IMPACTS AND SOLUTIONS IN WATER MANAGEMENT: A CASE STUDY IN URBAN ÁREAS OF MANAUS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202412141513
Âmila Maila Cornélio Canto1; Carlos Gabriel dos Reis Bezerra2; Davi dos Santos Soares3; Elisa Beatriz Souza da Silva4; Endrio Ferreira da Costa5; Khauan Moreira Guirra6; Lucas Rabelo Santos7; Mateus Vinicius Barros de Castro8; Rodrigo Salanova da Silva9; Thayane Ribeiro da Costa10
Resumo
O objetivo da presente pesquisa é analisar a gestão dos recursos hídricos urbanos na cidade de Manaus, com abordagem nos bairros Glória e Compensa 2. A análise abrange os sistemas de águas pluviais, esgotamento sanitário e abastecimento de água, considerando suas interações com o ambiente urbano e seus impactos na infraestrutura e na qualidade de vida da população local. A pesquisa caracteriza-se como aplicada, de abordagem qualitativa, e tem como objetivo realizar uma análise descritiva da situação atual dos recursos hídricos. Os dados foram encontrados em campos em ruas específicas dos bairros e complementados com informações secundárias. Os resultados evidenciam desafios importantes, como a ausência de sistemas adequados de drenagem e o descarte de esgoto não tratado em igarapés, além de problemas de infraestrutura. Em contrapartida, o abastecimento de água tratada apresenta-se como um ponto positivo. O estudo propõe soluções que incluem a reestruturação da mudança urbana, implementação de sistemas de tratamento e incentivo a práticas sustentáveis, mudanças à melhoria da qualidade ambiental e da gestão hídrica urbana.
Palavras-chave: Recursos Hídricos, Águas Pluviais, Esgotamento Sanitário, Abastecimento de Água.
1 INTRODUÇÃO
A água, apesar de sua essencialidade para a manutenção da vida, constitui um recurso finito, cujo ciclo natural de renovação nem sempre é eficaz na sua completa purificação. Ademais, a sua distribuição pelo globo é irregular, sendo condicionada por fatores climáticos e geográficos, o que resulta em uma disponibilidade desigual entre diferentes regiões. Nos últimos anos, essa realidade tem suscitado uma crescente inquietação por parte da sociedade, promovendo uma conscientização cada vez maior sobre a urgência de se adotar uma nova perspectiva no que tange ao uso da água. A revisão de valores, comportamentos e hábitos tornou-se imprescindível para assegurar a preservação desse recurso vital (ROSA & GUARDA, 2019).
O reconhecimento da importância da água vem sendo consolidado ao longo da história, especialmente no contexto das legislações. Atualmente, o acesso à água potável é considerado um direito humano fundamental, indispensável para uma existência digna. Todavia, embora esse direito tenha sido progressivamente conquistado, sua efetivação plena ainda enfrenta desafios práticos, sendo imperativo garantir que todas as pessoas possam usufruir desse recurso essencial. Prover água potável para todos transcende o âmbito da saúde pública; trata-se, sobretudo, de uma questão de justiça social e equidade, que demanda ações constantes e eficazes para sua preservação e distribuição justa (ROSA & GUARDA, 2019).
Dessa forma, a presente pesquisa tem como objetivo realizar uma análise técnica de gestão dos recursos hídricos urbanos na cidade de Manaus, com abordagem nos bairros Compensa 2 e Glória, localizados na zona oeste. A análise abrangerá os principais sistemas de águas pluviais, esgotamento sanitário e abastecimento de água, considerando suas interações com o ambiente urbano e os impactos positivos e negativos desses serviços para a infraestrutura local e a qualidade de vida da população. Além disso, será discutida e demonstrada a situação da gestão da urbanização nos bairros, identificando o que está sendo feito de forma adequada, os problemas existentes e as melhorias fáceis para melhorar a gestão dos recursos hídricos e promover um ambiente.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
2.1 Gestão de Recursos Hídricos no Brasil
No Brasil, a gestão dos recursos hídricos é guiada pela Política Nacional de Recursos Hídricos, que estabelece diretrizes para o uso sustentável e a preservação da água. Um dos principais instrumentos dessa política é o Plano Nacional de Recursos Hídricos (PNRH), coordenado pela Agência Nacional de Águas (ANA). O PNRH desempenha um papel fundamental ao fornecer uma base estratégica para a administração das águas no país. Seu objetivo é fortalecer o Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos (SINGREH), buscando assegurar a qualidade e a quantidade adequada de água, ao mesmo tempo em que promove a integração com outras políticas públicas (MELO & ROMANEL, 2018; ANA, 2024).
