IMPACTO DA SÍNDROME DE RETT NO DESENVOLVIMENTO INFANTIL

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/cs10202412251734


Hélio Henrique Silva Pinto Resende do Nascimento1; Pedro Paulo Tavares de Melo2; Maria Clara Correia Vilela3; Bianca Stefanie Machado Pereira Soda4; Maria de Jesus Fialho Alencar Façanha5; Danielle Cavalcante Cruz Almeida6; Ana Paula Xavier Veloso7; Artur Almeida8; Morgana Novaes de Almeida9; Daniel Antonio Xavier Lopes10; Marcelo Henrique Vaz de Lima11; Erick Soares Rocha de Oliveira12; Martha Eliana Waltermann13


RESUMO

Introdução: A síndrome de Rett (RTT) é um transtorno do desenvolvimento que afeta principalmente meninas. Ela é causada por mutações no gene MECP2, localizado no cromossomo X. A RTT é caracterizada por perda de habilidades motoras e linguísticas, além de dificuldades na locomoção e comportamentos repetitivos. Objetivo: Explorar os impactos da RTT no desenvolvimento infantil. Metodologia: Esta pesquisa é uma revisão narrativa da literatura, utilizando a estratégia PICO. A busca foi realizada em bases como PubMed, SciELO e LILACS, selecionando estudos relevantes publicados sem recortes temporais. Resultados e Discussão: A RTT afeta o desenvolvimento infantil ao interferir nos mecanismos de tradução de mRNAs nos neurônios, prejudicando genes importantes para o crescimento e estruturação neuronal, como os da família NEDD4L. Além disso, as principais sequelas estão o comprometimento da linguagem e do uso das mãos, além de dificuldades motoras que podem incluir a incapacidade de andar. A condição também afeta a coordenação motora e o desenvolvimento cognitivo, limitando as funções essenciais para o aprendizado e interação social. Outros sintomas, como comportamentos repetitivos, crises convulsivas e alterações no funcionamento dos sistemas respiratório e gastrointestinal, agravam ainda mais o quadro. Problemas como osteoporose precoce e outras complicações físicas contribuem para limitar o progresso no desenvolvimento global, dificultando a aquisição de marcos típicos e impactando de forma significativa a qualidade de vida da criança. Conclusão: Estudos futuros devem focar no aprimoramento das terapias genéticas e medicamentosas, visando mitigar os efeitos da RTT e promover uma maior qualidade de vida para as crianças afetadas. A investigação contínua e o avanço nas terapias celulares podem oferecer novas esperanças para o tratamento da RTT, permitindo uma abordagem mais eficaz e personalizada para cada paciente.

Palavras-chave: Síndrome de Rett; Desenvolvimento Infantil; Transtornos do Neurodesenvolvimento.

ABSTRACT

Introduction: Rett syndrome (RTT) is a developmental disorder that primarily affects girls. It is caused by mutations in the MECP2 gene located on the X chromosome. RTT is characterized by the loss of motor and language skills, as well as difficulties in mobility and repetitive behaviors. Objective: We aim to explore the impacts of RTT on child development. Methodology: This research is a narrative literature review, using the PICO strategy. The search was conducted in databases such as PubMed, SciELO, and LILACS, selecting relevant studies published without time restrictions. Results and Discussion: RTT affects child development by interfering with the translation mechanisms of mRNAs in neurons, impairing important genes for neuronal growth and structuring, such as those from the NEDD4L family. Additionally, the main sequelae include impairments in language and hand usage, as well as motor difficulties that may include the inability to walk. The condition also affects motor coordination and cognitive development, limiting essential functions for learning and social interaction. Other symptoms, such as repetitive behaviors, seizures, and changes in the functioning of the respiratory and gastrointestinal systems, further worsen the condition. Issues such as early osteoporosis and other physical complications contribute to limiting progress in overall development, hindering the acquisition of typical milestones and significantly impacting the child’s quality of life. Conclusion: Future studies should focus on improving genetic and pharmacological therapies to mitigate the effects of RTT and promote a better quality of life for affected children. Ongoing research and advancements in cellular therapies may offer new hope for the treatment of RTT, enabling a more effective and personalized approach for each patient.

Keywords: Rett Syndrome; Child Development; Neurodevelopmental Disorders.

