IMPACTOS DO SARS-CoV2 NO SISTEMA REPRODUTOR MASCULINO: UMA REVISÃO NARRATIVA

IMPACTS OF SARS-CoV2 ON THE MALE REPRODUCTIVE SYSTEM: A NARRATIVE REVIEW

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202410040948


Jean Felipe da Costa Cordeiro¹; Lucas Pedro Rodrigues Martins²; Thalia Reis Pereira³; Aline Andrade Lopes⁴; Camila Valéria Rocha Silva⁵; Jonathan Raony Souza da Silva⁶; Josué Bengtson Netto⁷; Maria Eduarda Carvalho Pinto⁸; Mayara do Socorro de Aquino Costa⁹; Rodrigo da Silva Dias¹⁰.


Resumo

Introdução: O SARS-CoV-2 pode impactar o sistema reprodutor masculino, causando infecção testicular e inflamação, além de afetar a produção de espermatozoides e os níveis de testosterona. Há relatos de alterações na qualidade do esperma e disfunção erétil, possivelmente devido a fatores físicos e psicológicos. A pesquisa sobre os efeitos a longo prazo ainda está em andamento. Objetivo: Relatar a ocorrência de alterações funcionais no sistema reprodutor masculino possivelmente relacionadas à infecção por SARS-CoV2. Métodos: Este estudo é uma revisão narrativa da literatura sobre as alterações no sistema reprodutor masculino  causadas pelo SARS-CoV-2, focando em publicações a partir de 2020. A pesquisa, realizada na base PubMed, revelou a escassez de revisões sobre o tema. Após identificar 201 artigos, foram selecionados 55 para leitura completa, resultando em 35 artigos relevantes para a análise. Resultados: Análises imuno-histoquímicas evidenciaram a presença e alterações decorrentes da infecção pelo SARS-CoV-2. Os estudos apontam para o risco de prejuízos no processo de espermatogênese, resultando em esperma com menor quantidade de gametas e espermatozoides morfologicamente alterados, com a mobilidade reduzida. Lesões de testículo e pênis também foram descritas, como orquites, inflamação do cordão espermático e isquemia peniana. A disfunção erétil foi um importante achado, decorrente provavelmente dos danos ao fluxo vascular peniano. Por fim, redução dos níveis de testosterona pode ser observada em pacientes após o COVID-19, possivelmente devido a lesões testiculares. Conclusão: A infecção pelo SARS-CoV-2 pode acarretar diversas alterações importantes no sistema reprodutor masculino, assim como na saúde sexual do homem.

Palavras-chave: COVID-19; SARS-CoV-2; Sistema urogenital masculino; Disfunção sexual.

ABSTRACT

Introduction: SARS-CoV-2 can impact the male reproductive system, causing testicular infection and inflammation, in addition to affecting sperm production and testosterone levels. There have been reports of changes in sperm quality and erectile dysfunction, possibly due to physical and psychological factors. Research on long-term effects is still ongoing. Objective: To report the occurrence of functional changes in the male reproductive system possibly related to SARS-CoV-2 infection. Methods: This study is a narrative review of the literature on changes in the male reproductive system caused by SARS-CoV-2, focusing on publications from 2020 onwards. The search, carried out in the PubMed database, revealed a scarcity of reviews on the subject. After identifying 201 articles, 55 were selected for full reading, resulting in 35 relevant articles for analysis. Results: Immunohistochemical analyses showed the presence and changes resulting from SARS-CoV-2 infection. Studies indicate the risk of impairment in the spermatogenesis process, resulting in sperm with fewer gametes and morphologically altered spermatozoa with reduced mobility. Testicular and penile lesions have also been described, such as orchitis, inflammation of the spermatic cord, and penile ischemia. Erectile dysfunction was an important finding, probably resulting from damage to penile vascular flow. Finally, reduced testosterone levels can be observed in patients after COVID-19, possibly due to testicular lesions. Conclusion: SARS-CoV-2 infection can cause several important changes in the male reproductive system, as well as in men’s sexual health.

Keywords: COVID-19; SARS-CoV-2; Male urogenital system; Sexual dysfunction.