Em termos de disponibilidade hídrica, o Brasil recebeu 15,04 trilhões de metros cúbicos de chuva em 2021, enquanto a evapotranspiração totalizou 8,51 trilhões de metros cúbicos. O restante da água da chuva infiltrou no solo ou escoou para rios, resultando em 9,5 trilhões de metros cúbicos de água fluindo pelos rios do território nacional, incluindo 3,3 trilhões de metros cúbicos de rios que vêm de outros países amazônicos (ANA, 2024).
Em 2022, a retirada total de água no Brasil foi estimada em 2.035,2 m³/s, equivalente a 64,18 trilhões de litros por ano. A maior parte desse volume foi destinada à irrigação (50,5%), ao abastecimento urbano (23,9%) e à indústria (9,4%). Outros usos incluíram o uso animal (8%), termelétricas (5%), abastecimento rural (1,6%) e mineração (1,6%). No mesmo ano, mais de 1,5 milhão de pessoas foram afetadas por alagamentos e inundações, enquanto cerca de 7 milhões enfrentaram secas e estiagens, com 45% dos registros concentrados no Nordeste (ANA, 2024).
Até a década de 1960, predominava nas questões urbanas uma visão higienista, focada na resolução de problemas de saúde pública, sem, contudo, considerar as complexidades ambientais, especialmente no que tange ao ciclo hidrológico. Com o surgimento de uma consciência ecológica, ficou evidente que a urbanização acelerada gerava impactos significativos tanto na quantidade quanto na qualidade dos recursos hídricos, o que exigiu uma reflexão mais aprofundada sobre as interações entre atividades humanas e o meio ambiente. Nesse cenário, emergiu o conceito de drenagem urbana com enfoque ambiental, representando um avanço, ainda que sua aplicação continue desafiadora devido aos elevados custos e à necessidade de soluções integradas e multidisciplinares (FUNASA, 2018).
Nesse sentido, o manejo das águas superficiais urbanas deve seguir alguns princípios fundamentais: controle do escoamento das águas pluviais, prevenção de impactos nas áreas a jusante, mitigação da ampliação das cheias naturais, adoção de medidas de controle em toda a bacia hidrográfica, monitoramento contínuo do uso do solo em áreas de risco, além da competência técnica e administrativa dos órgãos públicos responsáveis. A promoção de uma educação ambiental voltada a gestores, população e profissionais técnicos também se faz essencial para garantir uma gestão sustentável (FUNASA, 2018).
Figura 1. Segurança Hídrica no Brasil.
Apesar de o Brasil ser um país abundante em recursos hídricos, o Índice de Segurança Hídrica Urbana (ISH-U) revela que grande parte da população urbana enfrenta desafios consideráveis no abastecimento de água. Cerca de 42% das pessoas vivem em áreas com segurança hídrica média, enquanto 26% enfrentam condições de baixa segurança, resultado de fragilidades tanto na produção quanto na distribuição de água, ou em ambos os aspectos. Apenas 27% dos brasileiros estão em regiões com alta segurança hídrica, sendo que 4% desfrutam da máxima segurança e 1% convivem com a mínima. A situação específica de cada município pode ser consultada em um painel de indicadores, que fornece uma visão detalhada e georreferenciada dessa realidade (ANA, 2021).
2.2 Gestão de Recursos Hídricos no Amazonas
A gestão da maior bacia hidrográfica do mundo, a Amazônica, é um dos principais desafios enfrentados pela Secretaria de Estado do Meio Ambiente (SEMA) do Amazonas na governança dos recursos hídricos da região. Nesse contexto, a regulamentação da Polícia Estadual de Recursos Hídricos (PERH-AM) e a criação do primeiro Plano de Bacia representam marcos históricos e avanços significativos para o estado (SEMA, 2023).
