IMPACT OF HEMODIALYSIS ON THE QUALITY OF LIFE OF YOUNG PATIENTS BETWEEN 15 AND 30 YEARS OLD
REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ar10202412061658
Andressa Emilly Costa Dantas¹;
Andrew Antônio Argolo de Morais²;
Acineudo Rosa Pereira Lima3.
RESUMO
A doença renal crônica é uma condição que afeta milhões de pessoas em todo o mundo, e jovens entre 15 à 30 anos também enfrentam os desafios dessa condição. Quando os rins falham de forma irreversível, a hemodiálise se torna uma necessidade vital, porém, o tratamento pode afetar profundamente a vida desses pacientes, interferindo em aspectos como qualidade de vida, saúde mental, desenvolvimento físico e relações sociais. Esse estudo busca entender de que forma esses jovens lidam com a hemodiálise, explorando não apenas os desafios, mas também estratégias que promovam uma adaptação melhor. Utilizando uma revisão detalhada da literatura, a pesquisa analisou tanto os aspectos físicos quanto emocionais desses pacientes, observando suas interações sociais e familiares. No início do tratamento, muitos jovens relatam sentimentos de medo e incerteza, especialmente pela ruptura em suas rotinas e pela interrupção de atividades cotidianas, como escola, trabalho e socialização. No entanto, ao longo do tempo, foi notada uma transformação significativa: os pacientes começaram a introduzir a hemodiálise em suas vidas de maneira mais equilibrada, embora a saúde mental ainda requeira atenção contínua para evitar o desenvolvimento de depressão e isolamento. A conclusão aponta que, além do cuidado físico, o apoio emocional é essencial. Profissionais de saúde devem oferecer um ambiente acolhedor e suporte personalizado, ajudando esses jovens a entenderem sua condição e a manterem uma boa qualidade de vida, com foco no fortalecimento da resiliência e no cuidado com a saúde mental para promover um desenvolvimento pleno e saudável.
Palavras-chave: Hemodiálise; Qualidade de vida; Enfermeiro; Apoio da família.
ABSTRACT
Chronic kidney disease is a condition that affects millions of people worldwide, and young people between the ages of 15 and 30 also face the challenges of this condition. When the kidneys fail irreversibly, hemodialysis becomes a vital necessity, but the treatment can profoundly affect the lives of these patients, interfering with aspects such as quality of life, mental health, physical development and social relationships. This study seeks to understand how these young people cope with hemodialysis, exploring not only the challenges, but also strategies that promote better adaptation. Using a detailed review of the literature, the research analyzed both the physical and emotional aspects of these patients, observing their social and family interactions. At the beginning of treatment, many young people report feelings of fear and uncertainty, especially due to the disruption to their routines and the interruption of daily activities such as school, work and socializing. However, over time, a significant transformation was noted: patients began to introduce hemodialysis into their lives in a more balanced way, although mental health still requires ongoing attention to avoid the development of depression and isolation. The conclusion indicates that, in addition to physical care, emotional support is essential. Health professionals must provide a welcoming environment and personalized support, helping these young people understand their condition and maintain a good quality of life, focusing on strengthening resilience and caring for mental health to promote full and healthy development.
Keywords: Hemodialysis; Quality of life; Nurse; Family support.
1 INTRODUÇÃO
A hemodiálise é um tratamento essencial para pessoas com insuficiência renal crônica (IRC), possibilitando a filtração de substâncias prejudiciais do sangue quando os rins não conseguem desempenhar essa função de forma eficiente. Embora extensivamente investigada em populações de adultos mais velhos, seu efeito em pacientes mais jovens, com idades entre 15 à 30 anos, apresenta particularidades que merecem uma avaliação mais cuidadosa.
A adesão ao tratamento de hemodiálise é um fator crítico para o sucesso terapêutico e a manutenção da saúde dos pacientes. Assim de acordo com Kimmel et al., (1995), a não adesão ao regime de tratamento, incluindo sessões de hemodiálise, restrições dietéticas e medicamentos, está associada a piores desfechos clínicos e diminuição da qualidade de vida.
Nessa fase de vida, o crescimento físico, emocional e social passa por momentos críticos, e a necessidade de realizar hemodiálise pode impactar esses indivíduos de maneira única. Esse estudo busca examinar os efeitos da hemodiálise em quatro áreas principais: qualidade de vida, bem-estar psicológico, desenvolvimento corporal e interação social. A compreensão profunda desses impactos torna-se imperativa não apenas para garantir o bem-estar geral desses pacientes, mas também para aprimorar o cuidado e o suporte oferecidos a eles.
