IMPACTO DAS AÇÕES DO CIRURGIÃO-DENTISTA SOBRE A SAÚDE BUCAL NA ESTRATÉGIA SAÚDE DA FAMÍLIA

IMPACT OF DENTIST’S ACTIONS ON ORAL HEALTH STRATEG IN THE FAMILY HEALTH

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.10212231


Janice Maria Lopes de Souza1
Fabrício Ibiapina Tapety2
Raimundo Rosendo Prado Júnior3
Eliana Campelo Lago4
Vitor Emanuel Sousa da Silva5
Camila Aparecida Pinheiro Landim Almeida6


RESUMO

Identificar ações realizadas pelo cirurgião-dentista na Estratégia Saúde da Família preconizadas pela Política Nacional de Saúde Bucal e o impacto na saúde pública. Estudo descritivo, exploratório, abordagem qualitativa, realizado com cirurgiões – dentistas das diferentes modalidades de equipes de saúde bucal na Estratégia Saúde da Família de dois municípios do Maranhão. Participaram do estudo 14 profissionais, 11 inseridos na modalidade I e 03 modalidade II. Entrevista com questionário semi-estruturado, com roteiro temático. Análise dos dados utilizou-se a técnica de análise de conteúdo de Bardin. Seis categorias temáticas. As ações realizadas pelo cirurgião-dentista nas modalidades de equipe saúde bucal buscam contemplar a Política Nacional de Saúde Bucal, com limitações nas ações de prevenção e promoção em saúde; mudanças na formação profissional, quanto à lógica de saúde integral e ampliada; educação permanente para prática holística, interdisciplinar, com soluções compartilhadas. Ações realizadas pelo cirurgião-dentista refletem ainda modelo de atenção básica tradicional, num contexto transformador. Equipes modalidade II avançaram mais na realização de ações preventivas e promoção da saúde bucal, e reforça as diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal.

Palavras-chave: Atenção Primária à Saúde. Saúde bucal.

ABSTRACT

Identify actions taken by the dentist in the Family Health Strategy recommended by the National Oral Health Policy and the impact on public health. descriptive, exploratory, qualitative approach, conducted with surgeons – dentists of different types of oral health teams in the Family Health Strategy in two counties of Maranhao. Study participants were 14 professionals, 11 inserted in the mode I and mode II 03. Interview with semi-structured questionnaire with thematic guide. Data analysis used the Bardin content analysis technique. Six thematic categories. The actions taken by the dentist in the dental health team seek ways to contemplate the National Oral Health Policy, with limitations in health prevention and promotion activities; changes in training, as the logic of full and expanded health; continuing education for holistic, interdisciplinary practice, with shared solutions. Actions taken by the dentist still reflect traditional primary care model, a transformative context. Teams mode II advanced more in carrying out preventive actions and the promotion of oral health, and reinforces the guidelines of the National Oral Health Policy.

Keywords: Primary Health Care Family Health. Oral health.

INTRODUÇÃO

A Constituição Federal (CF) de 88 confirma a unificação dos serviços de saúde com o Sistema Único de Saúde (SUS), nova formulação política e organizacional para reordenamento dos serviços e ações de saúde com atividades de promoção, proteção e recuperação, nos princípios de universalidade, equidade e integralidade (AGUIAR, 2015).

O Programa Saúde da Família (PSF) surgiu em 1994, atualmente Estratégia Saúde da Família (ESF), para reorganizar o sistema de saúde, reverter o modelo assistencial vigente, com mudança do objeto da atenção, forma de atuação e organização geral (SAITO, 2008) com princípios e diretrizes de organização da Atenção Primária (AP) (OHARA, SAITO, 2008). Diretrizes da saúde bucal com esses princípios foi base dos processos e critérios de garantia de acesso às ações de saúde bucal (SAITO, 2008).

A inserção da saúde bucal veio no momento oportuno de concretização da integralidade do SUS para responder às demandas impostas pela sociedade da década de 90 (NARVAI, FRAZÃO, 2008). As Equipes de Saúde Bucal foram incluídas na ESF, Portaria 1.444/2000 para reorganizar atenção básica e ampliar acesso aos cuidados de saúde bucal, com atenção integral individual e coletiva, e incentivo financeiro para reorganização da atenção à saúde bucal nos municípios (PUCCA JÚNIOR et al., 2009).

Avaliação das ações das ESBs na ESF no Estado do Maranhão, nas diferentes modalidades, oportunizará uma releitura da atual situação, com mudanças significativas, e construção de um perfil da situação de saúde bucal nos municípios, que contribua para sua evolução, como agente ativo e consolidar a saúde bucal brasileira ampliando acesso, melhoria da qualidade, consequentemente, na reorganização da atenção à saúde bucal na ESF.

Desta maneira, foi verificada a necessidade de se evidenciar o conhecimento acerca do impacto das ações do cirurgião-dentista nas diferentes modalidades na ESF, no estado do Maranhão, no período de 2005 a 2015.

Portanto, o presente estudo teve como objetivo identificar as ações do cirurgião-dentista nas diferentes modalidades de Equipes de Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família, em municípios do Estado do Maranhão.