A Sema Amazonas é o órgão responsável, em âmbito estadual, pela elaboração de políticas públicas voltadas ao manejo sustentável da água. Através da Assessoria de Recursos Hídricos (ASSHID), a secretaria desenvolve uma série de programas e projetos voltados para a conservação dos rios, igarapés, lagos e águas subterrâneas do Amazonas. O maior avanço nesse campo foi a criação do Plano Estadual de Recursos Hídricos, que se destaca como o principal instrumento de gestão hídrica do estado. Esse plano estabelece diretrizes fundamentais para orientar as ações do governo no que diz respeito à conservação e recuperação da qualidade das águas, garantindo assim a sustentabilidade dos recursos hídricos para as gerações atuais e futuras (SEMA, 2023).
A concessionária Águas de Manaus está diretamente envolvida na elaboração do novo Plano Municipal de Saneamento Básico da capital, iniciativa anunciada pela Prefeitura de Manaus. Esse plano visa abordar e organizar as principais demandas de saneamento da cidade, incluindo o abastecimento de água, esgotamento sanitário, limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos, além da drenagem e manejo das águas pluviais urbanas. A iniciativa representa um esforço conjunto entre a concessionária e diversas secretarias e órgãos municipais do Meio Ambiente, Sustentabilidade e Mudanças do Clima (SEMMASCLIMA); Infraestrutura (SEMINF); Limpeza Pública (SEMULSP) e Saúde (SEMSA); Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Município de Manaus (AGEMAN) e o Conselho Municipal de Gestão Estratégica (CMGE)) para garantir a universalização dos serviços essenciais de saneamento (ÁGUAS DE MANAUS, 2024).
O plano prevê que, em menos de uma década, esses serviços essenciais serão plenamente acessíveis a toda a população manauara, resultado de um cronograma de obras cuidadosamente planejado (ÁGUAS DE MANAUS, 2024).
Figura 2. Lixo e esgoto sem tratamento lançado no rio.
De acordo com dados divulgados pelo Trata Brasil, no ano de 2023, foi apontado que a cidade de Manaus tem apenas 26% de cobertura de esgotamento sanitário. Isso se deve principalmente ao fato de que, com a chegada de novos habitantes, a capital cresceu sem planejamento e resultou em áreas de invasão e moradias sem acesso a serviços básicos (G1, 2023).
Em Manaus, em junho do ano de 2024, no bairro Flores, zona centro-sul da capital, moradores denunciaram a falta de manutenção no sistema de drenagem nos bueiros e igarapés que, por consequência, gerava constantes inundações no local (D24am, 2024).
Figura 3. Alagamento em uma rua no bairro Flores em Manaus/AM.
Em Manaus, o sistema de esgotamento sanitário gerido pela Águas de Manaus possui uma vasta rede de mais de 800 quilômetros de tubulações coletoras, distribuídas entre 76 estações de tratamento de esgoto e 76 estações elevatórias. Essa infraestrutura é composta por duas grandes divisões: o sistema integrado, que cobre a área central da cidade e bairros adjacentes, como Educandos, Morro da Liberdade e Santa Luzia; e os sistemas isolados, que atendem diversas regiões da cidade, predominantemente localizadas em conjuntos habitacionais e áreas residenciais, onde a concessionária é encarregada do gerenciamento dos serviços de esgotamento (ÁGUAS DE MANAUS, s.d.).
Um marco relevante para o aprimoramento desse sistema ocorreu em julho de 2018, com a inauguração da Estação de Coleta e Tratamento de Esgoto da Timbiras (ETE/Timbiras), situada na zona Norte de Manaus. Essa estação trouxe melhorias expressivas para os moradores das etapas 1 e 2 do bairro Cidade Nova e áreas circunvizinhas. As intervenções incluíram a ampliação e substituição da rede coletora, além da construção e modernização de estações elevatórias e de tratamento. O projeto não apenas aumentou a capacidade do sistema, mas também consolidou o compromisso com a melhoria da infraestrutura de saneamento básico da cidade, proporcionando a milhares de moradores um serviço mais eficiente e ambientalmente sustentável (ÁGUAS DE MANAUS, s.d.).
