IMPACTS OF CONTINOUS USE OF PROGESTERONE ON THE FERTILITY OF WOMEN WITH ENDOMETRIOSIS
REGISTRO DOI:10.5281/zenodo.12461114
Luísa Carvalho de Souza1; Maria Eduarda Rodrigues Amaral1; Marcela Di Cardoso Farinha1; Letícia da Costa Vieira1, Nicole da Fonseca Elias1; Joao de Sousa Pinheiro Barbosa 2
Resumo
O tema do artigo aborda a eficácia do tratamento com progesterona para a endometriose e seu impacto na fertilidade. A endometriose, uma condição crônica caracterizada pela presença de tecido endometrial fora do útero, provoca dor intensa e problemas de fertilidade. O tratamento com progesterona tem sido amplamente estudado como uma alternativa eficaz para aliviar os sintomas dessa condição. Pesquisas indicam que a progesterona pode reduzir a inflamação e o crescimento anômalo do tecido endometrial ao promover um ambiente hormonal que inibe a proliferação celular. Os resultados dessas pesquisas sugerem que o tratamento contínuo com progesterona pode não apenas melhorar a qualidade de vida das pacientes, mas também aumentar as chances de concepção, especialmente em casos de infertilidade relacionada à endometriose. Medicamentos como acetato de medroxiprogesterona e didrogesterona são destacados, sendo eficazes na redução da dor pélvica e na prevenção do aumento prematuro de LH, melhorando o número de oócitos maduros e potencializando o desenvolvimento de embriões implantados. Conclui-se que as progestinas não apenas aliviam sintomas da endometriose, mas também aumentam as taxas de gravidez, configurando-se como uma abordagem valiosa no tratamento dessa condição.
Palavras-chave: Progesterona. Endometriose. Fertilidade. Tratamento.
1 INTRODUÇÃO
A endometriose é uma condição ginecológica inflamatória que afeta de 10 a 15% da população com útero (Portal da Endometriose, 2022). É uma doença que afeta, comumente, o peritônio pélvico, ovários e o septo retrovaginal; além de ser encontrado na bexiga, intestino, ureteres, parede abdominal anterior, diafragma, pleura, pulmão, pericárdio e cérebro, em casos mais extremos (1).
A doença é muito frequente no período reprodutivo, da adolescência à transição para a menopausa, atingindo de 5%-15% das mulheres no período reprodutivo e até 3%-5% na fase pós-menopausa. O sintoma mais indicativo é a cólica intensa durante a menstruação, constante e progressiva. Além disso, segundo a Associação Brasileira de Endometriose (SBE), aproximadamente 40% das mulheres acometidas pela doença sofrem com infertilidade, sendo a principal causa dessa condição para as mulheres.
A patogênese da doença ainda não foi totalmente explicada, mas existem teorias incluindo mecanismos endócrinos, imunes e inflamatórios sobre o assunto. Uma das principais hipóteses que podem explicar o surgimento da endometriose é a menstruação retrógrada, em que uma parte do conteúdo decorrente da descamação uterina segue de volta para o útero por inversão da direção do fluxo. Ele pode, até mesmo,seguir pelas tubas uterinas e alcançar a cavidade pélvica, assim, afetando estruturas contidas nela (Art Medicina Reprodutiva).
Não existem formas de prevenção da endometriose, apenas o tratamento adequado pode controlar os sintomas da doença.
Após o diagnóstico, a paciente deve iniciar o tratamento para controle dos sintomas, o principal é o uso de medicamentos à base de hormônios, como: anticoncepcionais orais, DIU de progesterona e implantes subcutâneos. No caso de os sintomas serem muito mais fortes que o normal, pode ser indicado a paciente o tratamento cirúrgico, a laparoscopia (remoção de focos de endometriose).
Um dos tratamentos mais eficazes é o uso contínuo de progesterona, esse hormônio auxilia no tratamento das cólicas menstruais intensas e, após certo tempo de uso, pode reduzir os focos de endometriose e a inflamação. (Cuidados pela Vida) Contribuindo, dessa forma, com o aumento da fertilidade.
