IMPACTO DA INCONTINÊNCIA URINÁRIA NA QUALIDADE DE VIDA DE MULHERES : REVISÃO DE LITERATURA

\"\"

Para consultar o DOI deste artigo, entre no site https://www.doi.org/
e no local indicado, digite: 10.5281/zenodo.6015322 e clique em SUBMIT.

IMPACT OF URINARY INCONTINENCE ON THE QUALITY OF LIFE OF WOMEN: LITERATURE REVIEW

Lorena Walesca Da Costa Almeida 1
Mikael Karlison Rodrigues Da Silva1
Ivanncy Santos de Queiroz²
Thaiana Bezerra Duarte³

¹ Discentes do Curso de Bacharelado em Fisioterapia – UNINORTE.
² Co-orientador, Graduado no Curso de  Bacharelado em Fisioterapia – UNINORTE.
³ Orientadora, Doutora, Docente do Curso de Bacharelado em Fisioterapia – UNINORTE. 
Endereço: Av. Joaquim Nabuco, 1232, Centro, Manaus-AM CEP: 69020-030  (92) 3212-5000

Resumo

A incontinência urinária consiste na perda involuntária de urina, prejudicando significativamente a qualidade de vida. É o principal distúrbio do assoalho pélvico, classificada em três tipos: de esforço, de urgência e mista. Esta pesquisa tem relevância para o gênero feminino, uma vez, que a falta de segurança e confiança em seu corpo podem trazer desconforto e constrangimento. O objetivo desta pesquisa foi mensurar qual o tipo mais frequente de incontinência urinária e identificar os impactos causados pela incontinência urinária na qualidade de vida . Este estudo trata-se de uma revisão de literatura com abordagem descritiva. Através das palavras-chave foram pesquisados nas bases de dados cientificas: MEDLINE, LILACS, SciELO, PEDro e PubMed os artigos para compor esta revisão literária. Foram selecionados 55 artigos e segundo os critérios de inclusão, 11 artigos constituíram o corpo analítico desta revisão com amostra total de 1351 mulheres e idade média de 53,11 anos. O King’s Health Questionnaire (KHQ), foi o instrumento de avaliação utilizado para verificar a qualidade de vida. O tipo de incontinência urinária mais frequente foi a mista. Dentre os nove domínios, o segundo: “Impactos da Incontinência”, foi resultado unanime, indicando que há impactos significativos e relevantes na qualidade de vida no que se refere a quantidade de vezes de ir ao banheiro, levantar durante o sono para urinar, vontade forte de urinar porém com dificuldade de controlar, perda involuntária de urina durante atividades físicas, durante o sono e durante a relação sexual, infecções urinárias frequentes e dor na bexiga. A incontinência urinária causa diversos impactos na qualidade de vida independentemente do tipo.

Palavras-chave: “Incontinência urinária. Mulheres. Qualidade de vida.”

Abstract

Urinary incontinence consists of involuntary loss of urine, significantly impairing quality of life. It is the main pelvic floor disorder, classified into three types: stress, urgency and mixed. This research is relevant for the female gender, since the lack of security and confidence in your body can bring discomfort and embarrassment. The objective of this research was to measure the most frequent type of urinary incontinence and to identify the impacts caused by urinary incontinence on quality of life. This study is a literature review with a descriptive approach. Through the keywords, the scientific databases: MEDLINE, LILACS, SciELO, PEDro and PubMed were searched for articles to compose this literary review. 55 articles were selected and according to the inclusion criteria, 11 articles constituted the analytical body of this review with a total sample of 1351 women and an average age of 53.11 years. The King’s Health Questionnaire (KHQ), was the assessment instrument used to verify quality of life. The most frequent type of urinary incontinence was mixed. Among the nine domains, the second: “Impacts of Incontinence”, was a unanimous result, indicating that there are significant and relevant impacts on the quality of life with regard to the number of times of going to the bathroom, getting up during sleep to urinate, desire strong to urinate but difficult to control, involuntary loss of urine during physical activities, during sleep and during sexual intercourse, frequent urinary infections and bladder pain. Urinary incontinence has several impacts on quality of life regardless of type.

