REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202505182118
Alurrana Silva dos Santos; Carla Vitória da Conceição Silveira; Dianna Carla de Jesus Rodrigues Cruz; Evellyn Nonata da Silva; João Victor Machado Fernandes; João Victor Sousa Barbosa;Maria Eduarda Monteiro da Silva; Natalia Barbosa Alvarenga; Nathalia Crisane Sousa Gomes; Sean Dhiago Castro Nogueira
RESUMO
As Doenças Crônicas Não Transmissíveis (DCNT), como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), representam um problema de saúde pública global, sendo o tabagismo uma das principais causas evitáveis de morte. Este estudo teve como objetivo promover a conscientização sobre os riscos do tabagismo e do uso de cigarros eletrônicos entre jovens do Pará, por meio de intervenções educativas. A metodologia incluiu a aplicação de questionários, distribuição de materiais informativos e palestras em escolas públicas. Os resultados indicaram um aumento significativo no conhecimento dos alunos sobre os riscos associados ao tabagismo, além de uma redução na curiosidade em experimentar esses produtos. Conclui-se que intervenções educativas são eficazes na promoção da saúde e na prevenção de comportamentos prejudiciais entre jovens.
Palavras-chave: DPOC; Tabagismo; Cigarros eletrônicos; Prevenção; Jovens.
INTRODUÇÃO
O tabagismo é uma das principais causas evitáveis de morte no mundo, sendo responsável por mais de 8 milhões de óbitos anuais. A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC), diretamente associada ao consumo de tabaco, é a terceira maior causa de mortes globais, com 80% dos casos ocorrendo em países de baixa e média renda (OMS, 2020).
No Brasil, a prevalência do tabagismo tem diminuído, mas o uso de cigarros eletrônicos tem crescido entre os jovens. O estado do Pará apresenta uma das maiores incidências de consumo desses dispositivos, com 0,9% dos fumantes fazendo uso de cigarros eletrônicos (IPEC, 2024).
A exposição precoce ao tabaco preocupa as autoridades de saúde, visto que aproximadamente 18,5% dos adolescentes entre 12 e 17 anos já experimentaram o cigarro, e 80% dos que iniciam o consumo antes dos 18 anos tornam-se fumantes regulares (INCA, 2022). Embora os cigarros eletrônicos sejam frequentemente divulgados como alternativas menos prejudiciais, estudos indicam que eles contêm nicotina e outras substâncias químicas nocivas, contribuindo para a dependência e danos à saúde (FARSALINOS et al., 2019).
Diante desse cenário, campanhas educativas e políticas públicas são essenciais para reduzir o número de fumantes e evitar a iniciação precoce ao tabagismo. Estratégias de conscientização devem ser implementadas em ambiente escolar, proporcionando aos jovens informações fundamentadas sobre os riscos do tabaco e dos dispositivos eletrônicos (BRASIL, 2024).
METODOLOGIA
O estudo foi realizado em uma escola pública do estado do Pará, seguindo as diretrizes éticas do Código de Nuremberg e da Resolução n.º 466/12 do Conselho Nacional de Saúde. A pesquisa contou com a participação de alunos do ensino médio, visando avaliar seu conhecimento prévio sobre os riscos do tabagismo e mensurar o impacto das informações transmitidas.
Foram aplicados questionários antes e após as atividades educativas, permitindo uma análise comparativa das percepções dos estudantes. A amostra foi composta por 48 alunos, dos quais 41 participaram de todas as etapas da intervenção. Além disso, os estudantes tiveram acesso a materiais informativos e participaram de palestras interativas sobre os impactos do tabagismo.
A metodologia adotada privilegiou um ambiente participativo, incentivando os alunos a refletirem criticamente sobre os efeitos do cigarro e a compartilharem suas percepções, fortalecendo a conscientização sobre a prevenção ao tabagismo.
RESULTADOS

Os dados coletados demonstraram que a intervenção educativa teve impacto positivo na conscientização dos alunos. Os principais achados incluem:
- Curiosidade em fumar: manteve-se baixa (2,1%), indicando que a maioria dos alunos já não tinha interesse em experimentar cigarro ou cigarro eletrônico.
