IMPACTS OF THE COVID-19 PANDEMIC ON THE MENTAL HEALTH OF FRONTLINE NURSING PROFESSIONALS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202411101640
Aldebaram Rodrigues de Oliveira¹; Emilly Ribeiro Matias²; Fernanda Costa Rodrigues³; Francisca Simone Lima Araújo Carvalho⁴; Sheila Macedo Bravim⁵; Pedro Henrique Rodrigues Alencar⁶.
Resumo
Este trabalho aborda os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos profissionais de enfermagem da linha de frente, analisando os fatores estressores e as respostas emocionais que emergiram nesse contexto. O problema de pesquisa foi delimitado na questão: “Quais são os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos profissionais de saúde?”. O objetivo geral é investigar como a pandemia afetou a saúde mental desses profissionais, considerando os desafios emocionais e as condições de trabalho enfrentadas. Os objetivos específicos incluem: identificar os estressores que são específicos para o adoecimento psicológico, compreender as respostas emocionais e psicológicas predominantes e analisar a efetividade das políticas e práticas de suporte oferecidas durante a pandemia. Para atingir esses objetivos, foi utilizada uma metodologia de revisão integrativa, com abordagem em produções científicas acessíveis nas bases de dados Google Acadêmico, Medline, SciELO Brasil e BDENF, publicadas entre 2020 e 2024. Essa abordagem permitiu uma análise sistemática e aprofundada dos resultados das As investigações anteriores possibilitam uma compreensão abrangente dos desafios enfrentados pelos profissionais de enfermagem e a necessidade de suporte adequado em situações de crise.
Palavras-chave: saúde mental. COVID-19. profissionais de enfermagem.
1 INTRODUÇÃO
A saúde mental dos profissionais que atuam na área da saúde tornou-se um tema de grande relevância, especialmente em virtude das elevadas demandas que esses trabalhadores enfrentam e o ambiente exige no qual estão inseridos. Isso se torna ainda mais evidente em situações de crise, como a pandemia de COVID-19, que trouxe à tona os desafios diários enfrentados por esses profissionais. (Silva et al. 2021).
A rotina desgastante a que estão submetidos, marcada por condições de alto estresse e sobrecarga emocional, revela a necessidade urgente de se garantir suporte psicológico adequado e condições de trabalho que promovam o bem-estar. Essa preocupação não é apenas uma questão de saúde individual, mas também impacta diretamente na qualidade dos serviços de saúde prestados à população. (Oliveira et al. 2021).
Para tanto, de acordo com de acordo com Prado et al. (2020), no Brasil, a situação é particularmente crítica, uma vez que muitos desses profissionais lidam constantemente com recursos escassos e jornadas de trabalho intensas. Nesse contexto, a saúde mental dos trabalhadores da saúde se torna uma preocupação essencial para garantir um ambiente de cuidado que seja seguro e sustentável.
Para além disso, ressalta-se que pandemia de COVID-19, por sua vez, intensificou esses desafios já existentes, expondo os profissionais a riscos contínuos de contaminação, à falta de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) e a um aumento significativo na carga de trabalho devido à alta demanda por atendimentos . Esse cenário não apenas agrava as condições de trabalho, mas também agrava os sintomas de estresse, ansiedade, depressão e exaustão emocional, aumentando a vulnerabilidade desses trabalhadores e evidenciando a urgência de estratégias institucionais que oferecem suporte e proteção à saúde mental. (Barbosa et al. 2023).
Diante desse panorama, este estudo propõe uma investigação de forma detalhada dos principais impactos da pandemia na saúde mental dos profissionais de saúde no Brasil. Os objetivos específicos incluem a identificação dos fatores estressores que são importantes para o adoecimento psicológico dessas pessoas, a compreensão das respostas emocionais e psicológicas predominantes e a análise das políticas e práticas de suporte que foram oferecidas durante o período da pandemia. A utilização desses objetivos busca fornecer uma análise aprofundada da situação enfrentada por esses trabalhadores, ressaltando a importância de iniciativas externas para a saúde mental, a fim de promover a resiliência e bem-estar no ambiente de trabalho.
A relevância deste estudo é justificada pela necessidade de compreender de forma abrangente o impacto da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos profissionais de saúde, com o intuito de oferecer informações que possam subsidiar futuras orientações direcionadas à proteção e promoção do bem-estar dessas trabalhadores.
Em relação à estrutura do trabalho, a primeira seção aborda os fatores de risco que afetam a saúde mental dos profissionais de saúde durante uma pandemia, destacando os desafios específicos encontrados em ambientes hospitalares e de atendimento. A segunda seção explora os sintomas e as respostas emocionais mais comuns, como estresse, ansiedade, depressão e burnout, que impactam esses trabalhadores de maneira crítica. Por fim, a terceira seção analisa as políticas institucionais e as práticas de apoio que foram inovadoras, discutindo sua eficácia e propondo melhorias com base nas necessidades identificadas.
Com isso, o estudo visa contribuir para uma compreensão mais profunda da saúde mental dos profissionais de saúde, oferecendo subsídios que orientam tanto as políticas públicas quanto as estratégias institucionais que devem ser mais eficazes e humanizadas. A análise das condições psicológicas e das práticas de suporte permite uma visão crítica e abrangente dos desafios enfrentados por esses profissionais, além de reforçar a importância de medidas que promovam um ambiente de trabalho saudável e seguro. Considerando a complexidade e a importância desse tema, o presente estudo enfatiza a necessidade de proteção e valorização desses trabalhadores, que desempenham um papel fundamental na manutenção e no desenvolvimento de um sistema de saúde que seja eficiente e resiliente.
