IMPACTOS MULTISSESTEMICOS EM PACIENTES ACOMETIDOS POR LÚPUS ERITEMATOSO SISTÊMICO, E A CONTRIBUIÇÃO DO TRATAMENTO FISIOTERAPEUTICO NA QUALIDADE DE VIDA

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.11504753


Maria Rosângela da Silva; Sthefany Maiara Oliveira de Paulo Freitas; Verônica Duque Feitosa; Orientador(a); Profa. Taciana Mirelly de Melo Silva.


RESUMO

Introdução: O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma patologia inflamatória e autoimune de etiologia multifatorial, caracterizada por manifestações articulares, cutâneas, renais, vasculares, serosas e nervosas podendo provocar diminuição da mobilidade, da força muscular. Objetivo: Analisar os impactos multissestemicos em pacientes acometidos por lúpus eritematoso sistêmico, e a contribuição do tratamento fisioterapeutico na qualidade de vida. Metodologia: Revisão bibliográfica da literatura, por revisores independentes. Onde foram selecionados como critérios de inclusão, estudos que abordassem mulheres, adultas, com sinais de fadiga muscular, dores articulares, e que realizam intervenção fisioterapêutica. Como critérios de exclusão, foram descartados estudos com animais, artigos duplicados, artigos que abordassem crianças ou mulheres gestantes, e artigos que não traziam a fisioterapia motora como forma de intervenção. Resultados e Discussões: A fisioterapia tem um importante papel no tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico associando uma ampla variedade de todas as suas especializações para ajudar o paciente com os sintomas, mostrando-se eficaz a cinesioterapia; visando também melhorar a funcionalidade, a qualidade de vida pessoal, social e sua autoestima. Conclusão: A fisioterapia em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, acentua a redução de fadiga muscular, de dor e outros agravos osteomusculares, além da melhora da força muscular.

Palavras-chave: Lúpus Eritematoso Sistêmico; Mulher; Dores articulares; Tratamento e Fisioterapia.

ABSTRACT

Introduction: Systemic Lupus Erythematosus (SLE) is an inflammatory and autoimmune pathology of multifactorial etiology, characterized by joint, cutaneous, renal, vascular, serous and nervous manifestations that can cause decreased mobility and muscle strength. Objective: To analyze the multisystemic impacts on patients affected by systemic lupus erythematosus, and the contribution of physiotherapeutic treatment to quality of life. Methodology: Bibliographic review of the literature, by independent reviewers. Where inclusion criteria were selected, studies that addressed adult women, with signs of muscle fatigue, joint pain, and who undergo physiotherapeutic intervention. As exclusion criteria, studies with animals, duplicate articles, articles that addressed children or pregnant women, and articles that did not include motor physiotherapy as a form of intervention were discarded. Results and Discussions: Physiotherapy has an important role in the treatment of Systemic Lupus Erythematosus, combining a wide variety of all its specializations to help the patient with symptoms, with kinesiotherapy proving to be effective; also aiming to improve functionality, quality of personal and social life and self-esteem. Conclusion: Physiotherapy in patients with systemic lupus erythematosus accentuates the reduction of muscle fatigue, pain and other musculoskeletal disorders, in addition to improving muscle strength.

Keywords: Systemic Lupus Erythematosus; Woman; Joint pain; Treatment and Physiotherapy.

1. INTRODUÇÃO   

O Lúpus Eritematoso Sistêmico (LES) é uma patologia inflamatória e autoimune de etiologia multifatorial, caracterizada por manifestações articulares, cutâneas, renais, vasculares, serosas e nervosas podendo provocar diminuição da mobilidade, da força muscular, do condicionamento físico e da qualidade do sono, bem como aumento da rigidez articular, da dor e da fadiga, resultando em um possível estado de depressão e impacto na qualidade de vida (Navega et al. 2024).

Doenças autoimunes são aquelas em que o sistema imunológico da pessoa ataca tecidos saudáveis do próprio corpo, por engano. As causas das doenças autoimunes ainda não são conhecidas. A teoria mais aceita é que fatores externos estejam envolvidos na ocorrência dessa condição, principalmente quando há predisposição genética e o uso de alguns medicamentos. A maioria das doenças autoimunes são crônicas, ou seja, não são transmissíveis, no entanto muitas delas podem ser controladas com tratamento (Almeida,2019).