MÉTODO

Pesquisa descritiva, exploratória, transversal e abordagem qualitativa, na qual foram analisados e avaliados o impacto das ações do cirurgião-dentista na saúde bucal, na Estratégia Saúde da Família em municípios do Estado do Maranhão.

O cenário da pesquisa, foram municípios de São Luís (modalidade I de Equipes de Saúde Bucal), com 12 cirurgiões-dentistas no Distrito Sanitário 7, (Tirirical), e Bacabeira, com 02 cirurgiões-dentistas (modalidade I) e 04 cirurgiões-dentistas (modalidade II), num total de 18 cirurgiões-dentistas. (SIAB/2015).

Critérios de inclusão: cirurgiões-dentistas com atividades nas ESBs na ESF, ambos os sexos, concursados ou prestadores de serviços com pelo menos 2 anos de atuação na ESF e, experiência no local de trabalho nos dois turnos nos município de São Luís e Bacabeira no estado do Maranhão e assinarem o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). Critérios de exclusão: profissionais com atividades voluntárias, estagiários e de licença saúde, licença prêmio, afastamento e férias.

O número total de profissionais do município de São Luís e Bacabeira, no Estado do Maranhão a serem entrevistados seriam 18 profissionais, e por ser um estudo qualitativo, consequentemente, o número de indivíduos da amostra dependeria da saturação das respostas.

Foram entrevistados 10 profissionais da ESF do Distrito Sanitário nº 7, na modalidade I do município de São Luís – MA. 01 CD de São Luís estava de férias e outro de licença tratamento saúde. Em Bacabeira – MA, foram entrevistados 04 profissionais, 01 CD na modalidade I e 03 CDs na modalidade II, pois uma CD estava de férias e a outra licença-maternidade, portanto a nossa amostra foi de conveniência.

As entrevistas foram gravadas utilizando-se o aplicativo gravador de voz play store do smartphone samsunggrand duos, analisadas individualmente e transcritas, conduzidas com roteiro temático e perguntas norteadoras sobre avaliação e impactos das ações do CD nas modalidades de ESB na ESF, com os questionamentos: “Fale das ações preconizadas pela Política Nacional de Saúde Bucal que você realiza na ESF. Como você realiza essas ações, facilidades, dificuldades e desafios encontrados na sua modalidade de equipe e o impacto dessas ações na saúde bucal da população?” / “Discorra sobre a influência dos aspectos da sua formação acadêmica (graduação e pós-graduação) e programas de capacitação que interferem na sua prática profissional relacionadas às ações de saúde bucal na ESF”.

Roteiros temáticos foram: ações de saúde bucal; identificação de lacunas no serviço; práxis profissionais; identificação das singularidades; diálogo permanente do serviço com a gestão, profissionais da equipe e a comunidade” / “formação acadêmica e profissional, capacitação e especialização, importância e ações de saúde bucal”.

Profissionais identificados pela letra N que significa profissional, seguido a numeração N1, N2, N3, etc. Em São Luís (MA), a identificação dos profissionais obedeceu à sequência de N1 SLZ a N10 SLZ, em virtude de terem sido entrevistados 10 CD, na modalidade I e; em Bacabeira (MA), a sequência de N1 BAC a N4 BAC, contemplando os 04 CD entrevistados, sendo 01 modalidade I e 03 modalidade II.

As informações foram analisadas pela análise de conteúdo temática de Bardin. As entrevistas recortadas em redor de cada tema-objeto, ou seja, tudo que foi afirmado sobre cada objeto preciso no decorrer da entrevista foi transcrito para uma ficha, seja qual for o momento em que a afirmação tenha tido lugar.

A presente pesquisa foi aprovada pela instituição onde se realizou o estudo e Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do Centro Universitário UNINOVAFAPI, conforme prevê a resolução 466/2012 do Conselho Nacional do Ministério da Saúde. Todos os participantes assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. Inexistiram recusas para participação do estudo.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A formação dos profissionais em São Luís – MA, variou de 03 a 34 anos, maioria com mais de 10 anos. Onde de Atuação na AB obteve-se um intervalo de 03 a 15 anos, sendo um período relevante de experiência de trabalho. Deste destaca-se 05 profissionais com especialização em saúde da família; 01 em saúde pública; os demais outras especialidades e nenhum título de mestres ou doutores. No que se refere à capacitação e/ou atualização na saúde da família, 06 profissionais participaram de cursos nos últimos 10 anos, sendo relacionados à ESF, dentro da temática de gestão em saúde, serviços de saúde, cursos introdutórios em Saúde da Família, saúde da pessoa idosa e DST-AIDS. Maioria custeada pelos profissionais evidenciando e reforçando interesse pelo aperfeiçoamento na sua área de atuação.

A renda, o salário é bastante diversificado, sendo conforme a política salarial dos municípios, variando de R$ 1.800,00 (um ml e oitocentos reais) a R$ 3.000,00 (três mil reais) conforme enquadramento funcional. Os efetivos recebem uma remuneração superior, com renda total de R$ 3.000,00 (três mil reais) a R$ 10.000,00 (dez mil reais).

