IMPACTO DA SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM: ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO E INTERVENÇÃO

IMPACT OF BURNOUT SYNDROME ON NURSING PROFESSIONALS: PREVENTION AND INTERVENTION STRATEGIES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/pa10202410280952


Dâmaris de Paula Albuquerque1
Maressa Santos Rocha2
Susana Maria Melo Silva3


RESUMO

A Síndrome de Burnout manifesta-se a partir da exaustão emocional decorrente do ambiente laboral, associada a um conjunto de características individuais do profissional. Ressalta-se o caso dos enfermeiros, que se dedicam ao cuidado dos pacientes, lidando com diversas condições e problemas, além de precisarem se adaptar diariamente para melhor atender. As cobranças internas, o desgaste emocional e o estresse ocupacional contribuem para o desenvolvimento dessa síndrome. O objetivo da pesquisa é descrever os impactos causados pela Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem, destacando a importância da elaboração de estratégias de prevenção e intervenção. A metodologia utilizada foi uma revisão de literatura, com busca em artigos e periódicos que abordaram a síndrome de Burnout em enfermeiros, utilizando descritores específicos para facilitar a análise. Os resultados indicaram que a sobrecarga de trabalho, as longas jornadas e o contato constante com o sofrimento contribuem para o desenvolvimento do esgotamento profissional entre os enfermeiros. Concluiu-se que a adoção de medidas eficazes é fundamental para reduzir os impactos do Burnout, promovendo o equilíbrio entre a vida profissional e pessoal, garantindo um cuidado humanizado e de alta relevância aos pacientes.

Palavras-chave: Enfermeiros; Estresse ocupacional; Saúde mental; Síndrome de Burnout.

ABSTRACT

Burnout Syndrome manifests itself from emotional exhaustion resulting from the work environment, associated with a set of individual characteristics of the professional. The case of nurses stands out, who are dedicated to caring for patients, dealing with various conditions and problems, in addition to needing to adapt daily to better serve them. Internal demands, emotional exhaustion and occupational stress contribute to the development of this syndrome. The objective of the research is to describe the impacts caused by Burnout Syndrome on nursing professionals, highlighting the importance of developing prevention and intervention strategies. The methodology used was a literature review, searching for articles and journals that addressed Burnout syndrome in nurses, using specific descriptors to facilitate analysis. The results indicated that work overload, long working hours and constant contact with suffering contribute to the development of professional burnout among nurses. It was concluded that the adoto of effective measures is essential to reduce the impacts of Burnout, promoting balance between professional and personal life, ensuring humanized and highly relevant care for patients.

KEYWORDS: Nurses. Occupational stress. Mental health. Burnout Syndrome.

INTRODUÇÃO

Na modernidade, os avanços e demais transformações que vêm ocorrendo no cotidiano das pessoas são fatores que contribuem para o surgimento de novas doenças e síndromes que decorrem de uma série de aspectos, especialmente entre os profissionais que lidam diretamente com atendimento ao público, como os enfermeiros. Esses profissionais fazem parte de um grupo mais propenso a adquirir essas doenças e síndromes (Lima, 2017).

Os enfermeiros normalmente trabalham diretamente no cuidado de pessoas, especialmente no que envolve o emocional. Lidar com os pacientes e seus familiares é um verdadeiro desafio, em um cotidiano com muitas horas de trabalho, plantões e menos tempo para o convívio familiar e lazer, fatores que contribuem para o surgimento da Síndrome de Burnout (Carlotto, 2012).    

Burnout é uma palavra de origem inglesa, cujo significado é “incêndio interno” e, em relação à síndrome, refere-se ao esgotamento dos recursos físicos e mentais. Com o tempo, essa expressão passou a ser usada para descrever o sofrimento dos profissionais no ambiente de trabalho, especialmente daqueles em contato direto com o público (Lima, 2017).

Dessa forma, a Síndrome de Burnout está relacionada ao cansaço do trabalhador e é determinada como uma síndrome psicológica resultante de estresse emocional prolongado no ambiente de trabalho. A síndrome é constituída por três aspectos primordiais: a exaustão emocional, que se refere ao esgotamento de energia; a despersonalização, relacionada à insensibilidade em relação a clientes e colegas de trabalho; e a diminuição da realização profissional, associada à incapacidade de desenvolvimento profissional (Sousa; Souza, 2020).