1 INTRODUÇÃO

O ano de 2020 foi marcado pelo início da pandemia causada pelo vírus SARS CoV-2, popularmente conhecido como coronavírus, a qual, em escala global, somada às diversas crises pré-existente, principalmente em países subdesenvolvidos, gerou um ponto crucial de inflexão da história humana que corroborou para o colapso de diversos sistemas de saúde (BUSS, 2020).

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), até agosto de 2021 haviam sido registrados mais de 200 milhões de casos confirmados e mais 4 milhões de mortes pelo Covid em todo mundo. No Brasil, a situação é alarmante e o país é o terceiro em número absoluto de casos confirmados, com mais de 200 milhões, e o segundo em número de mortes, com mais de 560 mil (OMS, 2021).

Segundo especialistas, os impactos fisiológicos a longo prazo do COVID-19 ainda não são completamente conhecidos. Entretanto, sabe-se que, em curto prazo, o espectro clínico do paciente infectado varia de um simples resfriado até uma grave pneumonia que pode levar o paciente ao óbito. As pessoas com COVID-19 geralmente desenvolvem os primeiros sinais e sintomas em média de 5 a 6 dias após a infecção. Os principais sintomas são: febre, tosse, dispneia, mialgia, confusão mental, cefaleia, dor de garganta, rinorreia, dor torácica, diarreia, náuseas e vômitos (LIMA, 2020).

Sabe-se que o SARS-CoV-2 utiliza como mecanismo de infecção a ligação do receptor a enzima conversora de angiotensina 2 (ECA2) e a serina protease transmembranar (TMPRSS2), favorecendo a infecção a tecidos e órgãos com alta expressão desse receptor. Assim, alguns sistemas orgânicos já foram identificados como alvos vulneráveis do vírus, como o cardiovascular, respiratório e digestivo; e mais recentemente, o sistema reprodutor foi identificado como mais um sítio favorável a patogenicidade pelo novo coronavírus, por expressar amplamente o receptor ECA2, principalmente as células de Sertoli, de Leydig e as espermatogônias (DA SILVA e GADELHA, 2020).

Estudos recentes demonstraram que o vírus pode ainda desencadear alterações neurológicas e vasculares que podem permanecer por meses, mesmo após o controle da doença, em um quadro conhecido como pós-COVID (CORONA, 2020).  Além disso, novos artigos científicos de relatos médicos também apontam para uma relação com a disfunção erétil (DE) e problemas na saúde sexual masculina (KRESCH, 2021).

 A DE é a disfunção sexual mais comum que acomete homens principalmente após os 40 anos e estima-se que mais de 100 milhões de homens no mundo tenham algum grau da disfunção. No Brasil, o último Estudo Popular do Envelhecimento (2006) entrevistou 5751 homens com mais de 40 anos provenientes de 18 capitais e do Distrito Federal e apontou que mais de 40% da população entrevistada apresentava DE (SARRIS, 2016).

Silva et al (2021) ressalta a importância de avaliar a possibilidade de transmissão sexual, visto que estudos puderam identificar a presença de ácidos nucleicos virais no esperma e nos testículos de pacientes acometidos pela doença. Além disso, esse estudo destaca a capacidade da reação inflamatória sistêmica e hiperpirexia – conhecida como “tempestade de citocina” – de quebrar a barreira hematotesticular, com consequente infiltração de leucócitos e outras células inflamatórias, levando à lesão direta ao interstício e ao epitélio seminífero.

Somado a isso, uma pesquisa para descrever as características histopatológicas do tecido peniano de pacientes pós-COVID-19 publicada no World Journal of Men’s Health por cientistas da universidade de Miami, nos Estados Unidos, apontou que partículas do vírus podem permanecer no pênis após o tratamento da doença, o que pode contribuir para o início ou agravamento de vários quadros do sistema reprodutor masculino. De acordo com o estudo, o tecido peniano dos pacientes analisados continha expressão da proteína Spike do COVID-19 e evidências de disfunção endotelial (KRESCH, 2021).

Portanto, dada a potencialidade da infecção pelo SARS-CoV-2 de afetar a saúde reprodutiva e sexual, além da fertilidade masculina, comprometendo assim, o futuro da espécie, é imprescindível a realização de mais estudos que avaliem os riscos e consequências da COVID-19 para o homem.