Em Bacabeira – MA, o CD modalidade I, graduado há 45 anos, experiência na ESF de 09 anos, especialização em ESF e outras especialidades, inclusive mestrado e participa de capacitações constantes. Os da modalidade II, a graduação varia de 05 a 33 anos; apenas um tem especialização na ESF, e 03 a 07 anos de experiência. Capacitação e/o atualização na ESF não ocorre constantemente, somente 01 profissional realizou esta modalidade de curso.

O salário da modalidade I é de R$ 1.800,00 (um mil e oitocentos reais), sem qualquer variação, e renda total de R$ 10.000,00 (dez mil reais). Os da modalidade II a remuneração é fixada em R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos reais) e a remuneração total de R$ 2.200,00 (dois mil e duzentos) a R$ 12.000,00 (doze mil reais).

Após análise das falas identificou-se seis categorias temáticas: 1- Ações do cirurgião dentista realizadas nas modalidades de equipe de saúde bucal na Estratégia Saúde da Família; 2- Formação, especialização e capacitação do cirurgião dentista e a promoção de saúde na Estratégia Saúde da Família; 3- Maiores dificuldades no trabalho da equipe de saúde da família; 4- Importância da interrelação profissionais da Estratégia Saúde da Família/Equipe de Saúde Bucal; 5– Política salarial que beneficie todos os membros da Estratégia Saúde da Família e 6– Impactos das ações do Cirurgião Dentista na Estratégia Saúde da Família.

Categoria 01: As ações do cirurgião-dentista realizadas nas diferentes modalidades de Equipe Saúde Bucal na Estratégia Saúde da Família

De acordo com os resultados coletados, observa-se nos discursos pontos em comuns, sendo estes: ações envolvimento com a equipe, atuação de forma integral, intersetorial, desvinculado do paradigma da odontologia voltada quase que em sua totalidade para o atendimento curativo, para o modelo preconizado pela PNSB, alicerçada na promoção da saúde e um trabalho coletivo.

Os profissionais da cidade de São Luís – MA realizam ações educativas/ preventivas e de promoção da saúde (palestras, orientação de higiene bucal, aplicação tópica de flúor, escovação supervisionada), de forma individual e coletiva, priorizando grupos: idosos, gestantes, hipertensos, diabéticos, adolescentes e crianças. Ações realizadas nas escolas, comunidade, ações sociais. Já as ações curativas foram: restaurações, exodontias, raspagens etc, sendo realizadas no consultório odontológico das unidades básicas de saúde.

Nas articulações das falas dos entrevistados com a atual política de saúde bucal percebe-se que houve efeitos positivos quanto à realização de ações preventivas e educativas, individuais e coletivas, sem negligenciar ações curativas, principalmente a dor de origem dentária. O processo de trabalho preconizado para saúde bucal na ESF pressupõe abordagem que amplie o acesso coletivo às ações de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal, segundo as Diretrizes da Política Nacional de Saúde Bucal (PEREIRA et. al. 2012).

N8SLZ – (…) “ações de saúde bucal na unidade são educativas, preventivas e curativas. As educativas realizadas nas escolas e comunidades conforme cronograma da equipe, priorizando os grupos (…)”.
N5 SLZ – (…) “atividades educativas em escolares, hipertensos e atividades curativas (…)”.
N6 SLZ – (…) “ações realizadas preventiva e educativa sem negligenciar a curativa. Realizadas nas escolas da própria comunidade, na unidade e no terminal rodoviário (…)”.
N7 SLZ – (…) “ações preventivas para educação e conscientização em saúde bucal (…) ”

Promoção da saúde é tema complexo, com muitas interfaces e, em crescente processo de construção teórica e aplicação prática individual e coletiva (AGUIAR, 2015). Transcende a dimensão meramente técnica do setor odontológico, integrando a saúde bucal às demais práticas de saúde coletiva. Essas ações incluem também trabalhar com abordagens sobre os fatores de risco ou de proteção simultâneos tanto para doenças da cavidade bucal quanto para outros agravos sistêmicos (SOUZA et al., 2015).

Prevenção é dirigida às ações de detecção, controle e intervenção nos fatores de risco ou causais de grupos ou em uma enfermidade (AGUIAR, 2015). A prevenção e promoção da saúde bucal podem contribuir para uma mudança positiva, por meio da educação, e a escola é o local primordial (SOUZA et al., 2015).

Trabalhos na literatura convergem para as falas mencionadas pelos CDs quanto às atividades educativas coletivas. Realizadas em grupos, sendo os escolares o mais beneficiado. Os dentistas que desenvolvem ações preventivas com escolares citaram a aplicação tópica de flúor e, a escovação supervisionada foi relatada por poucos profissionais. Destacam atividades educativas nas escolas, pela maioria dos dentistas e as palestras a principal forma de realização dessas ações (ALMEIDA, FERREIRA, 2008). A visita domiciliar e aos grupos de gestantes, idosos, hipertensos e diabéticos foram referidos por um pouco mais da metade dos CDs. De forma menos frequente, foram relatadas ações em grupos na comunidade e nos diferentes espaços sociais.