Com isso, o estudo tem como objetivo principal analisar os impactos do uso contínuo de progesterona na fertilidade de mulheres com endometriose, bem como entender a fisiopatologia da endometriose, observar os efeitos dessa doença na fertilidade da mulher e estudar como o uso da progesterona pode ajudar no seu tratamento.
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA OU REVISÃO DA LITERATURA
2.1 ENDOMETRIOSE E INFERTILIDADE
A contribuição da endometriose para a infertilidade é um assunto não muito explorado, porém acredita-se que a inflamação e espécies reativas de oxigênio produzidas pelo corpo nesse processo contribuem para essa condição.
Estágios mais avançados da endometriose podem ser muito invasivos e 17-44% dessas mulheres podem apresentar endometrioma. É um tipo da doença que afeta o ovário formando cistos, e é considerado um fator agravante da fertilidade feminina, pois sua presença influencia negativamente no processo de desenvolvimento e maturação dos folículos ovarianos que darão origem às células reprodutivas femininas (óvulos), levando à diminuição da reserva ovariana. Além disso, podem apresentar surtos de hormônio luteinizante (LH) prematuro, que pode levar à disfunção ovariana e, assim, falhas no processo de ovulação e deficiência hormonal. Dessa forma, essas pacientes requerem fertilização in vitro (FIV) caso queiram engravidar. (9)
Esmaeilzadeh et al (2022) fizeram um estudo e observaram que o número de oócitos recuperados, oócitos maduros e embriões de boa qualidade diminuíram em relação à progressão da endometriose. Ademais, também foi detectado níveis elevados de prolactina em mulheres com endometriose, independentemente do estado da doença. A hiperprolactinemia em pacientes com endometriose ainda não é totalmente compreendida, porém é um causador da infertilidade por estimular a amenorreia.
Entretanto, Osmanlioglu et al (2022) observaram que a qualidade do oócito no endometrioma não possui efeito direto nas taxas de infertilidade em estágios iniciais de endometriose. A receptividade do endométrio prejudicada, o que dificulta a implantação do embrião, é um fator importante de diminuição das taxas de gravidez e aborto espontâneo. E, em estágios mais avançados, a diminuição de oócitos maduros é um fator mais decisivo da infertilidade de mulheres acometidas (4).
2.2 TRATAMENTO
As progestinas, também chamadas de progestagênios, são uma forma sintética do hormônio progesterona e são usadas há mais de 40 anos para o tratamento de endometriose. Acredita-se que elas atuem como agonistas dos receptores de progesterona e causam efeitos semelhantes à progesterona no organismo.
Acetato de Medroxiprogesterona (MPA), medicamento muito usado por pacientes com endometriose mas pode atuar como contraceptivo, diminuindo as taxas de gravidez; e Didrogesterona, vantajoso para algumas pacientes pois pode aliviar sintomas da endometriose e não interrompe a gravidez durante o tratamento, são exemplos desse composto no mercado (2). Dienogest é outra progestina que tem sido usada para aliviar sintomas da endometriose, que pode inibir o crescimento da lesão endometriótica (8).
Foi relatado que as progestinas podem melhorar a dor pélvica relacionada à endometriose por suprimir a produção de RANTES por células do sistema imune e inibição da inflamação na pelve, e pode aumentar o número de oócitos maduros. Além disso, também são importantes para a prevenção de aumento prematuro de LH (surtos) e aumenta o potencial de desenvolvimento de embriões implantados no endométrio de pessoas acometidas pela doença, assim, aumentando as taxas de gravidez (2).
3 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica integrativa. Para Marcela Tavares de Souza, em 2010: A revisão integrativa é um método que proporciona a síntese de conhecimento e a incorporação da aplicabilidade de resultados de estudos significativos na prática.
A revisão terá uma abordagem qualitativa, na qual foi utilizado um corte temporal de seis anos, de 2018 a 2024.