2 METODOLOGIA 

O presente estudo trata-se de uma revisão narrativa de literatura, realizada com estudos científicos que tenham o tema central voltado às alterações no sistema reprodutor masculino causadas pelo vírus da COVID-19 e publicados a partir de 2020. 

Para obter eficácia no estudo retrospectivo, foi verificado inicialmente se já havia revisão de literatura sobre a temática na base de dados PubMed. Verificou-se a escassez da exploração da temática, justificável pelo cenário pandêmico e de difícil manejo científico. Logo, demonstrou-se evidente a necessidade de conduzir uma revisão narrativa sobre o tema. 

Portanto, foi desenvolvida uma Revisão Narrativa de Literatura, isto é, um estudo secundário, a partir de outros estudos primários publicados. Esses estudos foram avaliados criticamente em sua metodologia e reunidos em uma análise com abordagem qualitativa, cujo método de revisão consiste nas etapas de: Formulação da questão norteadora do estudo: “Quais os impactos da infecção pelo SARS-CoV-2 no sistema reprodutor masculino?”

A partir desse ponto, realizou-se uma busca na literatura de estudos publicados no PubMed combinando-se Descritores em Ciências da Saúde (DeCS) com a utilização de termos booleanos (“E” e “OU”), de modo que a busca consistiu em: “sistema reprodutivo” e “Covid19” e “SARS-CoV-2” e “disfunção erétil”.

A seleção dos artigos se deu em etapas, sendo a primeira uma triagem para exclusão de revisões de literatura e trabalhos que não atendessem ao objetivo do presente estudo, mediante leitura dos títulos e resumos. Posteriormente, na segunda etapa, foram lidos na íntegra os trabalhos de interesse e eleitos àqueles que atenderam aos critérios de inclusão e apresentaram metodologia viável.  

Após a busca na literatura, antes do processo de triagem, um total de 201 artigos foram encontrados, compostos por artigos originais e artigos de revisão. Após o processo de triagem apenas 55 artigos foram lidos na íntegra e 35 artigos foram eleitos relevantes para o presente trabalho e utilizados na elaboração desta revisão.

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

CONSIDERAÇÕES SOBRE A PRESENÇA DO SARS-COV-2 NO SISTEMA UROGENITAL

A pesquisa feita na literatura expressa a preocupação dos cientistas na possibilidade da presença e a consequência do vírus SARS-CoV-2 no sistema reprodutor humano. De acordo com Fu et al. (2020), o anticorpo ACE-2 apresentou alta marcação em células de ductos seminíferos e células de Leydig. Ainda segundo tais autores, o alto nível de expressão de ACE2 no sistema testicular, pode afetar o desenvolvimento sexual para meninos mais jovens e causar infertilidade em homens adultos infectados pelo SARS-CoV-2. O mesmo resultado foi encontrado no estudo de Cai, T, et al. onde revelou que ACE-2 foi altamente expresso em células espermatogênicas, células de Leydig e células mióides de testículos adultos e células de Sertoli em testículos infantis. (Cai, T, et al. 2020). 

Liu et al. (2020) apontam que as células de Sertoli possuem a maior expressão de ACE2 em testículos humanos, o que sugere que essas células são mais suscetíveis aos efeitos do SARS-CoV-2. Somado a isso, alguns possíveis genes relacionados a COVID-19, como TMPRSS2 e CTSB foram altamente expressos em diferentes tipos de células. Além disso, estudo com pacientes idosos e jovens, mostra que as células testiculares infectadas por SARSCoV-2 foram gravemente danificadas, assim como o IgG foi altamente expresso nas células de Sertoli, nas células germinativas e nas células de Leydig (SHEN et al. 2020).

 Duarte-Neto et al. (2021) foram mais além e detectaram, no tecido testicular, o espessamento da membrana basal do túbulo seminífero e alterações vasculares. Esse espessamento foi observado em todos os casos por coloração tricrômica de Massont, em túbulos com atrofia completa ou parcial, e, de modo curioso, as áreas com espessamento da membrana basal apontaram fibroblastos imunomarcados positivamente para a proteína SARS-CoV-2 e partículas virais por microscopia eletrônica. 

