IMPACTO DA MANUTENÇÃO PREVENTIVA E PREDITIVA NA VIDA ÚTIL DE SISTEMAS DE IMPERMEABILIZAÇÃO 

THE IMPACT OF PREVENTIVE AND PREDICTIVE MAINTENANCE ON THE SERVICE LIFE OF WATERPROOFING SYSTEMS

REGISTRO DOI: 10.5281/zenodo.12601051


Fernando Guimarães1
Profº Orientador: Carlos Henrique Reghin Dias2


RESUMO: Este trabalho visa analisar como a implementação de programas de manutenção preventiva impacta a vida útil e a eficácia dos sistemas de impermeabilização em edificações. A impermeabilização é fundamental na construção civil para proteger estruturas contra infiltrações e umidade, porém, sua degradação ao longo do tempo é inevitável devido a fatores como exposição às intempéries e movimentações estruturais. A pesquisa enfoca a importância da manutenção preventiva, que inclui inspeções regulares e reparos oportunos, para prolongar a vida útil dos sistemas e evitar danos estruturais. Utilizando uma abordagem de revisão bibliográfica e documental, este estudo identifica os tipos de problemas que podem ser prevenidos por essas práticas, contribuindo para a sustentabilidade e a valorização do patrimônio construído. A análise crítica de normas técnicas, relatórios e estudos de caso fundamenta as conclusões apresentadas, destacando os benefícios econômicos, ambientais e sociais da manutenção preventiva na construção civil.

PALAVRAS-CHAVE: Manutenção preventiva, Manutenção preditiva, Vida útil, Impermeabilização, Infiltração.

ABSTRACT: This study aims to analyze how the implementation of preventive maintenance programs impacts the service life and effectiveness of waterproofing systems in buildings. Waterproofing is important in construction to protect structures against infiltration and moisture; however, its degradation over time is inevitable due to factors such as exposure to weather conditions and structural movements. The research focuses on the importance of preventive maintenance, including regular inspections and timely repairs, to extend the service life of systems and prevent structural damage. Using a bibliographic and documentary review approach, this study identifies the types of problems that can be prevented by these practices, contributing to the sustainability and enhancement of built heritage. The critical analysis of technical standards, reports, and case studies underpins the conclusions presented, highlighting the economic, environmental, and social benefits of preventive maintenance in construction.

KEYWORDS: Preventative maintenance, Predictive maintenance, Service life, Waterproofing, Infiltration.

1 INTRODUÇÃO

A impermeabilização é uma das principais etapas a ser executada na construção civil, exercendo um papel essencial na proteção das estruturas contra infiltrações e umidade, prevenindo assim diversos danos estruturais e assegurando a durabilidade das edificações. No entanto, mesmo com a aplicação de um sistema de impermeabilização de alta qualidade, a degradação ao longo do tempo é inevitável devido a diversos fatores, como exposição às intempéries, movimentações estruturais e desgaste natural dos materiais. Nesse contexto, a manutenção preventiva surge como uma estratégia fundamental para prolongar a vida útil e a eficácia desses sistemas, garantindo a sua performance ao longo do tempo.

A pesquisa sobre o impacto da manutenção preventiva na vida útil de sistemas de impermeabilização é de grande relevância devido aos benefícios significativos que essa prática pode proporcionar. A implementação de programas de manutenção preventiva, que incluem inspeções regulares e reparos oportunos, não apenas ajuda a evitar problemas graves de infiltração e umidade, mas também contribui para a preservação da integridade das estruturas, reduzindo custos com reparos emergenciais e aumentando a segurança e o conforto dos ocupantes dos imóveis.

Diante desse contexto, esta pesquisa tem como objetivo geral analisar como a implementação de programas de manutenção preventiva impacta a vida útil e a eficácia dos sistemas de impermeabilização em edificações. Para alcançar esse objetivo, serão definidos os seguintes objetivos específicos: identificar os principais tipos de problemas de impermeabilização que podem ser prevenidos por meio da manutenção preventiva, em seguida um levantamento dos principais tipos de problemas de impermeabilização que podem ser prevenidos por meio das manutenções preditiva, preventiva e corretiva, investigando fatores como exposição às intempéries, movimentações estruturais e desgaste natural dos materiais influenciam na degradação dos sistemas de impermeabilização ao longo do tempo..

Dessa forma, a pesquisa sobre o impacto da manutenção preventiva na vida útil e eficácia dos sistemas de impermeabilização se mostra como uma contribuição importante para a área da construção civil, visando promover a sustentabilidade, a segurança e a qualidade das edificações, e possibilitando a otimização dos recursos investidos em sua construção e manutenção. Ao compreender e valorizar a importância da manutenção preventiva, é possível garantir a preservação das estruturas, a satisfação dos usuários e a valorização do patrimônio construído a longo prazo.

Para realizar esta pesquisa, foi adotada uma abordagem de revisão bibliográfica e documental, que envolverá a busca e análise crítica de artigos científicos, livros, normas técnicas, relatórios técnicos e outros documentos relevantes sobre o tema. A seleção criteriosa e a análise detalhada dessas fontes permitirão obter uma visão abrangente sobre o assunto, fundamentando as conclusões e recomendações apresentadas ao final deste trabalho.

