IMPACTO DO CONTROLE DA HIPERTENSÃO ARTERIAL NA REDUÇÃO DE EVENTOS CARDIOVASCULARES: UMA REVISÃO INTEGRATIVA

IMPACT OF CONTROLLING HYPERTENSION ON REDUCING CARDIOVASCULAR EVENTS: AN INTEGRATIVE REVIEW

Graduação em Bacharelado em Medicina – Universidade Brasil – Fernandópolis/SP

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202409270706


Claudia Regina Furtado da Costa1 / Danubio Silva Silvestre2 / Eduarda Barbosa Oliveira3 / Egiany Guedes Ribeiro4/ Gabriel Silva Perini5 / Gabriel Victor Moreira Alves6 / Giovanni Moretto7 / Giuerle de Oliveira Andrade8 / Jennyffer da Silva Leite Rosa9 / Leiciane Almeida Sales10 / Leonarda Barbosa Carvalho11 / Letícia Costa Machado12 / Maisa Araujo dos Santos Freitas13 / Morgana Bezerra Bispo Caldas14 / Sanzio Rabelo Moreira15


RESUMO

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis para o desenvolvimento de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. O controle adequado da pressão arterial tem sido amplamente estudado e demonstra impacto significativo na redução desses eventos. Esta revisão integrativa tem como objetivo sintetizar as evidências sobre o impacto do controle da hipertensão arterial na prevenção de eventos cardiovasculares, abordando as principais estratégias terapêuticas, incluindo mudanças no estilo de vida e intervenções farmacológicas. Foram analisadas as barreiras para a adesão ao tratamento, além dos desafios enfrentados no contexto da saúde pública. Os achados reforçam a importância de intervenções mais eficazes e a necessidade de novas pesquisas para aprimorar o manejo da hipertensão e reduzir as complicações associadas.

Palavras-chave: Hipertensão arterial; Controle da pressão arterial; Eventos cardiovasculares; Infarto do miocárdio; Acidente vascular cerebral; Adesão ao tratamento.

ABSTRACT

Arterial hypertension is one of the main modifiable risk factors for the development of cardiovascular events, such as myocardial infarction, stroke, and heart failure. Proper blood pressure control has been widely studied and shows significant impact in reducing these events. This integrative review aims to synthesize the evidence on the impact of hypertension control in preventing cardiovascular events, addressing the main therapeutic strategies, including lifestyle changes and pharmacological interventions. The barriers to treatment adherence and challenges faced in the public health context were also analyzed. The findings emphasize the importance of more effective interventions and the need for further research to improve hypertension management and reduce associated complications.

Keywords: Arterial hypertension; Blood pressure control; Cardiovascular events; Myocardial infarction; Stroke; Treatment adherence.

1. INTRODUÇÃO

A hipertensão arterial (HA) é reconhecida como um dos principais fatores de risco modificáveis para eventos cardiovasculares, incluindo infarto agudo do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Estima-se que mais de 1,13 bilhões de pessoas ao redor do mundo sofram de hipertensão, configurando-se como um dos maiores desafios de saúde pública global (Wang & Vasan, 2005). Nos Estados Unidos, a prevalência de hipertensão não controlada entre a população adulta alcança níveis alarmantes, com uma significativa proporção de indivíduos não diagnosticados ou inadequadamente tratados (Burt et al., 1995). Esses dados são corroborados por investigações realizadas pelo National Institute of Health, que evidenciam a necessidade de intervenções mais eficazes na detecção precoce e no manejo da pressão arterial elevada (NIH, 1993).

No Brasil, a situação é igualmente preocupante. Estudos epidemiológicos demonstram que a hipertensão está entre as principais causas de morbidade e mortalidade por doenças cardiovasculares e cerebrovasculares no país (Lessa, 1999). A ausência de controle adequado da pressão arterial tem contribuído para o aumento progressivo dos custos associados ao tratamento dessas condições, além de impactar diretamente na qualidade de vida dos pacientes. Esse cenário torna imperativo o desenvolvimento de estratégias de controle da HA, não apenas para prevenir a ocorrência de eventos cardiovasculares graves, mas também para mitigar o ônus econômico e social imposto pelos sistemas de saúde pública.