As ESBs citam diversas ações consideradas promotoras de saúde e intersetoriais. A maioria se referia a ações de educação em saúde bucal, palestras educativas, levantamentos epidemiológicos, escovação supervisionada, aplicação tópica de flúor e bochechos fluoretados, em espaços não clínicos, geralmente escolas, centros de educação infantil e outras instituições de ensino. Mencionaram realização destas atividades, empresas, entidades comunitárias, igrejas, e a própria unidade de saúde.

Percebe-se nas falas, que em Bacabeira – MA, as ações preventivas e curativas, são realizadas de formas similares, diferenciando-se na modalidade II quanto à frequência e abrangência maior, pela presença do Técnico de Saúde Bucal.

N3 BAC– (…) “facilidade que tenho é trabalhar na modalidade II, realizo atividades educativas e curativas, com participação do TSB que é muito competente (…)”.
N4 BAC – (…) “conseguimos realizar atividades preventivas e curativas, com bastante produtividade porque temos uma equipe com TSBs de alta competência e bastante colaboradora (…)”.

No entanto outra equipe se manifestou, afirmando que a presença dos pais e/ou responsáveis nas palestras educativas nas escolas é insuficiente.

N2BAC – (…) “infelizmente a prática preventiva ainda não é possível nesta localidade, pois a população ainda possui a mentalidade de ‘doeu? – arranque!!!’ (…)”.

Os CDs entrevistados ratificam estudos de Coutinhoet et al. (2013), com a preocupação por parte dos profissionais da necessidade de trabalhar educação em saúde, estabelecer vínculos com a população informando e orientando quanto a prática dos melhores cuidados com sua saúde.

A odontologia é profissão cuja prática é caracterizada por ações individualista e altamente especializada, e atuação voltada para aspectos clínicos e técnicos, vem sofrendo muitas críticas, situação refletida na própria percepção que tem o imaginário social sobre o dentista, o que contribui para o delineamento da imagem de um profissional mutilador (SOARES, REIS, FREIRE, 2014). Isso reforça cultura e hábitos populares quanto à procura de tratamentos curativos, mutiladores e emergenciais.

As necessidades da comunidade nem sempre comungam com as ações ofertadas e com a capacidade dos serviços de saúde bucal com respostas objetivas aos seus problemas, o que ratifica a necessidade de fortalecer a atenção básica no sistema. O atendimento deve-se constituir a partir da compreensão das reais necessidades da população, e de um diagnóstico situacional, e desenvolvimento de uma relação profissionais/usuários, capaz de responder às demandas da população, garantir a atenção integral e contemplar serviços de promoção, prevenção e recuperação da saúde bucal.

Ressalta-se que as ações são direcionadas a grupos específicos da população, o que demonstra interesse quanto a equidade em saúde para grupos populacionais, socialmente desiguais, e desmistificar o conhecimento sobre o atendimento odontológico. É necessário desenvolver trabalho de educação em saúde mais efetivo, para melhor aceitação da nova proposta em saúde bucal, e sensibilização para construção da consciência cidadã, capaz de intervir na realidade e busca de atenção com (co) responsabilidade, embora as ações curativas ainda sobrepujem as preventivas, até mesmo por falta de aceitação pela própria comunidade de ações preventivas.

Observou-se que as comunidades assistidas por esses profissionais refletem as mesmas necessidades que a literatura relata, como, um trabalho de educação em saúde mais efetivo, para um entendimento melhor sobre a relevância do atendimento odontológico, com ênfase na co-responsabilização e um trabalho de educação permanente para profissionais, num contexto multiprofissional e interdisciplinar. As ações realizadas pelos profissionais são educativas, preventivas e de promoção da saúde direcionadas a atenção a grupos, beneficiando o grupo de escolares e ações curativas realizadas nos consultórios odontológicos. É evidente um avanço considerável, mas que ainda se constitui um desafio para a melhoria da saúde bucal da população.

Categoria 02: Formação, especialização, capacitação e a promoção de saúde na Estratégia Saúde da Família

Na atualidade, vem sendo questionado o tipo de formação desenvolvida nas escolas de odontologia, procurando encontrar soluções para uma formação desse profissional de Odontologia mais articulada às necessidades da população.

Observa-se, no entanto, que este novo paradigma, de uma formação voltada para a realidade social, apesar de já estar presente no pensamento acadêmico com relação às práticas de saúde bucal, na prática, não se encontra evidente, pois a formação da maioria dos novos profissionais egressos das universidades ainda permanece a mesma, ou seja, predominantemente voltada para a técnica (PINHEIRO, 2008).

Frente às entrevistas realizadas constatou-se ser fato ainda presente na formação dos CDs no Estado do Maranhão, o direcionamento a procedimentos clínico-curativos, no âmbito privado, em proporção menor as atividades educativas – preventivas, e os currículos acadêmicos ainda voltados a essa prática, o que reflete a necessidade urgente de na academia realizar uma revisão de currículos, ementas, planos de curso, conteúdos, práticas em saúde coletiva e valores.

A sinalização desta nova concepção na formação do CD já pode ser conferida no texto das Diretrizes Curriculares Nacionais, publicado em 2002, pelo Ministério da Educação do Brasil, para os cursos de Odontologia, no qual é descrito o perfil do formando egresso e do profissional (BRASIL, 2002).