2. HISTÓRIA DA ENGENHARIA DIAGNÓSTICA

A engenharia diagnóstica é um campo relativamente recente que emergiu da necessidade de avaliar e diagnosticar problemas em estruturas e edificações. Embora não seja possível definir uma data exata da origem desse campo, é possível rastrear ao longo do tempo com o aumento da necessidade de melhores métodos de avaliação e manutenção das estruturas na engenharia.

O termo “engenharia diagnóstica” é a arte de criar ações proativas, através dos diagnósticos, prognósticos e prescrições técnicas, visando o aprimoramento da qualidade total ou a apuração de responsabilidade de manifestação patológica predial (Gomide, et al. 2016). A inspeção predial, uma das principais vertentes na engenharia diagnostica, chegou ao Brasil através de um trabalho apresentado no X Congresso Brasileiro de Avaliações e Perícias de Engenharia – COBREAP em 1999, após esta data, os estudos sobre o tema foram aprofundados, novas técnicas foram introduzidas e algumas adaptações foram realizadas, com o objetivo de adequar a Inspeção Predial às necessidades do nosso mercado (NEVES; BRANCO, 2009).  

Mais recentemente, a Inspeção Predial foi implementada no Brasil, ganhando destaque significativo a partir de 1999, quando foi lançada no X Cobreap de Porto Alegre. Na ocasião, o trabalho intitulado “A Inspeção Predial deve ser periódica e obrigatória?” foi premiado com menção honrosa, o que impulsionou consideravelmente a ideia.

Após essa divulgação inicial, a comunidade técnica brasileira mostrou um interesse crescente por estudos focados na prevenção e manutenção das edificações. Evitar acidentes e a degradação precoce das estruturas tornou-se uma prioridade entre os profissionais técnicos e periciais.

Consequentemente, houve a elaboração de manuais, normas, diretrizes, livros, seminários e feiras dedicados a esse propósito. Os sindicatos de construtores e incorporadores também se engajaram nesse objetivo, aprimorando os manuais de uso, manutenção e operação das edificações. Além disso, incentivaram a ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas) a revisar e criar novas normas técnicas.

Esse esforço coletivo resultou no desenvolvimento das atuais normas de gestão de manutenção, desempenho, reforma e na própria norma de inspeção predial. Em resumo, a implementação da Inspeção Predial no Brasil levou a um avanço significativo nas práticas de prevenção e manutenção, envolvendo toda a comunidade técnica e culminando na criação de normas importantes para garantir a segurança e durabilidade das edificações.

3. PATOLOGIA DAS CONSTRUÇÕES E A IMPORTÂNCIA DO PLANEJAMENTO

É interessante notar as similaridades entre os objetos de estudo das ciências da Engenharia e da Medicina. Tanto o corpo humano quanto as edificações compartilham componentes comparáveis: os esqueletos podem ser equiparados às estruturas, as musculaturas às alvenarias, e a pele aos revestimentos. Além disso, o sistema nervoso e circulatório é similar às instalações elétricas e hidráulicas, e o aparelho respiratório ao sistema de ar condicionado. Essas analogias reforçam a conexão entre a Engenharia e a Medicina em diversos aspectos.

Estas comparações ilustram como os princípios estruturais e funcionais são fundamentais em ambos os campos. Na Engenharia, ao planejar e construir edificações, consideram-se aspectos que podem ser vistos como análogos às funções vitais do corpo humano. Essa interdisciplinaridade não apenas fortalece o entendimento das ciências da construção, mas também destaca a complexidade e a precisão necessárias para garantir a integridade e o bom funcionamento das edificações, assim como a saúde e o bem-estar do corpo humano.

Segundo Helene (2003), a construção de uma edificação envolve várias etapas: desde a concepção inicial, passando pelo planejamento prévio, projeto, fabricação dos materiais a serem utilizados no canteiro de obras, execução das partes componentes da edificação, até o uso final. Durante esses processos, podem ocorrer diversas falhas ou negligências, resultando em vícios e problemas construtivos. O gerenciamento eficaz desses processos, juntamente com a melhoria contínua por meio do controle de qualidade e do desenvolvimento de novas tecnologias e técnicas, representa um desafio constante para a engenharia civil.

Além disso, Helene (2003) destaca uma grande parte dos problemas patológicos nas edificações tem sua origem nas fases de planejamento e projeto. Essas falhas tendem a ser mais severas do que aquelas associadas à qualidade dos materiais ou aos métodos de construção. 

Souza e Ripper (1998) definem “Patologia das Construções” como um ramo da Engenharia das Construções dedicado ao estudo das origens, formas de manifestação, consequências e mecanismos de ocorrência de falhas e dos processos de degradação das estruturas. De acordo com a Impermeabiliza Brasil (2016), estatísticas indicam que cerca de 85% dos problemas nas construções são decorrentes de infiltrações e vazamentos. Portanto, muitos problemas associados à impermeabilização podem ser identificados e eliminados quando o planejamento é feito desde os primeiros estágios do desenvolvimento da construção.