Diante disso, o presente estudo visa realizar uma revisão integrativa sobre o impacto do controle da hipertensão arterial na redução de eventos cardiovasculares, com base nas evidências disponíveis. A compreensão aprofundada desse tema é essencial para a formulação de políticas públicas eficazes, que busquem promover o controle da pressão arterial e, consequentemente, a redução da morbimortalidade cardiovascular.

2. REVISÃO DA LITERATURA

2.1 Epidemiologia da Hipertensão Arterial

A hipertensão arterial (HA) é amplamente reconhecida como uma das condições crônicas de maior prevalência no mundo, afetando cerca de 1,13 bilhões de pessoas globalmente. A prevalência varia entre diferentes regiões geográficas, grupos etários e sociais, sendo mais acentuada em países de baixa e média renda. Nos Estados Unidos, estudos demonstram que aproximadamente 30% da população adulta é hipertensa, e uma parcela significativa desses indivíduos permanece com a pressão arterial descontrolada, mesmo após diagnóstico e tratamento inicial (Wang & Vasan, 2005; Burt et al., 1995).

No contexto brasileiro, o cenário é igualmente preocupante. Pesquisa realizada na região metropolitana de Belo Horizonte indicou alta prevalência de hipertensão entre os adultos, particularmente entre os indivíduos de classes socioeconômicas mais baixas e os mais idosos, refletindo as disparidades no acesso à saúde e na adoção de hábitos saudáveis (Lima-Costa, 2004). Além disso, o envelhecimento populacional e o aumento do sedentarismo têm contribuído para a crescente incidência da condição no país.

Diversos fatores comportamentais e ambientais são determinantes para a desregulação da pressão arterial, como a má alimentação, rica em sódio e gorduras saturadas, o sedentarismo e o consumo excessivo de álcool. Estudos europeus apontam que a falha em atingir as metas de controle pressórico está diretamente relacionada ao aumento da morbidade e dos custos de tratamento das doenças cardiovasculares (Hansson et al., 2002). Esses dados reforçam a necessidade de ações preventivas focadas na modificação dos hábitos de vida, especialmente em grupos de risco.

Os fatores genéticos também desempenham um papel crucial na predisposição à hipertensão, sendo que indivíduos com histórico familiar apresentam maior risco de desenvolver a condição em idades precoces. A falta de controle adequado da pressão arterial, tanto por barreiras no tratamento quanto por questões socioeconômicas, contribui diretamente para a perda de anos produtivos de vida e o aumento da mortalidade prematura, principalmente devido a doenças cardíacas e cerebrovasculares (Lessa, 2002).

Este panorama epidemiológico evidencia a complexidade da hipertensão arterial e a necessidade de estratégias multifacetadas de controle, envolvendo intervenções no estilo de vida, tratamento farmacológico adequado e políticas públicas que promovam o acesso equitativo aos cuidados de saúde.

2.2 Impacto da Hipertensão nos Eventos Cardiovasculares

A hipertensão arterial é um dos principais fatores de risco modificáveis para uma série de eventos cardiovasculares graves, incluindo infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral (AVC) e insuficiência cardíaca. Estudos demonstram que o aumento sustentado da pressão arterial impõe uma sobrecarga significativa ao sistema cardiovascular, resultando em danos progressivos aos vasos sanguíneos e ao coração (Black, 2003). A hipertensão não controlada provoca o enrijecimento das artérias, favorece a formação de ateromas e aumenta a resistência vascular, sobrecarregando o miocárdio e predispondo o indivíduo ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca e eventos isquêmicos.

A relação entre hipertensão e doenças cardiovasculares é robusta e bem documentada. A pressão arterial elevada causa lesões endoteliais que aceleram o processo de aterosclerose, promovendo o estreitamento das artérias coronarianas e aumentando o risco de infarto. Da mesma forma, a hipertensão prolongada está fortemente associada à ocorrência de AVCs isquêmicos e hemorrágicos, sendo responsável por até 50% dos casos de AVC em todo o mundo (Mansur et al., 2002). No Brasil, essa realidade tem sido amplamente observada, com altas taxas de mortalidade precoce por doenças cerebrovasculares, especialmente entre indivíduos de faixas etárias produtivas (Lessa, 1990).