O desenho do estudo, uma pesquisa não clínica, conforme descrito por Brun, foi integrado aplicando-se a estratégia PICO (acrônimo para P: população/paciente; I: intervenção; C: comparação/controle; O: desfecho/outcome) para nortear a coleta de dados. A estratégia PICO é uma mnemônica que auxilia a identificar os tópicos-chave onde o P: mulheres com endometriose; I: uso contínuo de progesterona; C: sem tratamento; O: aumento da fertilidade.
Para a fundamentação teórica foi estabelecido a seguinte pergunta norteadora da pesquisa: “Quais são os impactos do uso contínuo de progesterona na fertilidade de mulheres com endometriose?”.
A pesquisa será realizada através Descritores em Saúde (DeCS)/ Medical Subject Headings (MeSH): combinado com o operador booleano AND: das palavras chaves que foram definidas usando os “progesterona, endometriose, fertilidade, tratamento” Nas bases de dados: Scientific Electronic Library Online (SciELO), PubMed e Biblioteca Virtual em saúde(BVS)
Para inclusão os seguintes critérios foram utilizados: artigos publicados entre os anos de 2018 até 2024, artigos escritos em língua portuguesa, artigos escritos em inglês, artigos escritos em língua espanhola, artigos publicados em revistas, artigos originais, artigos se enquadra nessa pesquisa, artigos que fala sobre simulação realística aplicada na formação de saúde.
Com os critérios para exclusão: artigos de revisão, artigos publicados fora da temporalidade estabelecido, tese de doutorado, dissertação de mestrado, trabalho de conclusão de curso, artigos escritos em outras línguas sem ser a portuguesa, espanhola e inglês, artigos que não fossem originais, artigos que não abordasse sobre o tema da pesquisa.
Para análises dos artigos serão através de leitura dos resumos e títulos foi importante para excluir os estudos que não atendem objetivo do estudo levando em consideração os critérios de inclusão e exclusão do trabalho.
Para elaboração dos resultados serão avaliadas as seguintes variáveis dos estudos selecionados: Local, Base de dados/Periódico, Autor (es) do artigo/ Ano, objetivo, Nível de Evidência. Para classificação da qualidade metodológica das pesquisas selecionadas foi conforme os seis níveis de categorias da Oxford Centre for Evidence-based Medicine.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES OU ANÁLISE DOS DADOS
FIGURA 1 – Fluxograma da revisão sistemática da literatura.
Tabela 1. Lista de artigos selecionados para revisão de literatura com abordagem no tema “Impactos do uso de progesterona na fertilidade de mulheres com endometriose”.
Autor(es )/ Ano | Periódico | Objetivo | Delinea mento | Resultado | Conclusão |
Pirs, Vengust and Vrtacnik 2024 | Taylor & Francis | Nosso trabalho visa preencher esta lacuna de conhecimento, retrospectivamente identificar e caracterizar pacientes nesses dois subgrupos. Especificamente, pretendemos comparar a reprodução história clínica e cirúrgica, sintomatologia e infertilidade qualidade, associação com outras formas de endometriose e tratamentos específicos de AWE. | Estudo de coorte | Dentro do banco de dados que continha 12.117 procedimentos, identificamos 59 (0,5%) pacientes que foram submetidos à excisão de endometriose da parede abdominal como procedimento principal ou adicional. Estes constituíram nosso estudo grupo. | A alta prevalência de endometriose infiltrativa profunda e peritoneal concomitante ou prévia, bem como de infertilidade em nossa coorte de pacientes U-AWE sugere que a endometriose umbilical pode ser um marcador específico para uma paciente altamente propensa à endometriose pélvica e sub-infertilidade subsequente. Co-ocorrência frequente com endometriose pélvica, apoiado por este estudo, sugere que o médico deve considerar uma avaliação abrangente desses pacientes, que pode incluir avaliação especializada por US, outras modalidades de imagem e laparoscopia diagnóstica e tratamento. As descobertas lançam nova luz também sobre os resultados do estudos anteriores que reuniram esses dois subgrupos, já que muitas características desses dois grupos de pacientes são diferentes. São necessários mais estudos clínicos em coortes maiores para diferenciar claramente estes dois grupos de pacientes, caracterizá-los e analisá-los separadamente com relatos de taxas de infertilidade. |