INTRODUÇÃO

A síndrome de Rett (RTT) é um transtorno do desenvolvimento que afeta principalmente meninas. Ela é causada por mutações no gene MECP2, localizado no cromossomo X. A RTT é caracterizada por perda de habilidades motoras e linguísticas, além de dificuldades na locomoção e comportamentos repetitivos. Outros sintomas incluem convulsões, problemas respiratórios e gastrointestinais, e fragilidade óssea precoce. A condição é progressiva, com o desenvolvimento normalmente ocorrendo de forma normal até o surgimento da regressão. O diagnóstico é confirmado por meio de testes genéticos para identificar mutações no gene MECP2 (Kadam et al., 2019).

A deterioração motora em indivíduos com RTT está frequentemente associada ao envelhecimento, especialmente durante a infância média. Comportamentos como bater palmas e movimentar as mãos eram mais comuns em crianças pequenas e diminuem conforme as crianças envelheciam, sugerindo que essa fase da infância seja crucial para prevenir regressões mais intensas. Os movimentos estereotipados diminuíram significativamente após os 10 anos. Indivíduos mais velhos tendem a se tornar mais lentos e rígidos, o que pode indicar uma perda de movimentos voluntários. A transição por volta dos 10 anos parece ser um ponto chave para o desenvolvimento e para a gravidade dos sintomas em crianças com RTT (Wang et al., 2022).

Após um início de desenvolvimento aparentemente normal nos primeiros dois anos de vida, a condição se manifesta por uma perda progressiva da linguagem e das habilidades motoras, acompanhada de movimentos repetitivos das mãos, microcefalia adquirida, atraso no crescimento, epilepsia, ataxia e problemas respiratórios, como hiperventilação e apneias. Alterações no sono, como aumento do tempo total de descanso ou múltiplos despertares noturnos, também podem ocorrer. A epilepsia atinge a maioria dos pacientes em uma fase clínica específica da doença e tende a ser resistente ao tratamento em cerca de um terço dos casos. Por muitos anos, a RTT foi equivocadamente diagnosticada como transtorno do espectro autista (Parisi; Filippo; Roccella, 2016).

Sendo assim, o objetivo deste estudo é explorar os impactos da RTT no desenvolvimento infantil. Compreender esses impactos é fundamental para identificar intervenções que possam amenizar os efeitos da síndrome e melhorar a qualidade de vida das crianças afetadas.

METODOLOGIA

O presente estudo é uma revisão narrativa da literatura sobre os impactos da Síndrome de Rett (RTT) no desenvolvimento infantil. Para orientar a formulação da questão central, foi utilizada a estratégia PICO. Sendo esta pergunta principal: “Quais são os principais impactos da Síndrome de Rett no desenvolvimento infantil?” 

A aplicação da estratégia PICO para esta pesquisa foi a seguinte: 

P (População/Problema): Crianças com Síndrome de Rett

I (Intervenção): Análise dos impactos da Síndrome de Rett no desenvolvimento infantil

C (Comparação): Comparação entre diferentes estágios da síndrome ou entre crianças com RTT e crianças típicas

O (Desfecho): Impactos no desenvolvimento infantil.

A coleta de dados será realizada por meio de uma revisão bibliográfica em bases de dados científicas, incluindo PubMed, SciELO e LILACS, utilizando os Descritores em Ciências da Saúde/Medical Subject Headings (DeCS/MeSH) como “Síndrome de Rett”, “Desenvolvimento Infantil”, “Transtornos do Neurodesenvolvimento”, intercalados pelo operador booleano “AND”

Os critérios de inclusão serão: artigos originais, estudos de coorte, ensaios clínicos e relatos de casos publicados nos idiomas português, espanhol ou inglês, sem restrição temporal. Serão excluídos artigos incompletos, publicações que não tratem diretamente dos impactos da RTT no desenvolvimento infantil.

Este estudo não exige submissão ao Comitê de Ética em Pesquisa (CEP), pois se trata de uma revisão narrativa da literatura, sem coleta de dados primários ou experimentação com seres humanos, envolvendo apenas a análise e síntese de informações publicadas anteriormente.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A RTT afeta o desenvolvimento infantil ao interferir nos mecanismos de tradução de mRNAs nos neurônios, prejudicando genes importantes para o crescimento e estruturação neuronal, como os da família NEDD4L. Essa desregulação compromete a formação e ramificação dos neuritos, além de causar alterações na comunicação entre as células nervosas, na excitabilidade dos neurônios e no metabolismo celular, processos essenciais para o neurodesenvolvimento (Rodrigues et al., 2020).

