MULTISYSTEMIC IMPACTS OF ELECTRONIC CIGARETTES IN YOUNG POPULATIONS: A SYSTEMATIC REVIEW OF PHYSIOLOGICAL EFFECTS AND IMPLICATIONS FOR PUBLIC HEALTH POLICIES
REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12208700
ARRAES, Amanda de Brito1; VIEIRA, Ana Luiza Fernandes1; CASTRO, Cícera Nelly de Alencar1; COELHO, João Victor Mota1; SANTOS, Maria do Socorro Vieira dos.2.
RESUMO
Este artigo apresenta uma revisão sistemática dos impactos dos cigarros eletrônicos (CEs) nos sistemas corporais de jovens. A partir da análise de três textos, abordamos os efeitos nocivos dos CEs em sistemas como cardiovascular, digestivo, endócrino, imunológico, nervoso, musculoesquelético, reprodutor, respiratório, tegumentar e urinário. Os estudos revelaram uma variedade de consequências adversas, incluindo alterações na pressão arterial, inflamação gastrointestinal, desregulação hormonal, comprometimento imunológico, danos neuronais, impactos musculoesqueléticos, disfunções respiratórias, problemas dermatológicos e possíveis danos renais. A revisão destaca a necessidade de políticas públicas e práticas de saúde que abordem esses riscos e promovam a conscientização sobre os perigos associados ao uso de CEs entre os jovens. Este trabalho contribui para uma compreensão mais abrangente dos desafios enfrentados pela saúde pediátrica devido ao uso crescente de cigarros eletrônicos.
Descritores: “Cigarros eletrônicos”, “Saúde pediátrica” e “Impactos nos sistemas corporais”
ABSTRACT
This article presents a systematic review of the impacts of electronic cigarettes (ECs) on the body systems of young individuals. By analyzing three texts, we address the harmful effects of ECs on systems such as cardiovascular, digestive, endocrine, immune, nervous, musculoskeletal, reproductive, respiratory, tegumentary, and urinary. The studies revealed a variety of adverse consequences, including changes in blood pressure, gastrointestinal inflammation, hormonal dysregulation, immune impairment, neuronal damage, musculoskeletal impacts, respiratory dysfunctions, dermatological issues, and potential kidney damage. The review highlights the need for public health policies and healthcare practices that address these risks and promote awareness of the dangers associated with EC use among young people. This work contributes to a more comprehensive understanding of the challenges faced by pediatric health due to the increasing use of electronic cigarettes.
Descriptors: “Electronic cigarettes AND Pediatric health AND Systemic impacts”
1 INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o aumento alarmante no uso de cigarros eletrônicos entre adolescentes tem despertado preocupações significativas sobre os potenciais impactos na saúde pediátrica. (HUANG et al, 2020). Atualmente, o uso de cigarros eletrônicos por adultos foi registrado em 56 países, que abrangem uma população de 4,9 bilhões de pessoas, incluindo nações de baixa renda. Por outro lado, 139 países, com uma população total de 2,8 bilhões de pessoas (dentre os quais, 4,1 bilhões residem em 113 países de baixa e média renda), não têm dados disponíveis sobre o uso atual de cigarros eletrônicos por adultos, segundo a OMS em 2021. Devido a essa ampla disseminação e aos dados preocupantemente crescentes, o cigarro eletrônico — também conhecido como vapers, juul, smok, pen-drive, CEs, DEF, eCig — foi selecionado como o foco deste artigo de revisão. (WHO, 2021).
Segundo Eltorai et al, 2019, o cigarro eletrônico (CE), também conhecido como “vape”, foi inventado na China em 2003 para ser utilizado como alternativa ao cigarro. Entretanto, não há na literatura um consenso sobre esse benefício. Inserido no mercado americano em 2006 a intenção principal, era utilizar esse dispositivo simulando o cigarro convencional através da vaporização térmica de líquido para inalação (HANAFIN E CLANCY (2020).
O líquido que é vaporizado para inalação consiste em um ou dois solventes (propileno glicol e glicerina vegetal), podendo ter saborizantes (frutas, doces, menta, tabaco) e nicotina. O EC é composto por um bocal, vaporizador (que produz aerossol através de líquidos), bateria, sensor e um reservatório para esse líquido, que pode ser trocado ou utilizado com refil. (OGUNWALE et al., 2017). Durante a inalação, a bateria ativa o sensor, transformando o líquido em aerossol (RIGOTTINA, 2018)
A atratividade promovida pela diversidade de aromas, a novidade tecnológica e o marketing incisivo dispõem uma idéia falaciosa de que os cigarros eletrônicos não são tóxicos e que são uma rota alternativa aos cigarros convencionais (BARRADAS, 2021).
Entretanto, desde o ano de 2009, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) proibiu a sua importação, comercialização e propaganda, devido aos seus impactos e riscos que promovem a saúde. Os fabricantes propagam que estes são mais seguros que os cigarros tradicionais, isto é, que os eletrônicos apresentam menos substâncias tóxicas do que os convencionais causando percepções errôneas sobre os danos que os e-cig provocam (SILVA AP, 2021).