Guo et.al, 2020 | Frontiers in Endocrinolog y | É possível usar diferentes progestágenos no cotratamento com gonadotrofina menopáusica humana (hMG) em mulheres com endometriose avançada, mas com ovulação normal durante a fertilização in vitro (FIV) com hiperestimulação ovariana controlada (COH)? Ainda não se sabe se diferentes tratamentos com progestágenos podem ser uma escolha alternativa para mulheres com endometriose grave ao considerar o tratamento de fertilização in vitro/ICSI? | Ensaio clínico randomiza do | O número de oócitos recuperados foi maior no grupo acetato de medroxiprogesterona +hMG do que nos outros dois grupos (9,3 ± 5,7 vs. 8,0 ± 4,5 vs. 7,8 ± 5,2, P = 0,021). Os níveis de LH foram suprimidos após um tratamento de 6 dias com progestina nos grupos acetato de medroxiprogesterona +hMG e didrogesterona +hMG, mas houve uma recuperação dos valores de LH no grupo progesterona +hMG. Não ocorreu aumento prematuro de LH e síndrome de hiperestimulação ovariana (OHSS). Não foram observadas diferenças significativas entre os três grupos nos resultados de fertilização e gravidez. | É obrigatório ressaltar que nossas conclusões são válidas para pacientes com endometriose ovariana avançada, mas com funções ovarianas normais. Estes resultados sugerem que três protocolos diferentes de progestágenos são equivalentes em termos de resultados de gravidez para mulheres com endometriose avançada. O protocolo PPOS pode ser uma escolha alternativa para mulheres com endometriose grave e reserva ovariana normal no tratamento de FIV/ICSI. Esses métodos poderiam ser testados com outras populações de mulheres com endometriose. |
Li et al., 2023 | Biology of Reproduction | O presente estudo foi conduzido para explorar o efeito potencial da progesterona elevada no fluido folicular (FF) na ovulação na endometriose. | Estudo de coorte | Pacientes com endometriose apresentaram significativamente maior nível de progesterona no soro, FF e PF. Células da de pacientes com endometriose revelaram diminuição da expressão de HPGD, COX-2 e sinalização NF-KB suprimida. Da mesma forma, o tratamento com progesterona in vitro regulou negativamente a expressão de HPGD e COX2 e suprimiu a sinalização de NF-KB na linha celular semelhante a tumor da granulosa KGN (Bena Culture Collection, China) e principalmente GCs cultivados, como manifestado pela diminuição expressões de IL1R1, IRAK3, redução da razão pIKBα/IKBα e translocação do núcleo de p65. Pelo contrário, o tratamento com TNF-α aumentou a expressão de IL1R1, IRAK3, pIKBα, p65 e HPGD em GCs. Um potencial sítio de ligação p65 foi identificado na região promotora de HPGD pela cromatina imunoprecipitação. | Em conclusão, descobrimos que a progesterona intrafolicular pode regular negativamente o HPGD e a COX-2 nos GCs através da supressão a via de sinalização NF-KB, esclarecendo o mecanismo subjacente à disfunção ovulatória relacionada à endometriose. |
Osmanlıoğl u et al., 2022 | Reproductive Sciences | Este estudo tem como objetivo avaliar o impacto do endometrioma na qualidade embrionária e no resultado do ciclo em pacientes submetidas a tratamento com tecnologia reprodutiva (ART) devido à diminuição da reserva ovariana (DOR). | Estudo caso-controle | Gravidez clínica (35 (26,5%) vs. 8 (18,2%) vs. 18 (42,9%), respectivamente; p = 0,038) e taxas de aborto espontâneo (12 (9,1%) vs. 0 vs. 8 (19,0%), respectivamente ; p=0,009) foram maiores no grupo endometrioma sem cirurgia. | As mulheres com DOR parecem ter resultados semelhantes no ciclo de TARV, independentemente da etiologia, em termos de taxas de nascidos vivos. A infertilidade de pacientes com endometrioma pode estar relacionada à alteração do endométrio e não à diminuição da qualidade do oócito. A cistectomia para endometrioma antes da fertilização in vitro não pareceu afetar o LBR. |