O LES pode acometer vários sistemas do corpo humano, como imunológico, circulatório, nervoso, cardiopulmonar, hematológico e renal. Seu espectro clínico varia de leve a grave, com períodos de exacerbação e remissão. Além disso, os indivíduos apresentam uma gama singular de sintomas – cansaço, fadiga, artrite, dores, edema em membros superiores e inferiores e outras manifestações cutâneas. Contudo, a fadiga e o cansaço também são queixas frequentes quando o LES está em atividade. A pessoa que é acometida pelo LES vivencia muitas mudanças na vida cotidiana, incluindo, além da presença de sintomas físicos, alterações psicológicas (Sousa et al. 2021).

Segundo Santos, 2014: 

“O LES pode ocorrer em pessoas de qualquer idade, raça e sexo, porém as mulheres são muito mais acometidas. Ocorre principalmente entre 20 e 45 anos, sendo um pouco mais frequente em pessoas mestiças e nos afrodescendentes. No Brasil, não dispomos de números exatos, mas as estimativas indicam que existam cerca de 65.000 pessoas com lúpus, sendo a maioria mulheres. Acredita-se assim que uma a cada 1.700 mulheres no Brasil tenha a doença”. 

A mortalidade dos pacientes com LES é cerca de 3 a 5 vezes maior que a da população geral e está relacionada a atividade inflamatória da doença, especialmente quando há acometimento renal e sistema nervoso central (SNC), a maior risco de infecções graves decorrente da imunossupressão e, tardiamente, as complicações da própria doença e do tratamento, sendo a doença cardiovascular um dos mais importantes fatores de morbidade e mortalidade dos pacientes. (Ministério da Saúde, 2013).

Tal como acontece com muitas outras doenças autoimunes, a causa ou o mecanismo fisiopatológico subjacente que desencadeia a resposta autoimune no LES permanece em grande parte desconhecido. Recentemente, diversas investigações tentaram levantar hipóteses sobre a etiologia do LES e esclarecer todas as possíveis suscetibilidades genéticas e mecanismos imunológicos envolvidos na fisiopatologia do LES, porém sabe-se que a predominância do Lúpus na população feminina suscita questionamentos sobre os fatores que contribuem para essa disparidade de gênero. Estudos sugerem que os hormônios sexuais podem influenciar na suscetibilidade das mulheres ao desenvolvimento da doença (Ministério da Saúde, 2013).

No estudo de Alves e et al. 2013, aponta que a intervenção fisioterapêutica atua no controle da dor e da fadiga é considerado o principal objetivo de ambos os tratamentos e deve ser considerada a curto, médio e longo prazo. Os pacientes que realizam tratamento fisioterapêutico associado ao farmacológico, além de orientações sobre medidas preventivas e reabilitadoras, apresentam quadro mais estável da doença, minimizando os sintomas, diminuindo os riscos de crises e mantendo as funções corporais normais e uma boa qualidade de vida, isso se deve ao fato de que a LES atinge diretamente o sistema osteomuscular, prejudicando o dia a dia do paciente, em casos avançados da patologia pode impedir o paciente de realizar funções básicas. 

Dessa maneira, a finalidade do presente estudo é abordar as complicações em pacientes diagnosticados com Lúpus Eritematoso Sistêmico, e suas implicações físicas e psicológicas na sua qualidade de vida. Além disso, investigar as estratégias de tratamento fisioterapêutico e. Com objetivo de responder à pergunta norteadora: “Qual a contribuição do tratamento fisioterapêutico em pacientes acometidos por lúpus eritematoso sistêmico, e os impactos multissestemicos, na qualidade de vida”?

2. METODOLOGIA

No presente estudo elegeu-se a metodologia de revisão bibliográfica da literatura, para proporcionar a síntese do conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos. A escolha por esse tipo de abordagem está diretamente relacionada ao interesse em analisar a contribuição da fisioterapia na qualidade de vida de mulheres com Lúpus eritematoso Sistêmico.

Segundo Fink, A. 2019:

“A revisão de literatura é uma síntese de pesquisas anteriores em um determinado campo do conhecimento, que visa identificar, avaliar e interpretar todos os estudos relevantes para uma questão de pesquisa específica, área temática ou fenômeno. Esse processo permite contextualizar o estudo atual dentro do que já foi pesquisado, destacar lacunas no conhecimento existente e fornece uma base teórica e metodológica para novas investigações”.

