IMPACTO DOS HÁBITOS DE VIDA NA PRESERVAÇÃO DA FORÇA MUSCULAR E PRESERVAÇÃO DA DISMOBILIDADE EM IDOSOS

IMPACT OF LIFESTYLE HABITS ON PRESERVING MUSCLE STRENGTH AND DYSMOBILITY IN THE ELDERLY

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ra10202505211648


Breno Beserra Martins1
Divaldo Aires Aguiar2
Mateus Fernandes dos Santos3
Marcus Vinicius Moreira Barbosa4


RESUMO: O presente estudo teve como objetivo analisar o impacto dos hábitos de vida na preservação da força muscular e prevenção da dismobilidade em idosos, por meio de revisão da literatura. A pesquisa foi realizada nas bases PubMed e Google Acadêmico, utilizando descritores em português e inglês, e priorizando estudos originais, completos e com populações humanas idosas. Os resultados mostram que a prática regular de atividade física, especialmente programas que combinam exercícios resistidos, aeróbicos e de equilíbrio, junto com nutrição adequada, está fortemente associada à manutenção da força muscular e da mobilidade funcional. Houve ganhos significativos em força, equilíbrio e capacidade física, que ajudam a reduzir quedas e hospitalizações. A suplementação proteica e a correção da deficiência de vitamina D potencializam esses efeitos. Apesar de limitações metodológicas em alguns estudos, ensaios clínicos randomizados trazem evidências sólidas sobre a eficácia dessas intervenções. A revisão também aponta a necessidade de mais pesquisas sobre o impacto do sono e do comportamento sedentário na saúde muscular dos idosos. Conclui-se que promover hábitos saudáveis, com foco em atividade física e alimentação equilibrada, é fundamental para preservar a força e a funcionalidade na terceira idade, contribuindo para um envelhecimento com qualidade e autonomia. Políticas públicas e ações clínicas integradas são essenciais para enfrentar os desafios do envelhecimento populacional.

Palavras-chave: Atividade física; Força muscular; Idosos.

ABSTRACT: This study aimed to analyze the impact of lifestyle habits on the preservation of muscle strength and prevention of dismobility in older adults through a literature review. The research was conducted using the PubMed and Google Scholar databases, employing descriptors in Portuguese and English, and prioritizing original, full-text studies involving elderly human populations. The results show that regular physical activity, especially programs combining resistance, aerobic, and balance exercises, along with adequate nutrition, is strongly associated with the maintenance of muscle strength and functional mobility. Significant gains were observed in strength, balance, and physical capacity, which help reduce falls and hospitalizations. Protein supplementation and correction of vitamin D deficiency enhance these effects. Despite methodological limitations in some studies, randomized clinical trials provide solid evidence regarding the effectiveness of these interventions. The review also highlights the need for further research on the impact of sleep and sedentary behavior on muscle health in older adults. It is concluded that promoting healthy habits, focusing on physical activity and balanced nutrition, is fundamental to preserving strength and functionality in the elderly, contributing to aging with quality and autonomy. Public policies and integrated clinical actions are essential to address the challenges of an aging population.

Keywords: Physical activity. Muscle strength. Older adults.

1  INTRODUÇÃO

O envelhecimento é um processo fisiológico associado a mudanças estruturais e funcionais nos diversos sistemas do corpo humano. Entre essas alterações, destaca-se a sarcopenia, uma síndrome progressiva e generalizada caracterizada pela perda de massa e força muscular, que compromete a funcionalidade e a independência dos idosos (Pascual-Fernández et al., 2020). A sarcopenia encontrase intimamente relacionada à dismobilidade, termo que descreve a limitação da mobilidade funcional, impactando negativamente a qualidade de vida e aumentando o risco de quedas, hospitalizações e mortalidade (Bruyère; Reginster; Beaudart, 2022).

O estilo de vida sedentário é um dos principais fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento da sarcopenia e da dismobilidade. A redução da atividade física, comum entre adultos mais velhos, contribui para a atrofia muscular, redução do número de fibras tipo II e resistência anabólica, agravando a perda muscular já esperada com o envelhecimento (Buckinx et al., 2021). Estudos mostram que até mesmo períodos curtos de inatividade, como menos de 1500 passos por dia durante 14 dias, podem reduzir significativamente a síntese proteica muscular e acelerar a perda de força (Rogeri et al., 2022). 

