REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ma10202411161915
Laiz de Oliveira Machado Leiva de Faria
Gisele Megale Brandão Gurgel Amaral
RESUMO
Introdução: O uso das redes sociais por crianças e adolescentes tem aumentado significativamente, trazendo à tona preocupações sobre os impactos na saúde mental desses grupos. A exposição a conteúdos prejudiciais, a busca por aceitação e o cyberbullying são fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de transtornos como ansiedade e depressão. Objetivos: Analisar o impacto das redes sociais na saúde mental de crianças e adolescentes. Metodologia: Foram analisados artigos publicados entre 2013 e 2024, utilizando os descritores “Redes sociais”, “Crianças e redes sociais”, “Adolescentes e redes sociais” e “Saúde mental e redes sociais”. Após aplicar critérios de inclusão e exclusão, 19 publicações foram selecionadas para a análise final. Resultados: Os resultados indicam que o uso excessivo e inadequado das redes sociais está associado a uma série de consequências na saúde mental, como ansiedade, depressão e distúrbios alimentares. Conclusão: É fundamental aumentar a conscientização sobre os riscos das redes sociais e desenvolver estratégias eficazes para promover o uso equilibrado dessas plataformas, visando proteger a saúde mental de crianças e adolescentes.
Palavras-chave: Redes sociais; Crianças e adolescentes; Saúde mental; Impactos psicológicos.
INTRODUÇÃO
Para os adolescentes, o uso das redes sociais e da Internet tornou-se quase onipresente. No Reino Unido, 83% possuem um smartphone e 99% acessam a Internet por pelo menos 21 horas por semana (OFCOM, 2017). Nos Estados Unidos e em toda a Europa, números semelhantes são reportados (LIVINGSTONE, et al., 2017).
Existe uma crescente preocupação com o possível impacto negativo das redes sociais na saúde mental dos adolescentes, uma vez que algumas evidências sugerem uma ligação entre o uso dessas plataformas e problemas como baixa autoestima, ansiedade e depressão (WOODS & SCOTT, 2016).
Contudo, a base de evidências é mista, justificando alguns estudos que apontam benefícios, como o alívio do estresse e a proteção do bem-estar, enquanto outros destacam os riscos das redes sociais causarem ou agravarem problemas de saúde mental, o que se torna uma preocupação para os pais (GEORGE & ODGERS, 2015).
Além disso, há um debate entre a necessidade de proteger os adolescentes no âmbito online, devido à sua vulnerabilidade e a importância de capacitá-los, considerando que muitas vezes suas habilidades digitais são subestimadas pelos adultos (OBAR et al., 2015).
A tarefa dos profissionais de saúde mental ao considerar-se o papel das redes sociais em avaliações iniciais, diagnósticos e tratamentos é fundamental e depende de suas percepções pessoais e conhecimento sobre os benefícios e riscos envolvidos. Os profissionais precisam estar bem informados para engajar, educar e tratar eficazmente os adolescentes e suas famílias (REID & WEIGLE, 2014).
No entanto, pesquisas indicam que muitos profissionais de saúde, como psiquiatras, têm preocupações com o uso excessivo de smartphones pelos adolescentes e acreditam que o tempo gasto online deve ser limitado, além de sugerirem uma idade mínima para a posse desses dispositivos (LEE et al., 2015).
Mesmo assim, muitos adolescentes se beneficiam do uso de smartphones, e evidências indicam que apenas uma minoria está em risco (ODGERS, 2018). Empoderar os adolescentes é um objetivo central dos serviços de saúde mental, que buscam respeitar seus direitos de participação nas decisões sobre seu tratamento, conforme estabelecido na Convenção sobre os Direitos da Criança das Nações Unidas (1989).
Embora existam estudos que apontem os benefícios potenciais das redes sociais, como o alívio do estresse e a proteção do bem-estar, os riscos de agravamento de condições de saúde mental são uma preocupação crescente. Assim, torna-se crucial investigar esses impactos e desenvolver estratégias eficazes de prevenção para proteger a saúde mental dos jovens, promovendo um uso equilibrado das tecnologias (BETTON & WOOLLARD, 2019).
Além disso, o papel dos profissionais de saúde mental é essencial nesse contexto, pois é necessário que estejam bem informados para orientar e tratar adolescentes e suas famílias de forma eficaz. A compreensão das perspectivas e experiências dos jovens, bem como a valorização da pesquisa qualitativa, são elementos fundamentais para uma prática clínica mais informada e empática (BARRY et al., 2017).
METODOLOGIA
Realizou-se um estudo qualitativo de revisão narrativa da literatura científica, com busca bibliográfica em bases de dados como PubMed, LILACS e Portal CAPES. Do total de publicações selecionadas (123), 56 foram excluídas, resultando em 67 publicações potenciais, das quais 19 foram incluídas na análise.
Foram considerados os artigos publicados nos últimos 11 anos, ou seja, publicados no período decorrente entre os anos de 2013 e 2024. Os estudos incompletos ou com fuga do tema a serem revisados, que não oferecem as informações necessárias para o desenvolvimento do tema proposto no trabalho, serão excluídos. Dentre estes critérios de exclusão, também se inclui a repetição de estudos em diferentes bases de dados.
A seleção dos artigos foi baseada nos descritores “Redes sociais”, “Crianças e redes sociais”, “Adolescentes e redes sociais” e “Saúde mental e redes sociais”, isolados ou combinados, tanto em português, quanto em inglês, visando obter uma ampla variedade de literatura detalhada sobre o tema.