Keywords: “Urinary incontinence. Women. Quality of life.\”

INTRODUÇÃO

A incontinência urinária pode afetar diretamente e indiretamente a qualidade de vida do público feminino, independentemente da idade, raça, cultura e/ou fatores socioeconômicos. Causando implicações de ordem social, psicológico e financeiro. Porém o fator psicológico se torna preponderante nesta patologia devido a perda da autoconfiança e o constrangimento causado pela mesma (BEUTTENMÜLLER et al., 2011; MELO et al., 2012).

Diversos fatores podem estar associados nas possíveis causas do surgimento da incontinência urinária, um dos fatores mais evidenciados nos estudos científicos se referem ao processo de envelhecimento fisiológico, mesmo não sendo inerente, ou seja, essa patologia não depende apenas do fator idade para o seu surgimento. Outros fatores estão associados para que a patologia possa se desenvolver, fatores intrínsecos: sedentarismo, fraqueza muscular e diabetes;  e extrínsecos: procedimentos cirúrgicos, gravidez, traumas durante o parto e obesidade (DEDICAÇÃO et al., 2008; MELO et al., 2012). 

No Brasil existem ainda poucos relatos quanto à prevalência da incontinência urinária na população brasileira. Um estudo observou que em mulheres climatéricas (período que precede o término da vida reprodutiva da mulher), 35% delas apresentavam queixa de incontinência urinária de esforço (BORBA; LELIS; BRÊTAS, 2008).

Mediante esses dados a incontinência urinária representa um problema de saúde pública, tendo em vista o alto custo que pode provocar tanto no âmbito do seu tratamento clínico ou cirúrgico, como nas situações de restrição de atividades que pode causar em pacientes economicamente ativas (BORGES et al., 2009).

Sabe-se que é escassa a quantidade de revisões literárias que tenham como objetivo evidenciar os impactos causados pela incontinência urinária diretamente na qualidade de vida das mulheres, visto que os estudos encontrados visam apenas identificar estatisticamente os impactos na qual o King’s Health Questionnarie aborda, e não a correlação entre eles. Assim pretende-se descrever a qualidade de vida das mulheres através de uma amostra significativa, trazendo dados mais concludentes.

O objetivo desta pesquisa é identificar os impactos causados pela incontinência urinária na qualidade de vida em mulheres através dos domínios presentes no King’s Health Questionnaire (KHQ) e mensurar qual é tipo de incontinência urinária mais frequente na população estudada. 

MATERIAIS E MÉTODOS

Este estudo trata-se de uma Revisão da Literatura, com abordagem descritiva, pois de acordo com Moresi (et al., 2003) ocorre quando o pesquisador tem por objetivo identificar as características de certa população ou fenômeno e estabelecer relações entre as variáveis, e a partir disso descrever os objetivos propostos neste estudo. 

 Para realização deste estudo foi delimitado o tema e a partir desta etapa foi elaborado os objetivos, visando demarcar as vertentes nas quais este estudo se segue. Mediante isso foi realizado a busca de artigos e pesquisas científicas em português e inglês entre os períodos  de 2001 a 2020 nas bases de dados: Medical Literature Analysis and Retrieval and Retrieval System Online (MEDLINE), Literatura Latino-Americana, Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Electronic Library Online (SciELO), PEDro e PubMed, utilizando os descritores: “Incontinência Urinária, Mulheres, Tipos de Incontinência e Qualidade de Vida”.

Os critérios de inclusão foram estudos observacionais/transversais que avaliaram a qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária por meio do King’s Health Questionnarie , estudos com amostras do gênero feminino, artigos publicados e validados entre 2001 e 2020. Como critérios de exclusão os artigos fora do período entre 2001 e 2020, duplicados e que não trouxessem como desfecho os domínios do KHQ.

Todos os resultados obtidos foram armazenados em forma de planilha eletrônica na forma de banco de dados e processados na plataforma Excel 2019. As estatísticas foram calculadas através da função de cálculo presente na plataforma em média, mediana e porcentagem, dependendo do tipo da forma dos resultados apresentados em cada artigo incluso nesta revisão e montados em forma de tabelas e gráficos.

RESULTADOS 

Ao total foram encontrados 55 (cinquenta e cinco) artigos nas bases de dados científicas em português e inglês, que através dos descritores utilizados para coleta continham relevância para este estudo. Desta forma, foram excluídos 31 (trinta e um) artigos que não condiziam com o objetivo do estudo, dos 24 (vinte e quatro) artigos inclusos apenas 12 (doze) artigos foram selecionados para a etapa de análise metodológica dos dados, após leitura na integra como mostra a Figura 1.