Além do sedentarismo, padrões alimentares inadequados também são determinantes na progressão da sarcopenia. A ingestão insuficiente de proteínas, em qualidade e quantidade, é frequentemente observada entre idosos e está associada à redução da massa muscular, da força e da capacidade funcional (Montiel-Rojas et al., 2020). Quando inferior a 1,0 g/kg/dia, o consumo proteico pode não atender às demandas anabólicas do organismo envelhecido, favorecendo o catabolismo muscular. Também há evidências de que a baixa ingestão de frutas, vegetais e fontes de cálcio compromete os processos de síntese proteica e recuperação tecidual (Ghoreishy et al., 2023).

Por outro lado, a adoção de uma alimentação equilibrada, com ingestão adequada de proteínas, pode atenuar os efeitos deletérios do envelhecimento sobre o sistema musculoesquelético. Dietas que incluem pelo menos 1,2 g/kg/dia de proteína, distribuída ao longo do dia em porções com 25–30 g por refeição, são mais eficazes na promoção da síntese proteica muscular (Rogeri et al., 2022). A substituição parcial de proteínas de origem animal por fontes vegetais, ricas em antioxidantes e compostos anti-inflamatórios, também parece contribuir positivamente para a preservação da massa muscular (Montiel-Rojas et al., 2020). Ainda, o consumo regular de alimentos ricos em leucina, cálcio e vitaminas antioxidantes favorece a função muscular e a performance física (Wan et al., 2024).

Entre os tipos de exercícios mais estudados, os exercícios de resistência — como musculação — são os que apresentam maiores benefícios na manutenção da massa muscular e da força. Eles atuam diretamente na ativação das vias anabólicas, como a mTOR, estimulando a hipertrofia muscular mesmo em indivíduos com resistência anabólica (Bruyère; Reginster; Beaudart, 2022). Ensaios clínicos mostram que idosos que realizaram treinos regulares de resistência durante 12 semanas, aliados a suplementação adequada, apresentaram aumento significativo da força isocinética e redução na prevalência de sarcopenia (Pérez-Piñero et al., 2021).

Os exercícios aeróbicos também exercem papel relevante na prevenção da dismobilidade, por melhorarem a capacidade cardiorrespiratória e reduzirem o risco de doenças metabólicas. Caminhadas, ciclismo e atividades recreativas de intensidade moderada estão associados a melhor equilíbrio postural, maior velocidade de marcha e preservação da massa magra apendicular (Buckinx et al., 2021). Esses efeitos são potencializados quando a prática aeróbica é iniciada ainda na meia-idade e mantida na senescência, contribuindo para um envelhecimento funcional mais autônomo (Edholm et al., 2021).

Apesar dos avanços nas pesquisas sobre sarcopenia, ainda há lacunas importantes quanto à identificação dos melhores protocolos de prevenção, especialmente em populações com multimorbidades. A necessidade de estudos longitudinais e intervenções combinadas que avaliem dieta, exercício e fatores psicossociais é evidente, a fim de criar diretrizes eficazes para a redução da dismobilidade e das quedas em idosos. Tais quedas representam uma das principais causas de incapacidade e hospitalizações nessa faixa etária, reforçando a importância de estratégias integradas de prevenção. 

2  METODOLOGIA

O presente trabalho trata-se de uma revisão de literatura, com abordagem qualitativa, que teve como objetivo analisar o impacto dos hábitos de vida na preservação da força muscular e na prevenção da dismobilidade em idosos. Para isso, foram utilizados artigos científicos que abordassem os fatores de risco associados à sarcopenia e à dismobilidade, bem como os efeitos da prática de exercícios físicos, alimentação adequada e outros aspectos do estilo de vida sobre a funcionalidade do idoso.

Para a construção desta revisão, foram selecionados ao todo vinte e cinco artigos científicos que atenderam aos critérios de inclusão e exclusão previamente estabelecidos.

Dentre os artigos analisados, foram incluídos estudos de diferentes delineamentos metodológicos, tais como ensaios clínicos randomizados, estudos transversais, coortes, revisões narrativas e sistemáticas, os quais permitiram uma abordagem abrangente do tema. Essa diversidade metodológica contribuiu para uma compreensão mais ampla das variáveis envolvidas no desenvolvimento e prevenção da perda funcional na população idosa, com base em evidências tanto experimentais quanto observacionais.