2 METODOLOGIA
Este estudo consiste em uma revisão integrativa de caráter exploratório, fundamentada em produções científicas acessíveis nas bases de dados Google Acadêmico, Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (Medline), SciELO Brasil (SciELO) e na Base de Dados de Enfermagem (BDENF). A revisão integrativa permite uma análise aprofundada do tema em questão, ao integrar e sintetizar de maneira sistemática os resultados das investigações anteriores.
Para conduzir esta pesquisa, foi seguido um processo metodológico que se desdobrou em seis etapas distintas: (1) formulação da questão central que orienta a pesquisa; (2) busca e seleção de artigos disponíveis na literatura, aplicando critérios rigorosos de inclusão e exclusão; (3) extração de dados relevantes dos estudos identificados; (4) avaliação crítica da qualidade e pertinência dos estudos selecionados; (5) síntese e interpretação dos resultados obtidos; e (6) apresentação final dos resultados na forma de um produto que reflete as descobertas, conforme delineado por Mendes, Silveira e Galvão (2008).
Para a realização da pesquisa, foi empregada a estratégia PICo, onde “P” se refere à população ou ao problema investigado — especificamente, os profissionais de saúde durante a pandemia de COVID-19; “I” representa as características de interesse — os impactos da pandemia na saúde mental desses trabalhadores; e “Co” abrange o contexto — as produções científicas tanto nacionais quanto internacionais que abordam o tema. A pergunta que norteou a pesquisa foi: Quais são os impactos da pandemia de COVID-19 na saúde mental dos profissionais de saúde?
Os critérios de inclusão estabelecidos foram: uma seleção de estudos completos e acessíveis de forma gratuita que discutiram a saúde mental dos profissionais de saúde no contexto da pandemia de COVID-19, publicados entre os anos de 2020 e 2024, e em idiomas como português, inglês e/ou espanhol.
A coleta de dados foi realizada em novembro de 2024, iniciando com uma pré-seleção que envolve a leitura dos títulos e resumos dos artigos disponíveis. Aqueles que satisfizeram os critérios de inclusão passaram por uma leitura completa, a fim de garantir sua relevância em relação aos objetivos do estudo. Na busca por artigos, foram utilizados os descritores “Saúde Mental”, “COVID-19” e “Profissionais de Saúde”, interligados pelo operador booleano “AND”.
Em seguida, os artigos selecionados foram organizados em um quadro informativo que continha detalhes relevantes, como título, objetivo, resultados, autoria e ano de publicação. Os dados coletados foram analisados de forma descritiva, o que possibilitou a construção de um panorama abrangente sobre o tema e facilitou a categorização dos achados em três categorias temáticas principais: Impactos Psicológicos da Pandemia, Estratégias para o Enfrentamento do Estresse Ocupacional e o Papel dos Gestores na Preservação da Saúde Mental dos Profissionais da Saúde.
3 RESULTADOS
A coleta de dados revelou inicialmente um total de 983 publicações relevantes para o estudo. Contudo, 798 deles foram eliminados por não atenderem aos critérios de inclusão específicos. Além disso, 34 estudos foram descartados em virtude da existência de duplicação de informações, enquanto 139 publicações apresentaram links inativos ou não foram acessíveis gratuitamente.
Após uma análise minuciosa, apenas 12 artigos foram apresentados adequadamente aos critérios definidos. Para tornar o processo de seleção dos artigos mais claro, foi elaborado o fluxograma a seguir. (Figura 1):
Figura 1: Fluxograma do processo de seleção dos artigos pesquisados.
Conforme ilustrado na Figura 01, após a análise inicial, foram escolhidos doze estudos para compor a pesquisa. Desses estudos, oito foram indexados na base de dados do Google Acadêmico, enquanto outros dois foram encontrados nas bases MEDLINE e SCIELO, respectivamente. Para facilitar a identificação e o detalhamento dos estudos selecionados, foi elaborado o Quadro 01.
Quadro 01: Distribuição e organização dos estudos selecionados considerando título, autores, ano, periódico, título e periódico
No quadro apresentado, verifica-se que os estudos analisados foram publicados entre os anos de 2020 e 2024. Dentre eles, selecionamos duas publicações referentes ao ano de 2020, três publicações do ano de 2021, uma de 2022, cinco de 2023 e , por fim, apenas uma publicação do ano de 2024. Em relação ao veículo de publicação, a maior parte dos estudos foi divulgada em jornais da área de enfermagem e em revistas de caráter multidisciplinar, destacando-se o foco em publicações científicas de saúde.
O Quadro 02 apresenta o tipo de estudo, os objetivos e os principais resultados dos artigos incluídos na amostra desta pesquisa, fornecendo uma visão geral dos achados mais relevantes.