Figura 1 – Fluxograma de seleção dos artigos

Os 12 (doze) artigos inclusos nesta revisão para análise de dados estatísticos foram separados e divididos em blocos, de acordo com a formatação dos resultados apresentados: em média, mediana e porcentagem. Desse modo os artigos foram divididos em bloco “A” (por média), bloco “B” (por mediana) e bloco “C” (por porcentagem).

Diante dos artigos selecionados como mostra a tabela 1, para compor a linha de discussão deste estudo, dos 12 (doze)  artigos, 1 (um) artigo foi excluído (FERNANDES et al., 2014) durante a análise metodológica, por não apresentar com clareza os resultados, domínios do KHQ e por não ter resultados coerentes ao “n” amostral.

TABELA 1 – RELAÇÃO DE ARTIGOS INCLUSOS PARA A REVISÃO DE LITERATURA

AUTOR/ANOAMOSTRAIDADE
BOMFIM; SOUTINHO; ARAÚJO, 2013355Idade média de 60 anos
PADILHA et al., 201844Idade média de 67,1 anos
KNORST; RESENDE; GOLDIM, 201148Idade média de 67,1 anos
SABOIA et al., 2017556Idade média de 55,5 anos
FITZ et al., 201136Idade média de 55,2 anos
RETT et al., 200626Idade média de 42,5 anos
FARIA et al., 2015158Idade média de 60 anos
HONÓRIO et al., 200910Idade média de 49,4 anos
FERNANDES et al., 2014305Idade média de 50,01 anos
OLIVEIRA et al., 200734Idade média de 55,3 anos
PEDRO et al., 201143Idade média de 50,7 anos
BORGES et al., 200941Idade média de 51 anos
Fonte: ALMEIDA, et al., 2020

Para fins de comparação, como critério de inclusão foi determinado o uso do King’s Health Questionnaire (KHQ) como fonte de obtenção de dados.  O questionário é dividido em 9 (nove) domínios sendo eles: Saúde Geral, Impactos da Incontinência, Limitações da Atividades de Vida Diárias, Limitações Físicas, Limitações Sociais, Relações Pessoais, Emoções, Sono/Disposição e Medidas de Gravidade, trazendo perguntas pertinentes ao tema desta revisão. Aplicados através de uma entrevista foram realizadas as perguntas e classificadas em um escore de 0 a 100 pontos, quanto maior for o escore, pior será a Qualidade de Vida (QV) da população a ser pesquisada (FONSECA et al., 2005).

Quanto ao bloco “A”, os autores dos artigos incluídos, analisaram os dados obtidos em suas pesquisas e calcularam e apresentaram os seus resultados através da média dos escores de (0 a 100 pontos) em todos os domínios do KHQ. Assim este bloco foi composto por 7 (sete) artigos ao total. Seu n amostral foi no total de 670 mulheres. Quanto aos resultados dos domínios do KHQ, dos 7 (sete) artigos do bloco “A”, apenas 2 (dois) artigos não obtiveram os domínios relacionados a Saúde Geral e Impacto da Incontinência sendo eles os artigos dos autores (FARIA et al., 2015; BORGES et al., 2009) na qual não foram tabulados para a apresentação da média total apenas nesses domínios como mostra a Tabela 2.

TABELA 2 – BLOCO “A”

DOMINIOS DO KHQBOMFIM, SOUTINHO, ARÁUJO. 2013PADILHA et al., 2018FITZ et al., 2011RETT et al., 2006FARIA et al., 2015HONÓRIO et al., 2009BORGES et al., 2009MÉDIA TOTAL
SAÚDE GERAL59,2034,1040,9049,005,3037,70
IMPACTOS DA INCONTINÊNCIA59,2027,8052,7078,209,2045,42
LIMITAÇÕES AVD’S41,3510,3041,6072,4037,208,5038,4536,83
LIMITAÇÕES FÍSICAS49,3510,3041,6072,4037,208,5038,4536,83
LIMITAÇÕES SOCIAIS23,502,9420,8038,3023,008,5027,3020,62
RELAÇÕES PESSOAIS28,2012,3011,1060,5036,903,9034,9026,83
EMOÇÕES37,2510,7031,4059,0044,057,9043,8533,45
SONO/DISPOSIÇÃO30,056,5026,3034,0034,553,6029,3323,48
MEDIDAS DE GRAVIDADE39,9535,0043,2066,9045,4011,2042,3040,56
Fonte: ALMEIDA, et al., 2020