Busca-se, com esse perfil, agora oficialmente, um profissional que saiba se envolver e intervir no plano social, que possa atuar no consultório particular e em equipes multidisciplinares de saúde, uma vez que os CDs foram formados, até então, quase que exclusivamente, para o exercício liberal. Esses profissionais deveriam ser habilitados, capacitados e estimulados a utilizar seus conhecimentos técnico-científicos na promoção de saúde bucal e solução dos problemas causados pelas doenças orais.

Em São Luís – MA, a formação dos profissionais deixa muito a desejar, o conhecimento básico na academia se torna incompleto frente a situações reais das ESF, fato este que fizeram buscar por especializações para melhorar suas ações.

N1 SLZ – (…)” fui jogada na primeira equipe do PSF que só participava médico e enfermeiro. Entrei em 2004 no PSF e fui me especializando. Conclui o curso de especialização em ESF, que muito contribuiu para o desenvolvimento das ações ao longo desses anos (…)”.
N2 SLZ – (…) “durante o processo acadêmico tive algumas cadeiras voltadas para a Saúde Coletiva e ações em estágio, mas realizadas de forma superficial (…) no final do curso iniciei a especialização em Saúde da Família, relevante para o desenvolvimento das atividades (…)”.
N3 SLZ – (…)”senti muitas dificuldades no início da minha atuação na ESF, pois minha formação contribuiu e favoreceu em algumas das ações de saúde bucal (…)”.
N6 SLZ – (…) “realizei palestras e participei de um projeto, mas a formação acadêmica não foi o suficiente para desenvolver as ações preconizadas para a saúde bucal (…)”.

Por outro lado, alguns entrevistados revelam que a formação acadêmica pode ter influência positiva na aplicação das estratégias de saúde da família, e existem profissionais que conseguem desenvolver suas atividades de forma completa.

N8 SLZ – (…) “ minha graduação contribuiu satisfatoriamente para realização das atividades profissionais e venho acompanhando as mudanças das políticas públicas de saúde bucal (…)”
N9 SLZ – (…) “minha formação acadêmica favoreceu as ações de saúde bucal na ESF, aprendi a tratar todos os pacientes da mesma maneira (…)”.

Qualificação dos CDs é fator de discussão, o perfil para atuar no PSF não é atingido por deficiência extremamente voltada para o desenvolvimento de habilidades técnicas, em detrimento daquelas necessárias ao trabalho com a coletividade e suas demandas (CERICATO, GARBINE E FERNANDES, 2007).

Em Bacabeira – MA, os cirurgiões dentistas da modalidade I e II afirmam:

N1 BAC – (…) “graduado anteriormente à implantação da ESB. Capacitação e pós-graduação subsidiaram a prática, melhorando desempenho frente ao novo paradigma (…)”.
N2 BAC – (…) “não creio que faculdade tenha preparado suficiente para vida em saúde pública, boa teoria, prática foi pouca. Teoria foi sumindo por não aplicação do visto (…)”.
N3 BAC – (…)“ minha graduação deixou a desejar, minha maior experiência foi na ESF(…) ”.
N4 BAC – (…) “na minha época não existia a cadeira de saúde da família, era odontologia social, com o passar do tempo, a experiência no serviço público fui me adaptando as necessidades da comunidade de um modo geral (…)”.

De um modo geral, os entrevistados sugeriram que a gestão pública deveria investir mais na capacitação e/ou atualização dos profissionais inseridos na ESF.

As falas evidenciam ainda as deficiências nas grades curriculares das universidades que formaram os CDs, deficiências no treinamento e formação em saúde coletiva e no preparo para ações preventivas e promoção da saúde. Evidenciaram também a importância da capacitação e especialização, e amadurecimento profissional frente à experiência na ESF.

O Pacto de Gestão do SUS vem reafirmar a Política Nacional de Educação Permanente como capacitação em serviço para o trabalhador do SUS e define ser atribuição das três esferas de governo a proposição de ações em parcerias, em educação permanente, inclusive, entre instituições de ensino, serviços e representantes do controle social, com ações tanto para o campo da formação como do trabalho (AGUIAR, 2015).

A educação permanente, estratégia de aprendizagem no trabalho, propõe promover debate e reflexão a partir da problematização das necessidades de saúde individuais e coletivas, gestão do trabalho em saúde (AQUILANTE, ACIOLE, 2015).

Os participantes do estudo demonstraram grande interesse pelos cursos de capacitação na área da ESF e boa vontade em realizá-los:

N1 SLZ – (…) “ultimamente sinto falta de capacitação (…)”.
N6 SLZ – (…) “muito importante para realizar as atividades e entender as dificuldades (   )”
N8 SLZ – (…) “as capacitações também contribuem para a evolução dos programas incrementados no serviço público”
N2 BAC – (…) “talvez o trabalho fosse melhor, mais informativo, atualizações em PSF (…)”.
N3 BAC – (…) “municípios investir na capacitação, dificuldades com programas (…)”.