O estudo foi realizado entre os meses de fevereiro a maio de 2024, e a estratégia de busca dos artigos, foi realizada em bases de dados eletrônicas: PubMed (National Library of Medicine), Scielo (Scientific Eletronic Library Online), BVS (Biblioteca Virtual de Saúde), com os seguintes Descritores em Ciência da Saúde (DeCS) na língua portuguesa:  Lúpus Eritematoso Sistêmico, Mulher, Dores articulares, Tratamento e Fisioterapia. Assim como, os MeSH (Medical Subject Headings) na língua inglesa: Systemic lupus erythematosus, Woman, Join pain, Treatment and physiotherapy. Aplicando operador booleano “AND” utilizado para junção dos termos nas bases de dados.

A seleção dos estudos iniciou-se por revisores independentes. Onde foram selecionados como critérios de inclusão, estudos que abordassem mulheres, adultas, com sinais de fadiga muscular, dores articulares recorrente do LES, e que realizam intervenção fisioterapêutica. Como critérios de exclusão, foram descartados estudos com animais, artigos duplicados, artigos que abordassem crianças ou mulheres gestantes, e artigos que não traziam a fisioterapia motora como forma de intervenção.

Na construção do fluxograma, o processo analítico para abordagem seletiva dos estudos, foram categorizados em três estágios. No estágio um (seleção dos títulos dos artigos), no estágio dois (leitura e fichamento dos resumos), concluindo no estágio três (leitura na integra dos artigos).

A descrição dos estágios está disponibilizada em formato de fluxograma, assim como também em tabela, com intuito de facilitar a análise dos conteúdos e a comparação do ponto de vista de cada autor a respeito do assunto em questão. Foram encontrados 5.557 artigos no total,  em seguida, após a aplicação do filtro (leitura na íntegra), foram excluídos 5547 artigos, atendendo esses critérios, foram utilizados ano de publicação, artigos que não condiziam com o objeto de estudo, publicados antes de 2019. E concluindo com 6 estudos, após a leitura na íntegra. A estratégia de seleção dos trabalhos que compõem o detalhamento dos estágios, desta revisão bibliográfica de literatura, encontra-se descrita na imagem 1.

Imagem 1. Fluxograma da seleção dos estudos.

Fonte: Autores

3. RESULTADOS  

Em busca pelos estudos foram encontrados 6 artigos, que após a leitura na integra se enquadraram na proposta do tema abordado. Dessa maneira, foi elaborada uma tabela com as principais informações, e com o perfil dos artigos que integram a amostra do estudo, classificada por: autor/ano, objetivo, tipo de estudo, resultados e conclusão (Tabela 1).

Tabela – 1.  Matriz de coleta dados, dos artigos publicados entre 2019 e 2023.