Um estudo ainda mais aprofundado de Sabetian, S. et al. (2021) apontou quatro MicroRNAs (miRNAs) desregulados, que regulam ACE2 e são expressos em homens inférteis, TMPRSS2 é regulado por um (miRNA) e também é expresso em homens inférteis. Além disso, foi descoberto que 9 dos 349 RNAs não codificantes longos (lncRNAs) estudados eram específicos do testículo. Os pesquisadores concluíram que os miRNAs e lncRNAs propostos podem ser biomarcadores potenciais para examinar o efeito do SARS-CoV-2 em danos nos testículos e na espermatogênese. 

CONSIDERAÇÕES SOBRE O SARS-COV-2 E O SÊMEN

Ao abordar os possíveis impactos da infecção na reprodução masculina, muito se questiona acerca de alterações a nível de sêmen e suas características e qualidade. 

Nesse sentido, há diversos estudos atuais que demonstram teste negativo para SARSCoV-2 em amostras de sêmen. Porém, aponta-se uma série de alterações morfológicas, apesar da negatividade, a exemplo da redução na concentração de esperma e na motilidade dos espermatozoides, inclusive há a correlação entre o período de recuperação e tais alterações, pois os níveis quantitativos foram significantemente menores nos pacientes com tempo de recuperação superior a 90 dias quando comparados àqueles com recuperação mais rápida.

Entretanto, há o retorno na elevação desses parâmetros conforme maior o período pós infecção (GUO et al., 2021; RUAN et al., 2020; PAN et al., 2019, KOÇ E KESEROĞLU, 2021, DELAROCHE et al, 2021). Ressalta-se, ainda, que a motilidade foi o principal fator alterado, e que não há indícios de diferença entre os pacientes com COVID leve e com COVID moderada nas variáveis mencionadas (SCROPPO et al. 2021). 

Há, entretanto, indícios de que na fase aguda da doença alterações no sêmen podem ocorrer mais pelo quadro inflamatório do que pelo efeito direto do SARS-CoV-2 nos testículos, como o estudo de Temiz et al., (2020) no qual a porcentagem de espermatozoides morfologicamente normais reduziu em 7,4% e a porcentagem se espermatozoides não móveis aumentou em 20,4% por febre durante a espermiogênese. 

A nível de estresse oxidativo já foi relatado que a concentração de esperma, motilidade, morfologia e viabilidade de espermatozoides bem com os níveis de espécies reativas de oxigênio seminais (ROS), malondialdeído (MDA), capacidade antioxidante total (TAC) e a fragmentação do DNA espermático em amostras de sêmen melhoraram consideravelmente em 120 dias após o diagnóstico de COVID-19 quando comparados a valores analisados com 14 dias. Assim, os níveis de ROS e MDA reduziram em pacientes 120 dias após a infecção, e o TAC aumentou em 120 dias quando comparado com 14 dias. Em suma, revelou-se que os danos do COVID-19 nos parâmetros do sêmen, causadas pelo estresse oxidativo, diminuíram em até 120 dias após o diagnóstico (FALAHIEH, F. et al 2021).

Em outros estudos que abordaram parâmetros hormonais, evidenciou-se que, apesar da positividade para SARS-CoV-2, amostras de sangue mostraram valores normais para alguns hormônios e índices inflamatórios dosados (FSH, LH, testosterona, PCT, IL-6 e PCR), e apenas o estradiol foi reconhecido por apresentar alteração negativa relacionada com o tempo de disseminação viral, ou seja, quanto maior a duração, menor o nível de estradiol (SCROPPO et al., 2021; HUI XU et al., 2020). 

Ainda nesse sentido, análises acerca da influência farmacológica com o uso de hidroxicloroquina associado ao favipiravir (terapêutica inicialmente muito utilizada na tentativa de contornar a gravidade dos casos) também não encontraram alterações nos níveis séricos hormonais e no esperma (GUL A. et al., 2021).