Atualmente já estão descritas algumas patologias associadas ao uso do cigarro eletrônico com ou sem nicotina, como alterações cardiovasculares, lesões pulmonares; envenenamentos agudos por excesso de nicotina; comprometimento da saúde bucal como atraso na cicatrização, degradação periodontal e agravamento das lesões da mucosa oral e problemas gastrintestinais como vômitos, diarreias, desequilíbrio da microbiota intestinal, aumento da suscetibilidade à infecções e ativação de processos inflamatórios (TÁVORA et al., 2022).
Diante das propagações , o seu uso vem tornando-se uma prática cada vez mais comum entre os jovens e adolescentes, despertando o interesse dos fumantes e não-fumantes em experimentar o produto (HOLLIDAY, 2020). Porém, o desenvolvimento de novos estudos, não patrocinados pela indústria do tabaco, permitiu a observação de que o potencial de danos gerados pelo consumo de CE é muito superior ao que inicialmente se imaginava. Sua rápida disseminação global, especialmente entre os jovens, levanta preocupações sobre os possíveis impactos na saúde pediátrica. (WINNICKA; SHENOY, 2020).
A falta de consenso na literatura, apontada por Eltorai et al. (2019), sobre os benefícios reais do cigarro eletrônico, aliada à sua crescente popularidade, especialmente entre os jovens, evidencia a necessidade de investigar mais a fundo os impactos desse dispositivo na saúde. O problema central reside na lacuna de conhecimento sobre os efeitos a longo prazo do uso de cigarros eletrônicos em crianças e adolescentes, considerando os componentes químicos presentes e suas possíveis consequências para o desenvolvimento saudável.
Diante da importância da temática e a necessidade de discussão acerca desse tema, o presente artigo tem como objetivo principal propor um levantamento sistemático acerca dos principais impactos que o uso de cigarros eletrônicos traz à saúde.
A justificativa para esta pesquisa fundamenta-se na relevância da temática diante do aumento alarmante do consumo de cigarros eletrônicos entre os jovens, conforme destacado por BUSSOLETTI, (2019). A compreensão aprofundada dos riscos associados a esse comportamento é essencial para embasar políticas públicas e práticas clínicas direcionadas à promoção da saúde pediátrica. Além disso, o conhecimento gerado contribuirá para o desenvolvimento de estratégias preventivas e de conscientização, corroborando com as preocupações de WINNICKA & SHENOY (2020).
Neste contexto, ao preencher lacunas existentes na literatura, espera-se fornecer subsídios para profissionais de saúde, pesquisadores e formuladores de políticas, promovendo uma compreensão mais completa e informada sobre os desafios enfrentados pelas crianças e adolescentes diante do uso crescente desses dispositivos.
2 METODOLOGIA
Esta revisão sistemática visa avaliar os efeitos dos cigarros eletrônicos (CEs) em diversos sistemas do corpo em jovens, analisando estudos que reportam desde alterações fisiológicas até impactos clínicos graves em sistemas como cardiovascular, digestivo, endócrino, imunológico, nervoso, musculoesquelético, reprodutor, respiratório, tegumentar e urinário.
Foram incluídos estudos que avaliam os efeitos de saúde dos CEs em populações jovens, englobando artigos originais de pesquisa, revisões, estudos de caso e meta-análises. Todos os artigos devem estar publicados em português e inglês e ter foco em dados primários ou secundários relevantes ao tema.
As pesquisas foram realizadas em bases de dados como PubMed, Scopus, Web of Science, e Google Scholar, utilizando palavras-chave relacionadas a “cigarros eletrônicos”, “saúde dos jovens”, “impactos fisiológicos” e nomes de sistemas corporais específicos. A busca foi restringida a publicações do período de janeiro de 2017 a dezembro de 2023, para capturar o espectro completo da literatura disponível desde o início do uso comercial dos CEs até as publicações mais recentes.
A seleção dos estudos foi feita por dois revisores independentes que examinaram os títulos, resumos e textos completos para determinar a elegibilidade baseada nos critérios pré-definidos. As discrepâncias foram resolvidas por consenso ou por um terceiro revisor. Para cada estudo selecionado, foram extraídos dados sobre autores, ano de publicação, metodologia, tamanho da amostra, resultados principais e conclusões.
Os estudos incluíram contribuições de 31 autores diferentes, com publicações variando entre 2017 a 2023. A síntese dos dados foi realizada qualitativamente, agrupando os achados por sistema corporal afetado e avaliando a consistência e implicações dos resultados. Além disso, a análise buscou identificar tendências nas publicações ao longo do tempo e lacunas na literatura existente.
Esta revisão sistemática foca na análise de literatura publicada e não envolve coleta direta de dados de participantes humanos, portanto não requer aprovação ética. No entanto, a revisão foi conduzida seguindo as diretrizes éticas para garantir a integridade e a confiabilidade das informações apresentadas.
Esta metodologia proporciona uma abordagem rigorosa e estruturada para entender os impactos dos CEs em jovens, fornecendo uma base sólida para futuras políticas de saúde pública e intervenções clínicas destinadas a mitigar os riscos associados ao uso desses dispositivos entre adolescentes e jovens adultos.