Quadro 02: Distribuição e organização dos estudos selecionados considerando tipo de estudo, objetivo e principais achados
N° Identif.. | Tipo de estudo | Objetivo | Principais Achados |
1 | revisão integrativa de literatura. | Conhecer a situação da saúde mental dos profissionais da área da saúde da linha de frente na pandemia do COVID-19, e quais consequências para os serviços de saúde | Os sintomas psiquiátricos nos trabalhadores da saúde, já altos, pioraram durante a pandemia. É essencial que as organizações de saúde implementem medidas para melhorar o bem-estar desses profissionais. |
2 | Revisão integrativa da literatura | Identificar a repercussão na saúde mental do enfermeiro que atua na linha de frente do cuidado na pandemia do novo coronavírus (COVID- 19) | A saúde mental dos enfermeiros lidando com a pandemia de Covid-19 é um tema que demanda mais atenção não só dos pesquisadores, mas também dos gestores em saúde e outras autoridades responsáveis por políticas de saúde. |
3 | Revisão de escopo. | Identificar e sintetizar os estudos sobre os preditores relacionados a saúde mental entre enfermeiros que atuam na linha de frente no combate ao COVID-19. | Os enfermeiros enfrentaram grandes desafios na COVID-19, sofrendo estresse, ansiedade e depressão, além de frustração e esgotamento físico e mental. Profissionais jovens, sem experiência em cuidados críticos, sentiram-se especialmente impotentes e inseguros, mas ainda carecem de reconhecimento adequado. |
4 | Revisão sistemática da literatura. | identificar as situações que comprometem a saúde mental e física dos profissionais de enfermagem, durante a pandemia | As literaturas comprovadas revelam altas taxas de adoecimento físico e mental entre enfermeiros, técnicos e auxiliares, com casos de depressão, ansiedade, medo, contaminação, insalubridade e sobrecarga de trabalho, além de morbimortalidades. |
5 | Revisão integrativa. | Analisar como a pandemia de covid-19 impactou a saúde mental dos enfermeiros que atuavam na linha de frente em hospitais. | É necessário investir em ações de prevenção ao adoecimento mental dos enfermeiros e principalmente, proporcionar condições dignas de trabalho. |
6 | Estudo qualitativo: | Descrever a percepção de enfermeiros sobre os efeitos da pandemia na Atenção Primária í Saúde | A pandemia impactou profissionais e usuários, com aumento de ansiedade, estresse e depressão. A reorganização dos serviços, com menor foco em prevenção, gera preocupações sobre diagnósticos tardios, mais comorbidades e outros agravos futuros. |
7 | Pesquisa descritiva e exploratória | Analisar os impactos da pandemia do covid-19 na saúde mental dos enfermeiros da atenção primária. | O estudo mostra que a pandemia causou impacto psicológico, com risco de estresse futuro devido à sobrecarga de trabalho e dificuldades em recuperar a rotina. |
8 | Revisão integrativa da literatura | Identificar nas produções científicas os impactos da Covid-19 na saúde mental dos profissionais de enfermagem. | A saúde mental dos profissionais de enfermagem foi afetada pela pandemia, com sinais de medo, ansiedade e problemas na qualidade de vida. Estratégias como consulta psicológica e suporte ético-emocional foram rupturas para apoio, e este estudo pode orientar ações de acolhimento para melhorar a qualidade de vida desses profissionais. |
9 | Revisão sistemática | Estudar a produção sobre saúde mental dos trabalhadores de saúde no pós pandemia de covid-19 | Saúde mental dos trabalhadores da saúde sempre foram uma realidade devido à precariedade do sistema, porém, foi agravada em decorrência da emergência em saúde e o contexto sociopolítico e econômico e uma necropolítica em curso no país. |
10 | Revisão narrativa | Abordar acerca dos principais problemas acarretados à saúde mental dos enfermeiros no contexto da pandemia Covid-19 e as medidas de cunho preventivo nesse contexto | A pandemia de Covid-19 afetou diretamente a saúde mental de enfermeiros e outros profissionais de saúde, devido ao estresse de estar na linha de frente e ao alto risco de infecção e mortalidade. |
11 | Revisão de literatura | Identificar as evidências científicas sobre a saúde mental dos enfermeiros que atuaram na linha de frente durante a pandemia COVID-19 | Quando observado os aspectos da “Saúde Mental do Enfermeiro Durante a Pandemia”, podemos observar que houve o aumento da depressão e da ansiedade desses profissionais da saúde. |
12 | Revisão integrativa | Avaliar o impacto da pandemia da COVID-19 na saúde mental de profissionais de saúde do Brasil, compilando o conhecimento produzido até o momento | A pandemia da COVID-19 no Brasil trouxe estresses adicionais aos profissionais da saúde. Assim, os gestos de serviços de saúde devem atender à saúde mental desses trabalhadores, implementando ações para enfrentar riscos e proteger seu bem-estar. |
4 DISCUSSÃO
4.1 Riscos relacionados ao trabalho da enfermagem
A saúde mental dos profissionais de saúde tem recebido cada vez mais atenção devido às elevadas exigências impostas pelos serviços de alta complexidade. Essas demandas tornam o ambiente de trabalho um fator determinante na saúde dos indivíduos, impactando diretamente o estilo de vida que esses profissionais desenvolvem. (Barbosa et al. 2023).