A seleção dos estudos foi realizada por meio de pesquisa nas plataformas PubMed e Google Acadêmico, escolhidas por sua ampla base de dados científicos e acesso a publicações nacionais e internacionais de livre disponibilidade. Como estratégia de busca, foram utilizados os descritores em inglês e português: “life style habits”, “muscle strength”, “elderly”, “força muscular”, “idosos” e “hábitos de vida”, combinados entre si pelo operador booleano AND, a fim de refinar os resultados e garantir a relevância temática.

Foram adotados como critérios de inclusão artigos originais, gratuitos, escritos em português ou inglês, que abordassem o tema proposto e que tivessem sido realizados exclusivamente com seres humanos. Além disso, somente foram incluídos os artigos cujo texto completo estivesse disponível para leitura e que contribuíssem diretamente para a discussão das variáveis analisadas nesta revisão.

Os critérios de exclusão adotados foram artigos escritos em idiomas diferentes do inglês ou português, estudos que se apresentavam de forma duplicada nas plataformas consultadas, bem como trabalhos que não apresentavam relação direta com os objetivos da pesquisa.

Quanto às variáveis abordadas na presente revisão, considerou-se a definição conceitual de sarcopenia e dismobilidade, os principais fatores de risco para o desenvolvimento dessas condições — especialmente o sedentarismo, a alimentação inadequada e, quando mencionado, a influência do sono e do estresse —, bem como os efeitos protetores de uma alimentação balanceada na preservação da massa e força muscular. Também foram analisados os impactos da prática regular de exercícios físicos, com distinção entre os efeitos de exercícios de resistência (como musculação) e exercícios aeróbicos (como caminhada), considerando os benefícios funcionais relatados em diferentes estudos incluídos na revisão.

A organização das informações coletadas seguiu critérios de relevância científica, atualidade e aplicabilidade prática à realidade do envelhecimento populacional, com o intuito de fundamentar a importância de estratégias preventivas voltadas à funcionalidade e qualidade de vida dos idosos.

3  RESULTADOS

Inicialmente, apresentam-se as características gerais dos participantes envolvidos nos estudos analisados nesta revisão. A faixa etária predominante variou entre 60 e 91 anos, com a maioria das médias etárias superiores a 65 anos. Predominantemente, as amostras foram compostas por mulheres, conforme evidenciado em estudos como Silva et al. (2023), Vieira et al. (2024), Długosz-Boś et al. (2021) e Liao et al. (2018). Outros estudos incluíram ambos os sexos sem detalhar a distribuição percentual exata, como Izquierdo et al. (2021), Ramsey et al. (2021), Rodrigues et al. (2022) e Zhao et al. (2022). Os participantes, em geral, eram idosos comunitários, embora alguns estudos tenham incluído institucionalizados ou indivíduos com condições clínicas específicas, como obesidade sarcopênica (Liao et al., 2018), mieloma múltiplo (Sousa et al., 2025) e sarcopenia diagnosticada (Zhao et al., 2022).

Os dados sintetizados indicaram forte associação entre hábitos de vida saudáveis — especialmente a prática regular de atividade física, nutrição adequada, sono qualitativo e menor tempo sedentário — e a preservação da força muscular, mobilidade funcional e prevenção da dismobilidade em idosos. Silva et al. (2023), com uma amostra de 108 idosas (idade média 71,37 ± 6,94 anos), evidenciaram correlações positivas, ainda que moderadas, entre níveis totais de atividade física e força muscular tanto de membros superiores quanto inferiores (p < 0,001). Destacaram-se os domínios lazer e atividades domésticas, que apresentaram as correlações mais robustas com a força medida pelo teste de levantar e sentar (r = 0,443; p < 0,001).

Em consonância, Vieira et al. (2024) verificaram que 48% dos 25 idosos participantes de um programa de dança ultrapassaram os valores esperados para força muscular na faixa etária, indicando os benefícios da atividade física regular. Ramsey et al. (2021), numa meta-análise com 43.796 idosos, confirmaram associações significativas entre atividade física, inclusive de intensidade leve e moderada-vigorosa, e força muscular (β variando de 0,041 a 0,211; p < 0,001). Ademais, demonstraram que comportamento sedentário prolongado está negativamente associado à força muscular, reforçando a importância de evitar longos períodos de inatividade. 