Além dos impactos diretos sobre a saúde dos indivíduos, a hipertensão também contribui para um aumento significativo na carga sobre os sistemas de saúde. O tratamento de eventos cardiovasculares, como infartos e AVCs, bem como as complicações a longo prazo, como a insuficiência cardíaca, impõem elevados custos médicos e sociais. Em particular, no Brasil, a mortalidade por doenças coronarianas aumentou significativamente nas últimas décadas, refletindo tanto o envelhecimento populacional quanto o controle inadequado da hipertensão entre a população geral (Lessa, 2003).

O controle inadequado da hipertensão, associado ao acesso limitado aos cuidados de saúde e à baixa adesão ao tratamento, acentua a prevalência dessas condições. Esse panorama reforça a urgência de intervenções que priorizem o controle rigoroso da pressão arterial como uma estratégia fundamental para a redução da mortalidade cardiovascular e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes hipertensos.

2.3 Estratégias de Controle da Hipertensão

O controle eficaz da hipertensão arterial envolve uma abordagem multifacetada, que inclui tanto modificações no estilo de vida quanto intervenções farmacológicas. A adoção de hábitos saudáveis é considerada uma das principais estratégias para prevenir e controlar a hipertensão. Mudanças na dieta, como a redução do consumo de sódio e gorduras saturadas, aumento da ingestão de frutas e vegetais, além da prática regular de atividade física, têm mostrado efeitos significativos na redução da pressão arterial (Teodósio et al., 2004). A cessação do tabagismo e a moderação no consumo de álcool também desempenham um papel importante no manejo da doença, uma vez que o tabaco e o álcool são fatores de risco conhecidos para o agravamento da hipertensão.

Apesar dos benefícios reconhecidos das mudanças no estilo de vida, a maioria dos pacientes hipertensos também requer tratamento farmacológico para controlar a pressão arterial. A combinação de medicamentos anti-hipertensivos, como diuréticos, bloqueadores dos canais de cálcio, inibidores da enzima conversora de angiotensina (IECA) e bloqueadores dos receptores de angiotensina II (BRA), constitui a base do tratamento medicamentoso. Esses fármacos atuam de diferentes maneiras para reduzir a resistência vascular e o volume sanguíneo, aliviando a carga sobre o sistema cardiovascular e prevenindo eventos adversos (Lessa, 1993).

A adesão ao tratamento, tanto às mudanças no estilo de vida quanto ao regime farmacológico, é um fator determinante para o sucesso no controle da hipertensão e na prevenção de complicações cardiovasculares. Contudo, a não adesão ao tratamento ainda é um grande desafio no manejo da hipertensão. Estudos mostram que uma parcela significativa dos pacientes hipertensos interrompe o acompanhamento regular ou não segue corretamente as recomendações médicas, o que resulta em uma piora no controle da pressão arterial (Busnello et al., 2001). Fatores como falta de informação, dificuldade de acesso a medicamentos e suporte inadequado da rede de saúde contribuem para esse abandono do tratamento.

Em grupos específicos, como mulheres e trabalhadores da área da saúde, a adesão ao tratamento pode ser ainda mais desafiadora. Aquino et al. (2001) relatam que mulheres, especialmente aquelas que desempenham múltiplos papeis, como cuidar da família e trabalhar, muitas vezes negligenciam o cuidado com a própria saúde, levando a um controle inadequado da hipertensão. Esses dados reforçam a necessidade de políticas públicas e campanhas de conscientização que não apenas promovam o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, mas também incentivem uma adesão contínua, particularmente entre os grupos mais vulneráveis.

Portanto, para garantir o sucesso no controle da hipertensão e na redução de eventos cardiovasculares, é essencial promover uma abordagem integrada, que combine medidas preventivas, tratamento medicamentoso eficaz e um esforço contínuo para melhorar a adesão ao tratamento, especialmente em populações de risco elevado.

2.4 Evidências sobre a Redução de Eventos Cardiovasculares

O controle eficaz da hipertensão arterial tem sido amplamente comprovado como uma estratégia essencial para a redução significativa de eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (AVC). Diversos estudos clínicos e meta-análises demonstram que a diminuição sustentada dos níveis pressóricos está diretamente associada à queda na incidência desses eventos. De acordo com as evidências disponíveis, o controle adequado da pressão arterial reduz não apenas a morbidade e a mortalidade associadas às doenças cardiovasculares, mas também gera benefícios econômicos para os sistemas de saúde, ao diminuir a demanda por tratamentos de emergência e hospitalizações.