É importante destacar algumas manifestações clínicas, sintomas físicos e psicológicos da síndrome, como a perda de interesse e motivação no desenvolvimento do trabalho. O processo ocorre de forma gradual, o que justifica o termo “Burnout”, descrito pela primeira vez no caso de uma enfermeira psiquiátrica que enfrentou dificuldades em seu cotidiano profissional (Silva; Conceição; Rocha, 2023).

Os enfermeiros estão submetidos a altos níveis de estresse, cargas de trabalho elevadas, responsabilidade excessiva e má comunicação com a equipe médica e outros setores do hospital, fatores que os tornam mais vulneráveis ao desenvolvimento da Síndrome de Burnout (Matos; Silva, 2023).

De acordo com os estudos de Araújo (2014), foi no ano de 1953 que o conceito de Burnout começou a se difundir, devido a um caso real de uma enfermeira psiquiátrica que se desiludiu com seu trabalho. Esse esgotamento profissional e suas vertentes geraram sentimentos negativos, como fracasso, irritabilidade, aborrecimento e exaustão, o que motivou um estudo aprofundado sobre o tema.

Para Pereira (2014), a Síndrome de Burnout é um termo utilizado há um tempo considerável, referindo-se ao indivíduo que, por determinado período, deixou de funcionar adequadamente devido à falta de incentivo, energia e pelo desgaste acumulado. Isso faz com que o profissional atinja seu limite, manifestando muitos sentimentos negativos que podem comprometer diversas condições de sua vida, necessitando de cuidados e medidas para reverter o cenário em questão.

De acordo com Trigo (2017), a Síndrome de Burnout, também conhecida como síndrome de esgotamento, é um distúrbio psicológico caracterizado por um médico americano, que a apontou como uma forma de agressão à sociedade de maneira rápida, acarretando outros problemas relacionados aos sintomas e sinais do estresse laboral crônico, como exaustão mental e emocional, podendo evoluir para depressão.

O principal objetivo desta pesquisa é investigar como as estratégias de prevenção poderão contribuir para a redução da Síndrome de Burnout nos enfermeiros. Examinar os elementos que levam à ausência de um profissional e de suas responsabilidades; identificar as estratégias eficazes empregadas na redução dos sintomas da Síndrome de Burnout e propor estratégias de prevenção nos setores hospitalares.

A pesquisa será direcionada a estudos que envolvem equipes de enfermagem, com foco nos enfermeiros, e abordará as condições de trabalho e a rotina desses profissionais em instituições públicas e privadas. Também será dada ênfase às alterações fisiológicas provocadas pela síndrome, com base em estudos que investigam o impacto dessa condição no sistema nervoso.

A metodologia incluirá uma pesquisa básica de caráter descritivo, com análise quantitativa e qualitativa. Para embasamento teórico, serão utilizados artigos científicos disponíveis em plataformas como Google Acadêmico, Scielo, Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD). Além disso, serão consultadas plataformas governamentais do Ministério da Saúde para coleta de dados nacionais relevantes.

SINAIS E SINTOMAS

A Síndrome de Burnout é um distúrbio psíquico decorrente do esgotamento emocional, físico e mental causado por situações de trabalho desgastantes e de elevada pressão. Caracteriza-se por uma sensação de exaustão extrema, despersonalização (distanciamento emocional das atividades laborais) e uma percepção de falta de realização profissional (Freudenberger, 1974). Embora possa afetar diversos profissionais, é especialmente prevalente em profissões que exigem contato constante com pessoas e demandas emocionais elevadas, como a enfermagem (Maslach; Jackson, 1981).

Para enfermeiros, a Síndrome de Burnout tem implicações diretas no desempenho e na qualidade do cuidado prestado aos pacientes. Profissionais que sofrem com Burnout podem apresentar sintomas físicos como fadiga crônica, insônia e dores musculares, bem como sintomas psicológicos, como irritabilidade, depressão e ansiedade (Silva; Conceição; Rocha, 2023). Essas condições comprometem a atenção, a empatia e a capacidade de tomada de decisões, fatores essenciais para a prática da enfermagem (Poghosyan et al., 2010).

Além disso, o Burnout pode aumentar as taxas de absenteísmo e rotatividade de profissionais, levando a uma sobrecarga ainda maior para as equipes que permanecem em atividade, gerando um ciclo de desgaste no sistema de saúde. No contexto hospitalar, onde enfermeiros são muitas vezes o elo mais próximo entre pacientes e médicos, o Burnout afeta diretamente a qualidade do atendimento, o que pode comprometer a segurança do paciente e elevar os custos para o sistema de saúde (Leiter; Maslach, 2009).