3 RESULTADOS
3.1 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Cardiovascular
Estudos têm expressado crescente preocupação com os impactos dos cigarros eletrônicos (CEs) sobre o sistema cardiovascular, especialmente entre jovens, desafiando a percepção de que estes dispositivos seriam uma alternativa segura ao cigarro convencional. Pesquisas como as de OGUNWALE et al. (2017) e CARLL et al. (2022) demonstram que o uso de CEs está associado a alterações preocupantes em vários parâmetros cardíacos, incluindo aumento da frequência cardíaca e presença de arritmias. Complementarmente, Chaumont et al. (2018) notaram um aumento significativo na pressão arterial entre jovens usuários, sugerindo riscos adicionais de rigidez vascular e redução na produção de óxido nítrico, crucial para a vasodilatação arterial.
A compreensão dos mecanismos subjacentes aos danos cardiovasculares revela que substâncias como nicotina, propilenoglicol e glicerina vegetal, frequentemente encontradas nos CEs, contribuem para o estresse oxidativo e danos ao DNA. Esses fatores podem levar à aterosclerose e outras patologias cardiovasculares desde uma idade jovem, conforme indicado por estudos como os de SCHOLZ (2019) e ARTUNDUAGA et al. (2019). Esses autores identificaram que os produtos de degradação desses solventes, como acroleína e formaldeído, promovem a apoptose de células endoteliais e desencadeiam inflamação, exacerbando o risco de doenças cardiovasculares.
Além disso, os efeitos dos CEs sobre a função plaquetária e hemodinâmica são igualmente alarmantes. Pesquisas realizadas por Ogunwale et al. (2017) e Wang et al. (2017) mostram que a inalação de acroleína aumenta a ativação plaquetária e diminui o tempo de sangramento, aumentando o risco de trombose. Tais efeitos são particularmente preocupantes para jovens, cujo uso de nicotina já é conhecido por contribuir para alterações na hemodinâmica cardíaca, de acordo com ANTONIEWICZ et al. (2019).
A preocupação se estende aos efeitos crônicos do uso de CEs, que ainda são largamente desconhecidos, especialmente no que tange ao desenvolvimento cardiovascular de jovens. Como destacam BENOWITZ e FRAIMAN (2017), a falta de estudos de longo prazo sobre os impactos cardiovasculares torna difícil determinar a segurança dos CEs para essa faixa etária. Essa incerteza sublinha a necessidade de mais investigações para avaliar os riscos associados ao uso contínuo de CEs entre jovens.
3.2 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Digestivo
A investigação sobre os efeitos adversos do cigarro eletrônico (CE) no sistema digestivo tem revelado consequências preocupantes, especialmente relacionadas à inflamação do trato gastrointestinal e à modulação da microbiota intestinal. Estudos como os de Kass et al. (2020) destacam que o uso de CEs desencadeia processos inflamatórios significativos no trato gastrointestinal, além de alterar o equilíbrio e a diversidade da microbiota intestinal. Essas mudanças podem aumentar a susceptibilidade a infecções bacterianas, uma preocupação crescente dada a importância crítica da microbiota na manutenção da saúde geral e na prevenção de doenças.
Além disso, Artunduaga et al. (2019) reportaram que os vapores dos CEs podem perturbar as barreiras epiteliais, expondo a mucosa gastrointestinal a um risco aumentado de danos e inflamação. Tais alterações na barreira intestinal são preocupantes, pois comprometem uma das principais defesas do corpo contra patógenos externos. A ruptura dessa barreira pode ser atribuída aos componentes químicos presentes no e-líquido dos CEs, com destaque para o acetato de vitamina E, que foi apontado por Goedert et al. (2021) como um dos principais responsáveis pelas mudanças adversas no cólon.
Os efeitos dos CEs no sistema digestivo não se limitam apenas à inflamação e à disrupção da barreira intestinal. Estudos adicionais indicam que as alterações na motilidade gastrointestinal, que podem incluir sintomas como diarreia e vômitos, são uma consequência direta do uso de CEs, conforme relatado por Cao DJ, et al. (2020). Esses sintomas são particularmente preocupantes porque comprometem a absorção de nutrientes e a qualidade de vida do usuário, apontando para a necessidade de uma compreensão mais profunda desses efeitos adversos.
O estudo de WU et al. (2021) também enfatiza que os impactos dos CEs vão além da nicotina, uma vez que os componentes tóxicos do vapor podem induzir alterações na expressão gênica de células intestinais, desencadeando inflamação e aumentando a suscetibilidade da mucosa intestinal a infecções bacterianas. Isso sugere que os efeitos nocivos do CE no trato gastrointestinal podem ser extensivos e variados, afetando múltiplas funções e processos biológicos.
3.3 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Endócrino
Os cigarros eletrônicos (CEs) têm sido amplamente promovidos como uma alternativa mais segura aos cigarros tradicionais, mas estudos recentes começam a revelar efeitos preocupantes sobre o sistema endócrino, especialmente entre os jovens. As pesquisas indicam que a exposição à nicotina e outros componentes químicos presentes nos CEs pode desencadear uma série de respostas endócrinas adversas, impactando significativamente a saúde hormonal dos usuários mais jovens.