Ao identificar os desafios específicos enfrentados por pacientes jovens em hemodiálise, os profissionais de saúde podem adaptar estratégias de intervenção direcionadas para abordar essas questões de forma eficaz. Além disso, a pesquisa nesse campo é essencial para a identificação de melhores práticas clínicas, políticas de saúde e programas de apoio que possam ajudar a mitigar os impactos negativos da terapia na qualidade de vida desses pacientes.
O problema principal da pesquisa é compreender o impacto da hemodiálise na qualidade de vida de jovens adultos diagnosticados com doença renal crônica em estágio avançado. Diante da necessidade da hemodiálise para a sobrevivência desses pacientes, surge a necessidade de investigar como essa terapia influencia aspectos fundamentais do bem-estar desses jovens, como sua saúde física, mental, emocional e social.
A investigação sobre o impacto da hemodiálise na qualidade de vida de pacientes jovens não apenas aborda uma lacuna significativa no conhecimento científico, mas também responde a uma necessidade premente na área da saúde. Ao fornecer percepções valiosas sobre os desafios enfrentados por essa população específica, essa pesquisa tem o potencial de catalisar mudanças positivas no sistema de saúde, promovendo intervenções mais eficazes e centradas no paciente, e, consequentemente, melhorando o bem-estar e a qualidade de vida desses pacientes vulneráveis.
2 EMBASAMENTO TEÓRICO
De acordo com a Sociedade Brasileira de Nefrologia (2023) a hemodiálise é um procedimento realizado através de uma máquina limpa que filtra o sangue, ou seja, é o trabalho que os rins não podem fazer, o procedimento libera o corpo dos resíduos prejudiciais à saúde, como o excesso de sal e de líquidos, realiza outro trabalho como controlar a pressão arterial e ajuda o corpo a manter o equilibro de substâncias como sódio, potássio, ureia e creatinina.
Diante disso este tratamento é indicado para pacientes com insuficiência renal crônica graves, a indicação de iniciar esse tratamento é feita pelo médico especialista em doenças dos rins (o nefrologista), que avalia o organismo através da consulta médica que irá investigar os sinais e sintomas e realizando exames para fechar o diagnóstico e passar o tratamento (Gonçalves et al.,2020).
A insuficiência renal crônica (IRC) é uma condição de saúde caracterizada pela perda gradual e irreversível da função renal ao longo do tempo, resultando em uma incapacidade dos rins de filtrar adequadamente os resíduos metabólicos do sangue e manter o equilíbrio de líquidos e eletrólitos do corpo. De acordo com Bastos et al., (2010), a IRC é uma doença progressiva que, se não tratada adequadamente, pode levar à necessidade de tratamentos de substituição renal, como a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante renal.
A hemodiálise é uma das principais modalidades de tratamento para pacientes com IRC em estágio terminal. Este procedimento envolve a utilização de uma máquina de hemodiálise para remover resíduos e excesso de líquidos do sangue, simulando a função excretora dos rins. Segundo Sesso et al., (2016) a hemodiálise é essencial para a sobrevivência desses pacientes, mas pode trazer diversos desafios e impactos significativos na qualidade de vida dos indivíduos, especialmente em jovens adultos.
2.1 Insuficiência Renal Crônica (IRC)
A insuficiência renal crônica – (IRC) é uma condição médica em que a função dos rins é perdida gradual e irreversivelmente ao longo do tempo. Os rins estão envolvidos na eliminação de resíduos e excesso de líquidos do sangue, que é excretado na urina. Com IRC, essa qualidade declina, resultando no acúmulo de toxinas no corpo eletrolítico desequilibrado e retenção de líquidos. A IRC é definida como uma redução na taxa de filtração glomerular de forma persistente e à 60 mL/min/1,73m² por mais de três meses, independentemente da presença de albuminúria um nível elevado de albumina na urina ou qualquer outra anormalidade urinária (Bastos et al.,2010)
A insuficiência renal aguda resulta de lesão renal aguda, mas é frequentemente uma complicação de doença progressiva subjacente. A IRC desenvolve quase sempre como uma complicação de doença progressiva subjacente, tais como: diabetes mellitus, hipertensão arterial crônica, glomerulonefrites lúpicas ou outras doenças autoimunes que afetam a estrutura glomerular ou tubulointersticial.
