IMPACT OF THE WEIGHT LOSS PROCESS ON SLEEP QUALITY IN PHYSICAL ACTIVITY PRACTITIONERS
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202408060155
Jéssica Mariana Miranda Alves1
Kamilla Ribeiro Dias1
Mirian Patrícia Castro Pereira Paixão2
RESUMO
A obesidade é considerada como o acúmulo excessivo de gordura no organismo, sendo um fator que pode predispor o surgimento da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) atrapalhando a qualidade do sono do indivíduo e desfavorecendo o processo de recuperação das funções biológicas que acontecem no momento do sono. O objetivo deste estudo foi avaliar o impacto do emagrecimento na qualidade do sono em praticantes de atividade física. A pesquisa se caracteriza como clínica, experimental, longitudinal e quantiqualitativa. A seleção dos voluntários foi definida por conveniência, sendo incluído 26 indivíduos, de ambos os sexos, com sobrepeso e obesidade acompanhados por um período de 40 dias e que praticavam atividade física por pelo menos 3 meses. Os voluntários tiveram seu estado nutricional analisado no início e ao final da intervenção. A prescrição dietética foi realizada de forma individualizada com objetivo melhorar os hábitos alimentares e promover uma redução de 2 a 4 kg no por mês. Os resultados demonstram que o emagrecimento favoreceu a redução da CC, percentual de gordura e como consequência melhora da qualidade do sono após intervenção nutricional. Houve uma redução dos sintomas relacionados à SAOS. Conclui-se que a intervenção dietoterápica com restrição calórica, juntamente com a prática de atividade física regular promoveu uma perda de gordura corporal e melhora na qualidade do sono, isso pode ser um dos fatores que favoreceram no processo de emagrecimento e vice versa.
Palavras-chave: atividade física, emagrecimento, reeducação alimentar, obesidade, qualidade do sono.
ABSTRACT
Obesity is considered as the excessive accumulation of fat in the body, being a factor that can predispose the appearance of Obstructive Sleep Apnea Syndrome (OSAS), disturbing the quality of the individual’s sleep and disfavoring the process of recovery of the biological functions that occur in the body. sleep moment. The aim of this study was to evaluate the impact of weight loss on sleep quality in physical activity practitioners. The research is characterized as clinical, experimental, longitudinal and quantitative and qualitative. The selection of volunteers was defined by convenience, including 26 individuals, of both sexes, overweight and obese, followed for a period of 40 days and who practiced physical activity for at least 3 months. The volunteers had their nutritional status analyzed at the beginning and at the end of the intervention. The dietary prescription was carried out individually with the aim of improving eating habits and promoting a reduction of 2 to 4 kg per month. The results demonstrate that weight loss favored the reduction of WC, percentage of fat and, as a consequence, improved sleep quality after nutritional intervention. There was a reduction in symptoms related to OSAS. It is concluded that the dietary intervention with caloric restriction, together with the practice of regular physical activity, promoted a loss of body fat and an improvement in the quality of sleep, this may be one of the factors that favored the weight loss process and vice versa.
Keywords: physical activity, weight loss, nutritional education, obesity, sleep quality.
1. INTRODUÇÃO
A obesidade segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) é considerada como o acúmulo excessivo de gordura no corpo (Brasil, 2020), sendo caracterizados pelo Índice de Massa Corporal (IMC) igual ou superior ao valor estipulado 30 kg/m², enquanto que os valores entre 25 e 29,9 kg/m² são diagnosticados e categorizados como sobrepeso. Nesta faixa, pode-se considerar a relevância de alguns prejuízos com o excesso de gordura. Além disso, a obesidade trata-se de uma doença crônica, que pode causar outros problemas cardiovasculares, devido a gordura corporal excessiva provocar um estado inflamatório no organismo humano (Assunção e colaboradores, 2018).
De acordo com Brasil (2017), o índice de obesidade tem aumentado de maneira epidêmica, englobando todas as faixas etárias da população, proporcionando um grande problema de saúde pública mundial. Uma estimativa realizada por Vigitel (2019) sugere que em 2025 tenham 2,3 bilhões de adultos com sobrepeso ou obesidade, além disso, as doenças crônicas no Brasil tiveram um aumento de 72% nos últimos treze anos.
Segundo a Précoma (2019) a obesidade é um dos fatores que eleva a carga de Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), devido sua associação à hipertensão arterial, dislipidemia, diabetes tipo 2, entre outras enfermidades associadas, proporcionando a redução da qualidade e expectativa de vida dos indivíduos.
Outro fator que contribuiu para o agravamento da obesidade foi à pandemia da Covid-19 (SARs-Cov-2) declarado pela OMS em 2020, ocasionando mudanças no estilo de vida dos cidadãos, por conta das medidas adotadas pelo Ministério da Saúde (MS) foi estabelecido estratégias para o enfrentamento da pandemia como o isolamento social, com a permanência em casa (lockdown) (Brasil, 2020).
Por consequência da quarentena comunitária muitas empresas optaram pelo home office. Por conta disso, houve a elevação nos pedidos de deliveries, em função da praticidade ao acesso rápido aos alimentos, disponibilidade e possibilidade da otimização do tempo, já que a alimentação fora de casa já faz parte da cultura do brasileiro. Porém, as pesquisas demonstram que alguns dos alimentos consumidos foram salgados, hambúrguer, pizza, bolos, doces, sendo estes alimentos ricos em calorias e com baixo valor nutricional, favorecendo o desenvolvimento da obesidade (Botelho e colaboradores, 2020).