Entre os fatores que agravam a propagação do Burnout estão a alta carga de trabalho, escassez de recursos humanos, longas jornadas de plantão, e a falta de suporte psicológico adequado (Silva; Conceição; Rocha, 2023). No caso dos enfermeiros, que frequentemente lidam com situações de emergência, morte e sofrimento, a pressão emocional é um aspecto central do surgimento da síndrome (Maslach; Leiter, 2016).

Os sintomas emocionais incluem a exaustão emocional, cujo principal indicativo é a sensação de esgotamento extremo, na qual o enfermeiro se sente incapaz de lidar com as demandas do trabalho, experimentando uma sensação de esvaziamento emocional e dificuldade em se recuperar após o período de descanso (Silva; Silva, 2021).

A despersonalização é outro sintoma, na qual o enfermeiro pode adotar uma atitude cínica ou indiferente em relação aos pacientes, tratando-os de forma impessoal e distanciada, como se fossem objetos ou números. Esse distanciamento emocional é uma forma de autoproteção contra o estresse contínuo. Além disso, observa-se a baixa realização pessoal, caracterizada por sentimentos de ineficácia, incompetência e baixa autoestima, que são mais comuns (Lima; Dolabela, 2021).

Os sintomas físicos envolvem o cansaço crônico; mesmo após descanso, os enfermeiros sentem fadiga persistente. Também podem ocorrer distúrbios do sono e sintomas psicossomáticos, como dores de cabeça, dores musculares, problemas gastrointestinais e aumento da pressão arterial, que podem surgir como respostas ao estresse crônico (Matos; Silva, 2023).

Além disso, os sintomas cognitivos incluem a dificuldade de concentração, pois o enfermeiro pode desenvolver problemas de foco, memória e dificuldade em processar informações, afetando a tomada de decisões durante o trabalho, que podem ser impulsivas ou realizadas de forma morosa (Silva; Silva, 2021).

Diante do que foi apresentado, fica perceptível que o indivíduo que exerce suas atividades com o objetivo de subsistência, em meio ao desenvolvimento tecnológico, sociocultural e às modernidades advindas da globalização, experimenta profundas transformações no comportamento cotidiano. Essas mudanças podem acarretar diretamente desequilíbrios mentais, dentre eles o estresse em seu estágio mais avançado (Matos; Silva, 2023).

FASES DA SÍNDROME DE BURNOUT

A Síndrome de Burnout, também conhecida como esgotamento profissional, evolui em diversas fases, que serão descritas a seguir. Na fase de entusiasmo, a pessoa se sente altamente motivada e dedica muita energia ao trabalho, muitas vezes ignorando limites pessoais e físicos, com disposição inicial para fazer tudo (Ramos; Farias, 2019).

Na fase de estagnação, o entusiasmo inicial começa a desaparecer. O profissional acometido pela síndrome percebe que, apesar de todo o esforço, os resultados não são tão satisfatórios quanto o esperado, e, a partir disso, a frustração começa a surgir. Na fase de frustração, a pessoa sente que o esforço não compensa, surgem dúvidas sobre suas capacidades e questionamentos sobre o propósito do trabalho. Nesse estágio, aumentam a irritação, o cansaço e o sentimento de insignificância (Sousa; Souza, 2020).

Na fase de apatia, como o nome sugere, o profissional começa a se distanciar emocionalmente do trabalho, ocorrendo uma queda na motivação, o que leva ao cumprimento apenas do mínimo necessário, sem envolvimento emocional ou satisfação. Na fase de esgotamento, considerada a mais crítica, ocorre o esgotamento físico e mental. O profissional começa a apresentar sintomas de depressão, ansiedade, problemas de sono, falta de concentração e até problemas físicos, como dores e doenças crônicas (Neves; Oliveira, 2014).

No entanto, as fases mencionadas não são necessariamente lineares, e nem todas as pessoas passam por todas as etapas. A ordem pode variar, mas o desenvolvimento da Síndrome de Burnout, se não for tratado, pode acarretar sérios problemas de saúde física e psicológica (Ramos; Farias, 2019).

SÍNDROME DE BURNOUT EM ENFERMEIROS

O ambiente hospitalar, marcado por longas jornadas de trabalho, alto grau de responsabilidade, constante exposição ao sofrimento alheio e pressão por resultados rápidos, cria condições propícias para o desenvolvimento dessa síndrome. (Matos; Silva, 2023).

Os profissionais da saúde, muitas vezes sobrecarregados, atendem a uma grande demanda de pacientes e lidam com a escassez de recursos, o que gera frustração e um sentimento de impotência. Essa situação é agravada pela expectativa de que esses profissionais devem estar sempre disponíveis e emocionalmente estáveis, o que pode levar à negação de seus próprios limites e necessidades (Sousa; Souza, 2020).