Autor/anoObjetivoTipo de EstudoResultadosConclusão
1Costa et al. (2019)Verificar os benefícios da fisioterapia na LES, as principais modalidades terapêuticas não medicamentosas em pacientes nos últimos três anos.Revisão bibliográficaForam analisados 5 artigos que exploravam as melhores técnicas fisioterapêuticas para o tratamento da LES.Os tratamentos fisioterapêuticos como cinesioterapia, pilates e hidroterapia se mostraram eficazes no tratamento dos indivíduos, promovendo redução de fadiga, dor e outros agravos osteomusculares.
2Keramiotou et al. (2019)Avaliar o efeito do exercício de membros superiores na função da mão, no desempenho das atividades diárias e na qualidade de vida de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES).Ensaio piloto randomizado controlado.Dos 293 pacientes consecutivos com LES, os dados de 32 foram analisados no grupo de exercícios e 30 no grupo controle. Não foi observada nenhuma interação entre exercício e atividade da doença ou uso de medicamentos no início do estudo e durante o período de observação.Um programa individualizado de exercícios específicos para os membros superiores, com o objetivo de aumentar a força e melhorar a função manual, contribui para o aumento da qualidade de vida e da independência dos pacientes.
3Martin, et al. (2019)Verificar a relação entre a força muscular de MMII e o equilíbrio em mulheres com LES.Estudo transversalVerificou-se no BESTest que o grupo do LES apresentou valores significativamente menores em relação ao grupo controle nos subitens III, IV, VI e total. No TSL5x o grupo LES apresentou um tempo de desempenho significativamente menor em relação ao controle. E no teste preensão palmar de mão esquerda, o grupo LES também apresentou valores significativamente menores do que o grupo controle. O TSL5x apresentou correlação moderada e significativa com BESTest para os subitens II e III, e no teste preensão palmar, apenas o subitem V do BESTest apresentou correlação com a força de preensão palmar de mão direita.O estudo revelou que há redução na força muscular de membros inferiores de mulheres com LES, que afeta as alterações no controle postural apresentando alterações importantes do equilíbrio com risco de quedas.
4Silveira et al. (2021)Verificar os recursos de fisioterapia mais utilizados no tratamento de pacientes portadores de LES para melhora da dor e aumento de força.Revisão bibliográficaA efetividade dos recursos utilizados e apresentam-se como fonte de pesquisa para a elaboração de protocolos de tratamento aos profissionais que atuam no cuidado ao paciente com LES, contribuindo para a prática clínica diária.A intervenção fisioterapêutica demonstrou-se muito eficaz, os estudos mostraram melhora na dor e aumento da força muscular, declínio da fadiga e melhora da qualidade de vida nas atividades diárias, com técnicas de cinesioterapia e pilates.
5Frade et al. (2023)Explorar a viabilidade e eficácia do exercício supervisionado por telessaúde para adultos com lúpus eritematoso sistêmico (LES).Ensaio Piloto ControladoForam incluídas 15 mulheres adultas com LES (grupo controle n=7, grupo de exercícios n=8). Diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, a favor da intervenção com exercícios, foram observadas para o domínio bem-estar emocional do SF36 (p=0,048) e fadiga de repouso (p=0,012).Sugere que o exercício supervisionado por telessaúde era viável e bem aceito por adultos com LES e resultou em algumas melhorias modestas na saúde. Recomendamos um ECR de acompanhamento com mais participantes do LES.
6Sousa et al. (2023)Investigar o papel da fisioterapia no tratamento de mulheres com LES, com foco nos desafios físicos enfrentados pelas mulheres diagnosticadas, principalmente fadiga e dores musculares.Revisão de literaturaPor meio de técnicas específicas, como cinesioterapia atribuída a programas de exercícios, terapia a laser de alta intensidade, laser acupuntura associado ou não à cinesioterapia, e programas de pilates, atribuem-se à diminuição da fadiga geral e física e à melhora da qualidade de vida em mulheres portadoras do LES.A fisioterapia é essencial não apenas para aliviar os sintomas, mas para melhorar a qualidade de vida e independência dos pacientes. Ela contribui para a diminuição da fadiga, melhora o controle cognitivo e eleva a autoestima.
Fonte: Autores

4. DISCUSSÃO

O presente estudo teve como objetivo analisar os resultados encontrados a partir dos artigos diponiveis. Onde apresentaram as principais complicações, do Lupus Eritematoso Sistemico, e a eficácia da reabilitação fisioterapêutica, associada a outros tratamentos. Através da análise dos dados e revisão da literatura.

No estudo de Costa et al. (2019) foi avaliado os benefícios da fisioterapia motora em pacientes com LES, foi verificado que pacientes submetidos a pilates duas vezes por semana, tiveram uma melhora significativa na fadiga, controle corporal e qualidade de vida. Ainda no mesmo estudo, foram utilizadas sessões de cinesioterapia e fisioterapia aquática constatando melhora da amplitude movimento articular e diminuição de quadro álgico, o tratamento da amplitude de movimento é fundamental no manejo do lúpus, uma vez que esta condição autoimune pode afetar as articulações, causando inflamação e rigidez. Manter a amplitude de movimento adequada através de exercícios específicos e terapia física pode ajudar a prevenir a perda de função e melhorar a qualidade de vida dos pacientes com lúpus.

Atrelado a isso, o estudo de Balsamo (2013) em pacientes com  LES,  evidenciou como a prática de exercícios físicos reduz consideravelmente a fadiga, além de ajudar nos alívios psicológicos que atinge boa parte dos pacientes. Como consequência, a qualidade de vida dos pacientes aumenta e é possível a realização de AVD´. Ele também expõe que pacientes com Artrite Reumatoide também podem se beneficiar com esse protocolo de tratamento pois a atividade física regular reduz as inflamações das articulações e diminuição de quadro álgico, impedindo assim a progressão da doença.