No bloco “A”, verifica-se que o domínio que apresenta maior escore (45,42) está relacionado aos impactos da incontinência causados a qualidade de vida geral das mulheres acometidas por esta patologia, seguido das medidas de gravidade (40,56). Ambos com escores acima de 25 pontos o que representa uma pior qualidade de vida desta população. Em comparação a  todos os domínios, apenas dois destes estão abaixo de 25 pontos sendo eles limitações sociais (20,62) e sono/disposição (23,48), na qual conforme a pontuação do KHQ representa uma melhor qualidade de vida.

No bloco “B”, os autores dos artigos incluídos, analisaram os dados obtidos em suas pesquisas e calcularam e apresentaram os seus resultados através da mediana dos escores de (0 a 100 pontos) em todos os domínios do KHQ. Composto por 2 (dois) artigos, com n amostral de 604 mulheres, este bloco também apresenta os 9 (nove)  domínios do KHQ, e todos os 9 (nove) domínios continham resultados como mostra a Tabela 3.

TABELA 3 – BLOCO “B”

DOMINIOS DO KHQKNORTS, RESENDE, GOLDIM. 2011SABOIA et al., 2017MEDIANA
SAÚDE GERAL50,0050,0050,00
IMPACTOS DA INCONTINÊNCIA66,7088,8677,78
LIMITAÇÕES AVD’S33,3036,0634,68
LIMITAÇÕES FÍSICAS41,7033,3037,50
LIMITAÇÕES SOCIAIS33,3014,8024,05
RELAÇÕES PESSOAIS33,3016,6324,97
EMOÇÕES44,4040,7042,65
SONO/DISPOSIÇÃO33,3024,9629,13
MEDIDAS DE GRAVIDADE66,7042,7654,73
Fonte: ALMEIDA, et al., 2020

No bloco “B”, os dois artigos inclusos avaliaram todos os nove domínios. E através da mediana dos resultados obtidos podemos verificar que o domínio  aos impactos da incontinência também apresenta escore elevado com (77,78) pontos, o que representa uma pior qualidade de vida da população estudada nesses dois artigos. E avaliando todos os domínios, nenhum deles obteve pontuação abaixo de 25 pontos, mostrando que a qualidade de vida dessa população feminina encontra-se mais afetada do que no bloco “A”.

O bloco “C”, composto pelo n amostral de 77 mulheres também inclui apenas 2 (dois) artigos, devido a sua forma de apresentação dos resultados terem afinidades, porém os autores trazem seus resultados divididos em pontuações por escore (0-25), (26-50), (51-75) e (76-100) e  neste estudo a classificação dos resultado se dá de forma diferente ao bloco “A” e “B”, a média de cada domínio revela a quantidade de relatos e através da média dos resultados obtidos dos artigos inclusos verifica-se os impactos da incontinência urinária como mostra a Tabela 4  a seguir.

TABELA 4 – BLOCO “C”

DOMINIOS DO KHQSAÚDE GERALIMPACTO DA INCONTINÊNCIALIMITAÇÕES DAS AVD\’sLIMITAÇÕES FISICASLIMITAÇÕES SOCIAISRELAÇÕES PESSOAISEMOÇÕESSONO/
DISPOSIÇÃO
MEDIDADE DE GRAVIDADE
ESCORE
NENHUM (0-25)20,6026,5051,8548,3573,7551,8561,6546,9517,70
POUCO (26-50)35,305,9019,3015,755,3025,937,0020,2561,80
REGULAR (51-75)41,2020,609,3012,554,657,3510,4512,958,80
MUITO (76-100)2,9047,0019,5023,3516,3014,8720,9019,8511,70
Fonte: ALMEIDA, et al., 2020

No bloco “C”, a tabulação dos dados foi apresentada diferentemente do bloco “A” e “B”, apresentada em relatos por faixa de pontuação, trazendo os dados em porcentagem, foi observado que na classificação entre (76-100) pontos, o domínio relacionado aos impactos da incontinência se apresenta elevado com 47,00% dos relatos através das perguntas do questionário, indicando uma alta concentração de relatos nessa classificação que indica uma pior qualidade de vida nesse grupo. Entre (51-75) pontos observamos com 41,20%, o domínio relacionado a saúde geral, também indicando uma pior qualidade de vida. Já entre (26-50) pontos o domínio relacionado a medidas de gravidade apresenta maior predomínio com 61,80% revelando mesmo que pouco, um leve impacto causado. E quando observamos entre (0-25) pontos o domínio limitações socias revela que a incontinência urinária não causa impacto  na sua totalidade com 73,75% dos relatos.