Maignien etal., 2023 | Reproductive BioMedicine Online | O objetivo deste estudo foi avaliar os resultados reprodutivos e identificar potenciais fatores prognósticos para doação de ovócitos. | Estudo de coorte | Cinquenta e sete pacientes foram submetidas a 90 ciclos de doação de ovócitos após 244 ciclos de fertilização in vitro autóloga falhados. A idade média § DP da população foi de 36,8 ± 3,3 anos, com uma duração média de infertilidade de 3,6 ± 2,2 anos e um número médio de ciclos autólogos de fertilização in vitro/ICSI de 4,4 ± 2,3 ciclos por paciente. Três pacientes (5,3%) apresentavam endometriose peritoneal superficial, duas pacientes (3,5%) apresentavam endometriomas ovarianos e 52 pacientes (91,2%) apresentavam endometriose infiltrativa profunda, entre as quais 30 pacientes (57,7%) apresentavam lesões intestinais. Trinta pacientes (52,6%) apresentavam adenomiose associada. No geral, o CLBR por paciente foi de 36/57 (63,2%). Depois na análise multivariada, apenas ser nuligesta (P=0,002) permaneceu como fator preditivo negativo independente da taxa de nascidos vivos. A cirurgia anterior não teve impacto nos resultados reprodutivos. | Este estudo sugere que a doação de oócitos parece ser uma opção viável para otimizar a taxa de nascidos vivos em mulheres com infertilidade relacionada à endometriose e falhas recorrentes de fertilização in vitro. |
Anastasi et.al, 2023 | International Journal of Environment al Research and Public Health | The primary objective of this prospective single-cohort study was to confirm the effectiveness of NAC in reducing endometriosis-related pain and the size of ovarian endometriomas. The secondary objective was to assess if NAC may play a role in improving fertility and reducing the Ca125 serum levels. | Estudo de coorte | Cento e vinte pacientes foram recrutados. A intensidade da dismenorreia, dispareunia e PPC melhorou significativamente (p <0,0001). O uso de AINEs (p =0,001), o tamanho dos endometriomas (p < 0,0001) e os níveis séricos de Ca125 (p <0,0001) diminuíram significativamente. Entre as 52 pacientes com desejo reprodutivo, 39 conseguiram engravidar com sucesso dentro de 6 meses após o início da terapia (p = 0,001). Conclusões: NAC oral melhora a dor relacionada à endometriose e o tamanho dos endometriomas. Além disso, diminui os níveis séricos de Ca125 e pode melhorar a fertilidade em pacientes com endometriose. | A N-acetilcisteína é eficaz na redução dos sintomas de dor relacionados à endometriose, do tamanho dos endometriomas e dos níveis séricos de Ca125. Além disso, mostrou um impacto positivo na fertilidade dos pacientes. A NAC pode representar uma boa opção terapêutica para mulheres sintomáticas com endometriose e desejo de engravidar. |
Rocha-Júni or et.al, 2019 | Sage Journals | Para entender melhor os envolvidos na receptividade endometrial, este estudo caso-controle teve como objetivo comparar o padrão de metilação de PGR-A e PGR-B no endométrio eutópico de mulheres inférteis com e sem endometriose durante a fase secretora. | Estudo caso-contr ole | Foram realizadas biópsias endometriais de 19 pacientes (10 mulheres inférteis com endometriose e 9 controles inférteis) com ciclos regulares durante a fase secretora e foram datados de acordo com os critérios de Noyes. A porcentagem de metilação do DNA em PGR-A e PGR-B foi realizada por ensaio de fusão de alta resolução. O gene PGR-A apresentou 0% de metilação do DNA (não metilado) em ambos os controles e grupos de endometriose. Entretanto, o gene PGR-B apresentou padrão parcialmente metilado na maioria dos pacientes (n 1⁄4 7), com percentual de metilação correspondente a 50%, enquanto no grupo controle o percentual de metilação foi de 20% (hipometilado; P 1⁄ 4.04). | O aumento da porcentagem de metilação no PGR-B pode estar relacionado à redução da expressão gênica, o que poderia comprometer a receptividade endometrial em pacientes com endometriose. |