Um dos estudos mais relevantes sobre o tema, conduzido por Lloyd et al. (1999), destaca que o controle inadequado da pressão arterial aumenta substancialmente os custos financeiros e de saúde, tanto para os indivíduos quanto para o sistema de saúde como um todo. Eles mostram que, no Reino Unido, o tratamento inadequado da hipertensão leva a uma maior ocorrência de complicações cardiovasculares, gerando custos adicionais em termos de cuidados médicos e perda de produtividade. Esses dados evidenciam a importância de manter níveis de pressão arterial dentro dos limites recomendados para evitar desfechos adversos e sobrecarregar os sistemas de saúde.

Além dos custos econômicos, a falta de controle da hipertensão também resulta em graves consequências para a saúde. Lessa (2003) enfatiza que a não adesão ao tratamento hipertensivo não apenas eleva o risco de complicações como infarto e AVC, mas também afeta negativamente a qualidade de vida dos indivíduos. A incapacidade de prevenir esses eventos devido à má adesão ao tratamento agrava ainda mais o quadro, principalmente em populações vulneráveis, que já enfrentam barreiras ao acesso a cuidados médicos adequados.

Estudos clínicos adicionais confirmam a eficácia das intervenções no controle da hipertensão. Mion Jr. et al. (2004) demonstraram que o uso de estratégias integradas, como o tratamento medicamentoso aliado a mudanças no estilo de vida, não apenas reduz os níveis pressóricos, mas também promove uma redução significativa na ocorrência de eventos cardiovasculares em pacientes de alto risco. Esses dados reforçam a importância de intervenções precoces e contínuas para garantir o controle adequado da hipertensão e, consequentemente, a prevenção de complicações graves.

Portanto, as evidências científicas são claras: o controle efetivo da pressão arterial é crucial para prevenir eventos cardiovasculares, reduzir a mortalidade e minimizar o impacto econômico da hipertensão. A implementação de políticas de saúde pública que promovam o diagnóstico precoce, a adesão ao tratamento e o monitoramento contínuo é essencial para melhorar os resultados de saúde e reduzir a carga socioeconômica associada às complicações cardiovasculares.

3. DISCUSSÃO

A análise da literatura revela significativos avanços no controle da hipertensão arterial, especialmente no que se refere ao aumento da conscientização sobre os riscos associados à pressão arterial elevada e à implementação de medidas farmacológicas eficazes. No entanto, apesar desses progressos, ainda existem barreiras consideráveis à adesão ao tratamento e ao controle adequado da hipertensão, o que compromete os esforços de saúde pública na redução da morbimortalidade cardiovascular.

Estudos como o de Ayala et al. (2005) apontam para a importância de campanhas de rastreamento de pressão arterial, que têm ajudado a aumentar a taxa de diagnósticos precoces e a conscientização sobre a hipertensão em várias regiões dos Estados Unidos. No entanto, o impacto dessas medidas no controle da pressão arterial ainda é limitado pela incapacidade de garantir a adesão ao tratamento a longo prazo. Muitos pacientes diagnosticados com hipertensão não conseguem seguir de forma consistente o regime terapêutico recomendado, seja por fatores econômicos, culturais ou pela falta de sintomas aparentes em estágios iniciais da doença.

A adesão ao tratamento continua sendo um dos maiores desafios no manejo da hipertensão, conforme discutido por Pardell et al. (1998). Eles destacam que, além dos fatores clínicos e comportamentais, há também importantes considerações farmacoeconômicas que influenciam a gestão da hipertensão. O alto custo de alguns medicamentos anti-hipertensivos pode dificultar o acesso, principalmente em países em desenvolvimento, onde os sistemas de saúde enfrentam desafios de financiamento e distribuição de recursos. Mesmo em países desenvolvidos, como mostrado por Mullins et al. (1997), os custos relacionados à hipertensão continuam a ser um fardo significativo para pacientes e sistemas de saúde, indicando a necessidade de intervenções políticas que assegurem a acessibilidade dos tratamentos.

Lessa (1996) aborda as expectativas para o controle da hipertensão no Brasil, ressaltando a necessidade de estratégias mais abrangentes que considerem as particularidades regionais e sociodemográficas do país. Embora programas de saúde pública como o SUS tenham avançado no tratamento da hipertensão, ainda há uma lacuna considerável entre o diagnóstico e o controle adequado da doença. A desigualdade no acesso a serviços de saúde, especialmente em áreas rurais e periféricas, é um obstáculo que limita o impacto das políticas públicas de saúde.