Essa disfunção renal é considerada uma das principais causas de morbidade e mortalidade no mundo, afetando milhões de pessoas. Fatores como diabetes mellitus e hipertensão arterial são as principais causas da doença, que muitas vezes evoluem de forma assintomática nos estágios iniciais, tornando difícil a detecção precoce (Silva et al., 2019).
Diante destas informações é importante que o profissional de saúde explique aos pacientes com algum diagnóstico desses citados sejam orientados a ter um cuidado peculiar com sua saúde para não desenvolver outras doenças como a insuficiência renal.
De acordo com Ribeiro (2008) nas fases iniciais da Insuficiência Renal, quando as manifestações clínicas e laboratoriais são mínimas ou ausentes, o diagnóstico pode ser sugerido pela associação de manifestações inespecíficas (fadiga, anorexia, emagrecimento, prurido, náusea ou hemólise, hipertensão, poliúria, nictúria, hematúria ou edema). Os principais sintomas são: nictúria, poliúria, oligúria, edema, hipertensão arterial, fraqueza, fadiga, anorexia, náuseas, vômito, insônia, cãibras, prurido, palidez cutânea, xerose, miopatia proximal, dismenorréia, amenorréia, atrofia testicular, impotência, déficit cognitivo, déficit de atenção, confusão, sonolência, obnubilação e coma
Esses sinais são acompanhados por complicações sistêmicas, como distúrbios ósseos e cardiovasculares, que ocorrem devido ao acúmulo de proteínas e alterações no metabolismo de minerais (Gomes et al., 2017).
Entretanto a redução da função renal e sua posterior evolução para a doença renal crônica envolvem aspectos multifatoriais, decorrendo de alterações estruturais e funcionais, especialmente nas vias metabólicas e inflamatórias, que causam danos diretos ao néfron. Esses fatores agressores provocam hiperfiltração compensatória e hipertensão, resultando em barotrauma glomerular e nas células tubulares, o que intensifica o processo inflamatório já presente (Andrei et al., 2023).
O Principal objetivo é atrasar a progressão da doença, tratando complicações e mantendo a qualidade da vida do paciente. Opções de tratamento incluem: Mudanças no estilo de vida: Uma dieta com restrição de sódio, potássio, proteínas e controle de peso é necessário para reduzir as cargas em rins conforme a instâncias. Além disso, controle de comorbidades como a diabetes e a hipertensão é de extrema importância para prevenir complicações adicionais.
Pacientes com IRC também se beneficiam de medicamentos que corrigem desequilíbrios eletrolíticos e previnem a desmineralização óssea, como quelantes de fósforo e suplementos de vitamina D. A administração de eritropoetina eferro também é necessária para corrigir a anemia associada à insuficiência renal crônica (Moreira et al., 2020).
2.2 Hemodiálise como Terapia Renal Substitutiva
A hemodiálise é indicada para pacientes com IRC em estágio terminal, quando a função renal está reduzida a menos de 15% da capacidade normal (estágio 5). Ela substitui a função dos enxágues ao remover resíduos metabólicos, excesso de líquidos e eletrólitos do corpo por meio de um processo de filtração extracorpórea (KDOQI, 2021). Embora seja eficaz para a manutenção da vida, a hemodiálise não cura a doença subjacente e está associada a várias complicações.
Durante a hemodiálise, o sangue é bombeado para fora do corpo do paciente e passado por um dialisador, que remove resíduos e fluidos. O sangue filtrado é então devolvido ao corpo O procedimento geralmente é realizado três vezes por semana, com sessões de 3 a 5 horas (Santos et al., 2020).
Desta maneira é muito importante que todo procedimento realizado no paciente é estéril por ser um tratamento invasivo diante disso é essencial que os profissionais de saúde sejam qualificados e preparados para realizar esses procedimentos.
As Complicações associadas a hemodiálise, embora eficaz, apresenta um conjunto de desafios e complicações. As mais comuns incluem hipotensão durante as sessões, causada pela remoção excessiva de líquidos; infecção no local de acesso vascular, especialmente em pacientes que utilizam cateteres temporários; e desequilíbrio eletrolítico, resultando em cãibras musculares, fadiga e arritmias cardíacas (Alves et al., 2019).