A abordagem do PSF para o CD vai além do trabalho clínico, numa lógica de pensar a saúde de forma integral, ampliada. A formação acadêmica dos profissionais de saúde bucal não contempla ainda estas questões, ou contempla-as apenas de forma pontual e isolada, o que reflete em falta de preparo para o trabalho em equipe, para o olhar interdisciplinar e vivência do paradigma de promoção de saúde (CERICATO, GARBINE E FERNANDES, 2007).

Reforçam ainda que é válido dizer que as interpretações procedidas pelos entrevistados, revelam também que já possuem um sentido definido a respeito do seu papel na qualidade de profissional da odontologia, fortalecido no exercício da profissão, com um discurso deslocado para essa nova compreensão.

Com os resultados obtidos e frente o verificado na literatura, os profissionais, não somente os CDs, mas toda a equipe de saúde da família necessita de formação continuada. Atualmente o MS e Universidade Aberta do SUS (UNA-SUS) vêm investindo em cursos de capacitação, aperfeiçoamento e especialização, o que tem contribuído efetivamente para a educação permanente dos profissionais do SUS.

Categoria 03 – Dificuldades no trabalho da equipe de saúde da família

Os depoimentos dos entrevistados mostram que alguns profissionais durante sua atuação na Atenção Básica têm dificuldades como: demanda excessiva por atendimento odontológico e falta de informação da população quanto à política de atenção de saúde bucal:

N5 SLZ – (…) “dificuldade de avaliar o impacto das ações porque a demanda é muito grande e não fazemos o acompanhamento (…)”.
N9 SLZ – (…) “ter tempo de trabalho e qualidade são dois pontos que estão intimamente interligados e a demanda excessiva dificulta as ações (…)”.

Já no município de Bacabeira – MA, não foram relatados casos de excesso de demanda, em virtude de apresentar maior número de equipes modalidade II

N4 BAC(…) “eu e minha equipe (dois profissionais de alto nível e bastante colaboradores) conseguimos atender em três postos de saúde uma boa demanda, o que está nos dando grandes avanços nesta questão, somos conhecidos como ‘trio parada dura e mão santa’(…)”.

Nesse caso, porém, parece ser uma exceção à regra dentro da ESF, e uma situação distante da realidade das equipes modalidades I.

Nas falas dos entrevistados, percebe-se angústia dos profissionais da odontologia para exercerem suas funções de promotores de saúde. Isso corrobora os resultados de que os entrevistados já têm consciência do papel a ser desempenhado, e compreendem que o serviço odontológico não deve se centrar no atendimento curativo, mas se veem diante de um dilema: fazer o trabalho reabilitador e promover saúde, enquanto o primeiro absorve todo o tempo de seu trabalho (PINHEIRO, et al., 2008).

A falta de tempo para outras atividades, além da clínica, devido à grande demanda e ao pequeno número de profissionais contratados, tem feito com que o CD concentre as suas ações somente no consultório odontológico, o que tem dificultado a construção do vínculo, que, por sua vez, poderia ser mais facilmente estabelecido em outros espaços, como por meio das visitas domiciliares (MARTINS, et al., 2014).

A demanda reprimida em odontologia e o agendamento foram fatores frequentemente citados como complicador da atuação das ESB (SOARES, 2009).

Em se tratando da falta de orientação da população quanto a ações educativas, os profissionais relataram em suas falas dificuldades diárias para desenvolvimento de suas atividades, como observado nos discursos abaixo:

N4 SLZ– “a maior dificuldade é a aceitação dos pacientes quanto à mudança de hábitos”.
N5 SLZ–(…) “outra dificuldade é a própria conscientização da comunidade em receber o atendimento preventivo, não valorizam palestras (…)”.
N10 SLZ–(…) “a maior dificuldade do atendimento é a questão da educação dos pacientes que não são instruídos e não dão muito valor a saúde bucal (…)”.
N3 BAC–(…) “dificuldades que encontro é no contato com o paciente, pois eles não aceitam a questão da prevenção (…)”.

Tornou-se evidente, nas formações discursivas, a influência do contexto social e cultural sobre as maneiras de pensar e de agir dos indivíduos ante seus problemas de saúde, porquanto os sujeitos se posicionaram num ponto em que as questões culturais constituem forte obstáculo para o trabalho de promoção de saúde (PINHEIRO, et. al., 2008).

Categoria 04 – A importância da interrelação dos profissionais da Estratégia Saúde da Família /Equipe de Saúde Bucal

Os profissionais participantes desse estudo destacam a relação intersetorial como paradigma de promoção a saúde bucal, que buscam soluções compartilhadas, utilizando vários cenários para o cuidado em saúde e não somente o consultório dentário.

A intersetorialidade implica envolver no planejamento das ações nos diferentes setores que influem na saúde humana. Historicamente, entretanto, a saúde bucal, privilegia sua articulação à educação, sendo que esta parceria nem sempre é amistosa (AQUILANTE, ACIOLE, 2015).

No decorrer desse trabalho percebeu-se um avanço nas relações de trabalho em saúde entre os profissionais das equipes, gestores e a comunidade, reforçando a percepção da relevância do trabalho em equipe com um engajamento de todos os setores, a partir do planejamento de ações, calcadas nas reais necessidades da população, na perspectiva de promover condições que viabilizem a promoção da saúde.