- Cigarros eletrônicos como alternativa segura: apesar de 95,8% dos alunos reafirmarem que esses produtos não são seguros, houve um leve aumento na dúvida sobre os riscos.
- Conscientização sobre dependência: a percepção de que o cigarro causa dependência aumentou de 82,8% para 90%.
- Conhecimento sobre os riscos dos cigarros eletrônicos: cresceu de 83,3% para 89,6%, demonstrando a eficácia da intervenção na disseminação de informações.
- Conhecimento sobre programas para cessação do tabagismo: aumentou de 82,8% para 89,6%, indicando que mais alunos passaram a conhecer alternativas para parar de fumar.
- Pressão social para fumar: caiu de 26,9% para 14,6%, sugerindo que os alunos se sentiram mais confiantes para recusar o tabaco após a apresentação.
Os resultados evidenciam que ações educativas podem contribuir para a prevenção do tabagismo e do uso de cigarros eletrônicos entre os jovens, promovendo maior conscientização e redução da vulnerabilidade a influências externas.
DISCUSSÃO
O tabagismo continua sendo uma das principais causas de doenças crônicas não transmissíveis, com destaque para as doenças respiratórias, como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC). De acordo com Roth et al. (2020), mais de 80% dos casos de DPOC são atribuídos ao tabagismo, sendo essa condição uma das maiores causas de morbidade e mortalidade global. A exposição prolongada ao fumo causa inflamação das vias respiratórias e acelera o declínio da função pulmonar, resultando em dificuldades respiratórias progressivas e em um aumento significativo da mortalidade. Esses dados reforçam a gravidade do problema e a necessidade urgente de intervenções preventivas eficazes para reduzir o impacto do tabagismo na saúde pública.
A crescente popularização dos cigarros eletrônicos tem gerado preocupações semelhantes. Embora muitas vezes vistos como uma alternativa mais segura ao cigarro convencional, estudos indicam que os cigarros eletrônicos também apresentam riscos à saúde. Farsalinos et al. (2019) evidenciam que esses dispositivos contêm nicotina e outras substâncias tóxicas, que, embora em menor concentração do que os cigarros tradicionais, ainda podem causar dependência e danos pulmonares. Embora o risco associado ao uso de cigarros eletrônicos seja menor em comparação com o tabagismo convencional, ele não é desprezível, o que torna essencial um controle rigoroso e a conscientização sobre os riscos envolvidos.
No Brasil, o aumento do uso de cigarros eletrônicos entre os jovens é alarmante, o que reforça a importância de estratégias educacionais eficazes. A intervenção educacional tem se mostrado uma ferramenta eficaz na redução da iniciação ao tabagismo e no esclarecimento dos riscos do uso de cigarros eletrônicos. Morrison et al. (2021) demonstraram que campanhas educativas voltadas para adolescentes, que combinam informações científicas com abordagens interativas, resultaram em uma significativa diminuição do desejo de experimentar o cigarro e os cigarros eletrônicos entre os jovens. Esse tipo de intervenção é essencial, pois atua não apenas na redução do consumo, mas também na construção de uma cultura de prevenção, especialmente em ambientes escolares.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os achados deste estudo reforçam a importância das ações educativas na conscientização sobre os riscos do tabagismo e dos cigarros eletrônicos entre os jovens. A intervenção proporcionou um aumento significativo no conhecimento sobre os malefícios do tabaco e reduziu a curiosidade em experimentar esses produtos, evidenciando sua eficácia.
Apesar dos avanços observados, a persistência de algumas dúvidas destaca a necessidade de estratégias contínuas e mais interativas para consolidar o aprendizado. A colaboração entre escolas, profissionais de saúde e políticas públicas é fundamental para fortalecer a prevenção ao tabagismo.
Recomenda-se a ampliação dessas iniciativas, incluindo novas abordagens pedagógicas e o uso de tecnologias digitais, para maximizar o impacto das campanhas educativas e reduzir a incidência de doenças pulmonares na população jovem.
REFERÊNCIAS
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