A qualidade de vida dos pacientes em hemodiálise tende a ser reduzida devido à exigência do tratamento, aos efeitos adversos e ao impacto psicológico de viver com uma doença crônica (Ferreira et al., 2019). Contudo, a hemodiálise permanece uma alternativa essencial para a sobrevivência daqueles que aguardam um transplante renal ou não são elegíveis para o procedimento.
Machado e Pinhati (2014) explicam que a Insuficiência Renal Crônica (IRC) é o diagnóstico de uma síndrome que revela uma perda progressiva e, em geral, irreversível, provocada por doenças que tornam os rins incapazes de cumprir suas funções. Arenas et al., (2009) explicam que o programa dialítico é implementado quando o tratamento mais comum, apenas com diálise, não é suficiente para garantir a qualidade de vida do paciente. É essencial informar a esses pacientes que, ao seguirem as orientações de seus médicos e profissionais de saúde, podem levar uma vida tranquila. Quando surgem sintomas significativos de uremia, o tratamento pode ser realizado por meio de diálise peritoneal ou hemodiálise. O cuidado ao paciente com insuficiência renal deve ser humanizado, transmitindo respeito e dignidade, para que ele se sinta bem atendido pelos profissionais de saúde.
O maior objetivo do tratamento hemodialítico é reduzir os sintomas resultantes do funcionamento inadequado dos enxágues e proporcionar ao paciente uma qualidade de vida superior, permitindo que ele se sinta bem, sempre levando em conta o monitoramento dos níveis plasmáticos de potássio, ureia, nervosismo e cloretos (BIAZI, 2012).
De acordo com o autor a hemodiálise é uma forma de proporcionar uma qualidade de vida melhor para os pacientes com ICR, portanto esses pacientes devem ser atendidos por uma equipe multiprofissional na qual possa ser atendido como todo pois esses pacientes muitas vezes necessitam de atendimento psicológico por cauda da mudança de vida e ter que depender de uma máquina para sobreviver.
Qualidade de vida é um conceito extenso. Envolve aspectos subjetivos que podem ser percebidos de diversas maneiras, abrangendo o bem-estar físico e mental, o desempenho profissional e a interação social. Assim, a definição de qualidade de vida varia conforme a perspectiva abordada, dado seu caráter multidimensional (Flanagan, 1982).
Alguns estudos indicam que a capacidade funcional das pessoas em hemodiálise é prejudicada, dificultando a inserção no mercado de trabalho, especialmente na faixa etária de 18 a 59 anos, considerada economicamente ativa (Lara; Sarquis, 2004). Indivíduos no tratamento enfrentam dificuldades para trabalhar devido ao comprometimento físico, ao tempo dedicado à hemodiálise e à dificuldade de serem contratados após o início do tratamento. Essa situação afeta a autoestima e torna os pacientes financeiramente dependentes, muitas vezes precisando da ajuda de familiares ou pessoas próximas (Kirchner et at., 2011).
O paciente em hemodiálise experimenta uma mudança abrupta em sua rotina, e a forma como enfrentará essa situação é individual a maneira como ele percebe a doença e a relevância do tratamento, suas interações familiares e sua condição social são essenciais para uma compreensão adequada do tratamento.
Enfatiza como doença, especialmente a insuficiência renal crônica, pode ser um evento altamente estressante, capaz de provocar grandes mudanças na vida do paciente. A hemodiálise, sendo um tratamento essencial para a sobrevivência, exige uma adaptação imediata, e essa mudança repentina na rotina pode ser bastante desafiadora. Cada paciente reage de forma única a essa nova realidade, dependendo de como compreende a doença e o tratamento, o que torna o enfrentamento dessa situação algo profundamente pessoal.
Além disso, a importância das relações sociais e familiares no processo de adaptação é essencial. A maneira como o paciente é apoiado emocionalmente e socialmente tem grande impacto em sua capacidade de lidar com o tratamento e aceitar a nova condição de vida. Esse suporte pode ajudar a fortalecer a resiliência do paciente, tornando-o mais apto a se ajustar à hemodiálise e a manter uma boa qualidade de vida.
Por isso, torna-se essencial um cuidado integral que vá além do tratamento médico, considerando o bem-estar emocional e o contexto social do paciente. Com esse tipo de apoio completo, é possível facilitar a adaptação ao tratamento, promovendo um enfrentamento mais saudável e eficaz da doença, contribuindo para um processo de aceitação mais equilibrado e positivo.