A nicotina, um componente central dos CEs, é conhecida por seu efeito estimulante sobre o sistema nervoso simpático. Pesquisas como a de Antoniewicz et al. (2019) e Benowitz e Fraiman (2017) mostram que a nicotina pode aumentar a liberação de catecolaminas, como adrenalina e noradrenalina, que são hormônios cruciais na resposta ao estresse do corpo. Este aumento pode levar a desregulações no sistema cardiovascular, mas também afeta diretamente o sistema endócrino, aumentando o risco de desenvolver resistência à insulina e alterações no metabolismo da glicose, fatores de risco conhecidos para o desenvolvimento de diabetes tipo 2.
Além disso, estudos indicam que os CEs podem afetar o eixo hipotálamo-pituitária-adrenal (HPA), essencial para a regulação do estresse e metabolismo. A exposição contínua à nicotina nos jovens pode desencadear uma resposta de estresse crônico, alterando a liberação de cortisol, um hormônio vital para várias funções corporais. A desregulação deste eixo pode ter implicações de longo alcance, incluindo impactos no crescimento, comportamento e desenvolvimento puberal, conforme sugerido em estudos emergentes sobre a exposição ao tabaco e seus substitutos.
Interessantemente, estudos como os de Cao DJ, et al. (2020) também apontam para a possibilidade de que os CEs influenciem negativamente a saúde reprodutiva. A nicotina tem sido associada à redução da função gonadal, afetando a síntese de hormônios sexuais e potencialmente contribuindo para problemas de fertilidade futuros. Esses efeitos são particularmente alarmantes considerando que o uso de CEs entre adolescentes e jovens adultos está em ascensão.
O impacto dos CEs no sistema endócrino é uma área de pesquisa relativamente nova, e muitos dos mecanismos exatos através dos quais esses efeitos ocorrem ainda estão sendo estudados. Contudo, a evidência atual sugere que os efeitos podem ser profundos e potencialmente duradouros, exigindo uma avaliação cuidadosa e monitoramento contínuo dos jovens que usam esses dispositivos.
3.4 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Imunológico
Os cigarros eletrônicos (CEs) têm sido cada vez mais adotados por jovens, atraídos pela variedade de sabores e pela percepção de que são menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais. No entanto, estudos recentes começam a revelar que os CEs podem ter efeitos adversos substanciais sobre o sistema imunológico, especialmente em usuários jovens cujo sistema ainda está em desenvolvimento.
Estudos como os de Winnicka e Shenoy (2020) têm mostrado que a inalação dos aerossóis dos CEs pode causar danos significativos ao DNA, além de induzir alterações inflamatórias e estresse oxidativo nas células. Essas mudanças são fatores críticos que podem comprometer a eficiência do sistema imunológico. O vapor dos CEs contém substâncias como formaldeído e diacetil, que são conhecidos por suas propriedades irritantes e potencialmente danosas às células imunológicas, conforme destacado em estudos sobre a exposição a substâncias químicas inaladas.
Além disso, a pesquisa de Kosmider et al. (2019) aponta que os componentes metálicos liberados pela bobina de aquecimento dos CEs podem também atingir o trato respiratório, onde interagem com o epitélio pulmonar. Essas interações podem levar à liberação de citocinas pró-inflamatórias e outras moléculas de sinalização que exacerbam as respostas inflamatórias locais e sistêmicas, reduzindo assim a capacidade do sistema imunológico de responder eficazmente a patógenos.
A presença de nicotina nos CEs é outro fator de risco considerável. Como relatado por Casey et al. (2020), a nicotina pode suprimir a resposta imune inata e modificar a resposta imunológica adaptativa. Esse efeito imunossupressor da nicotina pode deixar os jovens usuários mais susceptíveis a infecções, além de potencialmente agravar condições autoimunes e alérgicas, devido à desregulação das respostas imunológicas normais.
Outro aspecto preocupante é a lesão pulmonar associada ao uso de CEs, conhecida como EVALI, que surgiu como uma condição grave associada ao vaping. Como indicado por Chatham – Stephens et al. (2019), os pacientes com EVALI apresentam sintomas severos que incluem tosse, dor no peito e dificuldade respiratória, condições que refletem o comprometimento significativo do sistema imunológico pulmonar. A relação entre EVALI e a imunossupressão causada pelos componentes do vapor do CE demonstra como o uso de CEs pode ser perigosamente subestimado.
3.5 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Musculoesquelético
Estudos mostram que a nicotina e outros produtos químicos inalados por meio dos CEs podem prejudicar a saúde óssea e muscular. A nicotina é um agente conhecido por reduzir a densidade óssea, o que é especialmente preocupante para os jovens, que estão em fase de crescimento e desenvolvimento ósseo. A pesquisa de Overbeeka et al. (2020) e Antoniewicz et al. (2019) nos textos sugere que a exposição prolongada à nicotina pode alterar o equilíbrio do metabolismo ósseo, favorecendo a reabsorção óssea sobre a formação de novo osso, o que potencialmente aumenta o risco de osteoporose e fraturas entre os jovens.