Além disso, por conta do lockdown houve o fechamento dos comércios não essenciais como as academias, dificultando a prática de atividade física, que associado à alimentação inadequada, proporciona um aumento do sedentarismo contribuindo para obesidade. Portanto, é perceptível que a pandemia do COVID-19 favoreceu a diminuição da prática de atividade física e a elevação do consumo de alimentos que contribuem para o aumento da obesidade na população (Pitanga e colaboradores, 2020).
As DCNT vêm aumentando nos últimos tempos, essa modificação no perfil de saúde denomina-se transição nutricional, e está relacionada com o padrão comportamental e alimentar da população. A obesidade está associada aos hábitos alimentares estando estes ligados a cultura, meio socioeconômico, fatores psicológicos que permeiam o meio onde a pessoa vive (Rendeiro e colaboradores, 2018).
Um dos fatores que contribui para a obesidade é o sedentarismo associado ao consumo de alimentos com alto teor de gorduras e açúcares. Um estudo de intervenção prospectivo observou a diminuição considerável da circunferência da cintura e elevação no gasto energético dos indivíduos praticantes de atividade física, demonstrando que essa prática aliada ao acompanhamento nutricional e reeducação alimentar é uma ótima estratégia para o emagrecimento contribuindo com a promoção da saúde desse indivíduo e também a prevenção de doenças crônicas (Panatto, 2019).
O tecido adiposo tem sua funcionalidade como um órgão endócrino que produz adipocitocinas. A obesidade leva ao aumento da expressão das adipocitocinas pró-inflamatório no organismo, gerando um estado inflamatório crônico. O desequilíbrio dessas adipocitocinas pode levar a resposta moduladora do sistema inflamatório que contribui para as doenças cardiovasculares (ROSSINI et al., 2021). Também, a obesidade predispõe o surgimento da Síndrome da Apneia Obstrutiva do Sono (SAOS) atrapalhando na qualidade do sono do indivíduo e desfavorecendo o processo de recuperação das funções biológicas que acontecem no momento do sono, favorecendo o surgimento da obesidade (Zimberg e colaboradores, 2017; Crispim e colaboradores, 2007).
Segundo a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia, a apneia do sono acontece quando ocorre uma parada da respiração durante o sono, que é utilizado como critério para sua definição a diminuição do fluxo inspiratório em mais de 50% por pelo menos 10 segundos. Pode-se caracterizar a SAOS como um fechamento das vias aéreas superiores. Ademais, constata-se a parada do fluxo aéreo tanto nasal quanto bucal, havendo manutenção do esforço ventilatório pela musculatura inspiratória, ocorrendo diversas vezes durante o sono, promovendo um sono fragmentado e prejuízos na qualidade do sono, resultando em hipoxemia e hipercapnia (Viegas, 2010).
De acordo com a Diretriz Brasileira de Obesidade o número de horas de sono por noite está diretamente relacionado à obesidade e ao IMC do indivíduo, como demonstram estudos transversais e longitudinais. A privação do sono propicia a redução da secreção de leptina e TSH, elevação dos níveis de grelina e diminuição da tolerância à glicose em animais e em seres humanos, além de aumentar a fome e o apetite (figura 1) (Abeso, 2016).
Figura 1: Mecanismo pelo qual o débito de sono pode levar à obesidade.
Fonte: Adaptado de Crispim e colaboradores, 2007; Porfírio e colaboradores, 2022.
A qualidade do sono é essencial ao indivíduo, visto que é um estado de repouso físico e mental no qual ocorre um processo de recuperação dos processos biológicas do organismo humano, segundo a American Academy of Sleep Medicine e Sleep Research Society (2015) recomenda-se de 7 a 9 horas por noite de sono, caso a duração seja equivalente a menos de 6 horas de sono por noite, pode ser considerado como restrição do sono (Tasali e colaboradores, 2022).
Segundo Pejovic e colaboradores (2010) a privação de sono altera as sensações de fome e saciedade que são reguladas respectivamente pelos hormônios grelina e leptina. Essa desregulação proporciona possíveis comportamentos alimentares de exagero ou compulsão. Esse débito de sono pode desencadear uma necessidade de recompensa alimentar no dia seguinte, o que levaria a um ciclo de desregulação alimentar que pode levar à obesidade (figura 1).
Há uma relação entre os distúrbios respiratórios do sono e obesidade, pois em torno de 70% dos adultos com SAOS têm pelo menos sobrepeso, por causa do depósito de gordura parafaringeana, o obeso pode ter orofaringe estreita e deformada, predisposta ao colapso (Campos, 2017). Todavia, a SAOS aumenta a resistência a leptina e a insulina contribuindo assim um fator de reprodução do ciclo de eventos no obeso, sendo de suma importância ter o diagnóstico de SAOS e buscar o tratamento (Zimberg e colaboradores 2017).
A apneia do sono trata-se de uma doença crônica, progressiva e incapacitante, cujos sintomas clássicos o ronco forte, a interrupção da respiração durante o sono, agitação durante o sono, sensação de sono não reparador, sonolência excessiva diurna, culminando em prejuízos no aspecto social, cognitivo e na qualidade de vida de acordo com Ahuja e colaboradores (2018), Cao e colaboradores (2018) e Huang e colaboradores (2018).
Em um estudo foi observado que a restrição do sono resultou em uma menor perda de gordura corporal em pessoas que seguiam dieta com déficit calórico (Wang e colaboradores, 2018). Ainda, na figura 1, é possível observar que à restrição do sono que promove mais tempo de exposição aos alimentos, além da virtude das alterações dos hormônios reguladores do apetite e da saciedade, com o aumento da grelina, estimulador da fome e redução da leptina que atua na saciedade, contribuindo assim, para a maior ingestão de alimentos e aumento do peso desfavorecendo o emagrecimento (Silva e colaboradores, 2021).