Programas multicomponentes de exercício foram destacados por Izquierdo et al. (2021), que indicaram aumentos de até 40% na força muscular, melhorias no equilíbrio e redução do risco de quedas. Complementando esse panorama, Faria et al. (2023) enfatizaram que intervenções integradas de exercício resistido e suporte nutricional — com ingestão adequada de proteínas e vitamina D — são as mais eficazes no combate à sarcopenia e manutenção da massa muscular.

Santos et al. (2018), em um grupo pequeno de 12 idosos institucionalizados, observaram que o alcoolismo teve efeito estatisticamente significativo na redução da força muscular respiratória (Pressão Inspiratória máxima; p = 0,007), enquanto tabagismo e sedentarismo apresentaram tendências negativas, embora sem significância. Coletti et al. (2022), por meio de revisão narrativa, destacaram que a prática regular de exercício promove processos de reinervação muscular que compensam a perda de unidades motoras relacionada ao envelhecimento, preservando a arquitetura neuromuscular e a força.

Intervenções focadas no equilíbrio também mostraram resultados positivos: Długosz-Boś et al. (2021), em ensaio clínico randomizado com 50 mulheres idosas submetidas a Pilates, demonstraram reduções significativas na oscilação postural (48,6%; p = 0,004) e aumentos nos limites de estabilidade corporal (37,3%; p = 0,005), diminuindo o risco de quedas. Rodrigues et al. (2022), por sua vez, reuniram evidências que confirmam aumentos expressivos na força muscular pós-treinamento resistido com máquinas e equipamentos alternativos, com tamanhos de efeito variando entre 0,29 e 0,93 (p < 0,001).

Zhao et al. (2022), numa meta-análise envolvendo 569 idosos com sarcopenia, encontraram efeitos significativos do treinamento resistido em força de preensão (Hedges’s g = 0,60; p < 0,05), velocidade de marcha (g = 1,50; p < 0,05) e índice de massa muscular esquelética (g = 0,52; p < 0,05). Thomas et al. (2019) corroboraram esses achados, reportando melhorias funcionais entre 16% e 42% em equilíbrio e prevenção de quedas após programas multicomponentes em idosos.

Villareal et al. (2011), ao analisar intervenções combinadas de dieta hipocalórica e exercício físico em idosos obesos, relataram ganhos funcionais expressivos: aumento de até 21% no Physical Performance Test (p < 0,001), elevação de 75 kg no total de 1RM (p < 0,001) e redução de peso corporal com preservação da massa magra.

O consenso internacional de Morley et al. (2013) reforçou que intervenções precoces envolvendo atividade física regular, suplementação proteica e correção de deficiência de vitamina D são cruciais para a prevenção e manejo da fragilidade física, preservando a força muscular e autonomia. Sherrington et al. (2020) destacaram a eficácia de programas de exercícios de equilíbrio, que podem reduzir quedas em até 42% em idosos.

Liao et al. (2018) demonstraram, em ensaio clínico com 56 mulheres idosas com obesidade sarcopênica, que o treinamento resistido com bandas elásticas promoveu aumentos significativos de massa muscular e melhorias na capacidade física (p < 0,001). Por fim, Sousa et al. (2025), em estudo com idosos acometidos por mieloma múltiplo, revelaram correlações significativas entre melhor desempenho no teste Timed Up and Go (TUG) e qualidade de vida nos domínios capacidade funcional (r = –0,6181; p < 0,001) e vitalidade (r = –0,444; p = 0,033), embora a força de preensão manual não tenha se associado significativamente aos escores de qualidade de vida.

4  DISCUSSÃO

Os achados desta revisão indicam de forma consistente a relevância dos hábitos de vida saudáveis, com destaque para a prática regular de atividades físicas, na manutenção da força muscular e prevenção da dismobilidade em idosos. A coerência entre os estudos analisados reforça a premissa de que intervenções físicas multicomponentes, especialmente aquelas que combinam treinamento resistido, exercícios aeróbicos, equilíbrio e flexibilidade, promovem ganhos robustos em funcionalidade muscular e qualidade de vida (Izquierdo et al., 2021; Ramsey et al., 2021). 

Apesar das limitações metodológicas identificadas, como delineamentos predominantemente transversais e uso frequente de questionários autorrelatados para medir atividade física (Silva et al., 2023; Vieira et al., 2024), a inclusão de ensaios clínicos randomizados bem controlados (Villareal et al., 2011; Zhao et al., 2022; Liao et al., 2018) confere maior rigor e validade aos resultados. Estas evidências robustas atestam que intervenções específicas — como o treinamento resistido — são eficazes para o aumento da força muscular, massa magra e desempenho funcional em idosos, inclusive em populações com condições clínicas complexas, como obesidade sarcopênica e mieloma múltiplo. 