Liang et al., 2018 | Reproductive Biology and Endocrinolog y | Compare terapêutica, efeitos colaterais e ações terapêuticas de Esmya, Duphaston e Dienogest na endometriose. | Estudo caso-contr ole | Após o tratamento com Esmya, Duphaston e Dienogest, o tamanho e o peso das lesões diminuíram significativamente. A expressão de proliferação de Pcna foi significativamente diminuída em todos os grupos, mas a proliferação de células foi significativamente diminuiu apenas no grupo Duphaston. A expressão de apoptose Mapk1 e células positivas para TUNEL foram significativamente aumentou no grupo Duphaston. A expressão de adesão Mmp2 e Itgavβ3 foi significativamente aumentada em Esmya grupo. A expressão de Plau, Hif1α e Vegfa, os níveis de PGE2 no líquido peritoneal e a expressão de ERα e ERβ não foram afetado; enquanto a expressão de PR foi significativamente menor em todos os grupos. A contagem das glândulas endometriais no útero foi aumentou significativamente no grupo Dienogest, o IET diminuiu significativamente no grupo Duphaston e a AFC foi aumentou significativamente no grupo Esmya. Após a interrupção do tratamento, o crescimento da lesão recuperou rapidamente no Dienogest e Grupos Duphaston, mas lentamente no grupo Esmya. | Esmya, Duphaston e Dienogest são medicamentos anti-endometriose eficazes que visam a proliferação, apoptose e adesão. Esmya, Duphaston e Dienogest são todos bem toleráveis, embora a glândula endometrial hiperplasia foi encontrada em Dienogest, atrofia endometrial em Duphaston, acúmulo de folículos em Esmya. |
Esmaeilzad eh et al., 2022 | JBRA Assisted Reproduction | To investigate the effect of endometriosis and its different stages over Intracytoplasmic Sperm Injection (ICSI) outcomes among infertile women without previous history of ovarian surgery. | Estudo de coorte | Patients with advanced endometriosis had significantly fewer retrieved oocytes with small effect size (p<0.001, η2=0.04), lower metaphase II oocytes (p<0.001, η2=0.09) and fewer total numbers of embryos (p<0.001, η2=0.11) compared with less severe disease or women with tubal factor infertility. The fertilization rate in women with severe endometriosis was similar to that of the control group and in those with minimal/mild endometriosis (p=0.187). | Severe endometriosis negatively affects ovarian response, oocyte quality and embryos. However, fertilization rate is not different among the various stages of endometriosis. |
Sukhikh et al., 2021 | Elsevier | Comparar a eficácia de dois regimes de tratamento diferentes com didrogesterona no tratamento da dor pélvica crônica relacionada à endometriose. | Estudo de coorte | Foi observada uma redução acentuada na dor pélvica crónica com os regimes de tratamento cíclico prolongado e contínuo (alteração média do desvio padrão em relação ao valor basal –3,3 2,2 e –3,0 2,2, respetivamente), sem diferença significativa entre os dois grupos. Com ambos os regimes, os pacientes experimentaram melhorias significativas | Regimes de tratamento cíclicos e contínuos prolongados de terapia com didrogesterona demonstraram uma redução pronunciada e semelhante na gravidade da dor pélvica crônica e da dismenorreia e levaram a melhorias |
O presente estudo investigou a eficácia de diferentes tratamentos para a endometriose, focando-se em resultados reprodutivos e qualidade de vida. Diversos regimes de tratamento hormonal foram comparados para avaliar seu impacto na recuperação de oócitos, supressão hormonal, expressão de marcadores moleculares, taxas de gravidez e outras métricas relevantes.