Quanto ao segundo objetivo deste estudo que é mensurar qual tipo de incontinência urinária é mais frequente em mulheres, da amostra inicial de 1351 mulheres, apenas 1264 mulheres foram inclusas, pois dos 11 (onze) artigos inclusos para responder ao objetivo proposto, 3 (três) artigos foram excluídos apenas nesta avaliação metodológica, por não identificar qual os tipos de incontinência urinária da população estudada, sendo eles os autores (HONÓRIO et al., 2009; OLIVEIRA et al., 2007; PEDRO et al., 2011), eliminando 87 mulheres da amostra total nesta comparação. Os autores (FITZ et al., 2011; RETT et al., 2006) tiveram como critério de inclusão apenas mulheres com incontinência urinária de esforço, excluindo a de urgência e mista, e os autores (FARIA et al., 2015; BORGES et al., 2009) não apresentavam mulheres com incontinência urinária de urgência, neste caso foram inclusos apenas os dados pertinentes aos tipos de incontinência urinária de esforço e mista.

Segundo os dados coletados a incontinência urinária mista é a mais frequente e teve como amostra 644 mulheres com 50,95%, a incontinência urinária de esforço é a segunda mais frequente e teve a amostra de 484 mulheres com 38,29%  e a incontinência urinária de urgência é a menos frequente com amostra de 136 mulheres com 10,76% como mostra o Gráfico 1 a seguir.

GRÁFICO 1 – TIPOS DE INCONTINÊNCIA URINÁRIA

\"\"

DISCUSSÃO

Dentro da pesquisa científica relacionando incontinência urinária a qualidade de vida, o questionário King’s Health é o mais utilizado pelos pesquisadores, justamente por ser um instrumento de avaliação completo, que avalia o impacto da incontinência urinária em diferentes aspectos da qualidade de vida. A sociedade Internacional de Continência o classifica como “altamente recomendável”, ou nível “A”, como método de avaliação para obtenção de resultados relevantes sobre a qualidade de vida (BORGES et al., 2009).

Esta revisão reuniu onze estudos que têm como objetivos identificar os impactos causados pela incontinência urinária e através das suas amostras mensurar o tipo mais frequente de incontinência urinária. Mediante o KHQ e seus domínios, os estudos apresentaram falhas em alguns dos dados, alguns não apresentavam resultados em todos os nove domínios: Faria et al. (2015) e Borges et al. (2009); assim prejudicando a avaliação dos impactos ou sendo eliminados na avaliação do domínio específico. Quanto ao tipo de incontinência urinária mais frequente, especificamente três estudos: Honório et al. (2009), Oliveira et al. (2007) e Pedro et al. (2011); também não tinham dados conclusivos aos tipos, assim foram avaliados apenas os dados encontrados . 