Para que aconteça o processo de emagrecimento existem alguns tipos de tratamento para combater a obesidade, como: medicamentoso, hormonal, dietético e/ou mudança do estilo de vida. Caso estes não alcancem resultados a cirurgia bariátrica é uma alternativa principalmente utilizada em obesidade mórbida, porém, deve ser utilizada com cautela, quando nenhum tratamento tenha dado resultados (Abreu, 2021).
Quanto ao tratamento dietético para o emagrecimento é fundamental que o profissional nutricionista tenha o conhecimento do histórico clínico, condição sociocultural e estilo de vida do indivíduo, para correlacionar com a ciência da nutrição para auxiliar no desenvolvimento do tratamento, por meio, da prescrição de um plano alimentar individualizado, com orientações nutricionais que resulte em mudanças de hábitos e reeducação alimentar e mudança nos hábitos para a promoção da saúde, incentivando e compreendendo as particularidades do paciente para auxiliá-lo na adesão ao tratamento (quadro 1) (Taglietti e colaboradores, 2018; Abeso, 2016).
Quadro 1: Recomendações alimentares para manutenção de peso saudável
Fonte: Abeso, 2016; Brasil, 2018.
Dito isso, trata-se de grande relevância intervenções dietéticas como estratégia nutricional para a perda de gordura corporal juntamente com a prática de atividade física, contribuindo com o processo de emagrecimento e a qualidade do sono. Sendo assim, o objetivo do estudo é avaliar o impacto do emagrecimento na qualidade do sono em praticantes de atividade física.
2. METODOLOGIA
2.1 DESENHO DO ESTUDO
O estudo foi uma pesquisa clínica aplicada de campo experimental, sendo de caráter descritivo, aplicado, explicativo, analítico, com formas de observação estruturada, sistematizada e participante e de abordagem quantiqualitativa, pois envolve mensuração de variáveis pré-determinadas e análise objetiva de dados coletados e tradução em números, às informações coletadas para classificação e análise das mesmas. Com desenho de ensaio clínico caso controle, com acompanhamento longitudinal. A amostra foi definida por conveniência, incluindo 26 indivíduos, de ambos os sexos, com sobrepeso e obesidade com objetivo de emagrecimento, acompanhados por um período de 40 dias.
Os voluntários foram selecionados em academias da grande Vitória, ES e no Centro Integrado de Atenção à Saúde da Católica (CIASC) de Vitória, ES.
Foram estabelecidas como critério de inclusão neste estudo as seguintes características: indivíduos adultos, com idade entre 20 a 59 anos que realizavam atividade física por no mínimo 3 meses, com objetivo de emagrecimento, precisaram responder um questionário da qualidade do sono no início e no final do estudo e se disponibilizaram para a aferição das medidas antropométricos no início e final da pesquisa. Aqueles indivíduos que não atenderam o critério de inclusão foram excluídos da amostra.
Os atendimentos foram realizados nas academias da região metropolitana de Vitória e no CIASC, no qual foi efetuada avaliação do estado nutricional e consumo alimentar através de uma ficha de anamnese clínico nutricional. Todos foram informados do objetivo deste estudo e obtiveram como benefício a avaliação da composição corporal, diagnóstico do seu estado nutricional e qualidade do sono, que foi mensurada pelo Índice de qualidade do sono de Pittsburgh (PSQI), proposto por Buysse e colaboradores (1989). Foi realizada a coleta de dados e avaliação objetiva (antropométrica) para realizar a avaliação do estado nutricional dos pacientes.
Todos os voluntários foram instruídos a manter suas atividades físicas habituais durante o período do estudo. Foi informado o objetivo deste estudo e que obtiveram como benefício à avaliação e acompanhamento nutricional com intervenção clínica, com objetivo de redução da massa gorda corporal e melhora do estado nutricional. Sendo informado sobre a disposição de fazerem a higiene do sono.
Semanalmente, os voluntários tiveram reuniões em grupo para esclarecimentos de possíveis dúvidas, bem como para manter adesão à intervenção nutricional. Teve reunião no início do estudo e no final para checagem dos registros antropométricos e a qualidade do sono.
O projeto foi apresentado e aprovado ao Comitê de ética do Centro Universitário Salesiano (CAAE: 65749222.0.0000.5068). Só participaram do estudo aqueles, que ao serem orientados sobre o objetivo e concordaram em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
2.2 COLETA DE DADOS
2.2.1 ASPECTOS ÉTICOS
O projeto foi apresentado ao Comitê de ética do Centro Universitário Salesiano e após aprovação (CAAE: 65749222.0.0000.5068), foi apresentado aos voluntários.
Só participaram do estudo aqueles, que ao serem orientados sobre o objetivo e concordarem em assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
Os critérios de inclusão e exclusão: Os voluntários deveriam se enquadrar nas categorias a seguir: 1) entre 20 a 59 anos; 2) indivíduos ativos, praticantes de alguma atividade física regular por no mínimo três meses; 3) Objetivo de emagrecimento; 4) responder o questionário do sono no e aferição das medidas antropométricas no início e no final do estudo. Os critérios de exclusão consistiram naqueles inquiridos que quando perguntados, não preencheram por completo os questionários aplicados e/ou preencheram de maneira incorreta.