Esses achados são indicativos de que a COVID-19, provavelmente, não possuiu efeitos significativos sobre os testículos e consequentemente sobre a fertilidade de modo permanente, afinal, a razão Testosterona/LH é um parâmetro prognostico de infertilidade e função das células de Leydig (TAMIZ et al., 2020). Há, contudo, contradições no que se refere a essas alterações hormonais, com estudos que relatam redução significativa no nível de testosterona após o diagnóstico de COVID-19, porém com manutenção dos níveis normais de FSH e LH (KOÇ E KESEROĞLU, 2021). Desse modo é notória a necessidade de mais estudos com espaço amostral o mais amplo possível para que se chegue a conclusões definitivas. 

Além do sêmen, também não foi detectada a presença do vírus no testículo de pacientes positivos para COVID-19, reiterando que não ocorre infecção pelo vírus no sistema reprodutor nem durante a fase aguda, tornando pouco provável a transmissão sexual do COVID-19 (SONG et al, 2020).  

Outro estudo de caso analisou um paciente infectado com SARS-CoV-2 que evoluiu para a forma grave da doença. A pesquisa aborda o mesmo após 11 meses de alta com IgG ainda positivo. A taxa de esperma anormal do paciente aumentou significativamente e a atividade espermática diminuiu na mesma proporção, entretanto não foi identificado ácido nucleico viral no sêmen analisado (Zhu, M., Chen, D., Zhu, Y. et al. 2021).

Destaca-se, por fim, estudo inédito feito em uma clínica de fertilização in vitro, que avaliou as características morfológicas dos espermatozoides em diferentes amostras de sêmen coletadas ao longo de 135 dias, de um único paciente, antes, durante e após o quadro de COVID19. Após 135 dias de recuperação os exames mostraram melhora na quantidade e motilidade dos gametas, mas a morfologia ainda apresentou alterações, com características típicas de teratozoospermia, e dano grave ao material genético. Os embriões formados também eram de baixa qualidade, e apresentaram fragmentação severa, e por isso não poderiam ser fertilizados (MANNUR et al, 2021).

CONSIDERAÇÕES SOBRE LESÕES TESTICULARES E O SARS-COV-2

Em estudo de Moghimi et al. (2021), 6 amostras post-mortem de pulmões e testículos de pacientes infectados por SARS-CoV-2. A exposição ao COVID-19 causou alterações degenerativas nos túbulos seminíferos associadas à perda da espermatogênese e redução do número total de células testiculares. A percentagem de células apoptóticas nos pacientes do grupo COVID (39.05%) foram maiores que a do grupo controle (9.93%).

Em outra pesquisa realizada por Flaifel et al. (2020), 7 dos 10 casos de pacientes mortos por COVID-19 estudados apresentaram alterações morfológicas provavelmente devido a estresse oxidativo, observadas em diferentes estágios do ciclo espermático, incluindo condensação da cromatina, citoplasma acidófilo e fragmentação nuclear. Também foi observada a presença de micro trombos multifocais em 2 casos com aumento de plaquetas nos vasos testiculares associado à formação de aglomerados e trombos ocasionais e evidenciou-se que as alterações no grupo COVID-19 eram agudas enquanto no grupo controle eram relacionadas a processos crônicos. 

Somado a isso, Duarte-Neto et al. (2021) apresentam uma abordagem a partir de amostras testiculares post-mortem de pacientes que foram a óbito por COVID-19, e, diante disso, apontam que há lesões em testículos de pacientes com COVID-19 fatal, as quais podem ser associadas a alterações inflamatórias relacionadas ao SARS-CoV-2 no parênquima testicular e aos diversos níveis de dano vascular secundário à isquemia. Ainda nessa pesquisa, orquite foi encontrada em 73% dos pacientes. A orquite intersticial era leve, composta principalmente por macrófagos, com participação de outros tipos celulares.

Além disso, inflamação testicular em paciente positivo para COVID-19 e com queixa de fortes dores também foi relatado, conforme descrito por Özveri et al (2020). No exame genital o paciente apresentou sensibilidade aumentada do cordão espermático esquerdo e dor à palpação, sem alterações da pele escrotal. O exame de USG de testículos mostrou aumento moderável da trama vascular, sugestivo de inflamação do cordão espermático, mas sem achados compatíveis com orquite. Foram feitos testes para diversas ISTs, que obtiveram resultado negativo.