Manaus, após um longo percurso de aprimoramento no saneamento básico, iniciado entre 1883 e 1889, durante o Período Áureo da Borracha, e com transformações significativas a partir de 2000, consolidou-se como referência no tratamento e distribuição de água potável na região Norte do Brasil. Hoje, mais de 630 milhões de litros de água são retirados diariamente do Rio Negro e tratados sob rigorosos padrões de qualidade pela concessionária Águas de Manaus (ÁGUAS DE MANAUS, s.d.).
O sistema de abastecimento de Manaus é composto por quatro Estações de Tratamento de Água (ETAs). As ETAs 1 e 2, localizadas no Complexo de Produção da Ponta do Ismael, na zona Oeste, respondem por 80% do fornecimento de água para Manaus. Já a ETA Mauazinho, situada na zona Sul, atende a comunidade local, enquanto a ETA Ponta das Lajes, na zona Leste, faz parte do Programa Águas para Manaus (Proama), destinado à distribuição nessa área. Além disso, a concessionária mantém em operação 52 Centros de Produção de Águas Subterrâneas (CPAs) (ÁGUAS DE MANAUS, s.d).
2.3 Ações e Projetos
Em agosto de 2024, a cidade de Iquitos, no Peru, sediou a primeira agenda temática do Fórum de Cidades Amazônicas, reunindo representantes de cidades membros, organizações do Conselho Técnico Consultivo e outros parceiros estratégicos. O evento focou nos impactos das mudanças climáticas no ciclo da água, como secas e inundações, e sua pressão sobre os serviços ecossistêmicos nas áreas urbanas da Amazônia, promovendo a resiliência hídrica através da cooperação regional (ICLEI, 2024).
O Programa Cities Forward, financiado pelo Departamento de Estado dos Estados Unidos e coordenado pelo ICLEI Governos Locais pela Sustentabilidade, visa auxiliar 12 cidades latino-americanas, incluindo Manaus e Fortaleza no Brasil, a implementarem projetos relacionados à sustentabilidade, inclusão e resiliência urbana, desenvolvendo iniciativas financiáveis que promovam o desenvolvimento sustentável (ICLEI, 2024).
Um dos destaques é o programa Trata Bem Manaus, da Águas de Manaus, que será integrado ao Plano Municipal de Saneamento Básico de Manaus com o objetivo de acelerar a universalização do serviço de esgotamento sanitário na cidade. A concessionária, que já foi responsável por alcançar a universalização do abastecimento de água em 2023, agora foca na expansão da coleta e tratamento de esgoto.
3 METODOLOGIA
3.1 Objeto de estudo
A área de estudo abrange os bairros da Glória e Compensa, localizados na zona oeste de Manaus. O bairro da Glória possui uma população de aproximadamente 8.981 habitantes, uma área de 49,47 hectares e uma renda mensal média de R$ 900,00. Já o bairro da Compensa conta com cerca de 75.832 habitantes, uma área de 508,27 hectares e uma renda mensal média de R$ 1.032,00 (SEDECTI, 2021). No bairro da Glória, destaca-se a praça central, um ponto movimentado, especialmente nos fins de semana à noite, que conta com uma quadra poliesportiva, escolas, pontos comerciais e o estádio Ismael Benigno, conhecido como Estádio da Colina, situado nas proximidades. Também na Compensa, destacam-se centros desportivos, centros sociais urbanos, praças de alimentação e a Ponte Jornalista Phelippe Daou.
A proximidade entre os dois bairros e suas características urbanas tornam essa área de grande interesse para o estudo da gestão dos recursos hídricos e urbanização na cidade de Manaus.
3.2 Procedimentos de pesquisa
Para esta pesquisa, a metodologia consiste na delimitação de uma área específica do bairro da Glória (Rua Vitória) e Compensa 2 (Rua Prosperidade) com coleta de dados por meio de observação de campo, registros fotográficos, experiências de vivência na área de estudo e pesquisas bibliográficas.
O objetivo principal foi analisar a gestão de recursos hídricos com ênfase em águas pluviais, esgotamento sanitário e abastecimento de água, comparando a situação de campo com a revisão literária sobre o tema. O estudo é composto por etapas interligadas, que incluem pesquisa, levantamento, análise de dados e avaliação, e tem como base um teórico referencial formado por teses, artigos científicos e livros, proporcionando uma visão mais ampla sobre a gestão hídrica no contexto urbano.