De acordo com Prado et al. (2020), entre esses profissionais, o enfermeiro ocupa um papel fundamental, pois é responsável pela prevenção de doenças, pela promoção da saúde e pela reabilitação dos pacientes. Esse conjunto de responsabilidades exige habilidades de alta complexidade e expõe o enfermeiro a riscos psicossociais em todas as áreas em que atua. Nos hospitais, especialmente nos centros cirúrgicos, esses profissionais enfrentam ambientes de grande risco, onde as atividades são dinâmicas, complexas e envolvem uma interação interdisciplinar intensa, além de exigirem respostas rápidas e adaptabilidade constante.
Assim, Jesus, Souza e Machado (2023) explicam que além do cuidado direto aos pacientes, os enfermeiros lidam com uma pressão constante e são altamente exigidos em termos de trabalho em equipe. Suas funções incluem atividades relacionadas à gestão de pessoas, ao fluxo de pacientes e ao controle de equipamentos e materiais, o que intensifica os riscos psicossociais e representa uma ameaça à saúde mental desses trabalhadores.
A categoria de enfermagem enfrenta desafios laborais diários significativos, incluindo uma carga excessiva de trabalho, ambientes insalubres, escassez de recursos e baixa valorização da profissão. Além disso, enfrenta preconceitos de gênero, dificuldades com a liderança e regulamentação insuficiente, e muitas vezes é necessário assumir múltiplas funções simultâneas. Esses profissionais priorizam o cuidado ao outro em detrimento do autocuidado, comprometendo o próprio descanso, enfrentando turnos noturnos e jornadas que frequentemente ultrapassam 30 horas semanais, o que elevam o risco de doenças ocupacionais. (Silva et al. 2021).
Segundo Silva, Nascimento e Botelho (2023), as longas jornadas, o trabalho por turnos, a pressão constante para atender necessidades que muitas vezes excedem os recursos disponíveis, a vigilância constante, e a insatisfação com as condições estruturais, segurança, conforto e mudança são fatores que agravam o risco de adoecimento.
Para tanto, Silva et al. (2021) argumenta que estes aspectos abordados para um aumento significativo do estresse ocupacional e da vulnerabilidade dos profissionais de enfermagem, os quais lidam diariamente com demandas físicas e psicológicas, repetição de tarefas, pressão intensa, responsabilidade contínua, riscos ergonômicos e exposição a materiais contaminados, além de enfrentarem baixos excecional e falta de reconhecimento.
Nesse contexto, os profissionais de enfermagem são frequentemente obrigados a utilizar características pessoais e a buscar equilíbrio físico e mental como estratégia de enfrentamento para um ambiente de trabalho exaustivo, com pressão organizacional e múltiplas responsabilidades. Contudo, tais condições levam frequentemente ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout, à desmotivação, à intenção de abandonar a profissão e, por consequência, ao aumento da insatisfação dos pacientes atendidos. (Silva et al. 2021).
O impacto do estresse ocupacional afeta tanto a saúde física quanto a mental dos enfermeiros. A sobrecarga emocional, aliada a um ambiente organizacional deficiente e ao desgaste contínuo, compromete a eficiência no trabalho e a qualidade de vida desses profissionais, gerando impactos negativos tanto em sua saúde quanto em sua produtividade. Os fatores estressores podem incluir componentes físicos, emocionais e cognitivos, evidenciando a complexidade e a profundidade dos desafios enfrentados.
É importante destacar que, segundo Rocha et al. (2020) embora responsáveis pelo cuidado de muitos, os enfermeiros não são heróis imunes ao sofrimento; eles são seres humanos vulneráveis a doenças, inclusive ao medo de se contaminarem e de infectarem outros. Este sentimento foi amplificado durante a pandemia de COVID-19, em que muitos profissionais adoraram devido ao SARS-CoV-2, precisando evitar-se do trabalho tanto para tratamento quanto para conter a transmissão do vírus. Esse afastamento intensificou a sobrecarga nas equipes de saúde, exacerbando o esgotamento físico e emocional dos trabalhadores de enfermagem e agravando os desafios já existentes.
Para tanto, Rocha et al. (2020) ainda descreve que, trabalhar em um ambiente que carece de estrutura adequada, sem um reconhecimento claro e valorização dos colegas que dividem o mesmo espaço laboral, aliado a remunerações insuficientes e jornadas extenuantes, são aspectos que influenciam diretamente a saúde dos trabalhadores, tornando-os mais suscetíveis ao processo de adoecimento.
Por outro lado, fatores como o reconhecimento social, relações interpessoais saudáveis no ambiente de trabalho, supervisão justas e cargas horárias equilibradas, funcionam como elementos importantes de proteção contra o adoecimento e, por isso, devem ser constantemente incentivados e fortalecidos. (Jesus; Souza; Machado 2023).
4.2 Saúde mental dos profissionais da saúde na pandemia do Covid-19.
Em dezembro de 2019, surgiu em Wuhan, capital da província de Hubei, na China, um surto do vírus SARS-CoV-2, causador da Síndrome Respiratória Aguda Grave do Coronavírus 2. Em um período curto, o vírus se infectou rapidamente pela cidade , alarmando a população e autoridades. No mês seguinte, em janeiro de 2020, o governo chinês declarou oficialmente a existência da nova doença, que logo foi denominada COVID-19.
De acordo com Silva, Nascimento e Botelho (2023), para conter a rápida propagação, a China implementa medidas preventivas, incluindo quarentenas e restrições de circulação, com o objetivo de reduzir casos graves, como os de pneumonia, que apresentam alto índice de mortalidade entre os infectados.