Outro estudo avaliou os efeitos da infecção SARS-CoV-2 em testículos de cinco pacientes com COVID-19 na autópsia. A pesquisa revelou que nos 5 pacientes infectados numerosas células germinativas (GCs) degeneradas se desprenderam para o lúmen dos túbulos seminíferos, indicando que a infecção por SARS-CoV-2 pode prejudicar o desenvolvimento das GCs masculinas, e eventualmente, levar à perda das mesmas. Ademais, verificou-se que o vírus infecta as células do testículo através do mecanismo de ligação da glicoproteína spike, que fornece o alicerce para a ligação do vírus com a célula (Ma, X. et al. 2020).

Sobre a presença de mediadores inflamatórios no sistema reprodutor masculino, a pesquisa de Peirouvi, T. et al.  abordou o efeito da infecção pelo SARS-CoV-2 na barreira hematotesticular (BHT) em pacientes que morreram por complicações da síndrome respiratória aguda grave causada pelo COVID-19. A pesquisa concluiu que a infecção pelo vírus pode interromper a integridade da BHT através do aumento da produção de citocinas próinflamatórias, como TNF-α, IL-1 e IL-6, bem como a diminuição das expressões de genes e proteínas relacionadas à BTB (Peirouvi, T., Aliaghaei, A., Eslami Farsani, B. et al. 2021).

 Por fim, a busca pelos mediadores inflamatórios no sêmen em pacientes recuperados da infecção pelo coronavírus 2019 conduziu uma pesquisa onde que foram encontrados altos níveis de citocinas (interleucina-1 β e fator de necrose tumoral – α) e marcadores (proteína C reativa e procalcitonina) inflamatórias no sêmen dos pacientes recentemente recuperados da infecção, o que pode indicar uma condição inflamatória também presente no sistema genital masculino (Morselli, S, Sebastianelli, A, Liaci, A, et al. 2021). Outro estudo feito com 84 pacientes diagnosticados com COVID-19, indicou o aumento na presença de citocinas inflamatórias, como IL-1B, IL-6, IL-8, TGF-B, TNF-A, IFN-A e INF-Y (MALEK et al, 2021).

CONSIDERAÇÕES SOBRE LESÕES PENIANAS E ALTERAÇÕES NA FUNÇÃO ERÉTIL E O SARS-COV-2

Segundo Kresch et al. (2020) tanto o receptor ACE-E quanto o gene TMPRSS-2 são expressos em células endoteliais e provavelmente explicam porque a infecção pelo COVID-19 produz disfunção endotelial generalizada. Assim, os autores apontam a existência de COVID19 no pênis humano após a infecção, e sugere que a disfunção endotelial pode contribuir para a DE resultante, ao afetar o fluxo vascular peniano e resultar em uma função erétil prejudicada. 

Estudo de Karkin e Alma (2021) aponta que os níveis de testosterona após COVID-19 são menores que os níveis de testosterona antes do COVID-19, somado a isso, notou-se que, com o aumento da idade dos pacientes, o Índice Internacional de Função Erétil (IIFE) após o COVID-19 e os níveis de testosterona antes e depois da infecção foram significativamente menores. Os autores também ressaltam que a redução nos níveis desse hormônio em pacientes após o COVID-19 é um indiciador de possível dano testicular.

Alguns casos de emergência também foram relatados na literatura, devido, primariamente, às alterações vasculares causadas pela infecção da COVID-19. Kappel et al (2020) relatou um caso de paciente, obeso, de 46 anos, positivo para COVID-19 e com síndrome do desconforto respiratório agudo. No 17º dia de internação, o exame revelou múltiplas áreas de tecido necrótico sem crepitação ao redor da glande do pênis, escroto superior e na base do pênis. À consulta com urologista, foi feito o diagnóstico de gangrena de Fournier.

Outro caso encontrado na literatura foi de um paciente de 58 anos que procurou atendimento de emergência com quadro de dor peniana aguda. Ao exame físico, foi descrito pênis com fimose e descoloração da glande. Foi realizado uma USG com doppler, que confirmou diagnóstico de isquemia peniana.  TC de tórax revelou opacidade em vidro fosco, sugestiva de infecção recente pelo SARS-CoV-2. Foi feito desbridamento do local da lesão peniana e posterior avaliação patológica, que revelou tecido necrótico e trombose microvascular, além de infiltrado leucocitário nas paredes vasculares (SARKIS, P. et al. 2021).