Percebe-se que a Síndrome de Burnout é um problema que gera preocupações na área da saúde, principalmente em relação aos enfermeiros, que estão na linha de frente do cuidado à saúde. A natureza intensificada do trabalho, combinada com as pressões emocionais e físicas, torna esses profissionais vulneráveis ao esgotamento profissional (Lima; Dolabela, 2021).

Os enfermeiros estão diretamente envolvidos no atendimento ao paciente e seus familiares e frequentemente enfrentam situações desafiadoras, como a gestão dos cuidados em ambientes com alta demanda, a constante tomada de decisões críticas e a responsabilização por lidar com a morte (Sousa; Souza, 2020).

O quadro abaixo, elaborado com base nas literaturas selecionadas como suporte para o desenvolvimento desta pesquisa, aponta os principais fatores que contribuem para o desenvolvimento do Burnout nos enfermeiros (Silva, 2021).

Quadro 1 – Principais fatores

FATORESDESCRIÇÃO
Sobrecarga de trabalhoDevido à escassez de profissionais, enfermeiros frequentemente assumem uma quantidade de trabalho superior ao que podem manejar de maneira sustentável, os longos turnos e a falta de descanso adequado resultam em exaustão física e mental.
Contato constante com o sofrimentoOs enfermeiros lidam diariamente com pacientes em estado crítico, dor, morte e familiares angustiados, o que gera uma carga emocional significativa. A exposição contínua a essas situações pode causar desgaste psicológico.
Falta de apoio emocional e organizacionalMuitas vezes, os enfermeiros não recebem o suporte emocional necessário para lidar com o estresse do trabalho. Instituições que não oferecem um ambiente de trabalho saudável, com espaços para diálogo e assistência psicológica, aumentam o risco de Burnout.
Falta de reconhecimentoApesar do papel do enfermeiro seja essencial no sistema de saúde, muitos relatam sentir-se subvalorizados. A ausência de reconhecimento pelo esforço e a dedicação ao trabalho podem contribuir para a sensação de inutilidade e frustração.
Desequilíbrio entre vida pessoal e profissionalA dedicação ao trabalho frequentemente interfere na vida pessoal, causando isolamento social, dificuldades em relacionamentos e prejudicando o bem-estar geral.

Fonte: Matos e Silva (2023)

O impacto do Burnout vai muito além do profissional. Enfermeiros que sofrem de esgotamento têm maior probabilidade de cometer erros, o que pode comprometer a segurança e o cuidado dos pacientes. Além disso, podem desenvolver atitudes de despersonalização, tratando os pacientes de forma mecânica, sem a empatia que o cuidado à saúde exige (Matos; Silva, 2023).

A qualidade do atendimento diminui, o que pode afetar o bem-estar dos pacientes e a confiança no sistema de saúde. Além das implicações no trabalho, o Burnout também afeta profundamente a saúde física e mental dos enfermeiros, muitos dos quais desenvolvem sintomas de depressão, ansiedade, insônia e até distúrbios psicossomáticos. O esgotamento prolongado pode levar à síndrome de fadiga crônica e ao afastamento do trabalho por períodos prolongados, o que agrava a escassez de profissionais.

DIAGNÓSTICO DA SÍNDROME DE BURNOUT NOS ENFERMEIROS

O Burnout resulta de uma sobrecarga de trabalho crônica e estresse prolongado, é crucial que os profissionais de saúde mental estejam atentos a uma série de fatores, tanto físicos quanto psicológicos (Sousa; Souza, 2020).

A avaliação da Síndrome de Burnout entre enfermeiros pode ser desafiadora, pois os sintomas frequentemente se sobrepõem a outras condições, como depressão e ansiedade. No entanto, serão apresentados alguns sinais específicosque são indicativos da síndrome nos profissionais mencionados (Coelho; Candeia, 2022).

O diagnóstico da Síndrome de Burnout nos enfermeiros envolve uma avaliação cuidadosa dos sintomas emocionais, físicos e cognitivos, bem como a análise das condições de trabalho e o uso de instrumentos validados, a identificação precoce é fundamental para a implementação de intervenções que possam evitar o agravamento do esgotamento e restaurar o bem-estar do profissional, preservando também a qualidade do cuidado prestado aos pacientes (Lima; Dolabela, 2021).

