera, agendamento espaçado e maior distância entre as cadeiras de atendimento (NAKAME, 2020).

A teleodontologia também ganhou relevância como uma alternativa para consultas não presenciais, oferecendo orientações e triagem inicial de pacientes. Essa abordagem permite a continuidade do atendimento odontológico de forma mais segura (BRANDÃO et al., 2023).

A pandemia de COVID-19 impulsionou a adoção de novas tecnologias e métodos na prática odontológica, sendo o uso da teleodontologia e a digitalização de registros duas transformações notáveis. Essas inovações representam uma resposta eficaz aos desafios impostos pelo distanciamento social e pela necessidade de minimizar a exposição direta ao vírus nos consultórios odontológicos (HOFFMANN et al., 2021).

Segundo Rodrigues et al. (2022), a teleodontologia emergiu como uma ferramenta valiosa para a continuidade do cuidado odontológico, permitindo consultas e orientações remotas. Isso não apenas reduz o risco de transmissão do vírus entre pacientes e profissionais de odontologia, mas também oferece maior acessibilidade a serviços de saúde bucal, especialmente para pacientes que enfrentam barreiras geográficas ou de mobilidade. Consultas de triagem, acompanhamento pós-operatório e orientações sobre saúde bucal podem ser conduzidos de maneira eficaz por meio de videochamadas, garantindo a continuidade do cuidado em tempos desafiadores.

Ventura et al. (2021), destacam que a digitalização de registros odontológicos também se tornou uma prática comum. A transição dos registros em papel para sistemas eletrônicos oferece inúmeras vantagens, incluindo a facilidade de compartilhamento de informações entre profissionais de saúde, a redução do uso de papel e a organização eficiente dos dados do paciente. Isso não apenas melhora a gestão do consultório, mas também contribui para a biossegurança, reduzindo o manuseio de documentos físicos e a exposição a superfícies potencialmente contaminadas.

De Abrantes et al. (2022), a avaliação da eficácia das medidas adotadas em resposta à pandemia de COVID-19 é um aspecto crítico da gestão da biossegurança em consultórios odontológicos. A implementação dessas medidas visa não apenas mitigar riscos, mas também garantir que o atendimento odontológico continue eficaz e seguro.

Para avaliar a eficácia dessas medidas, é essencial considerar diversos aspectos. Em primeiro lugar, a taxa de infecção entre pacientes e profissionais de odontologia deve ser monitorada, comparando-a com os dados anteriores à pandemia. Qualquer aumento significativo pode indicar a necessidade de ajustes nas práticas de biossegurança(FEBBO; PINCHEMEL, 2021).

Além disso, Baldan, Teixeira e Zermiani (2021), destacam que a satisfação e a percepção dos pacientes em relação às medidas adotadas são cruciais. A coleta de feedback dos pacientes pode revelar insights valiosos sobre a eficácia das práticas de segurança e a experiência do paciente em consultórios odontológicos pós-COVID.

A observância do cumprimento das normas e diretrizes de biossegurança pelos profissionais de odontologia é fundamental. Auditorias internas e externas, bem como a educação contínua da equipe, são ferramentas que podem ajudar a garantir o cumprimento adequado das medidas (MARTINS et al., 2020).

Por fim, a pesquisa científica desempenha um papel importante na avaliação da eficácia das medidas de biossegurança. Estudos clínicos e epidemiológicos podem fornecer dados objetivos sobre a redução de riscos de infecção e a eficácia das inovações tecnológicas, como a teleodontologia (BRANDÃO et al., 2023).

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa sobre os impactos da pandemia de COVID-19 na prática odontológica revelou uma série de descobertas significativas. Inicialmente, observamos mudanças substanciais nas práticas de biossegurança em consultórios odontológicos, incluindo a implementação de protocolos rigorosos, a ampliação do uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a adoção de medidas de triagem e ventilação. Além disso, a teleodontologia e a digitalização de registros emergiram como ferramentas essenciais para garantir a continuidade dos cuidados odontológicos em um ambiente de risco de infecção.

As implicações dessas descobertas são profundas e têm um impacto duradouro na prática odontológica. A ênfase na biossegurança deve permanecer como uma prioridade contínua, mesmo em um cenário pós-COVID. A aprendizagem com as práticas adotadas durante a pandemia pode levar a avanços permanentes em termos de prevenção de infecções e proteção de pacientes e profissionais de saúde bucal.

A teleodontologia, por sua vez, não apenas oferece uma solução eficaz para a continuidade do cuidado em tempos de crise, mas também expande as possibilidades de acesso a serviços odontológicos, especialmente para populações remotas ou com dificuldades de locomoção. A digitalização de registros simplifica a gestão de informações do paciente, tornando o atendimento mais eficiente e seguro.

Para estudos futuros, sugerimos uma análise mais aprofundada das taxas de infecção e do cumprimento das medidas de biossegurança em consultórios odontológicos pós-COVID. Compreender os fatores que influenciam a eficácia dessas medidas e a satisfação dos pacientes pode fornecer insights valiosos para aprimorar as práticas de segurança.

Além disso, investigações sobre a teleodontologia e seu impacto a longo prazo na acessibilidade aos cuidados odontológicos são essenciais. Avaliar as barreiras e os benefícios dessa abordagem pode ajudar a moldar políticas de saúde bucal mais inclusivas e eficazes.

REFERÊNCIAS

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1Acadêmica do Curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO. Artigo apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023;
2Acadêmica do Curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO. Artigo apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023;
3Acadêmico do Curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO. Artigo apresentado como requisito para obtenção do título de Bacharel em Odontologia, Porto Velho/RO, 2023;
4Professora Orientadora do curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO;
5Professora do curso de Odontologia da Faculdade UNISAPIENS-RO