Nesse aspecto cabe evidenciar o relato de caso de Carreño et al. (2021), no qual a apresentação clínica e os achados do doppler peniano de um paciente infectado por SARS-CoV2, permitiram o diagnóstico de priapismo isquêmico. Apesar de os autores enfatizarem que uma inflamação não modulada pode causar o priapismo, houve nesse paciente, a infusão de propofol para indução anestésica, já relatado como uma possível causa de priapismo isquêmico. Dessa forma não foi possível afirmar que essa ocorrência está relacionada apenas à infecção pelo SARS-CoV-2. 

Por fim, ao avaliar a função erétil de pacientes recuperados do COVID-19 após cerca de 80 dias (primeira visita) e 174 dias (segunda visita), notou-se uma maior prevalência de prejuízo na função erétil em conjunto com sofrimento psíquico na primeira visita em comparação à segunda, esse acompanhamento permitiu que os autores especulassem que a DE, nesses casos, era principalmente psicogênica, afinal, a DE orgânica não é completamente reversível. Os autores ressaltam, ainda, que a disfunção erétil foi, provavelmente, mais influenciada pelo sofrimento psíquico do que pela própria doença COVID-19 após 3 meses de recuperação (HU et al. 2021).

4 CONCLUSÃO

Diante do encontrado na literatura atual, é crucial expor a relevância de estudos que abordem as alterações provocadas pela infecção por SARS-CoV2 no sistema reprodutor masculino. A partir dos achados desses, é possível afirmar que, por intermédio de diversos mecanismos, o COVID-19 possui impactos na saúde reprodutiva do homem. Nesse aspecto, ressaltam-se os variados estudos que apontam o fato de, apesar da não detecção de SAR-CoV2 no sêmen, serem detectadas alterações quantitativas e morfológicas nas características desses e nos espermatozoides, como redução da quantidade e da motilidade e apontou-se, ainda, que quanto mais grave o quadro da doença mais acentuada essa diminuição. 

Somado a isso, detectou-se uma elevada expressão de ACE-2 no sistema testicular, em especial em células do ducto seminífero e células de Leydig, constituindo um indício de que o

SAR-CoV2 pode atacar, além de outros órgãos, os testículos, com risco de afetar o desenvolvimento sexual em indivíduos mais jovens e ocasionar infertilidade em homens adultos infectados. Também se destaca que a deficiência de testosterona se configura como uma das causas hormonais mais importantes de disfunção erétil, e que há estudos apontando níveis significantemente menores desse hormônio após-COVID19, o que pode significar impacto da doença nessa função e, por consequência, na vida sexual do homem. 

Outra possível correlação entre disfunção erétil está no sofrimento psíquico ocasionado pela pandemia, havendo autores que associam a ocorrência de disfunção erétil mais provavelmente a esse sofrimento do que à doença COVID-19, principalmente após meses de recuperação. Por fim, conclui-se que são notórias as alterações no sistema reprodutor masculino pela infecção por SARS-CoV-2, sejam essas pela inflamação resultante do quadro, por alterações celulares ou por questões psicogênicas. Desse modo, é preciso dar continuidade aos estudos nesse sentido para elaborar medidas de prevenção e tratamento cabíveis a essas complicações.

REFERÊNCIAS

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¹Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: jeanfcc@icloud.com
²Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: lucaspedro1407@hotmail.com
³Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: threispereira@gmail.com
⁴Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: alineaandrade7@gmail.com
⁵Discente do Curso Superior de Medicina do Centro Universitário do Estado do Pará – Cesupa Campus João Paulo do Valle Mendes. e-mail: camilavrocsilva@gmail.com
⁶Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: raony.eq@gmail.com
⁷Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: josuebengtsonnetto@gmail.com
⁸Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: eduardaform@gmail.com
⁹Discente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará Campus Centro de Ciências Biológicas e da Saúde. e-mail: mayaraaquino16@gmail.com
¹⁰Docente do Curso Superior de Medicina da Universidade do Estado do Pará. e-mail: rodrigodias.geriatria@yahoo.com