2.2.2 VARIÁVEIS SÓCIO-DEMOGRÁFICAS
Para avaliar as variáveis sócio-demográficas foram realizadas perguntas contidas na anamnese clínico nutricional em que as perguntas abordaram questões referentes à identificação, sendo informada a idade do participante, a situação conjugal, renda familiar e ocupação/profissão (Anjos, 2021).
2.2.3 AVALIAÇÃO DO CONSUMO ALIMENTAR
Para avaliar a ingestão alimentar habitual foi aplicado o recordatório alimentar de 24 horas (Acuña, 2004) que está presente na ficha de anamnese clínico nutricional. Foram observados os macronutrienes (carboidrato, proteína, lipídio e fibras) e os micronutrientes (cálcio, selênio, ferro, magnésio, zinco, sódio, potássio, vitamina A, D, C, E, B6 e B12). Além disso, para análise do consumo dos nutrientes e prescrição dietética foi utilizado o software DietBox®, que posteriormente comparados às recomendações nutricionais, utilizando como referência as Dietary Reference Intakes (IOM, 2006).
2.2.4 INTERVENÇÃO NUTRICIONAL
A intervenção nutricional consistiu em analisar primeiramente o perfil do participante através da ficha de anamnese clínico nutricional, questionário do PSQI (Bertolazi e colaboradores, 2011). Em seguida foram realizadas as intervenções como plano alimentar individualizado, orientações nutricionais e análise da progressão do paciente durante o tratamento.
Entre a consulta inicial e a final foram realizadas orientações nutricionais semanalmente para motivar, ensinar e retirar dúvida dos participantes (Atividades de Educação Nutricional), para que tivessem uma melhor adesão à dieta. Foram abordados os seguintes temas: utilização da lista de substituição; nutrição do pré e pós-treino; higiene do sono; comer com atenção plena; classificação dos grupos de alimentos e cuidados com a saúde intestinal.
2.2.5 AVALIAÇÃO OBJETIVA MEDIANTE ANTROPOMETRIA
Para a avaliação do estado nutricional, foi realizada às medidas antropométricas dos indivíduos, sendo realizadas as aferições de altura, peso, IMC de acordo com classificação, circunferência do braço (CB), circunferência da cintura (CC), Dobra Cutânea Tricipital (DCT) e percentual da gordura corporal. A altura é aferida através do estadiômetro, o paciente ficará de pé e de costas para o equipamento com panturrilha, glúteos, ombros e cabeça tocando a parede ou do equipamento. O rosto deve estar voltado para o horizonte, no plano de Frankfurt, o suporte deverá ser posicionado sobre a cabeça, de tal forma que pressione apenas o cabelo (Sampaio e colaboradores, 2012).
Ao aferir o peso foi utilizada uma balança digital de bioimpedância, que suporta 150 kg de peso corporal. Este equipamento deve-se encontrar no chão e nivelado para garantir estabilidade do mesmo.
O peso é constituído por todos os elementos corporais, não deve utilizá-lo unicamente para realização do diagnóstico, pois, indivíduo que tem muita massa muscular, edema e desidratação podem ocultar a verdadeira condição do paciente e após pesagem foi classificado o percentual de gordura de acordo com a figura 2 (Paz, 2021).
Figura 2: Classificação da ∑ de dobras cutâneas para ambos os gêneros
Fonte: Lohman e colaboradores (1992).
O IMC é realizado através da divisão do peso em quilogramas em relação à altura em metros quadrados e em seguida classificado (quadro 2) (OMS, 2000; WHO, 1995).
Quadro 2: Classificação do estado nutricional segundo o IMC
Fonte: OMS, 2000; WHO, 1995; WHO, 1997.
Para a aferição das circunferências dos participantes, foi utilizada uma fita métrica inextensível. A Circunferência do Braço o paciente deve estar em pé, com o braço posicionado no ângulo de 90 graus, com a palma da mão voltada para cima. Identificar o acrômio da escápula e o olécrano da ulna, em seguida fazer a aferição da distância entre estes dois pontos e marcar o ponto médio.
Foi solicitado que o paciente relaxe o braço e com o auxílio da fita métrica contornar o braço no ponto médio e aferir a Circunferência do Braço, por conseguinte classificá-la (figura 3, 4 e 5).
Para a aferição da circunferência da cintura, o paciente deve estar em pé, com a região abdominal à mostra, cruzando os braços, com o auxílio da fita métrica, deverá ser posicionada e contornada um centímetro acima da cicatriz umbilical e em seguida realizar a classificação de acordo com a figura 6 (Brasil, 2011).
Figura 3: Percentis de Circunferência do Braço (cm) para homens
Fonte: Frisancho (1990).
Figura 4: Percentis de Circunferência do Braço (cm) para mulheres
Fonte: Frisancho (1990).
Figura 5: Classificação da Circunferência do Braço ambos os gêneros
Fonte: Frisancho (1990).
Figura 6: Classificação do risco cardiovascular segundo Circunferência da Cintura para homens e mulheres
Fonte: WHO (2000).
A Dobra Cutânea Tricipital é aferida com o paciente na posição em pé, ele deverá ficar com o braço não dominante posicionado no ângulo de noventa graus. Após isso, será identificado o ponto médio entre a projeção lateral do acrômio da escápula e a margem inferior do olécrano da ulna. Solicitar ao paciente que relaxe o braço e aferir a dobra com o adipômetro no ponto médio do braço, sobre o músculo posterior do braço e após a aferição é realizado a classificação de acordo com as figuras 7, 8 e 9 (Brasil, 2011).
Figura 7: Percentis da DCT para homens
Fonte: Frisancho (1990).
Figura 8: Percentis da DCT para mulheres
Fonte: Frisancho (1990).