Logo a doença ultrapassou fronteiras, chegando à região da Lombardia, no norte da Itália, em fevereiro de 2020. A situação se agravou rapidamente e, com o aumento significativo de casos, o setor de saúde global declarou estado de calamidade pandêmica, consolidando a COVID -19 como uma crise de saúde pública mundial. Com a doença já presente em 188 países, os sistemas de saúde e suas equipes foram colocados sob pressão intensa e contínua. (Ribeiro et al. 2023).
Nesse contexto, os profissionais de enfermagem, que somam cerca de 2,2 milhões apenas no Brasil, assumem papel fundamental no combate à pandemia. Distribuídos por diferentes regiões do país, esses profissionais atuam de forma ampla e variada, prestando cuidados essenciais em diversas frentes e sendo uma das categorias mais mobilizadas no atendimento direto a pacientes, mesmo em situações de alto risco. (Silva; Nascimento; Botelho. 2023).
Dessa forma, de acordo com Vieira, Francisco e Vedovato (2024), os enfermeiros assistenciais, em especial, desempenham um papel essencial nas unidades de pronto atendimento e emergência, onde são os primeiros a oferecer cuidados integrais e seguros, tanto aos pacientes quanto às suas famílias. Contudo, a natureza do seu trabalho envolve longas jornadas e exige dedicação constante, enquanto muitos enfrentam desvalorização profissional e conflitos inter e intrapessoais.
Para tanto, Silva Júnior et al. (2023) expõe ainda que a pandemia agrava essas condições ao aumentar as taxas de ocupação hospitalar e os casos de infecção. Além disso, os enfermeiros enfrentaram escassez de EPIs adequados, colocando-se em risco de infecção e, em muitos casos, convivendo com o medo constante de transmitir o vírus a familiares. Diante disso, o ambiente de trabalho, já desafiador, tornou-se um lugar de medo e insegurança para muitos profissionais.
As dificuldades enfrentadas durante a pandemia resultaram em uma série de denúncias, tanto por parte de profissionais quanto de sindicatos, sobre as condições de trabalho. As principais reclamações incluem jornadas extenuantes, falta de pessoal, treinamento insuficiente e inadequação nos processos de desinfecção. Mesmo nos serviços de terapia intensiva, muitas vezes havia escassez de equipamentos de proteção e outros insumos essenciais, o que aumentava os riscos e dificuldades para aqueles na linha de frente. (Ribeiro et al. 2023).
Esse cenário de precariedade e exposição levou ao desenvolvimento de altos índices de sofrimento psíquico entre os profissionais de saúde, especialmente aqueles em contato direto com pacientes infectados. Entre os sintomas mais comuns, estavam o medo, a ansiedade, a depressão, a angústia e as dificuldades de sono, todos relacionados ao risco constante de exposição ao vírus.
Diante dessa realidade, segundo Ribeiro et al. (2023), é impossível não mencionar o impacto do sofrimento moral. Trata-se do sofrimento que pode surgir da difícil possibilidade de se ter que decidir entre a vida e a morte de alguém. Esse cenário gera conflitos internos e sentimentos opostos, afetando tanto profissionais de saúde quanto o público em geral. O sofrimento moral é uma questão que nos atinge a todos e merece ser abordada de forma aberta e com respeito, pois indica uma resposta humana saudável, e não patológica.
Equipes de saúde, especialmente as que atuam em serviços de emergência, tendem a desenvolver maior resistência física e mental devido às características específicas de seu trabalho. No entanto, o medo, a insegurança e as incertezas geradas pela pandemia ampliam esses desafios, afetando de maneira profunda as relações interpessoais tanto no ambiente profissional quanto fora dele. (Prado et al. 2020).
Historicamente, os desastres têm o poder de unir equipes, impulsionados pela comoção coletiva; mas a presença do “medo da transmissibilidade” é algo diferente. Ao contrário de desastres visíveis, a invisibilidade do vírus torna o impacto psicológico mais intenso, pois a possibilidade de desfechos negativos parece iminente e esmagadora. A partir desse reconhecimento de riscos, é essencial traçar orientações que visem minimizar os danos à saúde psicológica dos enfermeiros e demais profissionais de saúde envolvidos no tratamento de pacientes com COVID-19. (Rocha et al. 2020).
Além disso, de acordo com Prado et al. (2020), o hábito de retratar profissionais de saúde como “super-heróis” pode até fortalecer a imagem social positiva desses profissionais, mas traz também uma carga extra de pressão: afinal, os super-heróis não falham, não se cansam e não adoecem. Esse peso silencioso do sofrimento moral pode contribuir para um possível colapso no sistema de saúde, pois, sob pressões internas (como medo, impotência e exaustão) e externas (como pressão hierárquica, falta de comunicação eficaz, problemas organizacionais e limitações de recursos), os profissionais podem encontrar dificuldades em tomar decisões assertivas.
A pandemia de COVID-19 impactou níveis na saúde dos profissionais de enfermagem, e não apenas pelos fatores já indicados, mas também pelo papel essencial, responsável e incansável que desempenham nas ações de vigilância em saúde, prevenção, educação, controle da transmissão do vírus e assistência aos enfermeiros, além das pesquisas sobre o COVID-19. Por isso, é imprescindível dar visibilidade, voz e dignidade a essa profissão que se dedica a cuidar do ser humano em sua totalidade, com acolhimento e empatia, no ambiente de trabalho, na família e na sociedade. (Silva Júnior et al. 2023).