MÉTODO

Trata-se de um estudo que adotou o método dedutivo, partindo de uma revisão bibliográfica para compreender o conhecimento existente sobre as estratégias adotadas para prevenir a Síndrome de Burnout nos enfermeiros.

Para o embasamento teórico, foram utilizadas as temáticas associadas à saúde mental e seus agravos à saúde física, para compreender as formas de prevenção, percepção e tratamento; gestão de pessoas, para selecionar métodos de resolução de conflitos, comunicação, motivação, habilidades e competências, treinamento e aprimoramento. Também foi feito um estudo aprofundado da Resolução nº 564/2017, aplicada aos profissionais de enfermagem (Código de Ética), que estabelece direitos, deveres, proibições, infrações e penalidades, e da Lei nº 14.602/2023 (Lei do Descanso).

A elaboração deste trabalho consistiu em um estudo que utilizou uma pesquisa básica estratégica, com objetivos descritivos e abordagem quantitativa e qualitativa, aplicada com procedimentos de documentação indireta voltados à pesquisa bibliográfica, por meio da utilização de artigos e legislações pertinentes ao objeto de estudo. Foram utilizadas para a pesquisa de artigos científicos as plataformas Google Acadêmico, Scielo, Biblioteca Virtual da Saúde (BVS) e Biblioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertações (BDTD).

A pesquisa foi conduzida apenas através de uma busca eletrônica que utilizou descritores específicos “Saúde Mental dos Enfermeiros”, “Doenças Crônicas”, “Suporte Psicológico” e “Burnout”. Como critério de inclusão para esta pesquisa, foram utilizadas palavras-chaves. E para a coleta de dados e índices nacionais, foram utilizadas as plataformas governamentais do Ministério da Saúde. Em relação às referências, a quantidade mínima de trabalhos previstos foram 20 artigos.

RESULTADOS

Para o entendimento mais eficaz acerca da contextualização apresentada neste estudo é de grande relevância demonstrar informações referentes aos principais arquivos e pesquisas que foram utilizados, o quadro abaixo representa uma breve demonstração.

Quadro 2 – Filtragem dos artigos encontrados sobre a Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem.