2.3 Impacto na qualidade de vida de pacientes jovens portadores de IRC
A doença crônica é caracterizada por um estado patológico duradouro, que provoca alterações psicológicas irreversíveis e exige um longo processo de reabilitação, monitoramento, controle e cuidados contínuos. Compreende-se que essa condição gera desequilíbrio, desencadeando ansiedades na vida de muitos indivíduos afetados, a doença renal crônica (DRC), por sua vez, consiste em uma lesão nos rins que leva à perda progressiva e irreversível da função renal, seja de forma súbita ou gradual, independentemente da causa. Isso provoca o acúmulo de substâncias como ureia e creatinina, com ou sem redução da produção de urina.
A qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) refere-se à percepção subjetiva dos indivíduos sobre o impacto de sua saúde e dos tratamentos médicos em seu bem-estar físico, mental e social. FERRANS e POWERS (1992) definem QVRS como uma medida multidimensional que abrange o bem-estar físico, psicológico, social e o nível de independência dos pacientes (Almeida, 2003).
Jovens, que normalmente estão em uma fase de descobertas, sonhos e construção de identidade, muitas vezes se veem limitados por diagnósticos que alteram significativamente suas rotinas e planos. No aspecto físico, a doença pode causar dor, fadiga e limitações funcionais, afetando a capacidade de estudar, trabalhar e participar de atividades sociais. A perda de autonomia pode gerar frustração e sentimento de impotência.
A saúde mental desses pacientes também é fortemente impactada. Sentimentos de ansiedade, medo e depressão são comuns, especialmente quando o jovem enfrenta incertezas em relação ao futuro ou ao tratamento. A necessidade de se adaptar a uma nova realidade, muitas vezes repleta de procedimentos médicos e restrições, pode desencadear um processo de luto. Socialmente, a sensação de isolamento é outro fator relevante. A doença pode acelerar as atividades sociais comuns entre seus pares, como festas, esportes ou até a escola, o que pode levar à solidão. Relatamos dificuldades em manter amizades e relacionamentos Muitos amorosos, já que a dinâmica da convivência muda com a condição de saúde (Gonçalves et al., 2015).
Apesar desses desafios, o apoio familiar, o acesso a um tratamento adequado e o acolhimento de uma equipe multidisciplinar podem fazer uma diferença significativa. O fortalecimento das redes de suporte e a criação de espaços onde o jovem possa expressar suas angústias e sonhos são fundamentais para ajudar a melhorar sua qualidade de vida, permitindo que encontrem significado e força para lidar com a doença.
O impacto psicossocial de uma doença crônica, como a fase terminal da insuficiência renal, é significativo e merece atenção como um fator de estresse. Através dos relatos dos participantes, os aspectos se tornam importantes à medida que revelam suas experiências, vínculos e relação com a doença e o tratamento. No que diz respeito à vivência, demonstra sentimentos ambíguos em relação à condição e à terapia. Sentem-se restringidos e desconfortáveis pela dependência (RUDNICKI, 2014).
Portanto é primordial que os profissionais de saúde desenvolvam um diálogo com esses pacientes durante o tratamento, tendo empatia, respeito são formas de deixar o paciente mais à vontade no ambiente hospitalar nesse momento tão delicado da vida deles.
Uma enfermidade é um evento que confronta o paciente com diversas e intensas emoções desde o início. Nos últimos anos, as doenças crônicas têm atraído grande atenção de toda a equipe de saúde e das instituições dedicadas ao tratamento e à pesquisa dessa condição humana. Diversos profissionais, em suas respectivas especialidades, se uniram para desenvolver novas abordagens de cuidado e assistência à pessoa com doença crônica, buscando proporcionar-lhe uma melhor qualidade de vida.
Indivíduos que enfrentam doenças crônicas perdem seus vínculos e a sensação de controle sobre sua própria força. Entre essas perdas, o mais frequente é o medo em relação ao futuro, devido à incapacidade de alterar o curso da doença. No caso do paciente renal crônico em tratamento de hemodiálise, estudos indicam que ele experimenta uma desconexão com seu mundo, perde a sensação de invulnerabilidade, a motivação para trabalhar e esclarecer no raciocínio. (RUDNICKI, et al., 2011).