Keramiotou et al. (2020) realizou um estudo específico com pacientes acometidos com LES, que possuissem também artralgias de membros superiores, um critério de inclusão era a adificuldade de realizar atividades simples do dia a dia. Seus estudos demonstraram que uma ampla gama de pacientes com LES também apresentam doenças reumáticas nas mãos, que afeta diretamente a qualidade de vida e reduz a capacidade funcional, o estudofoi utilizado o questionário Disabilities of Arm, Shoulder and Hand (DASH) >10 e inclui exercícios de fortalecimento e alongamento das extremidades superiores e resistência com massa terapêutica. Observa que um tratamento detalhado para MMSS aumenta a habilidade, abrangência de movimento e força, vindo a ser fundamental para pacientes acometidos com LES.

A revisão de Martins (2019), é relacionada com a alteração da composição corporal de pacientes com LES afeta grademente os músculos, no estudo, o foco foi a redução de força muscular, principalmente em MMII nas mulheres portadoras de LES, também foi mostrado como essas alterações afetam o equilíbrio e potencializam o risco de quedas, mesmo em mulheres jovens. Dessa forma, foram utilizados os principais teste de equílibrio,  como o BESTest, o teste de sentar e levantar e o teste de preensão palmar. Como conclusão, as mulheres com LES apresentaram desempenho inferior nos teste em relação aquelas saudáveis, ligado ao controle postural e estabilidade.

Reforçando os achados, citados no estudo anterios,  Pinto et al (2016),  defende que os pacientes com LES, apresentam redução de capacidade aeróbica devido a falta de condicionamento e redução da força muscular de músculos periféricos, principalmente nos membros inferiores. Com isso, para diminuir a fraqueza o recondicionamento é crucial e eficaz na reabilitação, que os pacientes com LES façam exercícios aeróbicos regularmente, além de trabalhar todas as articulações do corpo, eles também ajudam na difusão do oxigênio nos músculos, que com a doença ativa, tendem a ficar inflamados. 

Estes principais recursos apresentaram em todos os estudos melhoras significativas do resultados  em relação a força muscular, amplitude de movimento, redução de dor e também diminuição da fadiga. Foram evenciados como principal meio para o sucesso do tratamento fisioterapêutico da LES quando visa o reestabelecimento de qualidade de vida. (Costa et al, 2021). Quanto ao número de sessões ou semanas de tratamento, é importante salientar que cada paciente apresenta uma necessidade, podendo variar de 18 a 24 sessões para  o ínico de uma melhora significativa, é válido ressaltar também que o mínimo de duas a três sessões por semana ajuda na aceleração dos resultados e reforça os parâmetros do paciente.  (Gava et al, 2017; Vieira et al, 2018).

Já Silveira et al. (2021), aponta que dos diversos meios da fisioterapia para ajudar nos sintomas de fadiga e  fraqueza muscular, a cinesioterapia é vista como um incentivo para acelerar a reabilitação dos pacientes por estimular a realização de atividades do dia a dia. O estudo também destaca que apesar da maioria dos sintomas serem os mesmos, o tratamento deve ser único, pois cada paciente apresenta limitações diferentes, foram também destacadas as técnicas de mobilização articular, o método Bobath, rotação de tronco, fortalecimento dos músculos flexores, adutores e extensores de ombro, bíceps braquiais, cinturas escapulares, evidenciando a efetividade do tratamento conservador em doenças autoimunes.

Para Frade et al. (2023), os principais resultados encontrados no estudo piloto em relação à fadiga, qualidade de vida e capacidades físicas dos participantes foram os seguintes, aponta a melhora clinicamente significativa na fadiga ao longo do tempo no grupo de exercício, com uma alteração média de +6,3 ± 8,5. Não houve diferença estatisticamente significativa entre o grupo exercício e controle em relação à fadiga (p = 0,128). Em relação a Qualidade de vida (SF36), foi observada uma diferença estatisticamente significativa entre os grupos, a favor da intervenção com exercícios, para o domínio bem-estar emocional do SF36 (p = 0,048). Houve melhorias clinicamente significativas ao longo do tempo dentro do grupo de exercícios em diversos domínios do SF36, como funcionamento do papel físico, funcionamento do papel emocional, energia/fadiga, bem-estar emocional e funcionamento social. Esses resultados sugerem que o exercício supervisionado por telessaúde pode ter um impacto positivo na fadiga, qualidade de vida e algumas capacidades físicas de pacientes com lúpus eritematoso sistêmico. É importante ressaltar que a adesão dos participantes foi alta e a satisfação com a experiência também foi positiva, o que pode indicar a viabilidade e aceitação desse tipo de intervenção.