Rocha et al. (2020) ressalta ainda que a equipe de enfermagem atua na linha de frente, enfrentando diariamente o medo do desconhecido, o risco constante de exposição ao contágio e diversas inseguranças pessoais e profissionais. Nesse cenário de crise e calamidade, diversos protocolos, manuais e ajustes foram implementados de maneira repentina e imediata em numerosos setores assistenciais, exigindo adaptações de todos os envolvidos.
Dessa forma, os profissionais de enfermagem, por atuarem diretamente com pessoas em sofrimento, enfrentam sérios problemas psíquicos, como ansiedade e depressão. Esses transtornos foram intensificados pelas condições difíceis que sempre caracterizaram o trabalho nessa área, mas se agravaram ainda mais no contexto de calamidade pública. (Prado et al. 2020).
A situação se tornou ainda mais crítica pela falta de materiais hospitalares, pelo contato direto e constante com o sofrimento dos pacientes e de seus familiares, pelas mais condições de trabalho, pela jornada extenuante e pela ausência de treinamento adequado para novos protocolos. Esses fatores transformaram o ambiente de trabalho em um espaço hostil, impactando qualidades na saúde física e mental das equipes, especialmente no enfrentamento da covid-19. (Rocha et al. 2020).
Para tanto, essa urgência intensificou as pressões psicológicas e as síndromes ocupacionais que afetaram essa categoria, que, mesmo diante desses desafios, rapidamente assumiu o compromisso ético de sua profissão: prestar cuidados de saúde a pacientes com uma doença ainda sem tratamento, mesmo cientes de que isso poderia representando um risco para si próprio. (Oliveira et al. 2021).
4.2.1 Estratégias criadas para aliviar os impactos psicológicos da pandemia
Segundo Vieira, Francisco e Vedovato (2024), durante a pandemia de Covid-19, os profissionais de enfermagem que atuam na linha de frente em hospitais e centros de saúde enfrentaram inúmeros desafios, exigindo uma dedicação e comprometimento intensos. Seu papel foi fundamental, indo muito além das atividades diretas, ao fornecer assistência aos pacientes, monitorar a evolução dos casos e orientar a comunidade sobre as práticas de prevenção. Conforme o cenário de saúde se tornava cada vez mais complexo e imprevisível, a importância e a responsabilidade desses profissionais apenas aumentaram.
A preservação da saúde mental dos trabalhadores de enfermagem durante a pandemia foi uma tarefa árdua, mas essencial para a continuidade dos serviços de saúde, exigindo a criação de estratégias de enfrentamento e de fortalecimento emocional para esses profissionais em contato direto com pacientes com COVID-19 . As políticas de atenção à saúde mental, ainda que apresentem falhas em certos aspectos, mostraram-se capazes de atender às demandas emergenciais enfrentadas pelos profissionais de enfermagem, especialmente aquelas em unidades de internação dedicadas ao tratamento de pacientes infectados. (Costa et al. 2022).
De acordo com Barbosa et al. (2023), os profissionais de saúde, por sua exposição contínua e direta ao enfrentamento da pandemia, foram especialmente vulneráveis aos impactos negativos sobre a saúde mental. Com uma carga emocional intensa e frequente contato com a doença, esses profissionais, especialmente da área de enfermagem, passaram a enfrentar desafios psicológicos que afetam não só seu bem-estar, mas também seu potencial de realizar atividades diversas em sua vida pessoal e profissional.
Uma análise dos impactos da pandemia sobre os enfermeiros revela um quadro preocupante de exaustão e estresse. A sobrecarga emocional e os desafios impostos à saúde mental dos trabalhadores da linha de frente, especialmente em hospitais gerais onde a pressão era constante, tornou-se evidente. A escassez de recursos, a carga de trabalho extenuante e o medo permanente de contrair o vírus ou transmitir aos familiares intensificaram o desgaste psicológico, elevando significativamente os níveis de estresse e esgotamento entre esses profissionais. (Oliveira et al. 2021).
Em resposta a esses desafios, Silva et al. (2021) descreve que muitos enfermeiros passaram a adotar estratégias para mitigar os impactos emocionais da pandemia. A prática de atividades como meditação, exercícios físicos regulares e a busca por suporte emocional, seja em grupos de apoio ou em sessões de terapia, envolve métodos comuns de enfrentamento.
Esse cenário destacou a importância do apoio psicossocial como uma ferramenta eficaz no combate ao burnout e aos problemas de saúde mental que surgiram ou se intensificaram no período. Além disso, o suporte institucional, como programas de formação e treinamentos contínuos, mostrou-se essencial para que os enfermeiros possam se adaptar às demandas dinâmicas e incertas trazidas pela pandemia.
Outro ponto relevante destacado por Costa et al. (2022) foi o reconhecimento da necessidade de políticas que promovam o bem-estar mental dos profissionais de enfermagem, considerando a intensidade e a longa duração da pandemia. Estratégias específicas voltadas para o apoio emocional, juntamente com a criação de espaços de acolhimento dentro das próprias instituições de saúde, foram cruciais para a recuperação e a sustentabilidade da força do trabalho em enfermagem.