Todos os domínios do KHQ ressaltaram dados para análise, e em ordem decrescente, do maior escore para o menor mensurado através do questionário evidencia-se em primeiro lugar o domínio  Impactos da Incontinência, este achado demonstra que a quantidade de vezes de ir ao banheiro, levantar durante o sono para urinar, vontade forte de urinar porém com dificuldade de controlar, perda de urina quando sente vontade de urinar, perda  de urina durante atividades físicas, perda de urina durante o sono, perda de urina durante a relação sexual, infecções urinárias frequentes e dor na bexiga impactam a maioria das mulheres pesquisadas nesta revisão. Em segundo lugar o domínio Saúde Geral, avalia a resposta das mulheres pesquisadas em cinco níveis de estado, sendo eles: Muito Boa, Boa, Normal, Ruim  e Muito Ruim. Assim atribuindo a avaliação por escore e identificando o nível de saúde dessa população na qual pela média geral encontra-se severamente prejudicada pela incontinência urinária. Em terceiro lugar o domínio Limitações Físicas avalia quanto a realização de atividades como caminhar, correr, nadar, ou outros esportes, além de prejudicar em realizar viagens ou grandes deslocamentos. Em quarto lugar o domínio Emoções, avalia em três questionamentos o estado emocional da entrevistada, questionando-a se fica deprimida, ansiosa, nervosa ou mal consigo mesma por causa do seu problema de bexiga. Em quinto lugar o domínio Relações Pessoais, avalia se a incontinência urinária atrapalha a vida sexual, relação conjugal e a relação com os familiares, em quatro níveis de respostas. Em sexto lugar o domínio Limitações de AVD’S (Atividade de Vida Diárias), avalia as atividades domesticas (lavar, limpar, varrer, etc.), atividades externas (levar filho na escola, fazer compras e etc.) e o trabalho. Em sétimo lugar o domínio Sono/Disposição, avalia em dois questionamentos, se a incontinência atrapalha o sono e se a entrevistada se sente cansada ou desgastada. Em oitavo lugar o domínio Medidas de Gravidade, avalia em quatro questionamento situações de emergências, dentro ou fora do lar, em situações como: se a entrevistada usa algum tipo de protetor higiênico, se há controle da quantidade de liquido ingerido durante o dia, se há constante troca de roupas intimas e se há odor nas roupas intimas. E em nono lugar o domínio Limitações Sociais, avalia em quatro níveis: Não, Um Pouco, Mais ou Menos e Muito. Avaliando-se o quanto a incontinência urinária pode interferir na vida social como ir a igreja, reuniões, festas e visitar amigos. Este domínio do KHQ é o que menos causou impactos na qualidade de vida das mulheres pesquisadas (FONSECA et al., 2005).

O domínio com maior pontuação é o “Impacto da Incontinência”, sendo relevante em seis estudos dos autores Knorst; Resende; Goldim, (2011), Saboia et al. (2017),  Fitz et al. (2011), Rett et al. (2006), Oliveira et al. (2007) e Pedro et al. (2011). 

Para comparar os tipos de incontinência urinária foi realizado a tabulação dos dados e através desses dados, foi constatado que a incontinência urinária mista foi a mais frequente nesta revisão literária. Ao realizar as comparações dos estudos é possível verificar que os estudos dos autores Knorts; Resende; Goldim (2011), Saboia et al. (2017); Faria et al. (2015) e Borges et al. (2011) apresentam resultados compatíveis ao resultado supra citado. Já os estudos dos autores Bomfim; Soutinho; Aráujo (2013) e Padilha et al. (2018) obtiveram resultados diferentes, onde o tipo de incontinência urinária mais frequente foi a de esforço. Os estudos dos autores Fitz et al., (2011) e Rett et al. (2006) por avaliarem apenas a incontinência urinária de esforço não foi possível realizar comparação metodológica com os outros estudos. Quanto ao tipo de incontinência urinária, o tipo mista traz mais limitações a qualidade de vida dessas mulheres por apresentar os dois tipos de incontinência urinária: de esforço e de urgência, associados (BOMFIM; SOUTINHO; ARÁUJO, 2013).

Tendo em vista a média de 53,11 anos de idade da população pesquisada, observa-se relevância direta como um dos fatores de surgimento desta patologia, pois o aumento da faixa etária de idade eleva a prevalência de perda urinária no gênero feminino (OLIVEIRA et al., 2007).

Assim é necessário a produção de novas pesquisas para que esse público do gênero feminino, profissionais da área da saúde e entidades públicas, tenham conhecimento da causa e dos sérios  problemas que esta patologia pode trazer para todos e principalmente na qualidade de vida das mulheres

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentre os nove domínios do KHQ, o que mais causa impactos na qualidade de vida das mulheres pesquisadas é o domínio: Impactos da Incontinência; sendo o mais relevante. Os impactos causados pela incontinência urinária na qualidade de vida dessas mulheres estão relacionados a: quantidade de vezes de ir ao banheiro, levantar durante o sono para urinar, vontade forte de urinar porém com dificuldade de controlar, perda de urina quando sente vontade de urinar, perda  de urina durante atividades físicas, perda de urina durante o sono, perda de urina durante a relação sexual, infecções urinárias frequentes e dor na bexiga.