TÍTULOAUTOR E  ANOOBJETIVORESULTADOS/DESFECHO
01A Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem: uma revisão de literaturaCarolina Anastácio de Sousa; Carolaynne Delmira Santos de Souza – 2020Realizar um levantamento bibliográfico em relação a SB em profissionais de enfermagem.Os resultados mostraram que dentre os profissionais de enfermagem diagnosticados com a SB apresentaram características em comum que podem agravar a manifestação da doença, bem como foram identificados fatores de riscos e desencadeadores, os quais tiveram grande influência para desenvolvimento do estresse ocupacional.
02Síndrome de Burnout em enfermeiros pós pandemia de Covid-19Beatriz Souza de Matos; Kelly Alves da Silva – 2023Descrever e identificar os impactos causados pela pandemia de covid-19 à saúde mental dos enfermeiros, ocasionando a síndrome de burnout.Diante da pesquisa foi possível identificar como principais fatores de desenvolvimento da síndrome de burnout as cargas horárias excessivas de trabalho, mais de um vínculo empregatício, medo de contaminação própria e contaminação ao próximo, lidar com a morte de pacientes e colegas de trabalho em grande escala diariamente e a falta de equipamentos de proteção individual (EPI’s) e concluiu-se que profissionais jovens e mulheres estão mais suscetíveis a possuir síndrome de burnout, devido à alta pressão da sociedade.
03A Síndrome de Burnout em enfermeiro que atua na Unidade de Terapia Intensiva UTIJulia Maria Dias – 2019O objetivo do estudo foi identificar na literatura os fatores de riscos, prevalência, Adoecimento, uso de medicamentos psicoativos e consequências, relacionados à Síndrome de Burnout em enfermeiros que atuam na UTI.Evidenciou-se que as mulheres, que enfrentam dupla jornada, correm maior risco de desenvolverem a Síndrome de Burnout.
04Síndrome de Burnout em profissionais de enfermagem: uma revisão de literaturaHellen Santos Silva; Maryanne dos Santos Conceição; Vanessa da Silva Rocha – 2023Os profissionais de saúde são caracterizados pelo ato de cuidar, estando a frente dos constantes problemas aparentes e dos pacientes. cobrança individual, dos gestores dos pacientes, sobrecarrega o profissional levando a um estresse ocupacional e um desgaste mental dando início a SB.Esperam-se que medidas devam-se ser tomadas para evitar o agravo dessa doença, protegendo assim o profissional e o paciente de um atendimento de má qualidade.
05Impactos da síndrome de burnout na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem da atenção básica a saúdeCarlos Eduardo Barbosa Ramos; Jamilton Alves Farias – 2019Identificar o impacto da Síndrome de Burnout (SB) na qualidade de vida dos profissionais de enfermagem da Atenção Básica à Saúde.O profissional acometido pela SB tende a apresentar diminuição em seu rendimento de trabalho e dificuldades na relação com a equipe de trabalho, refletindo o impacto negativo que a síndrome traz para a qualidade de vida.
06Síndrome de Burnout: impacto da satisfação no trabalho e da percepção de suporte organizacionalVanessa Faria Neves; Aureas de Fátima Oliveira – 2014Este estudo propôs-se a investigar um modelo em que as variáveis satisfação no trabalho e percepção de suporte organizacional consistem em preditoras da síndrome de burnout em profissionais de enfermagem.Os resultados evidenciam a importância da natureza do trabalho e do apoio organizacional para esses profissionais e alertam para que as organizações de saúde lhes estabeleçam estratégias de valorização. A prevenção desta síndrome é fundamental para a garantia de um atendimento de qualidade aos usuários dos serviços de saúde.
07O impacto da síndrome de burnout entre os profissionais de enfermagem no contexto da pandemia da Covid-19Ana Flávia de Miranda Coelho; Rozileide Martins Simões Candeia – 2022Identificar o que dizem as evidências científicas acerca da Síndrome de Burnout entre profissionais de enfermagem envolvidos com o cuidado com o coronavírus.O presente estudo permitiu observar que neste cenário da Covid-19, os profissionais de enfermagem estão cada vez mais propensos a desenvolver a Síndrome de Burnout, em virtude de suas atividades que afetam a sua qualidade de vida. Faz-se necessário que mais estudos sejam realizados sobre a temática considerando a importância destes profissionais nos serviços de saúde.
08Síndrome de Burnout na enfermagem no contexto da pandemia da Covid-19Letícia Rodrigues Pereira; Sabrina Moreira de Souza; Stefanny de Almeida Moraes – 2021Realizar uma análise bibliográfica sobre o desenvolvimento e os impactos da síndrome de Burnout em enfermeiros que estão na linha de frente do combate ao coronavírus.Constatou-se a importância de proporcionar melhores condições do trabalho da enfermagem, proporcionando a diminuição dos níveis de estresse e acolhimento empático a esses profissionais. Recomenda-se mais estudos sobre a temática para difundir o tema e proporcionar mais bem cuidado para os profissionais de saúde, em especial a equipe de enfermagem que está na linha de frente na assistência à população.

Fonte: Elaboração própria (2024)

DISCUSSÃO

Os resultados da pesquisa estão apresentados de forma detalhada no quadro 2, que sintetiza as informações coletadas e analisadas ao longo do estudo.

Os estudos ressaltaram que a carga emocional, falta de apoio, características individuais e as demandas intensas contribuem para o agravamento das doenças mentais, incluindo a Síndrome de Burnout. (Araújo, 2014; Carlotto, 2012). Além disso, os resultados demonstraram que o ambiente organizacional que valoriza o bem-estar do profissional pode reduzir a incidência de Burnout. (Borges, 2012).

Outro fator de discussão foi a COVID-19, situação na qual os profissionais da enfermagem tiveram impactos significativos em suas vidas, afetando a saúde mental de milhares de enfermeiros. A pandemia revelou a importância da implementação e intervenções que melhorem as condições de trabalho desses profissionais, para que haja um atendimento mais humanizado nos hospitais (Coelho, 2022).

Se faz necessário usar estratégias de intervenções e apoio, fazendo com que melhore as condições de trabalho dos profissionais, diminuindo a carga horária para preservação da saúde mental e aumentando a qualidade do atendimento prestado pelos enfermeiros (Dias, 2019).

Destaca-se que as doenças ocupacionais, por exemplo, a Síndrome de Burnout, transtornos musculoesqueléticos, problemas respiratórios, doenças dermatológicas e doenças relacionadas ao estresse estão ligadas com o excesso de trabalho e as condições do ambiente de trabalho (Mendes, 2013).

Em um estudo que investigou a satisfação no trabalho e a percepção de suporte organizacional, foi observado que a insatisfação no trabalho e a falta de suporte podem aumentar o risco de Burnout entre os profissionais. Assim, é importante que se tenha um ambiente organizacional positivo para fomentar a saúde mental e o bem-estar dos profissionais da enfermagem (Neves, 2014).