N2 SLZ – (…) “a cada 15 dias ou mensalmente são realizadas reuniões com toda a equipe com intuito de avaliar e buscar soluções (…)”.
N3 SLZ – (…) “as ações são planejadas com a equipe de forma integrada, a equipe, gestor, ESF e ESB (…)”.
N8 SLZ – (…) “as ações são realizadas de forma integrada com toda a equipe, enfermeiros, médicos, técnicos ECS e ASB, a partir de um planejamento prévio com a participação dos gestores da unidade (…)”.
N1 BAC–(…) “as ações são planejadas com a equipe e as relações com gestores são favoráveis a realização das ações (…)”.
N3 BAC – (…) “tem planejamento das ações com o diretor e toda a equipe no qual nos reunimos a cada três meses (…)”.
N1 SLZ – (…) “falta muita comunicação com os colegas de equipe (…)”.
N5 SLZ – (…) “outra dificuldade é de reunião com toda a equipe devido a necessidade de não parar o atendimento clinico na unidade (…)”.
N2 BAC – (…) “quanto à interação com os outros profissionais da equipe, este contato ainda é pouco, pois, acredito eu, que não sabem ainda como nos encaixar em seu tratamento, a não ser quando um paciente está com dor de dente (…)”.

A atual PNSB indica a necessidade de incorporação de ações programáticas abrangentes e desenvolvimento de ações intersetoriais para reforçar a concepção de saúde não centrada somente na assistência aos doentes, mas, sobretudo, promover boa qualidade de vida e intervenção nos fatores que a colocam em risco (BRASIL, 2006).

O trabalho em saúde requer integração e interação dos profissionais para atuação em equipe, com troca de experiências e saberes com objetivo de ofertar cuidado integral em saúde. Exige do profissional de saúde competência e apresente habilidades de comunicação, empatia e gerenciamento de emoção. (FERNANDES, 2003).

Para o MS, a equipe multiprofissional da ESF deve buscar articulação das ações e integração dos componentes, para atuação interdisciplinar (SOARES, 2009).

Capacitações em saúde bucal e relação à saúde geral devem ser ministradas a todos integrantes da ESF, assim como capacitações em doenças sistêmicas com reflexos na cavidade oral também devem ser fornecidas a todos da ESF, inclusive o CD.

Categoria 05 – Política salarial que beneficie todos os membros da ESF

Todos os profissionais dos referidos municípios foram unânimes quanto a necessidade de uma política salarial que remunerem melhor a equipe.

N1 SLZ – (…)“apesar de não falar no que recebemos pra atender 40 horas semanais (…)”.
N2 SLZ – (…) “conseguimos observar ainda muitas dificuldades encontradas, dentro do contexto organizacional, salarial, quantidade de profissionais por equipe etc (…)”.
N3 SLZ – (…) “a questão salarial é um ponto importante a se colocar, sendo que estamos trabalhando muito para um salário baixo (…)”.
N8 SLZ – (…) “quanto à questão salarial está abaixo do desejado para que possamos desenvolver um trabalho de qualidade que possa efetivamente cumprir os horários, contemplando os princípios básicos da ESF. Seria interessante pensarmos em uma política salarial que beneficie a toda a equipe (…)”.
N9 SLZ – (…) “a questão salarial é insuficiente (…)”.
N1 BAC – (…) “o dentista do PSF é mal remunerado e com isso dificulta a dedicação do profissional, inviabilizando algumas ações (…)”.
N2 BAC – (…) “necessidade de melhoria na remuneração ‘ o que incentivaria’ mais ainda o nosso trabalho, visto que os profissionais como os médicos recebem duas vezes, ou mais que o nosso salário (…)”.

Esses trechos reforça trabalhos já realizados em que a questão salarial é fator que pode interferir no cumprimento da carga horária, e, por sua vez, interfere no estabelecimento do vínculo com a comunidade, e desenvolvimento de atividades de promoção, prevenção e reabilitação em saúde (SOUZA, RONCALLI, 2007).

Há um consenso quanto ao financiamento do programa (estratégia), quando apontam como problemático e instável, principalmente do ponto de vista dos municípios, uma vez que o volume de recursos de origem municipal passível a ser destinado ao programa é muito variável e geralmente escasso (SILVA, et al., 2011).

Com a NOB/96 as transferências federais per capita para os municípios foram, a cada ano, mais interessantes e contribuíram para mudanças no perfil da AB (BRASIL, 1997). A Portaria GM 673/03, define o financiamento às ações de saúde bucal no âmbito do PSF e fixa valores pagos anualmente por equipes, e a financiar a ESB em uma proporção de 01 ESB/ESF, aumentando os incentivos (PUCCA JÚNIOR, 2009).

O Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade na Atenção Básica (PMAQ – AB) e seu respectivo financiamento, pela Portaria 1.654, tem o objetivo de estimular ampliação do acesso e melhoria da qualidade da AB, de maneira permitir maior transparência e efetividade das ações governamentais direcionadas à AB em saúde, cuja implantação vem se dando gradativamente (BRASIL, 2011).