4. DIFERENTES TIPOS DE IMPERMEABILIZAÇÃO

A impermeabilização é uma técnica essencial na construção civil que visa proteger as edificações contra a penetração de água. Esse processo envolve a aplicação de materiais específicos em diferentes partes da construção, garantindo que a estrutura permaneça seca e livre de infiltrações que podem causar danos estruturais ao longo do tempo. Segundo a ABNT NBR 9575, a impermeabilização é o conjunto de operações e técnicas construtivas (serviços), composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade. Assim, um sistema de impermeabilização pode ser entendido como um conjunto de materiais, aplicados de acordo com técnicas específicas, que proporcionam impermeabilidade às edificações (Sena, 2020)

Desde os primórdios da civilização, a impermeabilização tem desempenhado um papel fundamental na proteção das construções contra a ação da água e da umidade. Há relatos históricos de uso de materiais com propriedades impermeabilizantes, como óleos e betumes naturais, na construção da Muralha da China, das termas romanas e dos Jardins da Babilônia. Esses materiais também foram aplicados em aquedutos e saunas na Era romana (Picchi, 1986). No Brasil, a técnica de impermeabilização foi aplicada desde o início da colonização, especialmente na edificação de fortes em contato direto com a água do mar. Para esses casos, utilizavase uma mistura de óleo de baleia, cal e areia. Nos séculos XVII e XVIII, a fim de evitar o contato direto das estruturas com o solo, eram construídos porões ventilados. Além disso, uma prática comum para prevenir a umidade era a construção de telhados com grandes beirais, impedindo que a chuva atingisse diretamente as paredes (Pozzoli, 1991).

Ainda de acordo com Pozzoli (1991), as primeiras técnicas de impermeabilização empregadas no Brasil remontam ao século XVI, quando os portugueses construíram fortalezas em áreas de exposição à água salobra do mar. Nessas estruturas, utilizava-se uma argamassa composta por óleo de baleia, cal e areia, proporcionando resistência e impermeabilidade. Esses desafios enfrentados na construção dessas fortalezas incentivaram a adoção de medidas para aprimorar os métodos construtivos da época. Segundo Schreiber (2012), a história da impermeabilização no Brasil é relativamente recente, já que até os anos 1970 havia poucas opções disponíveis no mercado. O surgimento de grandes projetos de impermeabilização, como a construção do metrô de São Paulo na década de 70, impulsionou a necessidade de normas específicas. Foi nesse contexto que fabricantes e aplicadores se uniram para estabelecer uma padronização. Em 1975, foram introduzidas as primeiras normas brasileiras para impermeabilização, e também foi fundado o Instituto Brasileiro de Impermeabilização (IBI). O IBI desempenha um papel fundamental na disseminação da importância técnica da impermeabilização na construção civil, atuando junto a aplicadores, fabricantes, construtores, usuários e órgãos públicos, com isso a tecnologia brasileira nessa área começou a se desenvolver de forma autônoma (Verçoza, 1987).

Segundo a ABNT NBR 9575 (2010), o projeto básico de impermeabilização consiste em um conjunto de informações gráficas e descritivas que definem as soluções de impermeabilização a serem adotadas em uma construção. Este projeto visa garantir a estanqueidade dos elementos construtivos e a durabilidade frente à ação de fluidos, vapores e umidade, sendo elaborado durante a etapa de coordenação geral das atividades de projeto. Por outro lado, o projeto executivo de impermeabilização detalha e especifica, de forma integral e inequívoca, todos os sistemas de impermeabilização a serem empregados. Este projeto é especializado e deve assegurar que todas as medidas de impermeabilização sejam precisas e compatíveis com a execução da obra. A implementação da impermeabilização durante a fase de construção é não apenas mais prática, mas também apresenta vantagens econômicas significativas. Segundo Righi (2009), o custo para instalar o sistema de impermeabilização em uma edificação corresponde a apenas 1 a 3% do custo total da obra. Em contrapartida, os custos associados aos reparos de patologias decorrentes da ausência de impermeabilização podem ser até quinze vezes maiores. Logo, investindo na impermeabilização desde o início do projeto, focando em prevenção, é uma estratégia mais econômica e eficaz, garantindo a durabilidade e a integridade das construções.

Diferentes tipos de impermeabilização desempenham importantes papéis na proteção das estruturas contra danos causados por infiltrações de água, variando de acordo com as necessidades específicas de cada projeto. No entanto, é importante destacar que, antes da execução do processo de impermeabilização, uma série de cuidados devem ser tomados para evitar vazamentos posteriores. Esses detalhes são de suma importância e devem ser minuciosamente detalhados como pontos críticos no projeto de cada construção, uma vez que influenciam diretamente na escolha do sistema a ser aplicado. 

Outro ponto relevante a ser considerado é a escolha dos materiais e técnicas de impermeabilização mais adequados para as condições específicas do ambiente e da estrutura envolvida. Por exemplo, em áreas sujeitas a movimentações estruturais, como lajes de concreto, pode ser necessário optar por sistemas de impermeabilização flexíveis que se adaptem às variações dimensionais sem comprometer sua integridade. Portanto, ao elaborar o projeto de impermeabilização, é fundamental realizar uma análise detalhada das condições do local, levando em conta fatores como exposição ao sol, chuva, umidade do solo, entre outros. Somente assim será possível garantir a eficácia e durabilidade do sistema de impermeabilização escolhido, prevenindo problemas futuros e garantindo a proteção das estruturas contra vazamentos e danos causados pela água (Souza, et al, 2023).