A nicotina e outros produtos químicos presentes no vapor dos CEs, como destacado nos estudos de Chaumont et al. (2018) e Carll et al. (2022), têm efeito vasoconstritor, o que pode diminuir o fluxo sanguíneo para os tecidos musculares e ósseos. Essa redução no fluxo sanguíneo pode comprometer a entrega de nutrientes essenciais e oxigênio, retardando a reparação de lesões e potencialmente exacerbando condições musculares crônicas.
Conforme os achados de Winnicka e Shenoy (2020) e Kosmider et al. (2014), os componentes inalados dos CEs podem induzir inflamação e estresse oxidativo. Estes são fatores críticos que podem contribuir para o desenvolvimento de condições inflamatórias crônicas no sistema musculoesquelético, afetando negativamente a integridade das articulações e dos músculos.
A pesquisa de Casey et al. (2020) e Chatham – Stephens et al. (2019) indica que os CEs podem suprimir a resposta imune inata, o que pode interferir na capacidade do corpo de reparar tecidos musculoesqueléticos danificados e responder adequadamente a lesões.
3.6 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Nervoso
Pesquisas têm demonstrado que os componentes dos CEs, especialmente a nicotina, afetam significativamente o desenvolvimento neurológico e as funções cognitivas dos jovens, um grupo demográfico em que o sistema nervoso ainda está em desenvolvimento.
A nicotina é um estimulante conhecido por seu potencial aditivo e seus efeitos no sistema nervoso central. Estudos como os de Chaumont et al. (2018) mostram que a nicotina pode induzir dependência e alterar a neuroplasticidade cerebral. Essas alterações são preocupantes, especialmente durante a adolescência, uma fase crítica para o desenvolvimento cerebral, onde a exposição à nicotina pode afetar adversamente a capacidade de aprendizagem e memória, como apontado por ANTONIEWICZ et al. (2019) e KASS et al. (2020).
Além da nicotina, os CEs liberam vários compostos tóxicos, como aldeídos e metais pesados, que podem causar estresse oxidativo e inflamação no cérebro. Essa toxicidade é reforçada pelos achados de Kosmider et al. (2014) e Winnicka e Shenoy (2020), que associam a exposição ao vapor dos CEs ao aumento do estresse oxidativo e danos ao DNA celular, podendo levar a neurodegeneração a longo prazo.
Estudos de neuroimagem citados por Ghosh et al. (2018) observaram que jovens usuários de CEs apresentam alterações na atividade e na estrutura cerebral, similares às observadas em fumantes de cigarros tradicionais. Tais alterações incluem a diminuição da integridade da matéria branca e alterações nas áreas do cérebro envolvidas no controle dos impulsos e na tomada de decisões.
A pesquisa indica também que os CEs podem impactar o comportamento e a saúde mental dos jovens. O trabalho de Oliveira et al. (2022) sugere que os aditivos e a nicotina dos CEs podem exacerbar problemas de ansiedade e depressão entre os jovens, provavelmente devido a alterações na liberação de neurotransmissores como serotonina e dopamina, que regulam o humor e o comportamento.
A nicotina nos CEs afeta o sistema nervoso autônomo, como demonstrado por estudos que apontam para alterações na frequência cardíaca e na pressão arterial (CHAUMONT et al., 2018). Essas alterações podem ter implicações sérias para a regulação autonômica a longo prazo, influenciando negativamente a saúde cardiovascular e o estresse fisiológico.
3.7 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Reprodutor
Estudos indicam que os componentes dos CEs, particularmente a nicotina, podem ter consequências adversas na saúde reprodutiva, tanto em homens quanto em mulheres jovens. Pesquisas têm mostrado que a nicotina e outros químicos presentes nos CEs podem afetar adversamente a fertilidade masculina. Estudos citados em análises de Cao DJ, (2020) discutem como a exposição à nicotina pode reduzir a qualidade e a quantidade de espermatozoides, diminuindo a motilidade e alterando a morfologia espermática. Esses efeitos são particularmente preocupantes para os jovens, cujos hábitos de uso de CEs podem começar na adolescência e continuar na idade adulta, potencialmente comprometendo sua fertilidade futura.
Da mesma forma, a nicotina dos CEs tem sido associada a impactos negativos na saúde reprodutiva feminina. Estudos incluídos em revisões como as de Ferreira et al. (2022) indicam que a nicotina pode afetar o ciclo menstrual e reduzir a fertilidade feminina ao interferir com os hormônios sexuais. Além disso, a exposição à nicotina durante a adolescência pode ter implicações duradouras, incluindo riscos aumentados de complicações obstétricas e efeitos adversos na saúde dos futuros descendentes.
Os CEs podem desencadear disfunções endócrinas que afetam diretamente o sistema reprodutor. A nicotina influencia a liberação de vários hormônios que regulam a função reprodutiva, como apontam estudos de Overbeeka et al. (2020). Essas disfunções hormonais podem levar a alterações no desenvolvimento sexual e reprodutivo, afetando a maturação em jovens e potencialmente levando a desordens reprodutivas ao longo da vida.