Figura 9: Classificação da DCT de ambos os gêneros
Fonte: Frisancho (1990).
2.2.6 AVALIAÇÃO DA QUALIDADE DO SONO
A qualidade do sono foi avaliada pelo questionário do PSQI, criado por Buysse e colaboradores (1989) e validado no Brasil por Bertolazi e colaboradores (2011). Contendo 19 perguntas relativas aos hábitos de sono referente ao último mês para obter o valor global do PSQI, sendo separados em 7 componentes: qualidade subjetiva do sono; latência do sono; duração do sono; eficiência do sono; distúrbios do sono; uso de medicação para dormir; sonolência e disfunção diurnas. Aos componentes são atribuídos valores de 0 a 3, com escore global que tem variação de 0 a 21 pontos. Pontuação <5 indica boa qualidade do sono e >5 pontos indica pobre qualidade do sono (João, 2017).
3. ANÁLISE DOS DADOS
Os dados foram apresentados a partir de estatística descritiva, as variáveis quantitativas foram abordadas na forma média mais ou menos em desvio padrão e as variáveis qualitativas foram apresentadas por meio de frequência absoluta e relativa. As análises realizadas neste trabalho consistem na exploração dos dados utilizando a técnica Estatística Inferencial (Teste de Mann-Whitney e Teste “t” de Student) para Amostras Independentes. O nível de significância utilizado para o teste foi de 5%. Foi utilizado o programa computacional SPSS 23.0 for Windows.
4. RESULTADOS
A população estudada tinha a faixa etária de 20 a 59 anos. Dos 40 participantes que manifestaram interesse no estudo, 10 desistiram e 4 foram excluídos no final da pesquisa, pois não retornaram para avaliação final. Um total de 26 indivíduos foi alocado em dois grupos de acordo com a classificação da qualidade do sono, sendo Grupo Boa Qualidade do Sono (GBQS) (n=8) e Grupo Pobres Qualidade do Sono (GPQS) (n=18).
Sobre os dados sociodemográfico, no GBQS 100% eram do sexo feminino e no GPQS 88,89% eram mulheres e 11,11% eram homens. Em ambos os grupos, 50% tinham renda familiar de 2,5 a 3,5 salários mínimos. No GBQS 25% concluíram o Ensino Médio e 25% concluíram o Ensino Superior, já o GPQS a prevalência foi de 50% dos participantes concluíram o Ensino Médio (tabela 1).
Em relação à tabela 1, a ocupação do GBQS ficou fragmentada, sendo 25% do lar ou desempregado, 25% não informou sua ocupação/ profissão e 25% não quiseram responder. Agora o GPQS teve predominância de 27,78% em alguma ocupação que não foi citada. Quanto ao estado civil dos participantes no GBQS 50% eram casados e no GPQS 88,89% também eram casados.
Tabela 1: Dados sociodemográficos (Continua)
Fonte: Dados da pesquisa.
No que diz respeito à tabela 2, as características do estilo de vida, os participantes de ambos os grupos praticavam atividade física, a modalidade mais predominante foi à musculação, sendo 75% do GBQS e 88,89% do GPQS. Além disso, a frequência da atividade no GBQS foi de 62,5% de quatro a cinco vezes por semana e no GPQS foi de 55,56% de quatro a cinco vezes por semana.
Sobre o consumo de bebidas alcoólicas o GBQS 75% não fazia uso de bebida alcoólica, mas no GPQS 55,55% consumiam. Além disso, ambos os grupos não eram tabagistas.
No GBQS 50% não apresentavam sintomas do trato gastrointestinal, entretanto, 12,5% caracterizaram-se constipados. 16,67% tinham constipação e 11,11% relataram sentir três ou mais sintomas.
Em concordância com o sintoma de constipação, de acordo com a escala de Bristol, no GBQS 87,5% apresentavam evacuação normal. Já no GPQS 66,66% evacuavam normalmente, 16,67% tinham constipação intestinal (tabela 2).
Tabela 2: Caracterização do estilo de vida
Fonte: Dados da pesquisa.
Em relação aos sintomas da SAOS relatado através do questionário PSQI, é notório que houve melhora em todos os sintomas, quando comparado antes e após a intervenção nutricional, sendo manifestas pelo ronco forte, interrupção da respiração durante a noite, agitação durante o sono e dificuldade para ficar acordado durante atividades cotidianas. Além disso, a classificação da qualidade do sono obteve uma melhora no final da pesquisa (tabela 3).
Tabela 3: Sintomas da SAOS e classificação da qualidade do sono
Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 4 aponta que o GBQS houve uma redução da CC, DCT, percentual de gordura e CB (p>0,05). Já o GPQS, os dados mais relevantes coletados foram à diminuição da CC e em contrapartida obteve-se uma elevação da DCT (p>0,05). Também, constatou-se que duas pessoas que eram do GPQS tiveram uma melhora da qualidade do sono e mudaram para o GBQS.
Tabela 4: Descrição das variáveis antropométricas
Fonte: Dados da pesquisa.
No que se refere à classificação dos dados antropométricos, de acordo com o IMC o GBQS antes das intervenções tinham 62,5% obesidade grau I e após 50% tinham predominância no sobrepeso.
Já o GPQS antes, foi classificado com sobrepeso representando 66,67% e após elevou para 68,75%. Agora sobre o percentual de gordura segundo a balança de bioimpedância o GBQS antes obtiveram 100% elevado neste parâmetro e após a intervenção diminuiu para 90%.