Tabela 1 – Sistemas Impermeabilizantes

Sistemas                          Descrição

HidrofuganteSão usados materiais hidrofóbicos, impedindo a penetração da água e que a área fique molhada. É indicado para materiais que apresentam minerais em sua composição, como cerâmica e fachadas de pedra.
HidrorrepelenteUtiliza o mesmo princípio dos hidrofugantes, porém permite que a área fique molhada.
CalefetadorPara esse sistema, usa-se massa acrílica, que permite a movimentação da estrutura. É ideal para o revestimento de juntas, internas ou externas, horizontais ou verticais
Emulsão acrílicaÉ usada uma membrana líquida, com base acrílica. Ideal para locais sujeitos a tempestades, como lajes e paredes externas.
Emulsão asfálticaÉ um composto de asfalto, aplicado a frio, geralmente utilizado em fundações e estruturas que entram em contato com o solo
Argamassa impermeabilizante poliméricaÉ um tipo de argamassa industrializada, já com adição de produtos impermeabilizantes e já pronta para o uso. É aplicada em áreas frias e molhadas, como piscinas e reservatórios de água, além de rodapés e subsolos
Manta asfálticaPré-fabricada, a manta asfáltica pode ser feita de diversos materiais, como PVC ou vidro, contendo asfalto modificado. Por ser bem resistente, é indicada para grandes áreas que são sujeitas a fissuração, como lajes

Fonte: Adaptado de Dundu (2019).

A escolha do tipo adequado de impermeabilização é essencial para garantir a longevidade e a integridade das construções. Entre os métodos mais utilizados, destacam-se a impermeabilização rígida e a impermeabilização flexível, cada uma com suas próprias características e aplicações específicas.

Segundo a ABNT NBR 9575, a impermeabilização é o conjunto de operações e técnicas construtivas (serviços), composto por uma ou mais camadas, que tem por finalidade proteger as construções contra a ação deletéria de fluidos, de vapores e da umidade

4.1 RÍGIDAS

 A impermeabilização rígida é um método de proteção contra a infiltração da água realizada com materiais sólidos e rígidos, aplicados em estruturas onde não há muita deformação e onde não há muita variação de temperatura. De acordo com a ABNT NBR 9575/2010, é o conjunto de materiais ou produtos que não apresentam características de flexibilidade compatíveis e aplicáveis às partes construtivas não sujeitas a movimentação do elemento construtivo. Este tipo de impermeabilização é amplamente empregado em subsolos, galerias de barragens, silos, muros de arrimo e baldrames, onde a estrutura permanece relativamente estática. Devido a sua atuação em conjunto com a estrutura, este tipo de impermeabilização é recomendado para áreas onde não haja fissuras ou trincas, limitando assim sua aplicação a estruturas pequenas ou estáveis (Sena, 2020). Ao optar pela impermeabilização rígida, é importante considerar as características estruturais e os potenciais movimentos da estrutura. A escolha do sistema deve não apenas atender às necessidades imediatas de proteção contra infiltração, mas também garantir a sustentabilidade e a durabilidade da solução ao longo do tempo.

4.1.1 RESINA EPÓXI

A resina epóxi é um material altamente versátil, amplamente utilizado na construção civil por suas diversas aplicações e eficiência. Este composto químico é conhecido por sua alta resistência e rápida aplicação, sendo empregado em projetos que requerem robustez e durabilidade. Epóxi é um plástico termofixo, ativado por um catalisador, que se caracteriza por não se alterar com a temperatura. Diferentemente de outros plásticos, as resinas epóxi não perdem a rigidez nem derretem quando expostas ao calor.

Figura 1 Impermeabilização de piso com resina epóxi

Fonte: Fibersals, acesso em: 08/06/2024

Na impermeabilização, a resina epóxi forma uma membrana fina, transparente e resistente, que adere bem às superfícies de concreto. Demonstra elevada resistência mecânica e à corrosão química, sendo aplicada em ambientes adversos devido a suas propriedades robustas. É um composto químico reconhecido por sua resistência e eficiência na aplicação (Fibersals, 2024). Este sistema é particularmente adequado para pisos de áreas com alta exigência de limpeza e resistência, como laboratórios, hospitais, e ambientes industriais. Para aplicar a resina epóxi, é fundamental preparar a superfície, que deve estar limpa e livre de impurezas. O processo começa com o lixamento da camada superficial. Em seguida, A resina epóxi precisa ser misturada com um agente endurecedor, normalmente um catalisador ou um curativo, para que a reação de polimerização ocorra, resultando em um material rígido e durável, depois aplicada com um rolo especial, respeitando as recomendações do fabricante quanto ao número de demãos e os intervalos entre elas. Durante a aplicação, é necessário proteger-se dos vapores tóxicos emitidos pelo produto.

A impermeabilização com resina epóxi oferece várias vantagens, incluindo aplicação rápida, facilidade de manutenção, boa durabilidade, e um sistema sem emendas e juntas que facilita a limpeza e proporciona rápida liberação da área. No entanto, também apresenta desvantagens, como o impacto ambiental, a necessidade de mão de obra especializada, a perda de propriedades quando exposta ao sol, e opções de acabamento limitadas.

4.1.2 ADITIVOS HIDRÓFUGOS

Conforme a norma ABNT NBR 11768 (2011), os aditivos são substâncias incorporadas ao concreto durante a sua preparação. Eles são adicionados em quantidades que não ultrapassam 5% da massa de cimento presente na mistura, com a finalidade de modificar as propriedades do concreto, seja no estado fresco ou após o seu endurecimento. Os aditivos hidrófugos, incorporados na argamassa, têm como principal finalidade conferir impermeabilidade ao material. Essa solução destaca-se por sua simplicidade de execução e custos reduzidos, desde que aplicada durante a fase de construção. Caso contrário, os custos de reforma e correção deste tipo de impermeabilização são altos e podem inviabilizar a operação.