Além da nicotina, os CEs contêm diversas substâncias tóxicas, como formaldeído e acroleína, que podem causar danos sistêmicos que indiretamente afetam a saúde reprodutiva. Conforme investigações de WU et al. (2021), essas substâncias contribuem para o estresse oxidativo e a inflamação, que são conhecidos por prejudicar a saúde reprodutiva tanto em homens quanto em mulheres.
A dependência da nicotina, frequentemente iniciada pelo uso de CEs, também pode ter implicações comportamentais que afetam a saúde reprodutiva. Estudos sugerem que o vício em nicotina pode levar a comportamentos de risco, incluindo escolhas sexuais e reprodutivas prejudiciais, como observado em pesquisas citadas por GOSH et al. (2018).
3.8 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Respiratório
Diversos estudos apontam para uma série de malefícios respiratórios associados ao uso de CEs, especialmente em um grupo etário em que o desenvolvimento pulmonar ainda está ocorrendo.
Estudos como os de Carll et al. (2022) E Winnicka e Shenoy (2020) demonstram que a inalação de aerossóis de CEs pode levar a danos significativos nas células epiteliais pulmonares, induzindo inflamação e estresse oxidativo. Esses efeitos são particularmente preocupantes, dado que a inflamação crônica pode predispor os jovens a doenças pulmonares crônicas a longo prazo, como bronquite e asma.
O surgimento da EVALI (Lesão Pulmonar Associada ao Uso de Cigarro Eletrônico) como uma condição significativa destacada em estudos de Chatham – Stephens et al. (2019) e Zulfiqar e Rahman (2022) sublinha os riscos graves. A EVALI manifesta-se por sintomas respiratórios severos, incluindo tosse, dificuldade de respiração e dor no peito, refletindo um impacto direto e agudo dos componentes tóxicos encontrados nos líquidos de vaporização.
A exposição a compostos como diacetil, formaldeído e acroleína, relatada por Kosmider et al. (2014) e Ghosh et al. (2018), está associada a uma variedade de efeitos adversos no sistema respiratório. O diacetil, em particular, é notório por sua ligação com a bronquiolite obliterante, uma doença pulmonar grave e irreversível.
Pesquisas indicam que mesmo o uso a curto prazo de CEs pode alterar a função pulmonar. Como encontrado por Chaumont et al. (2018), há evidências de que o uso de CEs pode reduzir a capacidade pulmonar e aumentar a resistência das vias aéreas, o que pode comprometer a capacidade respiratória dos jovens e afetar negativamente seu desempenho físico e bem-estar.
A exposição contínua a substâncias tóxicas dos CEs durante os anos formativos pode interferir no desenvolvimento pulmonar normal, conforme sugerido por estudos longitudinais. A interrupção do desenvolvimento pulmonar adequado pode ter consequências duradouras, aumentando a vulnerabilidade a problemas respiratórios crônicos ao longo da vida.
3.9 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Tegumentar
Estudos específicos sobre esses efeitos começam a revelar preocupações significativas, como os de Winnicka e Shenoy (2020), indicam que substâncias como nicotina e formaldeído presentes nos CEs podem causar irritação cutânea e outras dermatoses. Estes compostos têm propriedades oxidantes que podem levar a danos celulares, contribuindo para o envelhecimento precoce da pele e potencialmente exacerbando condições inflamatórias como eczema e psoríase.
A nicotina, um vasoconstritor, reduz o fluxo sanguíneo para a pele, como sugerido em estudos relacionados. Esta redução pode comprometer a cicatrização de feridas e diminuir a renovação celular, conforme discutido por pesquisadores como Gosh et al. (2018), que observaram mudanças na viabilidade das células epiteliais após a exposição a componentes de CEs.
A pesquisa de Kosmider et al. (2014) sugere que os produtos químicos nos CEs podem afetar negativamente a saúde capilar. A exposição a toxinas pode levar à diminuição da densidade capilar e alterar o ciclo de crescimento do cabelo, o que é particularmente preocupante para os jovens em fase de crescimento e desenvolvimento.
A mesma vasoconstrição causada pela nicotina que afeta a pele e o cabelo também pode impactar a saúde das unhas. Unhas quebradiças e de crescimento lento podem ser um sinal de má nutrição cutânea, como consequência da exposição contínua aos vapores dos CEs.
A presença de compostos como formaldeído, classificado como carcinogênico pela Organização Mundial da Saúde, levanta preocupações sobre o risco aumentado de câncer de pele associado ao uso prolongado de CEs. Este risco é especialmente significativo para os jovens, cuja exposição prolongada pode ter efeitos cumulativos.
3.10 Efeitos Nocivos do Cigarro Eletrônico no Sistema Urinário
Os CEs contêm substâncias como nicotina, formaldeído, acroleína e metais pesados, que podem ser nefrotóxicos. Winnicka e Shenoy (2020) destacam que esses componentes podem induzir estresse oxidativo e inflamação, levando a danos renais. A exposição crônica a tais substâncias pode afetar a função renal e a homeostase do corpo, especialmente preocupante em jovens cujos sistemas ainda estão em desenvolvimento.