Mesmo nos dias de hoje, observa-se que o diagnóstico da insuficiência renal crônica e a necessidade do tratamento por hemodiálise podem, inicialmente, ser vistos como um grande desafio, gerando sofrimento tanto físico quanto emocional. No entanto, verifica-se que esse processo de sentimentos tende a se transformar à medida que o paciente adquire mais conhecimento sobre a hemodiálise, e esse sofrimento pode diminuir ao longo do tratamento, tornando as sessões menos dolorosas e sendo aceitas como um procedimento essencial para a vida desses indivíduos.
Sentimento de revolta em relação ao tratamento e perda de eficiência para manter o equilíbrio são comumente vivenciados. Nesse cenário, os pacientes passam pelo tratamento como uma tortura e uma perda de tempo, já que não perceberam uma solução eficaz rumo à cura. O paciente que depende da hemodiálise lida diariamente com o processo de saúde e doença, considerando atitudes, comportamentos e práticas (Bertolin et al., 2009).
Além das sessões de diálise, todos os pacientes têm outras necessidades, como consultas médicas, realização de exames, restrições hídricas e alimentares, ajustes em suas atividades rotineiras e ocupacionais, e dependem de suporte para atender a essas demandas. Inevitavelmente, tudo isso desestrutura a vida do paciente, contribuindo para a redução de sua qualidade de vida e aumentando a propensão ao surgimento de sintomas depressivos (Bertolin et al., 2011).
Conclui-se que os jovens em hemodiálise enfrentam mudanças significativas em sua rotina, tanto devido às restrições permitidas para o manejo da doença quanto às alterações fisiológicas. Além disso, sentimentos como tristeza e medo também acompanham o atendimento a esse paciente. Dessa forma, cabe à equipe multiprofissional atuar em conjunto para reduzir o impacto causado pela enfermidade e promover uma maior adesão às restrições permitidas, uma vez que complicações clínicas graves possam ocorrer em decorrência, por exemplo, do consumo excessivo de líquidos. Recomendar a implementação de estratégias já mencionadas na literatura como formas de minimizar os impactos: grupos de apoio, acompanhamento psicológico e educação em saúde, além de um maior envolvimento dos profissionais em saúde.
2.4 Contribuições do Enfermeiro na Hemodiálise
É importante destacar o papel essencial do enfermeiro nesse contexto, pois ele é o profissional da equipe que está mais envolvido no processo. Assim, cabe a ele identificar as necessidades dos pacientes e atuar de maneira correta. O enfermeiro, por meio do processo de enfermagem, organiza intervenções educativas com os pacientes, conforme a avaliação que realiza, com o objetivo de auxiliá-los a se readaptar à nova realidade e a conviver com a doença. Entender a enfermagem como uma prática social significa ir além da visão técnico-operacional e reconhecê-la como uma das diversas práticas existentes na sociedade, cujo objetivo principal é o cuidado com a pessoa. Além de o enfermeiro ter a habilidade de enxergar o indivíduo como um ser único, ele também é reconhecido por sua capacidade de acolher as necessidades e expectativas dos pacientes.
O profissional de enfermagem desempenha uma função fundamental para que os pacientes se sintam mais seguros e consigam encarar a vida de uma maneira mais positiva e confiante, o que contribui para uma melhor adaptação. Assim, foram encontrados relatos que evidenciam a importância desse profissional para uma adaptação menos prejudicial. Entre os aspectos mais valorizados pelos pacientes estão a amizade, a confiança e o conhecimento do Enfermeiro.
O enfermeiro, em seu processo de trabalho, não se limita à execução de técnicas e procedimentos de maneira eficiente, mas deve estar preparado para oferecer um cuidado holístico e individualizado ao paciente com doença renal crônica, se a comunicação entre enfermeiro e paciente não for feito da maneira correta, o significado do cuidado prestado pode não ser o esperado (Cristina et al.,2015).
Todavia, a demanda por competências especializadas de outros profissionais é considerada um desafio do trabalho em hemodiálise, visto que nem sempre estão disponíveis e/ou não são exclusivos do setor. Dessa forma, a carga de trabalho dos enfermeiros da hemodiálise somada com a falta de presença e apoio da equipe multidisciplinar são apontadas como barreiras na prestação de cuidados. Além da sobrecarga, tal demanda pode resultar em estresse e sentimento de incompetência para os enfermeiros, já que pela sua proximidade com os pacientes, esses podem esperar algo além dos limites da profissão. (Marinho et al., 2021).