Categoria 6 – Impactos das ações do Cirurgião Dentista na Estratégia Saúde da Família

No contexto da pesquisa realizada nos municípios maranhenses, observou-se impactos satisfatórios, pois, nos relatos dos cirurgiões dentistas constatou-se que nas diferentes modalidades de equipe de saúde bucal, a demanda é expressiva, no entanto a presença do Técnico em Saúde Bucal (TSB) na modalidade II configura um melhor atendimento da demanda quanti e qualitativamente, pois facilita o cumprimento das normas e diretrizes preconizadas pela Política Nacional de Saúde Bucal.

O TSB na modalidade II possibilita melhor impacto nas ações de saúde bucal:

N3 BAC – (…)“facilidade que tenho é trabalhar na modalidade II, pois consigo realizar as ações educativas e curativas, agilizando os atendimentos em virtude da participação do técnico em saúde bucal que e muito competente (…)”.
N4 BAC(…) “eu e minha equipe (dois profissionais de alto nível e bastante colaboradores) conseguimos atender em três postos de saúde uma boa demanda, o que está nos dando grandes avanços nesta questão, somos conhecidos como ‘trio parada dura e mão santa’(…)”.

No entanto, a modalidade I, com a ausência do TSB não permite um maior atendimento da elevada demanda:

N1 SLZ –(…) “tenho que fazer minhas palestras sozinho (…)”.
N9 SLZ – (…) “ter tempo de trabalho e qualidade são dois pontos que estão intimamente interligados e a demanda excessiva dificulta as ações (…)”.

As falas dos participantes vêm reforçar o que a literatura tem evidenciado, que a estratégia saúde da família com a incorporação das equipes de saúde bucal tem proporcionado um aumento considerável na cobertura dos serviços de saúde bucal e na ampliação do acesso (PEREIRA, et al, 2012).

É fato também que consolidar a integração da odontologia na ESF deve ser uma das missões dos profissionais e pensadores da saúde bucal, uma vez que a ampliação da cobertura populacional é um dos elementos constitutivos do acesso (CARNUT; SILVA, 2012).

Outro impacto importante detectado foi à percepção pelos CDs quanto à necessidade da capacitação voltadas a saúde coletiva, visando responder aos problemas da demanda, para garantia do atendimento nos diferentes níveis de complexidade.

N1 SLZ – (…) “entrei como cirurgiã dentista do PSF e fui me especializando por conta própria em saúde da família (…)”.
N4 SLZ –(…) “necessidade de investimento na capacitação (…)”
N1 BAC –(…) “busquei curso de capacitação que subsidiaram a minha pratica, melhorando com isso o meu desempenho como profissional frente a este novo paradigma (…)”.
N3 BAC – (…) “necessidade de atualização no PSF e incentivo dos gestores (…)”.

Outros estudos revelam que a formação dos recursos humanos em saúde bucal par atuar no SUS seja orientada de forma a contribuir para profissionais mais capacitados ou orientados, visando um trabalho mais bem pensado, apropriado, transformador, consequente e impactante (SOARES; REIS; FREIRE, 2013).

CONCLUSÃO

Os impactos das ações do cirurgião-dentista sobre a saúde bucal na Estratégia Saúde da Família, em municípios Maranhenses, são de acordo com as ações propostas pela a Política Nacional de Saúde Bucal. Onde se revelou que é fundamental uma formação profissional focada nos princípios do Sistema Único de Saúde / Estratégia Saúde da Família (SUS/ESF); um investimento mais efetivo na educação permanente de todos os profissionais, ampliando a ótica da inter e transdisciplinaridade.

Além disso, foi evidenciada a necessidade de uma proposta de educação em saúde para a população, na perspectiva de mudança de paradigma voltado para a construção de uma saúde bucal calcada na Política Nacional de Saúde Bucal.

E observa-se que as principais dificuldades e os desafios encontrados para a realização das ações estão pautados nas grandes demandas e na ausência de conhecimento da população sobre os cuidados com a saúde Bucal. Ademais, no que se refere à influência da formação acadêmica e das capacitações dos cirurgiões-dentistas nas ações de saúde bucal na Estratégia Saúde da Família, observou-se ainda uma formação com características tradicional, mas que já se evidencia mudanças consideráveis, portanto, com a necessidade de investimentos na educação permanente.

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Janice Maria Lopes de Souza – Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família – Centro Universitário UNINOVAFAPI – janicemls@hotmail.com1
Fabrício Ibiapina Tapety – Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família – Centro Universitário UNINOVAFAPI – ftapety@uninovafapi.edu.br2
Raimundo Rosendo Prado Júnior – Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família – Centro Universitário UNINOVAFAPI – rosendo_prado@ig.com.br3
Eliana Campelo Lago – Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família – Centro Universitário UNINOVAFAPI – eliana@uninovafapi.edu.br4
Vitor Emanuel Sousa da Silva – Programa de Pós Graduação em Biodiversidade, Ambiente, e Saúde – Universidade Estadual do Maranhão, Centro de Estudos Superiores de Caxias – vemanuel0612@gmail.com5
Camila Aparecida Pinheiro Landim Almeida – Programa de Mestrado Profissional em Saúde da Família – Centro Universitário UNINOVAFAPI – camilaapapila@hotmail.com6