Quando integrados ao planejamento e execução da obra, esses aditivos representam uma opção econômica e eficaz para impermeabilização. Classificada como um sistema rígido, a argamassa com aditivos hidrófugos é ideal para áreas enterradas e locais com pouca movimentação térmica. O processo de aplicação envolve a adição do aditivo na água de amassamento da argamassa. Para garantir melhor aderência em paredes, é recomendada a aplicação de uma camada de chapisco na superfície.

Figura 2: Concreto com aditivo hidrofugante

Fonte: Diprotec, acesso em: 10/06/2024

Além disso, essa argamassa pode ser empregada em elementos de fundação, aumentando sua versatilidade. As vantagens incluem o baixo custo e a não exigência de mão de obra especializada. Porém, a técnica não está isenta de desvantagens, como a possibilidade de falhas durante a execução e a complexidade da manutenção e reparo uma vez que os problemas começam a surgir. A qualidade da impermeabilização depende muito da precisão na mistura e aplicação, e qualquer erro pode comprometer a eficácia do sistema.

4.1.3 CIMENTO CRISTALIZANTE

Cimentos cristalizantes são impermeabilizantes rígidos, compostos por cimentos especiais e aditivos minerais, que apresentam a capacidade de penetrar os capilares da estrutura por meio de penetração osmótica, formando um gel que se cristaliza e incorpora compostos de cálcio estáveis e insolúveis ao concreto (Denver, 2024). Silva (2021) descreve que quando utilizados como aditivos, esses materiais são aplicados sob a forma de pintura sobre superfícies de concreto, argamassa ou alvenaria, as quais devem ser previamente saturadas com água. Os cristalizantes líquidos à base de silicatos e resinas atuam por efeito de cristalização ao serem injetados no sistema, preenchendo a porosidade das alvenarias de tijolos maciços e bloqueando a umidade ascendente (Viapol, 2019).

O sistema de cimento cristalizante atua através da formação de cristais insolúveis que se expandem nos capilares do concreto quando em contato com a umidade, preenchendo poros e fissuras para criar uma barreira que impede a percolação da água. A aplicação é realizada durante a preparação do concreto, seguindo as especificações do fabricante. Entre suas vantagens estão a facilidade de aplicação e a versatilidade de uso. No entanto, por ser um sistema rígido, não é adequado para áreas sujeitas a movimentação térmica, além de apresentar desafios para manutenção e reparos em caso de falhas.

4.2 FLEXÍVEIS

Diferente da impermeabilização rígida, a flexível é aplicada em estruturas que sofrem muito com a deformação e variação de temperatura. De acordo com a ABNT NBR 9575/2010, é o conjunto de materiais ou produtos que apresentam características de flexibilidade compatíveis e aplicáveis às partes construtivas sujeitas à movimentação do elemento construtivo. Este método é ideal para lajes, reservatórios de água superiores, piscinas suspensas, jardins e varandas, onde a estrutura necessita suportar movimentos sem comprometer a vedação.

Os sistemas flexíveis são basicamente compostos por mantas pré-fabricadas ou misturas moldadas in loco, compostas por fibras flexíveis de poliéster. Após a secagem, essas estruturas desempenham o papel de uma membrana protetora.(Fibersals, 2022).

Figura 3: Estrutura de concreto armado sem impermeabilização.

Fonte: Souza (2018).

4.2.1 FIBRA DE VIDRO

O sistema de impermeabilização com fibra de vidro envolve a aplicação de uma camada protetora que pode ser utilizada em superfícies de concreto ou estruturas de aço. Esta camada atua como uma barreira química, impedindo a penetração de líquidos na superfície tratada. A versatilidade deste sistema permite sua aplicação em diversas áreas, incluindo lajes, reservatórios, piscinas e telhados, entre outros, garantindo a proteção contra infiltrações e prolongando a durabilidade das estruturas (Sena, 2020). As fibras de vidro são frequentemente incorporadas ao concreto em combinação com uma matriz de resina poliéster. Individualmente, essas fibras são amplamente utilizadas em uma variedade de produtos industriais, incluindo carrocerias de veículos, embarcações, piscinas e reservatórios, entre outros (Ripper, 1998).

4.2.2 MEMBRANAS ASFÁUTICAS

A proteção das estruturas, expostas as intempéries, com membranas flexíveis é essencial devido à exposição contínua ao sol e à chuva, que podem comprometer sua integridade. Mesmo com a aplicação de materiais como argamassa ou concreto impermeável, a membrana flexível complementa o sistema ao oferecer uma camada adicional de proteção contra infiltrações, especialmente em áreas suscetíveis a trincas e fissuras, por acompanhar sua movimentação (Vedacit, 2015). Recomenda-se, portanto, que sejam aplicadas em superfícies inclinadas para evitar o acúmulo de água, o que pode comprometer a integridade do material ao longo do tempo devido à hidratação excessiva, que contribui para a degradação da durabilidade do sistema (Cichinelli, 2007).

Segundo Sena (2020), todas as especificidades da manta e da área de aplicação exercem influência significativa na vida útil e no desempenho do sistema, sendo fundamental seguir rigorosamente as diretrizes estabelecidas pela norma ABNT NBR 9575. A massa asfáltica constitui o núcleo essencial das mantas asfálticas, sendo fundamental para conferir características como flexibilidade em temperaturas mais baixas, durabilidade, aderência e resistência em altas temperaturas (Sena, 2020). Sua aplicação pode ser realizada através de colagem com asfalto quente ou pelo método de aplicação com maçarico. Além disso, a manta é estruturada com materiais como poliéster, filme de polietileno ou véu de fibra de vidro, que proporcionam resistência à tração, garantindo a integridade do sistema impermeabilizante (Sena, 2020).