O impacto econômico da hipertensão, como discutido por Elliott (2003), também não pode ser ignorado. A hipertensão não controlada aumenta substancialmente os custos com internações hospitalares, cuidados com complicações graves, como infartos e acidentes vasculares cerebrais, e perda de produtividade no trabalho. Investir em programas de prevenção e tratamento da hipertensão pode não só salvar vidas, mas também gerar economias significativas para os sistemas de saúde, ao reduzir a necessidade de intervenções de emergência e tratamentos para complicações avançadas da doença.

No contexto de saúde pública, os desafios futuros envolvem não apenas a melhoria das estratégias de controle e adesão ao tratamento, mas também o desenvolvimento de políticas integradas que considerem o impacto econômico, social e comportamental da hipertensão. Abordagens multifacetadas que envolvam educação em saúde, acesso equitativo a tratamentos, suporte psicossocial e monitoramento contínuo podem ser essenciais para superar as barreiras atuais.

Assim, é claro que, embora os avanços no manejo da hipertensão arterial tenham sido significativos, ainda há muito a ser feito para garantir que esses avanços se traduzam em melhorias reais e sustentáveis na saúde da população. A hipertensão continua sendo um dos maiores desafios de saúde pública, e enfrentar esse desafio requer esforços coordenados entre governos, profissionais de saúde, indústria farmacêutica e a sociedade como um todo.

4. CONCLUSÃO

Os principais achados desta revisão reforçam o papel crítico da hipertensão arterial como um dos principais fatores de risco para eventos cardiovasculares, como infarto do miocárdio, acidente vascular cerebral e insuficiência cardíaca. A evidência disponível mostra que o controle adequado da hipertensão é essencial para reduzir significativamente a incidência desses eventos, tanto no Brasil quanto em outros países. No entanto, barreiras como a baixa adesão ao tratamento, o acesso limitado a serviços de saúde e os altos custos de medicamentos continuam a dificultar o controle eficaz da pressão arterial em diversas populações.

O estudo de Lessa (1998) destaca que a hipertensão é responsável por uma parcela significativa de mortes relacionadas a doenças coronarianas no Brasil, o que demonstra a necessidade de intervenções mais eficazes no manejo da condição. Além disso, o relatório do National Institute of Health (1992) sublinha a importância de diretrizes clínicas bem estabelecidas para a detecção e tratamento da hipertensão, o que pode guiar políticas públicas e práticas clínicas mais assertivas.

Futuras pesquisas devem focar em estratégias inovadoras para melhorar a adesão ao tratamento, como intervenções comportamentais e tecnológicas, além de explorar abordagens personalizadas que considerem fatores genéticos, sociodemográficos e econômicos. Também é fundamental ampliar os estudos que avaliam o impacto de políticas públicas voltadas para a prevenção e tratamento da hipertensão, especialmente em populações vulneráveis.

A prevenção de eventos cardiovasculares requer um esforço contínuo para aprimorar o controle da pressão arterial, tanto por meio de mudanças no estilo de vida quanto pela ampliação do acesso a terapias farmacológicas de qualidade. Investir em programas de saúde pública voltados para a educação e monitoramento da hipertensão pode ter um impacto substancial na redução da morbimortalidade associada a esta condição, além de diminuir os custos econômicos e sociais gerados pelas complicações da hipertensão não controlada.

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1 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 2 Graduando em Medicina UnesulBahia faculdades integradas |3 Graduanda em Medicina pela UnesulBahia faculdades integradas | 4 Graduanda em Medicina pela UnesulBahia faculdades integradas | 5 Graduando em Medicina pela UnesulBahia faculdades integradas | 6 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 7 Graduando em Medicina pela Universidade Brasil | 8 Graduando em Medicina pela Universidade Vila Velha | 9 Graduanda em Medicina pela Unesulbahia Faculdades Integradas | 10 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 11 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 12 Graduanda em Medicina pela UnesulBahia faculdades integradas | 13 Graduanda em Medicina pela UNILAGO União das Faculdades dos Grandes Lagos | 14 Graduanda em Medicina pela Universidade Brasil | 15 Graduando em Medicina pela UNIV. ANHEMBI MORUMBI