Chaumont et al. (2018) discutem como a nicotina pode alterar a hemodinâmica renal e aumentar a pressão arterial, um fator de risco conhecido para doenças renais crônicas. A nicotina pode causar vasoconstrição, reduzindo a perfusão renal e potencialmente prejudicando a filtração glomerular, o que aumenta o risco de desenvolvimento de doença renal a longo prazo.
Com base nos componentes dos CEs, como glicerol e propilenoglicol, podem alterar a composição da urina e aumentar o risco de formação de cálculos renais. Essas substâncias podem aumentar a concentração de solutos na urina, favorecendo a cristalização e a formação de pedras nos rins.
Embora o efeito direto nos tratos urinários inferiores não seja especificamente mencionado pelos autores dos textos, os irritantes químicos nos CEs, como discutido em estudos, podem potencialmente afetar o trato urinário inferior. A irritação crônica pode levar a sintomas como urgência urinária e aumento da frequência de micção.
Considerando a exposição prolongada às toxinas encontradas nos CEs durante a adolescência, como formaldeído e acroleína, mencionados por Winnicka e Shenoy (2020), os efeitos cumulativos podem levar a uma redução progressiva na função renal, com manifestações que podem não se tornar aparentes até que o dano seja substancial.
4. DISCUSSÃO
O crescente uso de cigarros eletrônicos (CEs) entre adolescentes e jovens adultos tem desencadeado importantes preocupações de saúde pública, especialmente devido aos seus impactos significativos no sistema cardiovascular. As evidências indicam que alterações na pressão arterial, frequência cardíaca, e o desenvolvimento de condições mais graves como aterosclerose e trombose, são alarmantes. Esses efeitos destacam a necessidade de abordagens cautelosas no uso desses dispositivos, considerando a vulnerabilidade desse grupo etário e o potencial para efeitos de longo prazo.
A preocupação se estende ao sistema digestivo, onde os CEs contribuem para a inflamação do trato gastrointestinal, a disrupção da barreira intestinal, e alterações na motilidade e função gastrointestinal. Esses impactos sugerem uma urgência para regulamentações mais estritas e campanhas educativas direcionadas, que possam conscientizar os jovens sobre os riscos associados. A integração de informações sobre os riscos potenciais ao sistema digestivo em intervenções de saúde pública é crucial, especialmente dada a popularidade dos CEs entre os jovens.
Além disso, os efeitos adversos dos CEs estendem-se ao sistema endócrino, onde a nicotina e outros químicos podem desencadear desregulações hormonais que afetam desde o metabolismo até a função reprodutiva. Este panorama exige uma compreensão completa dos riscos associados ao uso de CEs, enfatizando a necessidade de políticas públicas e intervenções de saúde que considerem esses riscos ao formular diretrizes e recomendações para o uso desses dispositivos.
É igualmente crucial educar os jovens sobre os potenciais riscos endócrinos, ao lado de pesquisas mais aprofundadas sobre os efeitos de longo prazo. Estas ações são essenciais para garantir a saúde e o bem-estar desta e das futuras gerações. Profissionais de saúde devem estar equipados com informações para aconselhar adequadamente os jovens sobre os perigos potenciais, promovendo uma abordagem preventiva e proativa no manejo do uso de CEs.
O sistema imunológico dos jovens também é afetado pela exposição aos componentes químicos dos CEs, como a nicotina, formaldeído, e metais pesados. Esses componentes podem levar a uma variedade de disfunções imunológicas, desde a redução na eficácia da resposta imune até o aumento na susceptibilidade a infecções e condições inflamatórias crônicas. Este quadro reforça a necessidade de educar os jovens sobre os riscos reais associados ao uso dos CEs, desafiando a percepção de que são uma alternativa segura ao fumo tradicional.
É vital que as políticas públicas e as práticas de saúde se ajustem para abordar e mitigar esses riscos. Os profissionais de saúde devem estar preparados para aconselhar os jovens eficazmente, enfatizando os perigos potenciais ao sistema imunológico e a importância de evitar ou cessar o uso de CEs. A preparação para esses desafios é fundamental para proteger a saúde dos jovens em uma era de crescente popularidade dos CEs.
Os impactos nos sistemas nervoso e musculoesquelético merecem igual atenção. A exposição a nicotina e outros químicos nocivos nos CEs pode ter implicações significativas para a saúde desses sistemas, destacando-se especialmente preocupantes devido ao potencial de efeitos de longo prazo que podem comprometer não apenas a saúde óssea, mas também a funcionalidade muscular e a recuperação de lesões. A necessidade de pesquisas adicionais que investiguem diretamente esses impactos é crítica.
Adicionalmente, o sistema reprodutor não está imune aos efeitos dos CEs. A evidência acumulada sugere que os CEs podem comprometer a fertilidade e a função hormonal, representando um risco significativo para a saúde reprodutiva dos jovens. É essencial que as descobertas sejam consideradas na formulação de programas de educação e prevenção voltados para este grupo, guiando-os para escolhas mais saudáveis e informadas.