Além disso, as principais sequelas estão o comprometimento da linguagem e do uso das mãos, além de dificuldades motoras que podem incluir a incapacidade de andar. A condição também afeta a coordenação motora e o desenvolvimento cognitivo, limitando as funções essenciais para o aprendizado e interação social. Outros sintomas, como comportamentos repetitivos, crises convulsivas e alterações no funcionamento dos sistemas respiratório e gastrointestinal, agravam ainda mais o quadro. Problemas como osteoporose precoce e outras complicações físicas contribuem para limitar o progresso no desenvolvimento global, dificultando a aquisição de marcos típicos e impactando de forma significativa a qualidade de vida da criança (Kadam et al., 2019).

A RTT no estágio III afeta negativamente o desenvolvimento infantil, principalmente nas habilidades motoras finas, comunicação social e mobilidade. Crianças mais velhas tendem a ter mais problemas, como escoliose severa, e mostram dificuldades maiores em habilidades motoras e sociais em comparação com as mais novas. A perda de habilidades motoras finas é mais pronunciada ao longo do tempo, apesar das habilidades motoras gerais serem relativamente estáveis. Também se observa uma redução na comunicação social, como o contato visual e a alternância de turnos. No entanto, não há diferenças significativas em relação ao comportamento adaptativo e habilidades funcionais diárias. A gravidade da RTT está associada ao pior desempenho em várias áreas de desenvolvimento (Wang et al., 2022).

CONCLUSÃO

A RTT representa um dos maiores desafios para o desenvolvimento infantil, com impactos significativos em várias áreas. No entanto, as limitações no tratamento e na compreensão total dos mecanismos moleculares ainda são desafios substanciais. Estudos futuros devem focar no aprimoramento das terapias genéticas e medicamentosas, visando mitigar os efeitos da RTT e promover uma maior qualidade de vida para as crianças afetadas. A investigação contínua e o avanço nas terapias celulares podem oferecer novas esperanças para o tratamento da RTT, permitindo uma abordagem mais eficaz e personalizada para cada paciente.

REFERÊNCIAS

KADAM, Shilpa D. et al. Rett syndrome and CDKL5 deficiency disorder: from bench to clinic. International journal of molecular sciences, v. 20, n. 20, p. 5098, 2019.

PARISI, Lucia; FILIPPO, Teresa Di; ROCCELLA, Michele. The quality of life in girls with Rett syndrome. Mental illness, v. 8, n. 1, p. 5-9, 2016.

RODRIGUES, Deivid C. et al. Shifts in ribosome engagement impact key gene sets in neurodevelopment and ubiquitination in Rett syndrome. Cell reports, v. 30, n. 12, p. 4179-4196. e11, 2020.

WANG, Shih-Ya et al. Multidimensional development and adaptive behavioral functioning in younger and older children with Rett syndrome. Physical Therapy, v. 102, n. 4, p. pzab297, 2022.


1Médico pela Universidad de Aquino Bolivia – Udabol / Revalidado pela UFMT. E-mail: helioresende06@gmail.com
2Medicina pela UNIRV – Campus Goianésia. E-mail: pedropaulotmelo@gmail.com
3Medicina pela UNIRV – Campus Goianésia. E-mail: mclaraac2804@gmail.com
4Medicina pela UNIRV – Campus Goianésia. E-mail: biancastefanie@hotmail.com
5Médica pela Universidade Ceuma. E-mail: Maria.fialho14@hotmail.com
6Residência em Ortopedia e Traumatologia pelo Hospital Rede Dor São Luís. E-mail: dcscruz@gmail.com
7Médica pela UNIC – Universidade de Cuiabá. E-mail: anapaulaxveloso@gmail.com
8Médico pela UNIC – Universidade de Cuiabá. E-mail: art.arturalmeida@gmail.com 
9Médica pela Faculdade Morgana Potrich – FAMP. E-mail: morgananovaes@gmail.com 
10Médico pela Faculdade de Medicina de Olinda. E-mail: daniellopesdaxl@gmail.com
11Mestre em Docência, Médico. Instituição de atuação atual: Universidade de Rio Verde  – E-mail: mahevali2015@gmail.com
12Enfermagem pelo Centro Universitário Santo Agostinho. E-mail: ericksroliveira@hotmail.com
13Mestra em Promoção da Saúde, Desenvolvimento Humano e Sociedade – ULBRA RS. E-mail: martha.waltermann@gmail.com