O levantamento em campo, realizado no bairro, foi fundamental para obter informações práticas sobre as condições dos serviços de água e esgoto, destacando problemas de drenagem e alagamentos. Após a coleta de dados, foi realizada uma análise comparativa entre a situação histórica e atual do bairro, permitindo identificar melhorias e sugerir ações para mitigar os problemas observados. O material utilizado para os registros e pesquisas foi um celular e um computador.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
A área de estudo na Compensa caracteriza-se por um misto de residências e comércios, um igarapé contido com Rip-Rap (bacias urbanizada) perpendicular e um relevo com depressão relativa.
Figura 4. Distribuição dos tipos de imóveis na área de estudo na Compensa 2.
A pesquisa em campo apresentou 3 bocas de lobo de guia sem depressão, com diâmetro menor que 1,5 m em quase 0,9 km de meio-fio. Esse meio-fio é improvisado pelas calçadas das residências e a inclinação do pavimento asfáltico até o meio-fio faz a função de sarjeta, sem estruturas projetadas e normatizadas com caimento menor que 20%. Essas 3 bocas de lobo despejam totalmente no igarapé sem quaisquer tratamentos e posteriormente no Rio Negro.
Também, apenas 4% das residências contam com calhas para coletar a água da chuva, com total despejo na rua e sem reaproveitamento, com destino ao igarapé e depois ao Rio Negro.
De forma semelhante, a estrutura de esgotamento sanitário conta com as tubulações das residências e comércios para o despejo do esgoto no igarapé e depois Rio Negro. Há também 3% das residências que despejam resíduo de lavagens internas (pátios, carros e louças) diretamente na rua que se destina ao igarapé devido ao relevo de depressão.
Com esse despejo no igarapé juntamente com o descarte indevido de resíduos, em tempos de chuva a vazão aumenta e o canal inunda. Nestes eventos, residências e comércios próximos à bacia urbanizada inundam, a passagem para veículos e pedestres é interditada e doenças são proliferadas.
Para o abastecimento de água, todas as residências e comércios são abastecidos com baixa frequência de falta de água e quando ocorrido os fatores são de manutenção. E, contam-se com dois reservatórios próximos que totalizam uma capacidade de armazenamento de 8 milhões de litros de água tratada (ÁGUAS DE MANAUS, 2019) próximo à área de pesquisa.
A Glória, atualmente, não sofre muitos problemas envolvendo inundações, isso se deve principalmente a medidas que foram tomadas pela prefeitura de Manaus que, no ano de 2023, realizou serviços de drenagem no bairro de forma a mitigar ocorrências de alagações, crateras e afundamento parciais (Seminf, 2023).
Figura 5. Serviços de drenagem na rua da Glória.
Porém, apesar do problema ter sido resolvido temporariamente, uma situação a ser ressaltada foi em relação aos serviços prestados em muitas ruas do bairro, que acabaram sendo realizados de forma inadequada, gerando outros problemas, como a formação de obstruções no asfalto, prejudicando motoristas que trafegam, assim como os moradores. Nesse caso, é necessário uma fiscalização e monitoramento adequado para que os serviços sejam realizados da forma correta.
Quanto ao sistema de esgotamento sanitário na Glória, este é operado atualmente pelas Águas de Manaus, que está atuando na ampliação para que bairros possuam esse serviço que visa a destinação de efluentes para uma Estação de Tratamento de Esgoto (ETE). De acordo com o diretor-presidente da concessionária, a expansão do saneamento na cidade vai garantir que a população tenha acesso a saúde e bem-estar (G1, 2024).
Apesar desse ponto positivo, no ano de 2022, ocorreu taxas nas cobranças das contas de água referente ao serviço de esgotamento sanitário no bairro da Glória. Por conta disso, foram realizadas manifestações exigindo o cancelamento desse aditivo. De acordo com moradores, o valor da conta dobrou e que, apesar da cobrança, relataram que o tratamento de esgoto não estava sendo realizado pela concessionária de água no bairro.