5. MANUTENÇÃO DA IMPERMEABILIZAÇÃO

A manutenção da impermeabilização é essencial para garantir a longevidade e eficácia dos sistemas instalados. A manutenção pode ser classificada em três tipos principais: preventiva, preditiva e corretiva.

5.1 MANUTENÇÃO PREVENTIVA

Quando a impermeabilização não recebe a devida atenção nas construções ou, em alguns casos, é completamente negligenciada devido ao fato de frequentemente estar fora do alcance visual após a conclusão da obra, muitos problemas associados a essa prática podem ser detectados. Se analisados corretamente, esses problemas podem ser eliminados já nas fases iniciais do desenvolvimento da construção (Batista, 2023). A manutenção preventiva envolve a realização de inspeções e intervenções periódicas planejadas para evitar o surgimento de falhas e prolongar a vida útil dos sistemas de impermeabilização. A abordagem preventiva é essencial para identificar possíveis problemas antes que eles se manifestem de forma crítica.

Programas de manutenção preventiva geralmente incluem a inspeção visual de superfícies impermeabilizadas, testes de estanqueidade e a aplicação de reparos menores quando necessário. Estudos demonstram que a implementação regular de manutenção preventiva pode reduzir significativamente os custos associados a reparos emergenciais e aumentar a durabilidade das estruturas. Estudos demonstram que a implementação regular de manutenção preventiva pode reduzir significativamente os custos associados a reparos emergenciais e aumentar a durabilidade das estruturas (Junior, 2018).

5.2 MANUTENÇÃO PREDITIVA

A manutenção preditiva baseia-se no monitoramento contínuo das condições dos sistemas de impermeabilização para prever falhas antes que elas ocorram. Esse tipo de manutenção utiliza tecnologias avançadas, como sensores e sistemas de monitoramento remoto, para coletar dados em tempo real. 

Segundo Juliani (2020), muitas manifestações patológicas são prontamente identificáveis devido à sua visibilidade. Esses problemas, já avançados e presentes na superfície da edificação, geram desconforto aos usuários e apresentam diversos riscos. Com a manutenção preditiva as manifestações patológicas ocultas como algumas infiltrações e destacamento do revestimento, que podem não ser tão visíveis, é possível detectar e realizar o devido reparo (Juliani, 2020). A manutenção preditiva, também conhecida como manutenção detectiva, monitora o desempenho do sistema através de instrumentação. Este método, frequentemente denominado Engenharia de

Manutenção, é a abordagem mais eficaz para assegurar o desempenho e a longevidade da edificação, reduzindo significativamente a probabilidade de falhas (Juliani, 2020).

A análise de dados coletados permite a detecção precoce de anomalias, possibilitando a intervenção antes que ocorra um dano significativo. Exemplos de técnicas usadas na manutenção preditiva incluem a utilização de sensores eletrônicos de umidade, no qual são instalados em áreas críticas das estruturas para monitorar continuamente os níveis de umidade. Eles podem detectar a presença de umidade em locais onde não deveria haver, sinalizando potenciais problemas de infiltração antes que se tornem visíveis. Os dados coletados pelos sensores são enviados em tempo real para um sistema de monitoramento, permitindo uma resposta rápida e precisa para evitar danos maiores.

5.3 MANUTENÇÃO CORRETIVA

A manutenção corretiva é realizada após a detecção de uma falha ou problema no sistema de impermeabilização. Este tipo de manutenção é reativa e envolve a correção de defeitos que já causaram danos.

Embora a manutenção corretiva seja necessária em alguns casos, é a abordagem mais dispendiosa e que pode causar maiores transtornos aos usuários das edificações. A realização de reparos corretivos pode envolver a substituição de materiais danificados, refazer a impermeabilização de áreas afetadas e a correção de falhas construtivas.

6 VIDA ÚTIL DO SISTEMA DE IMPERMEABILIZAÇÃO

As construções, assim como o corpo humano, requerem cuidados para assegurar seu desempenho total ao longo de sua vida útil, garantindo uma durabilidade dos materiais e da estrutura. Durabilidade, portanto, refere-se à habilidade de uma edificação em manter suas funções ao longo do tempo, conforme as condições de uso e manutenção previamente estabelecidas (CBIC, 2013). Todos os edifícios têm uma vida útil definida e, por isso, é de fundamental importância monitorar esse período com ações preventivas, evitando problemas decorrentes da ausência de inspeção (Silva, 2020). A impermeabilização é uma das etapas essenciais na construção, proporcionando conforto e segurança aos usuários. Uma proteção eficiente deve ser aplicada aos diversos elementos da obra expostos às intempéries, para evitar problemas patológicos causados pela infiltração de água, oxigênio e outros agentes agressivos. A vida útil de uma edificação depende diretamente de uma impermeabilização bem executada (Righi, 2009). 