Os resultados de uma pesquisa intitulada Sofrimento emocional dos Enfermeiros no contexto hospitalar frente à pandemia de COVID-19, revelaram o crescimento do estresse, da ansiedade e da exaustão emocional enfrentados pelos profissionais de saúde, aumentados pelas demandas intensas e pela falta de recursos adequados. Logo, existe a necessidade urgente de intervenções que ofereçam apoio psicológico e melhorem as condições de trabalho, com a finalidade de preservar a saúde mental dos enfermeiros e garantir a qualidade do atendimento oferecido (Pereira, 2020).

ESTRATÉGIAS DE PREVENÇÃO

Entre as diversas formas de prevenir a Síndrome de Burnout, o conhecimento sobre a doença é fundamental. O Ministério da Saúde tem implementado medidas educativas, especialmente voltadas para profissionais da área, como a campanha Janeiro Branco. Essa iniciativa busca informar e alertar sobre as maneiras como a doença se manifesta e como evitar a sobrecarga decorrente de longas jornadas de trabalho.

Enfrentar o Burnout entre enfermeiros requer uma abordagem abrangente que envolva tanto medidas institucionais, como individuais. É importante ressaltar que as instituições de saúde têm a responsabilidade de oferecer condições de trabalho adequadas, que incluam carga horária equilibrada, programas de suporte psicológico, ambientes colaborativos e estratégias para garantir que os enfermeiros tenham períodos de descanso e recuperação (Vilela, 2022).

Por parte dos enfermeiros, é fundamental que eles reconheçam os sinais de esgotamento e busquem ajuda precocemente. As estratégias de autocuidado, como a prática de atividades físicas, técnicas de relaxamento e a busca por um equilíbrio entre a vida pessoal e profissional, são essenciais para prevenir o Burnout (Lima; Dolabela, 2021).

É necessário se ater à prevenção e à intervenção da Síndrome de Burnout nos enfermeiros, que exigem uma abordagem integrada, envolvendo diversas ações institucionais e estratégias pessoais e coletivas (Pereira, 2020).

O autocuidado é uma medida preventiva central para o bem-estar dos enfermeiros. Promover hábitos saudáveis pode ajudar a criar resiliência ao estresse ocupacional. É necessário adotar medidas de incentivo aos enfermeiros para que possam manter uma alimentação balanceada e dormir o suficiente. Isso ajuda a combater o cansaço crônico e melhora a disposição (Sousa; Souza, 2020).

É primordial que os enfermeiros sejam incentivados a reconhecer seus próprios limites, evitando a sobrecarga de trabalho e permitindo que tenham e desfrutem de mais tempo para a vida pessoal. As instituições de saúde têm um papel fundamental na criação de um ambiente laboral que previna o Burnout, investir em melhores condições de trabalho é uma estratégia preventiva primordial (Dias, 2019).

Em continuidade ao mencionado no parágrafo anterior, é necessário manter o equilíbrio das escalas de trabalho, evitar longas jornadas consecutivas e contratar profissionais suficientes para suprir a demanda, o que reduz o estresse relacionado à exaustão física e mental (Lima; Dolabela, 2021).

As pausas curtas durante o turno e a garantia de tempo adequado para descanso entre os turnos ajudam a manter a saúde mental dos profissionais. Além disso, criar um ambiente que favoreça a colaboração, a comunicação aberta e o apoio mútuo entre a equipe reduz o sentimento de isolamento e frustração. (Matos; Silva, 2023).

De acordo com o estudo de Dias (2019), a falta de reconhecimento é um dos fatores que contribuem para a desmotivação e o esgotamento dos enfermeiros. Elaborar estratégias para valorizar os profissionais é crucial na prevenção do Burnout. A implementação de programas de reconhecimento para celebrar as conquistas e o trabalho árduo dos enfermeiros pode melhorar a satisfação no trabalho e diminuir a sensação de desvalorização, além de oferecer possibilidades de progressão na carreira e capacitação contínua.

As instituições de saúde devem desenvolver políticas claras de apoio à saúde mental, incluindo suporte contínuo, flexibilidade nas escalas de trabalho e facilitação de tratamentos psicológicos quando necessário. Além disso, a implementação de limites de carga de trabalho, com monitoramento regular dos níveis de estresse entre os funcionários, pode ajudar a prevenir o acúmulo de exaustão (Pereira, 2020).

De acordo com os estudos de Sousa e Souza (2020), a prevenção da Síndrome de Burnout em enfermeiros deve ser uma prioridade tanto para os gestores das instituições de saúde quanto para os próprios profissionais.