Os sistemas respiratório e tegumentar também apresentam sinais preocupantes. Os danos incluem alterações na função pulmonar, inflamação crônica, e susceptibilidade a infecções respiratórias, assim como efeitos adversos sobre a pele, cabelos, e unhas. Estes efeitos variam desde alterações estéticas, como envelhecimento precoce da pele, até problemas mais graves, incluindo condições dermatológicas crônicas e infecções. A regulamentação rigorosa da fabricação e venda de CEs é necessária para limitar a exposição dos jovens a substâncias potencialmente perigosas.
Finalmente, o sistema urinário também é afetado pela toxicidade renal e alterações na função renal causadas pelos componentes dos CEs. Profissionais de saúde precisam estar cientes desses riscos para orientar adequadamente os jovens e suas famílias sobre os perigos potenciais dos CEs. A necessidade de mais pesquisa para investigar os impactos a longo prazo desses dispositivos no sistema urinário e desenvolver estratégias eficazes para mitigar esses riscos é evidente.
Em conclusão, a revisão dos estudos destaca uma associação clara entre o uso de CEs e uma gama de problemas de saúde em jovens. É essencial que políticas de saúde pública e iniciativas educacionais sejam fortalecidas para abordar os riscos associados aos CEs entre os jovens, promovendo uma conscientização aprofundada sobre os perigos específicos para o desenvolvimento e saúde dos jovens em um contexto de crescente uso desses dispositivos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A revisão dos estudos sobre os efeitos nocivos dos cigarros eletrônicos (CEs) em jovens revela uma complexa gama de riscos à saúde que abrangem múltiplos sistemas corporais. Os achados indicam que os CEs estão longe de ser uma alternativa segura ao tabagismo tradicional, especialmente para adolescentes e jovens adultos cujos corpos e sistemas biológicos ainda estão em desenvolvimento. Os impactos negativos observados nos sistemas cardiovascular, digestivo, endócrino, imunológico, nervoso, musculoesquelético, reprodutor, respiratório, tegumentar e urinário destacam a necessidade urgente de abordagens regulatórias rigorosas e intervenções educativas direcionadas.
O sistema cardiovascular, por exemplo, mostra-se particularmente vulnerável aos efeitos da nicotina e de outros produtos químicos presentes nos CEs, com riscos que incluem alterações na pressão arterial, aterosclerose e trombose. Da mesma forma, o sistema digestivo enfrenta riscos de inflamação, disrupção da barreira intestinal e alterações na motilidade e função gastrointestinal, o que pode ter implicações duradouras para a saúde gastrointestinal dos jovens.
No que se refere ao sistema endócrino, a exposição aos químicos dos CEs pode desencadear desregulações hormonais, afetando negativamente o metabolismo e a função reprodutiva. Este é um aspecto particularmente preocupante, dado que o desenvolvimento físico e hormonal durante a adolescência é fundamental para a saúde a longo prazo. O sistema imunológico também é comprometido, com evidências sugerindo uma redução na eficácia da resposta imune e um aumento na susceptibilidade a infecções e condições inflamatórias crônicas.
Os efeitos nos sistemas nervoso e musculoesquelético revelam que os CEs podem prejudicar o desenvolvimento cerebral e físico, enquanto o sistema reprodutor também pode sofrer impactos que comprometem a fertilidade futura dos jovens. Além disso, os sistemas respiratório e tegumentar enfrentam problemas que vão desde alterações funcionais até condições crônicas que afetam a qualidade de vida e a saúde a longo prazo.
Em vista dos riscos substanciais identificados, é imperativo que políticas públicas rigorosas sejam implementadas para limitar a exposição dos jovens aos CEs. Campanhas educativas devem ser intensificadas para informar tanto os jovens quanto seus responsáveis sobre os perigos associados ao uso dos CEs. Além disso, é essencial que a comunidade médica e os formuladores de políticas colaborem para desenvolver estratégias que efetivamente reduzam o uso de CEs entre os jovens e mitiguem seus impactos na saúde pública.
Finalmente, as considerações aqui discutidas sublinham a necessidade crítica de pesquisa contínua. Estudos futuros devem explorar não apenas os efeitos de curto prazo, mas também as consequências a longo prazo do uso de CEs em jovens, permitindo uma compreensão mais completa dos riscos e facilitando o desenvolvimento de intervenções mais eficazes. O objetivo deve ser proteger a saúde atual e futura de uma geração que enfrenta uma crescente exposição a novos e potencialmente perigosos produtos de consumo como os cigarros eletrônicos.
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1Médico Residente de Pediatria, Universidade Federal do Cariri (UFCA)-2024
2Pós-Doutorado junto ao Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da Faculdade de Medicina do ABC. Mestre e Doutora em Zootecnia pela Universidade Federal do Ceará e Especialista em Técnicas de Diagnóstico em Patologia Aviária pela Universidade do Chile. É graduada em Medicina Veterinária pela Universidade Estadual do Ceará. Graduanda em Psicologia no Centro Universitário Dr. Leão Sampaio (Unileão) em Juazeiro do Norte-CE. Professora efetivada na Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Cariri (UFCA).