Em referência ao GPQS antes e após não houve alteração, ambas com 100% de gordura elevada. No que diz respeito a CC do GBQS antes 62,5% continham risco muito elevado e após caiu para 60%. Por fim, o GPQS antes predominou com 77,78% risco muito elevado e após a intervenção reduziu para 75% (tabela 5).
Tabela 5: Classificação dos dados antropométricos
Fonte: Dados da pesquisa.
Nota-se que o GBQS antes da intervenção nutricional referiu consumir três refeições ao dia, caracterizando 50%, já no GBQS após teve predominância no consumo de quatro refeições, sendo 60%. Quanto ao GPQS antes, 33,33% consumia quatro refeições e 33,33% consumia cinco refeições, mas no GPQS após a intervenção nutricional consumia cinco refeições, sendo 75% (tabela 6).
Tabela 6: Descrição do fracionamento das refeições antes e após a intervenção nutricional
Fonte: Dados da pesquisa.
A tabela 7 demonstra que houve um aumento da oferta calórica entre os grupos, quando comparado o momento inicial e a prescrição, contudo, esta condição não prejudicou o emagrecimento. O aumento da ingestão calórica ocorreu, devido, as demandas energéticas individualizadas, mas foi proposto uma restrição calórica que oportuniza a redução de 2 kg a 4 kg no mês. Também, foi proposta uma elevação da ingestão proteica, da quantidade do lipídeo, das fibras e redução da quantidade da gordura saturada e do colesterol, para melhorar a qualidade da dieta consumida.
A gordura saturada (p=0,025), proteína em g/kg (p <0,001) e a fibra (p <0,001) tiveram uma diferença significativa antes e após a prescrição dietética. Percebe-se que os valores prescritos ficaram de acordo com as recomendações nutricionais.
Tabela 7: Descrição do consumo alimentar dos macronutrientes antes e após a intervenção nutricional
Fonte: Dados da pesquisa.
Após intervenção nutricional, os dois grupos obtiveram um aumento na prescrição dos minerais, cálcio, selênio, ferro, magnésio, zinco e potássio. As vitaminas A, D, C, E, B6 e B12 também tiveram elevação para uma melhor qualidade nutricional da dieta prescrita (tabela 8).
Tabela 8: Descrição do consumo alimentar dos micronutrientes antes e após a intervenção nutricional
Fonte: Dados da pesquisa.
5. DISCUSSÃO
A predominância do sexo feminino (tabela 1) neste estudo pode ser explicada, devido às mulheres terem uma preocupação mais elevada com a estética corporal comparada aos homens, por meio da perda de peso e a promoção da saúde através da prática de atividade física (Gonçalves e Alchieri, 2010).
O presente estudo analisou o impacto do emagrecimento na qualidade do sono em praticantes de atividade física, evidenciou importantes resultados. Os principais achados foram: a) melhora dos sintomas da SAOS; b) relação da qualidade do sono e prática de atividade física para perda de peso; c) impacto do emagrecimento na redução da CC em ambos os grupos; d) redução do percentual de gordura; e) caloria, macronutrientes e micronutrientes favorecendo o emagrecimento e melhorando a qualidade do sono.
De acordo com Zimberg e colaboradores (2017) a obesidade aumenta o risco do surgimento da SAOS atrapalhando a qualidade do sono do indivíduo, desfavorecendo a recuperação das funções biológicas que ocorrem durante o sono. Foi evidente no presente estudo que após a intervenção nutricional ocorreu melhora na classificação da obesidade de acordo com o IMC (tabela 4), como efeito, melhora dos sintomas da apneia do sono (tabela 3). Diante do exposto, evidenciou-se que o emagrecimento favoreceu a redução dos sintomas da apneia do sono, de tal forma que melhorou a qualidade do sono.
Segundo Fenton e colaboradores (2021) a boa qualidade do sono e a duração adequada do sono foram associadas com maior perda de peso. Observou se que no presente estudo o GPQS sucedeu menos impacto do emagrecimento comparado ao GBQS, mas foi possível notar a melhora na qualidade do sono do GPQS, porque participantes que eram do GPQS após intervenção nutricional mudaram para o GBQS (tabela 3 e 4).
Em um artigo de revisão foi observado que uma boa qualidade do sono exerce funções fisiológicas importantes para a recuperação da atividade física, quando o indivíduo tem pobre qualidade do sono surgem efeitos negativos no desempenho, precisão, força, resistência, tempo de reação, em referência a função cognitiva ocorre alterações na tomada de decisão e julgamento (Vitale e colaboradores, 2019).
Panatto e colaboradores (2019), dividiram os participantes em dois grupos, grupo caso que realizavam acompanhamento nutricional e praticavam atividade física e o grupo controle que faziam apenas atividade física. Observaram que o grupo caso tiveram melhores resultados na redução da CC e do peso/IMC. No presente estudo conforme demonstrado na tabela 4, foi observado que a diminuição da CC e do IMC de ambos os grupos após intervenção tiveram uma melhora.
Um estudo longitudinal, uma coorte multicêntrica com 12.789 participantes realizada por 6 meses, tiveram como conclusão que a pobre qualidade do sono está associada ao ganho elevado da CC e maior incidência de obesidade dentre os indivíduos com sobrepeso. Atrelado a isso, a ingestão de bebida alcoólica é um fator que corrobora para problemas no sono (Camargo, 2019).
Visto isso, é importante observar que o GPQS já tem problemas no sono e 55,55% ingerem bebida alcoólica (tabela 2), isso pode ter influenciado no aumento da DCT e a menor modificação da CC (tabela 4). Ainda, comparando com o GBQS 75% não fazem uso de bebida alcoólica (tabela 2) e tiveram uma redução da DCT, CB e uma perda maior da CC comparado ao GPQS (tabela 4).