Recuperação de Oócitos e Supressão Hormonal
Os dados mostram que o número de oócitos recuperados foi significativamente maior no grupo tratado com acetato de medroxiprogesterona + hMG (9,3 ± 5,7) em comparação aos grupos didrogesterona + hMG e progesterona + hMG (8,0 ± 4,5 e 7,8 ± 5,2, respectivamente; P = 0,021). Além disso, a supressão dos níveis de LH foi observada após seis dias de tratamento com progestina nos grupos acetato de medroxiprogesterona + hMG e didrogesterona + hMG, mas houve recuperação dos valores de LH no grupo progesterona + hMG. Esses resultados indicam que os tratamentos com acetato de medroxiprogesterona e didrogesterona são eficazes na supressão hormonal necessária para procedimentos de fertilização assistida, sem aumento prematuro de LH ou incidência de síndrome de hiperestimulação ovariana (OHSS).
Análise Molecular e Expressão Gênica
Pacientes com endometriose apresentaram níveis mais elevados de progesterona no soro, fluido folicular (FF) e fluido peritoneal (PF). A expressão de HPGD, COX-2 e a sinalização NF-KB foi significativamente suprimida nas células da granulosa dessas pacientes. Tratamentos in vitro com progesterona corroboraram esses achados, demonstrando uma regulação negativa da expressão de HPGD e COX2, além da supressão da sinalização NF-KB na linha celular KGN. Em contraste, o tratamento com TNF-α aumentou a expressão de IL1R1, IRAK3, pIKBα, p65 e HPGD, sugerindo que fatores inflamatórios desempenham um papel crucial na patogênese da endometriose.
Resultados Reprodutivos
Em termos de resultados reprodutivos, as taxas de gravidez clínica foram significativamente diferentes entre os grupos, com o grupo sem cirurgia apresentando a maior taxa (42,9%, p = 0,038). As taxas de aborto espontâneo também foram mais altas neste grupo (19,0%, p = 0,009). Esses resultados indicam que a presença de endometrioma pode influenciar negativamente as taxas de gravidez e aborto. Além disso, a análise multivariada revelou que ser nulípara foi um fator preditivo negativo independente da taxa de nascidos vivos (P = 0,002), enquanto a cirurgia anterior não teve impacto significativo nos resultados reprodutivos, destacando a importância da paridade prévia na previsão de sucesso reprodutivo.
Impacto da NAC e Outras Terapias
O tratamento com NAC oral mostrou melhorias significativas na intensidade da dor, tamanho dos endometriomas e níveis séricos de Ca125. Entre as 52 pacientes com desejo reprodutivo, 39 conseguiram engravidar dentro de seis meses após o início da terapia (p = 0,001), sugerindo um potencial efeito positivo da NAC na fertilidade. Além disso, biópsias endometriais revelaram padrões distintos de metilação do DNA nos genes PGR-A e PGR-B, com metilação parcial significativa do PGR-B em pacientes com endometriose (P = 0,04), sugerindo uma possível alteração epigenética associada à doença.
Comparação de Terapias Hormonais
Os tratamentos com Esmya, Duphaston e Dienogest resultaram em reduções significativas no tamanho e peso das lesões de endometriose, com variações na expressão de diferentes marcadores moleculares. O crescimento das lesões após a interrupção do tratamento foi mais lento no grupo Esmya, indicando uma possível vantagem deste tratamento na gestão de longo prazo da endometriose. Esmya também aumentou significativamente a expressão de adesão Mmp2 e Itgavβ3, enquanto Duphaston reduziu a expressão de proliferação de Pcna e aumentou a apoptose celular.