A enfermagem, ao longo do tempo, conquista seu espaço com assistência e responsabilidades no cuidado ao ser humano, adquirindo respeito como profissão, respeitando os limites dos pacientes e o direito à vida. O cuidado ao paciente renal crônico no tratamento hemodialítico envolve o incentivo ao autocuidado, a prevenção de infecções, o fornecimento de informações ao paciente e à família sobre o tratamento e suas complicações, além de garantir um local seguro e confortável para a realização do tratamento.
A enfermagem é reconhecida por desempenhar um papel fundamental no acompanhamento dos pacientes. A convivência regular, três vezes por semana, facilita a troca de informações, orientações e o esclarecimento de dúvidas, entre outros aspectos, contribuindo para um cuidado integral e personalizado. Para que essa relação se estabeleça, é essencial que o enfermeiro, inicialmente, conheça bem os pacientes, desde a avaliação inicial até o acompanhamento contínuo nas sessões de hemodiálise, o que destaca a importância deste estudo.
Nesse contexto, cabe à enfermagem realizar atividades educativas, adaptadas às necessidades individuais, com o propósito de orientar os pacientes sobre sua condição, possíveis complicações, mudanças no estilo de vida, tratamento e cuidados com o acesso venoso, entre outros. A partir dessas reflexões, o objetivo deste estudo é identificar as complicações clínicas e avaliar a percepção geral de saúde de pacientes renais crônicos em tratamento de hemodiálise. (Coutinho et al., 2015).
Estando em contato direto com os pacientes, os enfermeiros são considerados uma referência no setor de hemodiálise. Pesquisas indicam que, além da competência técnica e experiência na hemodiálise, os pacientes também esperam que os enfermeiros sejam gentis, de bom humor, e capazes de desenvolver laços próximos, baseados na comunicação, empatia, respeito e cordialidade. A presença dos enfermeiros é destacada como fundamental para que os pacientes se sintam seguros, tanto físicos quanto emocionais. (MARINHO et al., 2021).
O enfermeiro(a) deve estar devidamente preparado para oferecer uma assistência de qualidade, holística e humanizada a esses pacientes. Ele precisa possuir conhecimentos técnico-científicos que lhe possibilitem transmitir informações com segurança sobre a patologia, além de garantir que os cuidados sejam feitos de uma maneira correta.
2.5 O Impacto da Hemodiálise em Pacientes Jovens
A adolescência é um período marcado por transformações, descobertas e adaptações em direção à vida adulta, onde as rápidas mudanças físicas e emocionais influenciam sua formação. Essa fase em jovens saudáveis é complexa, tornando-se ainda mais desafiadora para aqueles que lidam com uma condição crônica de saúde. A coexistência da adolescência e da doença é caracterizada por uma crise, refletindo o enfrentamento das mudanças e das limitações impostas por uma enfermidade incorrida. Os adolescentes que apresentam doenças crônicas enfrentaram inúmeras dificuldades no seu dia a dia, devido às restrições impostas pela enfermidade e ao tratamento complexo e prolongado, o que leva esses jovens a se afastarem de suas atividades diárias e a terem dificuldades para ter quaisquer tipos de relações. (REGO, 2018).
Atualmente, as doenças crônicas têm recebido mais atenção dos profissionais de saúde devido ao aumento de suas incidências em todo o mundo, afetando não apenas a população adulta e idosa, mas também os jovens. Entre as doenças crônicas que impactam a faixa etária de 15 à 30 anos está a Doença Renal Crônica (DRC), cuja evolução é progressiva e pode gerar consequências sociais. Os adolescentes em tratamento de diálise podem enfrentar problemas como: depressão, frustração em relação à prescrição médica, conflitos interpessoais com familiares, baixa frequência escolar devido a diversas internações hospitalares, que podem resultar em limitações nas interações. (REGO, 2018).
A doença renal pode afetar qualquer pessoa e ocorrer em qualquer fase da vida. Considerada uma condição incurável e de evolução progressiva, provocando ao seu portador problemas físicos, psicológicos, sociais e econômicos, sendo necessário que ele aprenda a lidar com os sintomas e a incapacidade que a doença impõe.