Ainda sobre a bebida alcoólica, a mesma tem prioridade no processo de metabolização no organismo, devido, a presença de componentes tóxicos, alterando outras vias metabólicas, como a oxidação de lipídios, favorecendo o estoque de gordura corporal, podendo levar ao sobrepeso e obesidade (Bianco, 2019).
Um estudo de intervenção de perda de peso comportamental, que teve duração de 12 meses, obteve como resultado que a melhor qualidade do sono foi associada a uma maior perda de gordura corporal (Kline, 2021). Devido a esses fatores, pode-se observar que o GBQS teve uma redução maior do percentual de gordura após intervenção comparado ao GPQS (tabela 4), por outro lado, só houve melhora na classificação do percentual de gordura do GBQS (tabela 5).
Semelhante ao estudo de Chaput e Tremblay (2012) a amostra continha um total de 123 indivíduos adultos com sobrepeso e obesidade com duração entre 15 e 24 semanas de estudo, tendo intervenção dietética com restrição calórica moderada de 600 – 700 kcal/dia com acompanhamento nutricional. Sendo utilizada uma análise de regressão linear múltipla, observaram que existe uma relação positiva entre a melhor qualidade do sono associado a uma perda de peso, da qual 76% proveniente da perda de massa gorda. Sendo perceptível uma semelhança do artigo comparado ao GBQS que também teve uma redução da massa gorda corporal, já o GPQS não teve valores expressivos comparados ao grupo GBQS (tabela 4).
Segundo Pereira e colaboradores (2014) realizou um estudo transversal com 342 mulheres verificou que 72,8% da amostra foram classificadas com excesso de peso e 54,8% apresentaram CC muito elevada. Avaliaram a relação entre o fracionamento da dieta e o perfil nutricional, sendo considerado adequado o fracionamento de cinco refeições diariamente, contudo, o número mediano de refeições ingeridas foi de quatro diariamente. Os autores tiveram como hipótese que um menor fracionamento das refeições e um grande volume consumido nas principais refeições podem proporcionar maior acúmulo de gordura corporal, devido a uma maior lipogênese e absorção da glicose.
De acordo com Ferraz (2013) o número de refeições diariamente pode influenciar a TMB, quanto maior for o intervalo entre as refeições, maior o declínio da TMB, favorecendo a dificuldade do emagrecimento. No presente estudo, pode-se observar que em ambos os grupos após a intervenção nutricional ocorreu um maior fracionamento das refeições (tabela 6) que pode ter associação à perda da gordura corporal (tabela 4).
Em relação à proteína, ambos os grupos obtiveram aumento na prescrição dietoterápica (tabela 7), para promover maior saciedade no organismo e evitar perda de tecido muscular. Em uma revisão integrativa da literatura foram pesquisados estudos entre os anos de 2006 a 2021, para mapear os principais resultados sobre a utilização da proteína no processo de emagrecimento. Determinaram que o uso da proteína é importante no processo de perda de peso, redução do percentual de gordura e evita o catabolismo protéico durante o processo de emagrecimento (Lino e colaboradores, 2023).
Alguns participantes deste estudo consumiam muita gordura saturada e baixa ingestão de fibras (tabela 7), que foi o GPQS e tiveram menos impacto no emagrecimento, visto que, a qualidade do sono não era boa e isso interfere negativamente na perda de peso, mesmo sendo praticantes de atividade física que é outro fator que auxilia neste processo.
Este achado com um estudo do St-Onge e colaboradores (2016) realizado com 26 adultos que tinham uma boa qualidade do sono, sendo uma pesquisa de caráter cruzado randomizado, concluíram que a alta ingestão de gordura saturada e o baixo consumo de fibras estiveram relacionados com um sono mais leve e menos restaurador, tendo mais despertares. Importante ressaltar que os pesquisadores relatam que a dieta pode ser viável no tratamento de distúrbios do sono, mas é necessário que ocorra mais testes (St-Onge e colaboradores, 2016).
Portanto, verificando ambos achados, compreende a importância de adequar à prescrição da gordura saturada e fibras na dieta, para que não seja mais um fator que atrapalhe a qualidade do sono.
Além disso, um consumo baixo de fibra está diretamente relacionado com a constipação intestinal, sintoma relatado em ambos os grupos deste estudo (tabela 2). A fibra tem função de modular o funcionamento intestinal, podendo aumentar o volume fecal ou aumentar a velocidade de excreção. Outra função é promover maior saciedade, pois retardam o esvaziamento gástrico, sendo algo importantíssimo no processo de emagrecimento (Gomes e Moraes, 2020).
Estudos demonstram que pessoas com pobre qualidade do sono tiveram um aumento da fome, devido à diminuição do nível de leptina e aumento de grelina (Ding, 2018), utilizar a fibra como estratégia para auxiliar na saciedade é uma estratégia essencial.
Neste estudo, a dieta prescrita promoveu uma elevação de ingestão de magnésio, vitamina D e vitamina E (tabela 8), a literatura tem demonstrado que estes micronutrientes estão relacionados com a melhora da qualidade do sono.
Dito isso, o magnésio tem função de relaxar a musculatura e induzir o sono profundo através da atuação como estimulador na atividade da enzima N acetiltransferase, proporcionando a síntese da melatonina, como consequência, aumentar sua secreção pela glândula pineal (Djokic e colaboradores, 2019 e Meolie e colaboradores, 2005).