Em resposta às manifestações, a Águas de Manaus informou que a taxa só é adicionada em locais onde existe o sistema disponível. Esses valores não são definidos pela empresa e estão estabelecidos em contrato e regulados pelo Poder Concedente. De acordo com as Leis nº 14.026/2020 (Novo Marco Legal do Saneamento Básico) e nº 11.445/2007, a cobrança está estabelecida por essas legislações.
Figura 6. Metas de atendimento pelas Leis nº 14.026/2020 (Novo Marco Legal do Saneamento Básico) e nº 11.445/2007 até 2033.
Um ponto positivo a ser enfatizado é a infraestrutura, estabelecendo um comparativo com alguns problemas que eram pertinentes na Glória anteriormente. Por vários anos muitas famílias residiam à margem do igarapé do São Raimundo, o que era bastante preocupante em períodos de cheia no local, com alagamentos frequentes.
Figura 7. Comunidade “Igapó” no bairro da Glória no ano de 2011.
Com a finalização da obra do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM) em 2021 no bairro da Glória, o lugar serviu como um ponto de lazer e de tráfego de veículos no bairro. Além disso, beneficiou muitas famílias.
Figura 8. Prosamim no bairro da Glória.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esta pesquisa revelou falhas estruturais significativas no manejo das águas pluviais e no esgotamento sanitário das áreas de estudo, destacando a ausência de sistemas de planejamento de drenagem e o descarte de esgoto nos igarapés, o que contribui para a gestão ambiental e inundações frequentes. A gestão desses recursos impacta as qualidades da saúde pública e da vida da população, especialmente em períodos chuvosos. A pesquisa também apontou que uma área significativa das áreas de estudo não possui um sistema de macrodrenagem, e o sistema de microdrenagem é subdimensionado. Outro ponto crítico identificado foi a falta de infraestrutura para captação e reaproveitamento da água da chuva, uma solução simples que poderia aliviar a pressão sobre o sistema de drenagem e reduzir o impacto ambiental. A baixa adoção de práticas sustentáveis, como a instalação de caixas para coleta de água, revela uma carência de educação ambiental entre os moradores. Além disso, o volume de água pluvial e esgoto não tratado descartado em canais e rios aumenta a poluição e os riscos de contaminação, já que a água consumida contém esses mananciais. Por outro lado, o abastecimento de água tratada é um aspecto positivo que deve ser preservado e ampliado para garantir o acesso confiável à população.
Embora as áreas de estudo tenham registrado avanços na gestão dos recursos hídricos, especialmente com as obras de drenagem realizadas em 2023, que trouxeram melhorias na prevenção de alagamentos, ainda existem desafios a serem superados. A execução de algumas dessas obras evidenciou a necessidade de uma fiscalização mais rigorosa para garantir a efetividade das soluções. A expansão do sistema de esgotamento sanitário, liderado pela Águas de Manaus, é um passo importante, mas a insatisfação popular devido à cobrança de taxas sem a dívida percepção dos serviços prestados aponta para a necessidade de maior transparência e diálogo entre a operação e os moradores. A revitalização fornecida pelo PROSAMIM também se destacou como um marco importante, transformando áreas acessíveis em espaços de convivência e lazer, o que demonstrou o potencial das políticas públicas bem planejadas e realizadas. Assim, o estudo conclui que investimentos em infraestrutura adequada, manutenção contínua, fiscalização eficiente e promoção da participação dos moradores são essenciais para a melhoria dos serviços de abastecimento de água, drenagem e esgoto. A gestão eficiente desses recursos contribui não apenas para a prevenção de problemas ambientais e de saúde, mas também para o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida no bairro e na cidade como um todo.
REFERÊNCIAS
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1Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: amcc.eng20@uea.edu.br
2Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: Carlosreisbezerra15@gmail.com
3Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: santosoares2009@icloud.com
4Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: elisa_14souza@hotmail.com
5Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: Wendrelxxt@gmail.com
6Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: Khauanmoreira@gmail.com
7Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: luksrabelo16@gmail.com
8 Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: mvb.castro28@gmail.com
9 Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: rodrigosalanova5@gmail.com
10 Discente do Curso Superior de Engenharia Civil da Universidade do Estado do Amazonas – Escola Superior de Tecnologia e-mail: ribeirothayane7090@gmail.com