No estudo de caso citado por Sousa et al. (2023), foram investigados mulheres adultas e as formas de tratamento fisioterapêuticos foram variados, entre o uso de cinesioterapia e exercícios aeróbicos. O principal objetivo era diminuir os sintomas predominantes, dor e fadiga. A terapia a laser é muito utilizada e pacientes com dores articulares, já que ela regenera os tecidos e diminui quadro álgico e inflamação. A cinesioterapia juntamente com exercícios aeróbicos aumentou a capacidade funcional das pacientes e contribuíram para aumentar a qualidade de vida das pacientes.

A fadiga é um dos principais sintomas dos pacientes com LES, como é um cansaço físico ele reduz a capacidade funcional e a movimentação, como consequências vem a dificuldade de realizar as AVD´s e de manter uma rotina. Isso afeta diretamente o estado mental dos pacientes, que em sua maioria apresentam sintomas psicológicos como isolamento social, ansiedade, falta de foco. Nesse quesito, a fisioterapia também é eficaz já é capaz de minimizar os comprometimentos corporais causados pelos transtornos mentais e contribuir para a reabilitação psicossocial (Sousa et al. 2023).

No estudo de .Madeira et. al 2020, a cinesioterapia tem o poder de fazer com que esse processo seja mais rápido, trazendo consigo o ganho de amplitude de movimento nas articulações onde as mesmos estão reduzidas, vindo a contribuir para o fortalecimento dos grupos musculares enfraquecidos e alongando músculos que estejam encurtados; tratando-se da funcionalidade, mostrou-se apta a impactar de maneira favorável o paciente, promovendo o incremento da habilidade de recuperação, aprimorando as limitações musculares e aeróbicas sendo essas frequentes no LES. O uso da eletroterapia (TENS) é associado para amenizar os sintomas de dor; a prática de atividade física melhora a força muscular e o fluxo sanguíneo, tendo como resultado uma ampliação maior dos movimentos articulares.

Vinculado a este achado, o estudo de Gomes et. al 2017, relata que o manejo da fisioterapia nos acometidos pelo lúpus eritematoso sistêmico, como já citado visa promover a melhora do processo inflamatório, ressaltando também que outro benefício do TENS é amenizar a rigidez matinal; ressalva novamente a cinesioterapia aeróbica que são alguns deles caminhada rápida ou corrida leve, ciclismo, natação, dança aeróbica e exercícios de pular corda atrelados com algumas técnicas de relaxamento fisioterapêutico como massagem terapêutica, alongamento e exercícios de mobilidade sendo eles: rotação de pescoço e ombros, rotação dos punhos e extensão dos dedos; rotação, flexão e extensão da coluna; rotação e flexão do quadril; flexão e extensão dos joelhos e tornozelos.

Dessa maneira, a fisioterapia tem um importante papel no tratamento do Lúpus Eritematoso Sistêmico associando uma ampla variedade de todas as suas especializações para ajudar o paciente com os sintomas, mostrando-se eficaz a cinesioterapia; visando também melhorar a funcionalidade, a qualidade de vida pessoal, social e sua autoestima, sendo assim é necessário incluir o acompanhamento multidisciplinar para um tratamento e cuidado mais amplo a paciente, já as causas são multissistemicas. 

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os resultados obtidos evidenciaram que a fisioterapia em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico, acentua a redução de fadiga muscular, de dor e outros agravos osteomusculares, além da melhora da força muscular, e da qualidade de vida, principalmente nas AVD’s. Assim, a presente revisão bibliográfica de literatura, ressaltou a importância do fisioterapeuta na reabilitação da paciente acometido pela Lúpus Eritematoso Sistêmico, os resultados encorajam a continuação e a expansão de pesquisas, a fim de aprimorar o manejo clínico, e a qualidade de vida.  Estudos sobre a temática serão necessários a fim de aprofundar o assunto e associar diversas terapêuticas em benefício das repercussões sistêmicas. 

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