Os achados deste estudo sublinham a complexidade da endometriose e a necessidade de abordagens de tratamento personalizadas. A variação nas respostas aos diferentes regimes de tratamento indica a importância de entender os mecanismos subjacentes à doença para desenvolver terapias mais eficazes. As terapias hormonais mostraram-se eficazes na gestão dos sintomas e na melhora dos resultados reprodutivos, enquanto tratamentos como a NAC oral podem oferecer benefícios adicionais na redução da dor e aumento da fertilidade. Estes resultados fornecem uma base sólida para futuras pesquisas e aprimoramento das estratégias de tratamento da endometriose.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os novos progestágenos e moduladores seletivos de receptor de progesterona, Esmya, Duphaston e Dienogest, demonstraram-se eficazes no tratamento da endometriose, apresentando efeitos significativos sobre a proliferação, apoptose e adesão das lesões endometrióticas. Os medicamentos foram bem tolerados, embora alguns efeitos adversos específicos tenham sido observados, como hiperplasia glandular endometrial com Dienogest, atrofia endometrial com Duphaston e acúmulo folicular com Esmya. A taxa de recorrência das lesões variou entre os tratamentos, sendo mais lenta no grupo tratado com Esmya.
Além disso, a pesquisa revelou que a progesterona elevada no fluido folicular em pacientes com endometriose pode reduzir a expressão de HPGD e COX-2 nas células da granulosa, suprimindo a via de sinalização NF-KB. Isso sugere um mecanismo subjacente à disfunção ovulatória relacionada à endometriose, contribuindo para a infertilidade associada à doença. A terapia com progestinas e moduladores seletivos do receptor de progesterona mostrou-se promissora, com o DienogestPor destacando-se pelo melhor perfil de eficácia e segurança. No entanto, estudos adicionais são necessários para esclarecer os efeitos detalhados nas lesões endometrióticas e possíveis efeitos colaterais em órgãos reprodutivos.
Adicionalmente, foi observado que a presença de endometriomas não compromete a qualidade dos embriões nem as taxas de nascimentos vivos em pacientes com reserva ovariana diminuída (DOR). A cirurgia de cistectomia antes da FIV não parece ser necessária para melhorar as taxas de nascimentos vivos em pacientes com DOR, sugerindo que a infertilidade pode estar mais associada a alterações no endométrio do que a uma redução na qualidade dos oócitos.
Os regimes de medroxiprogesterona + hMG, didrogesterona + hMG e progesterona + hMG mostraram-se equivalentes em termos de desfechos de fertilização e gravidez em mulheres com endometriose avançada e função ovariana normal. Isso reforça a viabilidade do protocolo PPOS como uma alternativa para tratamento de FIV/ICSI em mulheres com endometriose severa. Estudos adicionais são necessários para confirmar e refinar esses resultados.
Logo, esses tratamentos, além de melhorarem significativamente a qualidade de vida das pacientes, ao reduzir os sintomas como cólicas menstruais intensas, visam diminuir os focos de tecidos endometriais, principalmente no fundo do útero, onde ocorre a nidação, e nos ovários para garantir a preservação das reservas de oócitos, assim proporcionando melhor prognóstico para a endometriose e aumento das taxas de fertilidade.
REFERÊNCIAS
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y Methylated in Eutopic Endometrium From Infertile Women With Endometriosis. Reproductive Sciences, v. 26, n. 12, p. 1568–1574, 19 fev. 2019.
1 Discente do Curso Superior de medicina do Instituto UniCEUB Campus Asa norte nome:Letícia da Costa Vieira#, Luísa Carvalho de Souza1, Marcela Di cardoso1, Maria Eduarda Rodrigues Amaral1, Nicole da Fonseca Elias1; e-mail: leticiavieiradf@gmail.com; nicolefonelias@gmail.com; luisa.csouza@sempreceub.com; mariaeduardaamaral@sempreceub.com; marcela.farinha@sempreceub.com
2 Docente do Curso Superior de medicina do Instituto UniCEUB Campus Asa norte. Mestre em xxxxx (PPGMAD/UNIR). nome: João de Sousa Pinheiro Barbosa #; e-mail: joao.barbosa@ceub.edu.br