Segundo Gholizadeh e Saedisomeolia (2021) averiguaram a influência fisiológica do consumo da amêndoa doce na qualidade do sono em estudantes. Observou-se que a ingestão deste alimento, abundante em vitamina E, teve efeito positivo na redução significativa da insônia e melhora da qualidade do sono. Já Gupta e Anand (2019) verificaram que o consumo de vitamina E esteve associado a um maior tempo total de sono. Mas, foi verificado que os autores discutem que a metodologia empregada nos estudos, torna de difícil conclusão a influência desse micronutriente no sono.
Para avaliar a associação entre o risco de distúrbios do sono e o consumo de vitamina D, Gao e colaboradores (2018) fizeram uma metanálise. Foi encontrado que indivíduos que possuíam baixos níveis de vitamina D apresentaram risco elevado no surgimento de distúrbios de sono, além de ser associado a uma pobre qualidade do sono. Já Jung e colaboradores (2017) apontam que a vitamina D tem um papel importante no mecanismo do sono, devido a existência de receptores de vitamina D no tronco do hipotálamo e as células presentes nessa região executarem função importante na manutenção dos primeiros estágios do sono. Logo, pode-se concluir com essas evidências que baixos níveis de vitamina D podem ser um agente de risco para os distúrbios do sono.
A vitamina D pode ser adequada através da alimentação e exposição solar. Segundo Terushkin e colaboradores (2010) demonstraram que por meio da exposição solar é possível atingir a recomendação diária de vitamina D. Logo, os participantes deste estudo foram orientados para que tomassem banho de sol diariamente, visto a sua importância na melhora da qualidade do sono.
De acordo com Oliveira e colaboradores (2017) os micronutrientes que têm ação antioxidante reagem com os radicais livres fazendo com que ocorra uma redução dos efeitos nocivos à saúde, assim, prevenir a lesão oxidativa. Ainda, segundo Vasconcelos e colaboradores (2015) os radicais livres são moléculas instáveis, e quando são produzidas em poucas quantidades, são benéficas, pois auxilia em diversos processos fisiológicos, porém, quando acontece acúmulo dessas moléculas pode ocasionar o estresse oxidativo. Em referência ao mineral zinco, selênio, magnésio e a vitaminas A, C, E tem funções antioxidantes, e uma dieta que fornece estes micronutrientes reduzem os efeitos nocivos e corroboram no sistema imune devido seu efeito combaterem os radicais livres (Hongaro, Cruz e Ferrari, 2019).
Evidências científicas tem demonstrado que os obesos têm tido redução na ingestão do cálcio e magnésio, e quando o organismo encontra-se com deficiência parece contribuir para o estresse oxidativo (Cozzolino, 2005; Morais e colaboradores, 2017). Pode-se observar na (tabela 8) que antes da intervenção nutricional a ingestão era insuficiente destes minerais, favorecendo o estresse oxidativo que prejudica a capacidade de defesa antioxidante do organismo, sendo este importante para a saúde humana.
Corroborando com nossos resultados, observa-se com estes achados na literatura a importância do consumo adequado desses micronutrientes, porque, após intervenção nutricional houve um aumento no número de pessoas classificadas no GBQS e declínio no GPQS (tabela 3).
A reeducação alimentar aliada a prática de atividade física regular e uma boa qualidade do sono tem demonstrado ser um fator importantíssimo no processo de emagrecimento. O profissional nutricionista exerce papel fundamental no emagrecimento, pois utiliza da ciência da nutrição como ferramenta para a promoção da saúde, por meio da prescrição dietética e Educação Alimentar e Nutricional, através das orientações nutricionais. Igualmente, o planejamento alimentar deve respeitar a individualidade, as necessidades nutricionais e a cultura alimentar dos participantes. Assim sendo, favorece a adesão do indivíduo a dieta prescrita e promova mudanças nos hábitos alimentares que proporcionam o emagrecimento e um estilo de vida saudável.
6. CONCLUSÃO
O presente estudo analisou o impacto do emagrecimento na qualidade do sono em praticantes de atividade física. Os resultados indicam que a intervenção dietoterápica com restrição calórica juntamente com a prática de atividade física regular proporcionou a perda de gordura corporal e melhora da qualidade do sono, isso pode ser um dos fatores que favoreceram o processo de emagrecimento e vice versa, sendo aspectos fundamentais para que o emagrecimento aconteça de forma saudável e proporcione promoção á saúde dos indivíduos.
A obesidade aumenta o risco do surgimento da SAOS atrapalhando a qualidade do sono, foi observado nesta pesquisa que o processo do emagrecimento favoreceu a melhora dos sintomas da apneia do sono após intervenção nutricional, de tal forma que, melhorou a qualidade do sono dos participantes. A boa qualidade do sono exerce funções fisiológicas importantes para a recuperação da atividade física, favorecendo um melhor desempenho durante a atividade, consequentemente favorecendo a perda de peso.
O nutricionista é o profissional responsável por elaborar o plano alimentar individualizado, equilibrado em macronutrientes e micronutrientes que exercem papel fundamental no emagrecimento e na qualidade do sono. Além disso, foi realizado orientações nutricionais através da Educação Alimentar e Nutricional sendo fundamental no processo do emagrecimento para que favoreça uma melhor adesão ao tratamento.
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1Estudante de Nutrição, Centro Universitário Salesiano, Vitória, Espírito Santo, Brasil. jmariana.dx@gmail.com
2Docente de Nutrição, Mestre em Ciências Fisiológicas, Doutora em Ciência e Tecnologia de Alimentos, Centro Universitário Salesiano, Vitória, Espirito Santo, Brasil. miriannutricionista@yahoo.com.br