Os resultados estão alinhados com a literatura internacional, incluindo revisões sistemáticas e meta-análises que demonstram melhorias significativas da força e do equilíbrio, bem como redução das quedas, após programas estruturados de exercícios (Sherrington et al., 2020; Thomas et al., 2019). Contudo, divergências pontuais sobre o efeito isolado dos exercícios de resistência foram observadas, possivelmente decorrentes de heterogeneidade metodológica entre os estudos, o que ressalta a necessidade de protocolos padronizados para avaliação e intervenção. 

Adicionalmente, a revisão evidencia a importância da integração da nutrição adequada, especialmente ingestão proteica e vitamina D, em programas voltados para a prevenção e tratamento da sarcopenia e fragilidade muscular (Faria et al., 2023; Morley et al., 2013). Também se destaca o impacto negativo do alcoolismo e comportamento sedentário na função muscular respiratória e geral (Santos et al., 2018; Ramsey et al., 2021). Intervenções direcionadas ao equilíbrio, como o Pilates, demonstraram ser eficazes na redução da oscilação postural e no aumento da estabilidade corporal, contribuindo para a diminuição do risco de quedas, um dos principais fatores de morbidade em idosos (Długosz-Boś et al., 2021). A importância do sono e da redução do comportamento sedentário, embora menos exploradas nos estudos analisados, surgem como potenciais áreas para pesquisas futuras com métodos objetivos. 

Em síntese, a presente revisão reforça que hábitos de vida saudáveis, centrados na atividade física regular e na alimentação balanceada, são indispensáveis para a preservação da força muscular e prevenção da dismobilidade em idosos.

5  CONCLUSÃO

A preservação da força muscular em idosos é um componente fundamental para a manutenção da funcionalidade, autonomia e qualidade de vida nessa população. A presente revisão da literatura demonstrou que hábitos de vida saudáveis, sobretudo a prática regular de atividade física — especialmente os programas multicomponentes que combinam exercícios resistidos, aeróbicos e de equilíbrio — associados à nutrição adequada, exercem impacto positivo significativo na prevenção da sarcopenia e na promoção da mobilidade funcional.

Os estudos analisados evidenciam que intervenções estruturadas resultam em ganhos importantes na força muscular, equilíbrio postural e capacidade física, fatores cruciais para a redução do risco de quedas e hospitalizações. Ainda, a combinação com orientações nutricionais, incluindo suplementação proteica e vitamina D, potencializa os efeitos dessas intervenções, reforçando a necessidade de abordagens integradas e individualizadas. 

Em contrapartida, limitações metodológicas encontradas, como o uso predominante de delineamentos transversais e questionários autorrelatados, indicam a necessidade de pesquisas futuras mais rigorosas, com acompanhamento longitudinal e medidas objetivas, para melhor compreender a causalidade e a magnitude dos efeitos observados. 

Além disso, a revisão ressalta a importância de ampliar o foco para aspectos complementares, como o impacto do sono e a redução do comportamento sedentário, que ainda são pouco explorados, mas potencialmente relevantes para a saúde muscular do idoso. 

Por fim, destaca-se que o incentivo a políticas públicas e práticas clínicas que promovam estilos de vida ativos e saudáveis, combinados a programas de nutrição adequada, é essencial para enfrentar os desafios do envelhecimento populacional, contribuindo para a longevidade com qualidade e funcionalidade preservada.

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1 Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Presidente Antônio Carlos Campus ITPAC Porto. e-mail: brenobeserra@outlook.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/8819650045729327.
2 Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Presidente Antônio Carlos Campus ITPAC Porto. e-mail: divaldoaires@hotmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5004795993471975.
3 Discente do Curso Superior de Medicina do Instituto Presidente Antônio Carlos Campus ITPAC Porto. e-mail: mf.estudantil@gmail.com. Lattes: http://lattes.cnpq.br/5615815507360486.
4 Docente do Curso Superior de Medicina do Instituto Presidente Antônio Carlos Campus ITPAC Porto. Doutor em Biotecnologia (UFT). e-mail: Marcus.barbosa@itpacporto.edu.br. Lattes: http://lattes.cnpq.br/0228228701001964.