Oliveira et al. (2021) explica ainda que, apesar de todas as adversidades, os profissionais de enfermagem têm uma notável capacidade de adaptação. Com criatividade e resiliência, encontramos formas inovadoras de continuar prestando cuidados de alta qualidade, mesmo em um ambiente de trabalho extremamente pressionado. Essa adaptabilidade foi, muitas vezes, sustentada pela implementação de recursos institucionais de apoio e pela solidariedade entre colegas, que fortaleceram o espírito de equipe e a cooperação.
A colhida das demandas desses trabalhadores realiza a implementação de ações imediatas para rastreamento e tratamento de condições como depressão, ansiedade, estresse pós-traumático, ideação suicida e outros problemas emocionais. Dessa forma, é essencial que a assistência psicológica a esses profissionais seja contínua e permanente, uma vez que os sinais de exaustão emocional podem persistir por meses ou até mesmo anos após o período mais intenso da pandemia. (Palheta. 2021).
Para tanto, e de extrema importância que estratégias específicas sejam inovadoras para auxiliar os profissionais de enfermagem a lidar com o estresse diário de seu trabalho. O apoio social, nesse contexto, é fundamental para proteger o indivíduo contra condições adversas e prevenir um desgaste severo da saúde mental. Diante disso, é crucial que exista uma atenção especial às equipes hospitalares, com o objetivo de prevenir danos profundos e sem precedentes para a saúde mental desses profissionais.
Nesse sentido, segundo Palheta (2021), os gestores precisam criar ferramentas e estabelecer fluxos de trabalho que favoreçam a prevenção de danos psíquicos aos profissionais, possibilitando uma identificação precoce de suas demandas emocionais e valorizando a saúde psicológica dos cuidadores que atuaram na linha de frente à pandemia. A criação desses recursos foi essencial para que o ambiente de trabalho se tornasse um espaço mais seguro e para que os profissionais de saúde pudessem realizar suas funções com mais tranquilidade.
Assim, a pandemia não trouxe apenas o desafio de enfrentar a Covid-19, mas também expôs a necessidade de gerenciar as comorbidades dos pacientes, ao mesmo tempo em que exigia uma atenção especial à saúde mental dos próprios profissionais da saúde. Este período crítico trouxe um aprendizado inestimável sobre a importância do suporte emocional e institucional, e ressaltou o valor de medidas que promovem o bem-estar e a resiliência dos trabalhadores da saúde.
4.3 Impacto da sobrecarga emocional durante a pandemia
O aumento da propagação do SARS-CoV-2 gerou angústia na população mundial, especialmente entre os profissionais da saúde. Costa et al. (2022) explica que, além de se encontrarem em maior exposição à contaminação, esses trabalhadores enfrentaram o desafio de combater e conter um vírus até então desconhecido. Para as equipes de enfermagem, que representam o grupo com maior contato com a população, atuam na linha de frente como uma fonte adicional de estresse, dada a responsabilidade e a pressão imposta.
Em resposta a esse cenário, surgiu uma preocupação mundial em ampliar o número de enfermeiros, técnicos e auxiliares para fortalecer os sistemas de saúde. Especialistas em saúde pública preveem que, com o avanço do vírus, será ainda mais essencial o protagonismo dos profissionais de enfermagem em ações educativas, preventivas e de conscientização, auxiliando na redução da propagação da doença.
Conforme exposto anteriormente, o desconhecido influenciou de forma negativa no enfrentamento da pandemia, uma vez que o mundo precisou se adaptar rapidamente à nova realidade, o que trouxe desafios adicionais aos profissionais da linha de frente. A situação mundial tornou-se complexa, caracterizada pela ausência de medicamentos específicos e protocolos de tratamento definidos, bem como pela escassez de EPIs e pelo aumento nas jornadas de trabalho. (Palheta. 2021).
Assim, em resposta a essas condições, o medo de contaminação tornou-se comum, o que impactou significativamente a saúde mental dos profissionais, que passou a relatar quadros de ansiedade, insegurança, depressão e distúrbios do sono. Muitos desenvolveram, inclusive, a Síndrome de Burnout. (Costa et al. 2022).
4.3.1 O Enfrentamento da Covid-19 e os Efeitos na Saúde Mental dos Profissionais da Enfermagem.
Embora muitos profissionais de enfermagem desenvolvam estratégias de enfrentamento (coping) ao lidar com situações altamente desafiadoras ou traumáticas, os relatos de adoecimento psíquico envolveram-se frequentes. Dada a crescente demanda por suporte mental, alguns países propuseram classificar a vulnerabilidade a problemas psíquicos, priorizando o apoio psicológico para profissionais de saúde, infectados, suspeitos de Covid-19 e seus familiares. Além disso, os indivíduos de grupos de risco, como idosos e pessoas com doenças crônicas, também se mostraram suscetíveis e igualmente necessários de acompanhamento psicológico. (Silva; Nascimento; Botelho. 2023).
Durante o período crítico da pandemia, os critérios impostos aos profissionais de enfermagem aumentaram substancialmente, exigindo um padrão de excelência no atendimento e gerando frustrações e cansaço emocional quando essa expectativa não era cumprida. Esse nível elevado de exigência contribuiu para sentimentos de exaustão, afetando diretamente o bem-estar desses trabalhadores. Além disso, o medo constante de serem infectados e de levarem o vírus para seus familiares intensificou o impacto emocional sobre esses profissionais. (Vieira; Francisco; Vedovato. 2024).