A Síndrome de Burnout na área da saúde é um desafio multifacetado que demanda uma abordagem sistêmica e contínua. Cuidar dos cuidadores é fundamental para a sustentabilidade do sistema de saúde e para a oferta de um atendimento de qualidade (Coelho; Candeia, 2022).

Essas estratégias devem ser acompanhadas por políticas organizacionais consistentes, promovendo a saúde mental dos enfermeiros e, consequentemente, a qualidade dos cuidados prestados aos pacientes (Silva; Conceição; Rocha, 2023).

A pesquisa sobre a Síndrome de Burnout revelou uma quantidade de estudos voltados para a saúde mental e o bem-estar dos enfermeiros afetados por doenças crônicas. Grande parte dos trabalhos apresenta questões como estresse, burnout e apoio psicológico, mas há uma deficiência na investigação de doenças específicas.

As análises encontradas são de extrema relevância, pois ressaltam a necessidade de medidas adequadas para melhorar a qualidade de vida dos enfermeiros afetados. Elas também destacam a importância de um ambiente de trabalho que valorize a saúde mental, tendo em vista a tensão e o esgotamento emocional suportados pelos profissionais de saúde.

As principais colaborações incluem a elaboração de programas de suporte psicológico e bem-estar para evitar o esgotamento e estimular uma melhor qualidade de vida. Além disso, a promoção de capacitações para o gerenciamento do estresse e o avanço de políticas de saúde trabalhista mais sólidas, que são essenciais para um local de trabalho saudável. A educação de gestores e equipes sobre a relevância da saúde mental dos enfermeiros também pode estimular um ambiente participativo, favorecendo tanto os profissionais quanto a qualidade do atendimento aos pacientes.

CONSIDERAÇÕES

Diante da contextualização desenvolvida na pesquisa, destaca-se a necessidade de combater a Síndrome de Burnout entre os enfermeiros, que representa um grave problema de saúde pública, resultando impactos significativos tanto para os profissionais quanto para o sistema de saúde em geral. Este trabalho enfatizou que o esgotamento físico, emocional e psicológico causado pelo Burnout compromete a qualidade de vida dos enfermeiros.

A realização de estratégias preventivas e intervenções eficazes é de grande relevância. A promoção de ambientes de trabalho saudáveis, o apoio psicológico, a capacitação em inteligência emocional e a adoção de políticas institucionais voltadas ao bem-estar, são fundamentais para minimizar a incidência do Burnout. Além disso, o reconhecimento precoce dos sinais de esgotamento e a criação de uma cultura de valorização e suporte entre os profissionais são medidas essenciais para a preservação da saúde mental dos enfermeiros.

Conforme evidenciado pelos trabalhos utilizados na pesquisa, o profissional de saúde adoecido pode enfrentar dificuldades em realizar atendimentos com qualidade e segurança necessárias. Essa condição não só afeta a eficiência dos cuidados oferecidos, mas também ameaça a saúde do próprio profissional, além de comprometer a segurança dos pacientes e dos colegas de trabalho.

Conclui-se que, para enfrentar os desafios do Burnout, é essencial que as instituições de saúde e os profissionais trabalhem juntos de maneira organizada. Somente com ações que priorizem o equilíbrio entre trabalho e autocuidado será possível garantir a saúde dos enfermeiros e oferecer um atendimento humanizado e de qualidade aos pacientes.

REFERÊNCIAS

ARAÚJO, C. R. Síndrome de Burnout e seu impacto no cotidiano de trabalho do enfermeiro em terapia intensiva. Congresso pesquisa e extensão da FSG [online]. p. 518-528, maio, 2014. Disponível em: https://ojs.fsg.edu.br/index.php/pesquisaextensao/article/view/518-529 Acesso em: 20 ago. 2024.

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1 Discente do Curso Superior de Bacharelado em Enfermagem da Universidade da Amazônia (UNAMA) Campus Rio Branco. e-mail: damdamdpa@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0009-0006-9199-710X

2 Discente do Curso Superior de Bacharelado em Enfermagem da Universidade da Amazônia (UNAMA) Campus Rio Branco. e-mail: maressarocha43@gmail.com. Orcid: https://orcid.org/0009-0009-5038-9927

3 Docente do Curso Superior de Bacharelado em Enfermagem da Universidade da Amazônia (UNAMA) Campus Rio Branco. e-mail: 011280109@prof.unama.br. Orcid: https://orcid.org/0000-0002-8745-9644