O domínio do KHQ que menos causou impactos foi o domínio sobre Limitações Sociais, que aborda quanto ao problema de a bexiga atrapalhar nas atividades físicas, durante viagens, impedir de sair para algum tipo de reunião/festa e fazer visitas para amigos ou familiares.

Também foi possível mensurar que o tipo de incontinência urinária mais frequente nessas mulheres estudadas, com maior índice é a incontinência urinária mista.

Mediante os resultados, é notório que, os relatos referentes ao domínio de Impactos da Incontinência, foram unânimes. Assim conclui-se que através desta revisão a incontinência urinária independentemente do tipo, causa severos problemas, de diversos tipos e níveis a qualidade de vida das mulheres que vivem com esta patologia.

REFERÊNCIAS 

BEUTTENMÜLLER, L.; CADER, S. A.; MACENA, R. H. M.; ARAUJO, N. D. S.; NUNES, E. F. C.; DANTAS, E. H. M. Contração muscular do assoalho pélvico de mulheres com incontinência urinária de esforço submetidas a exercícios e eletroterapia: um estudo randomizado. Fisioterapia e Pesquisa, v. 18, n. 3, p. 210-216, 2011.

BEZERRA, M. R. L.; SOARES, A. F. F.; FAINTUCH, S.; GOLDMAN, S. M.; AJZEN, S. A; GIRÃO, M.; D’IPPOLITO G.; SZEJNFELD, J. Identificação das estruturas músculo-ligamentares do assoalho pélvico feminino na ressonância magnética. Radiologia Brasileira, v. 34, n. 6, p. 323-326, 2001.

BORGES, J. B. R.; NERI, L.;  SIGRIST, R. M. S.; MARTINS, L. O.; GUARISI, T.; MARCHESINI, A. C. Avaliação da qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária pelo uso do Kings Health questionnaire. Rev Einstein, v. 7, n. 3, 2009.

BORBA, A. M. C. D.; LELIS, M. A. D. S.; BRÊTAS, A. C. P.; Significado de ter incontinência urinária e ser incontinente na visão das mulheres. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 17, n. 3, p. 527-535, 2008.

BOMFIM, I. Q. M.; SOUTINHO, R. S. R.; ARAÚJO, E. N. D. Comparação da qualidade de vida das mulheres com incontinência urinária atendidas no sistema de saúde público e privado. Journal of Health Sciences, 2014, 16.1.

CAMARGO, A. D. S. S.; NUNES, R. D. R.; YAMADA, A. S.; ADORNO, M. L. R. G. A influência da força muscular do assoalho pélvico no grau de satisfação sexual feminina. AMAZÔNIA: SCIENCE & HEALTH, v. 4, n. 2, p. 2-8, 2016.

DEDICAÇÃO, A.C.; HADDAD, M.; SALDANHA, M.E.S.; DRIUSSO, P. Comparação da qualidade de vida nos diferentes tipos de incontinência urinária feminina. Revista Brasileira de Fisioterapia. 2008.

HONÓRIO, G. J. D. S.; PARUCKER, N. B. B.; VIRTUOSO, J. F.; KRÜGER, A. P.; TONON, S. C.; FERREIRA, R. Análise da qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária antes e após tratamento fisioterapêutico. Arquivos Catarinenses de medicina, 2009, 38.4.

FARIA, C. A.; MORAES, J. R. D.; MONNERAT, B. R. D.; VEREDIANO, K. A.; HAWERROTH, P. A. M. M.; FONSECA, S. C. Impacto do tipo de incontinência urinária sobre a qualidade de vida de usuárias do Sistema Único de Saúde no Sudeste do Brasil. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, 2015, 37.8: 374-380.

FELDNER JR, P. C.; BEZERRA, L. R. P.S.; GIRÃO, M. J. B. C.; CASTRO, R. A. D.; SARTORI, M. G. F.; BARACAT, E. C.; LIMA, G. R. D. Valor da queixa clínica e exame físico no diagnóstico da incontinência urinária. Revista brasileira de ginecologia e obstetricia, v. 24, n. 2, p. 87-91, 2002.

FERNANDES, S.; COUTINHO, E. C.; DUARTE, J. C.; NELAS, P. A. B.; CHAVES, C. M. C. B.; AMARAL, O. Qualidade de vida em mulheres com Incontinência Urinária. Revista de Enfermagem Referência, 2015, 5: 93-99.