Assim como no corpo humano, onde a manutenção preventiva e o acompanhamento médico são essenciais para garantir uma vida longa e saudável, os sistemas de impermeabilização também exigem cuidados ao longo do tempo. Uma vez que a NBR 9575 define a impermeabilização como um conjunto de operações destinadas a proteger as construções contra a ação nociva de fluidos, vapores e umidade, é fundamental entender que a eficácia desses sistemas está diretamente ligada à sua vida útil. Monitorar e realizar inspeções regulares em sistemas de impermeabilização são práticas preventivas que ajudam a identificar problemas potenciais antes que se tornem críticos, prolongando assim a vida útil da estrutura e garantindo sua funcionalidade ao longo do tempo. A ausência de manutenções periódicas pode acelerar a degradação da estrutura, levando as patologias a atingirem um nível elevado de deterioração, tornando a recuperação estrutural inviável (Santos, 2017). Portanto, é imperativo implementar um plano de manutenção preventiva e realizar inspeções regulares para garantir o desempenho total dos sistemas de impermeabilização ao longo de sua vida útil.

7 MANIFESTAÇÕES    PATOLÓGICAS     RELACIONADAS   A     FALTA         DA IMPERMEABILIZAÇÃO

A ausência ou inadequação de sistemas de impermeabilização pode levar a uma série de manifestações patológicas nas edificações. Problemas como infiltrações, umidade excessiva e degradação de materiais são frequentes quando a impermeabilização não é devidamente aplicada ou mantida. Estas patologias afetam tanto a estética quanto a funcionalidade das construções, resultando em custos elevados de reparo e manutenção. Neste tópico, serão abordadas as principais manifestações patológicas associadas à falta de impermeabilização, suas causas e consequências, bem como os desafios enfrentados na prevenção e correção desses problemas.

Um desses problemas é a umidade, que está diretamente ligada às complicações na construção civil. Ela pode representar até 60% dos problemas patológicos observados em edificações em fase de uso e operação e podem provocar danos de caráter funcional, de desempenho, estético e estrutural podendo representar risco à segurança e à saúde dos usuários (Souza, 2008).

Figura 4: Atuação da água em uma edificação.

Fonte: SIQUEIRA, 2018.

De acordo com Macedo (2017), a umidade é um dos problemas mais frequentes e complexos de tratar na engenharia civil. Isso ocorre não só pela complexidade dos fenômenos envolvidos, mas também pelas falhas construtivas, principalmente na impermeabilização. Muitas vezes, esse problema está associado a outros, o que torna seu tratamento ainda mais difícil. Além disso, a presença de umidade pode acelerar a deterioração de materiais de construção, como concreto e aço, comprometendo a integridade estrutural e a segurança das edificações. A falta de uma abordagem eficaz para lidar com a umidade pode resultar em problemas recorrentes, exigindo intervenções constantes e onerando os proprietários com custos elevados de manutenção e reparo. Portanto, é essencial que as estratégias de impermeabilização sejam cuidadosamente planejadas e implementadas para minimizar os impactos negativos da umidade nas construções.

Umidade de Condensação: Segundo a ABNT NBR 9575, é proveniente da condensação de água presente no ambiente sobre a superfície de um elemento construtivo, sob determinadas condições de temperatura e pressão. A umidade de condensação ocorre quando o vapor de água presente no ar se condensa ao entrar em contato com superfícies frias. Este tipo de umidade é comum em ambientes mal ventilados, onde a circulação de ar é inadequada, permitindo que o vapor de água se acumule. A condensação pode ser especialmente problemática em áreas com grandes variações de temperatura, como cozinhas e banheiros. As consequências incluem o aparecimento de manchas de umidade, mofo e bolor em paredes e tetos, que não só prejudicam a estética do ambiente, mas também podem afetar a saúde dos ocupantes, agravando problemas respiratórios.

Umidade de Infiltração: A umidade de infiltração é aquela que atravessa da área externa para a área interna por pequenas fissuras, devido à alta capacidade de absorção de umidade do ar pelos materiais ou mesmo por falhas na interface entre os elementos construtivos: portas, janelas ou planos de paredes. Geralmente é originada pela água da chuva, podendo agravar-se quando combinada com o vento, devido ao aumento da pressão de infiltração (Righi, 2009). Ela resulta da penetração direta de água proveniente da chuva, do solo ou de sistemas de encanamento defeituosos. Este tipo de umidade afeta principalmente as partes inferiores das paredes e estruturas enterradas, como subsolos e fundações. A infiltração de água pode comprometer a integridade estrutural do edifício se não for tratada adequadamente, causando rachaduras e até desabamentos em casos extremos.

Umidade Ascendente: A umidade ascendente é causada pela capilaridade, onde a água presente no solo é absorvida pelos materiais de construção porosos, como tijolos e argamassas. Este fenômeno ocorre porque a água do solo é puxada para cima através dos pequenos poros dos materiais, subindo pelas paredes ao longo do tempo, seus efeitos são influenciados pela presença do lençol freático ou pela umidade do solo durante períodos de alta precipitação pluvial (Magalhães, 2008). A umidade ascendente é frequentemente observada na parte inferior das construções, especialmente em áreas com fundações diretamente em contato com o solo úmido. Os sinais visíveis incluem bolhas e descascamento de tintas, manchas de umidade e o descolamento de revestimentos. Este tipo de umidade pode ser especialmente difícil de controlar e tratar, exigindo frequentemente intervenções de impermeabilização nas fundações e nas bases das paredes.

Figura 5: Prevenção de umidade ascendente por meio da impermeabilização de vigas baldrames.

Fonte: Isocom, 2023.