DISCUSSÃO E RESULTADOS
O uso das redes sociais tornou-se uma parte essencial do cotidiano de crianças e adolescentes, mas os impactos significativos dessas plataformas na saúde mental desses grupos não podem ser ignorados. O uso descontrolado das redes sociais pode agravar problemas relacionados à autoestima, autoimagem e relações interpessoais. (MA. L., et al, 2021)
Além disso, a exposição contínua a conteúdos prejudiciais pode levar ao desenvolvimento de transtornos como ansiedade e depressão. É fundamental que a investigação científica se concentre nesses impactos para entender melhor as implicações e desenvolver intervenções eficazes (HOARE., et al, 2020)
Ademais, o tempo gasto nas redes sociais muitas vezes substitui o tempo que poderia ser dedicado à prática de atividades físicas. Estudos indicam que o uso excessivo de mídias sociais pode levar à diminuição dos níveis de atividade física, contribuindo para problemas de saúde como obesidade, doenças cardíacas e diabetes (HOGE., et al, 2017).
Outrossim, exposição constante a conteúdos que promovem padrões de corpo inatingíveis também pode afetar negativamente a motivação para se exercitar, criando uma relação complexa entre as mídias sociais e a atividade física (MOUGHARBEL ., et al, 2021).
A falta de supervisão parental e a exposição a riscos como o cyberbullying e informações falsas intensificam os problemas associados ao uso das redes sociais. Crianças e adolescentes, muitas vezes, não têm a maturidade necessária para filtrar informações prejudiciais ou lidar com a pressão social online (RUTTER., et al, 2021).
Esse ambiente, sem a devida orientação e controle, pode ser extremamente prejudicial, levando a consequências graves para a saúde mental dos jovens. Compreender essa relação é essencial para desenvolver estratégias que promovam um ambiente online mais seguro e saudável (CHIU., et al, 2020).
O avanço das mídias sociais redefiniu a forma como interagimos e nos influenciamos online, moldando uma nova cultura virtual que permeia a sociedade contemporânea. No contexto da cibercultura, as redes sociais se destacam como espaços dinâmicos de interação, que alteram profundamente as relações interpessoais e a percepção de identidade (PAGE ., et al, 2020).
No entanto, o uso excessivo e inadequado dessas plataformas pode resultar em complicações, como a dependência digital e a exposição a padrões de vida irreais. Esses fatores têm um impacto especialmente negativo na saúde mental dos jovens, que são mais vulneráveis a essas influências (OUZZANI., et al, 2016).
A exposição a conteúdos prejudiciais e a falta de privacidade online são questões que agravam ainda mais os riscos. Crianças e adolescentes estão expostos a uma grande quantidade de informações que nem sempre são adequadas para sua faixa etária (PIETROBELLI ., et al, 2020).
Outrossim, o aliciamento online é uma preocupação crescente com o aumento do uso de mídias sociais por crianças e adolescentes. Este fenômeno, onde predadores online usam as redes sociais para enganar, manipular e explorar jovens vulneráveis, possui sérias implicações para a segurança e o bem-estar psicológico dos menores (OBAR., et al, 2015).
Diante disso, o indivíduo poderá progredir para um efeito devastador em seu desenvolvimento emocional e psicológico. A ausência de privacidade também pode levar a uma sensação de vulnerabilidade e insegurança, aumentando o risco de transtornos de saúde mental ( KUDCHADKAR., et al, 2020).
Dado o cenário atual, é crucial que pais, educadores e formuladores de políticas públicas se unam para desenvolver estratégias de intervenção que promovam o bem-estar mental e emocional dos jovens (CARR., et al, 2015).
A conscientização sobre os riscos associados ao uso inadequado das redes sociais deve ser ampliada, e medidas concretas devem ser tomadas para assegurar que o ambiente virtual seja seguro e saudável para as próximas gerações. Isso inclui o estabelecimento de políticas que incentivem o uso consciente e a implementação de programas educacionais voltados para a saúde digital (LE HEUZEY., et al, 2012).
Em última análise, o objetivo deve ser criar um equilíbrio entre os benefícios das redes sociais e a proteção da saúde mental dos jovens. Ao promover um uso equilibrado e consciente das tecnologias, é possível maximizar os aspectos positivos das redes sociais, como a conexão e o acesso à informação, enquanto se minimizam os riscos (CHASSIAKOS., et al, 2016).
A colaboração entre famílias, escolas, profissionais de saúde e formuladores de políticas é fundamental para garantir que as redes sociais possam ser usadas de maneira que beneficie o desenvolvimento saudável dos jovens, preparando-os para um futuro em que possam navegar com segurança no mundo digital ( SPINA ., et al, 2021).
CONCLUSÃO
O uso crescente das redes sociais por crianças e adolescentes têm levantado preocupações significativas sobre a saúde mental e física desses grupos. Embora as mídias sociais ofereçam benefícios, o uso excessivo ou inadequado pode estar relacionado a uma série de problemas, como depressão, ansiedade e distúrbios alimentares. Questões relacionadas à imagem corporal também são preocupantes, especialmente entre adolescentes com baixa autoestima, que podem ser influenciados por conteúdos prejudiciais, exacerbando transtornos como anorexia.
É fundamental aumentar a conscientização entre médicos, pais e desenvolvedores de plataformas sobre os riscos potenciais do uso descontrolado das redes sociais. Profissionais de saúde, como pediatras, têm um papel crucial ao rastrear a exposição de crianças e adolescentes à mídia durante check-ups regulares e aconselhar as famílias sobre a importância de um uso equilibrado e seguro dessas plataformas.
Incluindo orientar sobre conteúdos apropriados, a necessidade de uma alimentação saudável, atividade física, sono adequado, e prevenir comportamentos prejudiciais, como o cyberbullying. Além disso, promover a comunicação face a face e estabelecer regras claras para o uso das mídias sociais pode contribuir significativamente para a proteção da saúde mental e física dos jovens.
REFERÊNCIA
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