FITZ, F. F.; COSTA, T. F.; YAMAOTO, D. M.; RESENDE, D. P. M.; STÜPP, E.; SARTORI, M. G. F.; GVAI, M. J. B. C.; CASTRO, R. U. Q. Impact of pelvic floor muscle training on the quality of life in women with urinary incontinence. Revista da Associação Médica Brasileira (English Edition), 2012, 58.2: 155-159.

FONSECA, E. S. M.; CAMARGO, A. L. M.; CASTRO, R. D. A.; SARTORI, M. G. F.; FONSECA, M. C. M.; LIMA, G. R. D.; GIRÃO, M. J. B. D. C. Validação do questionário de qualidade de vida (King\’s Health Questionnaire) em mulheres brasileiras com incontinência urinária. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 27, n. 5, p. 235-242, 2005.

HENKES, D. F.; FIORI, A.; CARVALHO, J. A. M.; TAVARES, K. O.; FRARE, J. C. Incontinência urinária: o impacto na vida de mulheres acometidas e o significado do tratamento fisioterapêutico. Semina: ciências Biológicas e da Saúde, v. 36, n. 2, p. 45-56, 2015.

MATHEUS, L. M.; MAZZARI , C. F.; MESQUITA, R. A.; OLIVEIRA, J. Influência dos exercícios perineais e dos cones vaginais, associados à correção postural, no tratamento da incontinência urinária feminina. Brazilian Journal of Physical Therapy, v. 10, n. 4, p. 387-392, 2006.

MELO, B. E. S.; FREITAS, B. C. R.; OLIVEIRA, V. R. C.; MENEZES, R. L. D. Correlação entre sinais e sintomas de incontinência urinária e autoestima em idosas. Revista Brasileira de Geriatria e Gerontologia, v. 15, n. 1, p. 41-50, 2012.

KNORST, M. R.; RESENDE, T. L.; GOLDIM, J. R. Clinical profile, quality of life and depressive symptoms of women with urinary incontince attending a university hospital. Brazilian Journal of Physical Therapy, 2011, 15.2: 109-116.

MOREIRA, E. C. H.; ARRUDA, P. B. D. Força muscular do assoalho pélvico entre mulheres continentes jovens e climatéricas. Semina: Ciências Biológicas e da Saúde, v. 31, n. 1, p. 53-61, 2010.

MORESI, E. Metodologia da pesquisa. Brasília: Universidade Católica de Brasília, v. 108, p. 24, 2003.

OLIVEIRA, J. M. S.; SALGADO, L. B. G.; SCHIMITT, A. C. B.; ROSA, L. C. L. D. Correlação entre sintomas urinários e qualidade de vida em mulheres com incontinência urinária. Fisioterapia e Pesquisa, 2007, 14.3: 12-17.

PADILHA, J. F.; SILVA, A. C. D.; MAZO, G. Z.; MARQUES, C. M. D. G. Investigação da qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária. Arquivos de Ciências da Saúde da UNIPAR, 2018, 22.1.

PEDRO, A. F.; RIBEIRO, J.; SOLER, Z. A. S. G.; BUGDAN, A. P. Qualidade de vida de mulheres com incontinência urinária. SMAD Revista Eletrônica Saúde Mental Álcool e Drogas (Edição em Português), 2011, 7.2: 63-70.

RETT, M. T.; MOREIRA, E. C. H.; ARRUDA, P. B. D. Qualidade de vida em mulheres após tratamento da incontinência urinária de esforço com fisioterapia. Revista Brasileira de ginecologia e obstetrícia, 2007, 29.3: 134-140.

SABOIA, D. M.; FIRMIANO, M. L. V.; BEZERRA, K. D. C.; NETO, J. A. V.; 

 ORIÁ, M. O. B.; VASCONCELOS, C. T. M. Impact of urinary incontinence types on women’s quality of life. Revista da Escola de Enfermagem da USP, 2017, 51: 1-8.

SILVA, A. I.; ALMEIDA, C.; AGUIAR, H.; NEVES, M.; TELES, M. J. Prevalência e impacto da incontinência urinária na qualidade de vida da mulher. Revista Portuguesa de Medicina Geral e Familiar, 2013, 29.6: 364-376.