Eflorescência: Trata-se de um problema que pode surgir em qualquer componente da edificação, provocando alterações que podem ser apenas estéticas ou potencialmente prejudiciais. No primeiro caso, a eflorescência modifica a aparência do elemento afetado, enquanto, em um segundo caso, os sais presentes podem causar uma degradação significativa do material (Souza, 2008). A eflorescência é caracterizada pela formação de sais na superfície dos elementos construtivos, o que pode acelerar a corrosão da armadura devido à penetração de umidade e, consequentemente, causar o deslocamento do revestimento na área afetada (Oliveira, 2013).

Figura 6: Eflorescência no concreto.

Fonte: Queveks, fórmulas concentradas. 2022.

8. MATERIAIS E MÉTODOS

Este artigo científico é fundamentado em uma revisão sistemática da literatura, proporcionando uma análise abrangente das diversas interações da umidade nas construções e a relevância crítica da impermeabilização e sua manutenção. Com o propósito de ampliar o entendimento sobre o tema, foram consultadas diversas fontes especializadas, resultando na pesquisa aqui apresentada. Os materiais e métodos empregados para conduzir este estudo estão detalhadamente descritos nas seções subsequentes. 

Utilizando uma abordagem qualitativa, foram examinadas teorias e estudos publicados por outros autores com o objetivo de enriquecer o conhecimento acerca do assunto. Esta pesquisa bibliográfica exploratória integrou teorias de diferentes perspectivas para formar uma conclusão sólida sobre o tema. A técnica bibliográfica foi aplicada de maneira rigorosa para compilar e analisar dados relevantes. Além disso, a técnica documental foi utilizada para analisar documentos fundamentais, incluindo Normas Técnicas da ABNT. 

Os resultados das obras pesquisadas promovem uma discussão abrangente sobre as implicações da umidade em construções e a importância da impermeabilização e sua manutenção. Baseado no estudo realizado, podemos concluir que a manutenção preventiva da impermeabilização desempenha um papel significativo na preservação da integridade das construções ao longo do tempo. A umidade é um dos principais agentes causadores de danos estruturais e patologias nas edificações, podendo resultar em deterioração dos materiais e comprometimento da habitabilidade dos espaços. Ao adotar práticas de manutenção preventiva, é possível mitigar esses riscos. 

Essa abordagem proativa não apenas minimiza custos com reparos emergenciais, que podem ser substancialmente mais elevados do que os investimentos em manutenção preventiva, mas também contribui para a sustentabilidade das edificações. A implementação adequada de sistemas de impermeabilização desde as fases iniciais do projeto até a execução e manutenção contínua assegura que as estruturas permaneçam funcionais e seguras ao longo de sua vida útil. Este processo de pesquisa meticuloso está refletido de forma integral na elaboração deste artigo, oferecendo uma visão consistente e atualizada sobre o tema.

9. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A impermeabilização é um aspecto indispensável na construção civil, influenciando diretamente a durabilidade e a integridade estrutural das edificações. Este estudo investigou o impacto da manutenção preventiva e preditiva na vida útil dos sistemas de impermeabilização, destacando a importância de estratégias proativas para mitigar falhas prematuras e custos de reparo elevados.

Ao longo desta pesquisa, identificou-se que a falta de manutenção adequada é uma das principais causas de deterioração dos sistemas de impermeabilização, resultando em infiltrações, danos estruturais e comprometimento da funcionalidade dos edifícios. A implementação de programas regulares de inspeção, aliados a técnicas preditivas como termografia e análise de umidade, mostrou-se eficaz na detecção precoce de problemas e na extensão da vida útil dos materiais impermeabilizantes.

Ademais, enfatiza-se a importância da capacitação contínua de profissionais da construção civil, visando a correta aplicação e manutenção dos sistemas de impermeabilização conforme as normas técnicas vigentes. A engenharia diagnóstica desempenha um papel fundamental ao utilizar metodologias avançadas para avaliar a condição dos sistemas existentes e recomendar intervenções precisas e eficientes.

Recomenda-se, portanto, que futuras pesquisas explorem novas tecnologias e materiais que possam aprimorar a resistência e a durabilidade dos sistemas de impermeabilização. Além disso, é essencial promover uma maior conscientização sobre a importância da manutenção preventiva entre os proprietários e gestores de edificações, incentivando práticas sustentáveis que contribuam para a preservação ambiental e econômica.

Por fim, o sucesso na gestão da vida útil dos sistemas de impermeabilização requer uma abordagem integrada que envolva colaboração entre projetistas, construtores, gestores e usuários finais. Investimentos contínuos em pesquisa e desenvolvimento, aliados a políticas públicas que incentivem a adoção de práticas sustentáveis na construção civil, são fundamentais para garantir edificações seguras, duráveis e resistentes às intempéries.

REFERÊNCIAS

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1 Estudante do Curso de Bacharelado em Engenharia Civil da Faculdade Cristo Rei – FACCREI, de  Cornélio Procópio. E-mail: fernandgmr@gmail.com

2 Docente no curso de Engenharia Civil da Faculdade Cristo Rei – FACCREI. Pós-graduando em Engenharia de Segurança do Trabalho (UTFPR). Especialista em Engenharia Diagnóstica – INBEC (2023). Especialista em Avaliação e Perícia da Construção Civil – Pitágoras (2021). Graduado em Engenharia Civil pela Faculdade Pitágoras de Londrina (2019). E-mail: carlosreghin@gmail.com