Assim, Silva Júnior et al. (2023) expõe que, os efeitos da Covid-19 na saúde mental dos profissionais de enfermagem são alarmantes. Pesquisas revelam um aumento significativo nos níveis de ansiedade, depressão e transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) entre enfermeiros. A exposição constante à dor e ao sofrimento, à falta de apoio emocional e às exigências extremas desenvolvidas para um cenário em que muitos profissionais se sentiam sobrecarregados e desamparados.
Dessa forma, Barbosa et al. (2023), os sintomas de ansiedade e depressão manifestaram-se de várias maneiras, desde insônia e fadiga até problemas de concentração e irritabilidade. Muitos enfermeiros relataram uma sensação de impotência diante da gravidade da situação e da dificuldade em manter o equilíbrio emocional. Além disso, o estigma associado à saúde mental e a falta de recursos para apoio psicológico dificultaram ainda mais a busca por ajuda.
Diante dos desafios enfrentados e dos impactos na saúde mental, Ribeiro et al. (2023) argumenta que é fundamental que as instituições de saúde implementem estratégias de apoio aos profissionais de enfermagem. A promoção de um ambiente de trabalho saudável e a oferta de recursos de saúde mental são essenciais para garantir o bem-estar desses trabalhadores. Intervenções como programas de suporte psicológico, grupos de apoio e espaços seguros para discussão de experiências podem ajudar a mitigar os efeitos negativos da pandemia.
Além disso, a valorização do trabalho dos profissionais de enfermagem é crucial. Reconhecer a importância do seu papel na saúde pública e proporcionar condições adequadas de trabalho, salários justos e oportunidades de desenvolvimento profissional são aspectos que podem melhorar a satisfação e a motivação desses trabalhadores. O incentivo à formação contínua e à capacitação em saúde mental também pode preparar os profissionais para lidarem melhor com situações de crise. (Silva Júnior et al. 2023).
A partir da experiência da pandemia, ficou evidente que a promoção da qualidade de vida dos trabalhadores da saúde exige condições de trabalho adequadas. Para mitigar os impactos psicoemocionais, recomendamos organizar turnos de acordo com as necessidades individuais, oferecer suporte psicológico consistente e evitar remanejamentos constantes de função. (Barbosa et al. 2023).
Para tanto, a implementação de práticas integrativas e complementares também é indicada para auxiliar no equilíbrio emocional. Além disso, os programas de educação permanente são essenciais para capacitar e oferecer suporte aos profissionais de enfermagem, contribuindo para o seu bem-estar e para a manutenção de um atendimento de qualidade.
5 CONCLUSÃO/CONSIDERAÇÕES FINAIS
O estudo sobre a saúde mental dos profissionais de saúde no contexto da pandemia de COVID-19 revela uma interseção complexa entre as demandas extremas impostas a esses trabalhadores e os impactos psíquicos resultantes. A análise da experiência desses profissionais demonstra que, embora sejam fundamentais para o enfrentamento de emergências de saúde pública, a exposição contínua a condições adversas e o contato direto com o sofrimento alheio aumenta consideravelmente o risco de adoecimento mental e emocional.
Esses profissionais, para desempenharem funções essenciais em ambientes de alta complexidade, precisam de apoio contínuo e políticas institucionais que protejam sua saúde mental. No entanto, a carência de recursos e o esgotamento físico e emocional revelam desafios éticos e práticos para o sistema de saúde, exigindo disposições que preservem a supervisão e o bem-estar desses trabalhadores. A implementação de políticas de suporte psicológico e a valorização da profissão tornam-se, portanto, imprescindíveis para mitigar os efeitos da sobrecarga emocional.
Desta forma, é evidente a necessidade de um diálogo construtivo entre as instituições de saúde, os gestores e os próprios profissionais para garantir a criação de ambientes de trabalho mais seguros e humanizados. A colaboração entre esses atores deve respeitar os limites da capacidade humana e promover condições adequadas, prevenindo o desgaste psicológico e a Síndrome de Burnout, que podem comprometer a qualidade do cuidado prestado e a saúde dos trabalhadores.
Em suma, a proteção da saúde mental dos profissionais de saúde é essencial para um sistema de saúde eficaz e resiliente. O fortalecimento das políticas institucionais e a implementação de estratégias preventivas que assegurem o bem-estar dos trabalhadores são fundamentais para a promoção de um ambiente de trabalho mais seguro e sustentável. Assim, a preservação da saúde mental dos profissionais da linha de frente destaca-se como um componente crucial na construção de um sistema de saúde que respeite e valorize seus agentes, garantindo a continuidade e qualidade dos serviços prestados à sociedade.
REFERÊNCIAS
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¹Discente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade Paulista – Imperatriz-MA. E-mail: alderbierhoff@gmail.com
²Discente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade Paulista – Imperatriz-MA. E-mail: er787346@gmail.com
³Discente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade Paulista – Imperatriz-MA. E-mail: fr2087905@gmail.com
⁴Discente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade Paulista – Imperatriz-MA. E-mail: franciscasimone@icloud.com
⁵Discente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade Paulista – Imperatriz-MA. E-mail: macedosheila485@gmail.com
⁶Docente do Curso Superior de Enfermagem da Universidade Paulista – Imperatriz-MA. E-mail: enfpedro.alencar@gmail.com