A adaptação à nova realidade e a busca pelo controle da situação, gerada pela enfermidade crônica, interrompeu a participação da família no processo de crescimento diante de cada nova experiência vívida. Assim, esse contexto do indivíduo e da família, onde se desenvolvem as relações, inter-relações e conexões entre seus membros, propicia o desenvolvimento e as mudanças que ocorrem de acordo com o passar do tempo. (SCHWARTZ, et al., 2009).
O indivíduo que enfrenta uma doença crônica experimenta alterações em seu estilo e qualidade de vida, causadas pela presença de fraqueza, por critérios terapêuticos, pelo monitoramento clínico e pelas interações internacionais frequentes. As repercussões da doença crônica na infância incluem dificuldades estruturais e instabilidade emocional que afetam toda a família. Uma criança pode ter seu desenvolvimento físico e emocional comprometido e manifestar distúrbios psicológicos devido ao tratamento. (SILVEIRA; NEVES, 2009).
Por isso é importante enfatizar que todos os pacientes que são diagnosticados com insuficiência renal e passam pelo processo de hemodiálise precisam ser acompanhados por uma equipe multiprofissional pois além do seu físico está enfermo a saúde mental precisa também ser assistida.
Em relação à hemodiálise, sentimentos como medo e desespero diante do desconhecido e da possibilidade da morte representam um fator que pode contribuir para uma facilidade progressiva da doença e da terapia de substituição renal. As mudanças nos hábitos de vida não se restringem apenas à alimentação e hidratação. Quando surge uma doença crônica, a necessidade de alterações pode ampliar os hábitos relacionados à atividade física, lazer e trabalho.
No entanto, o paciente continua dependendo das tecnologias, medicamentos, familiares e profissionais de saúde, tornando-se, assim, um desafio na vida. Em relação aos hábitos alimentares, em algumas pesquisas, pode-se observar que a atividade de se alimentar está ligada a um sistema de valores que, quando alterado, impacta a vida social do indivíduo portador de Insuficiência Renal Crônica (IRC), uma vez que se alimentar muitas vezes é associado à privação.
Silva et al., (2011) explicam em seu estudo que a qualidade de vida é composta por um conjunto de ações que proporcionam bem-estar, como alimentação balanceada, prática de atividades físicas, cuidados médicos adequados e uso de medicamentos, sempre sob prescrição de médicos ou farmacêuticos. Dessa forma, os elementos que definem o estilo de vida abrangem aspectos de bem-estar físico, mental, desempenho no trabalho e integração social. A definição de qualidade de vida é subjetiva, mas ao reunir diversas abordagens sobre como lidar com a doença, é possível obter uma compreensão.
Os pacientes têm o direito a um atendimento qualificado, cabendo às instituições de saúde dimensionar a equipe de acordo com a demanda e capacitar os profissionais para oferecer o melhor cuidado. Ao envelhecer, os pacientes podem enfrentar diversos desafios, e ajustar-se a essa nova realidade pode ser difícil, por isso seguir as orientações da equipe médica é essencial para melhorar a qualidade de vida.
Kirchner et al., (2011) destacam que as dificuldades enfrentadas por pacientes com insuficiência renal crônica podem afetar seu contexto social e cultural, além de, em alguns casos, impactar suas implicações. Nesse sentido, o apoio dos familiares e dos profissionais envolvidos nos cuidados e recuperação desses pacientes torna-se fundamental. É crucial que o paciente receba suporte social, tanto da família quanto da equipe multiprofissional, para facilitar sua recuperação ou para evitar recaídas.
De acordo com Xavier (2018) é a partir da liberdade que uma pessoa com doença crônica adquire a necessidade necessária para reagir e trazer mudanças positivas em sua vida. As etapas da doença crônica estão ligadas à recepção do diagnóstico de IRC e ao desconhecimento inicial, sendo uma das experiências mais desafiadoras para esses pacientes. Diante da hemodiálise, sentimentos de medo e angústia frente ao desconhecido e à possibilidade de morte tornam-se fatores que, progressivamente, ajudam na acessibilidade da doença e na terapia de substituição renal. (PICHINELLI, 2018).
Outro sentimento frequentemente abordado é a vergonha relacionada à aparência física e à presença de dispositivos como o cateter e/ou a fístula arteriovenosa, que são indispensáveis para a hemodiálise. A autoimagem é entendida como a percepção de que o indivíduo tem de si próprio, resultante de suas interações com o meio social, com outras pessoas e consigo mesmo (Abreu et al., 2014).
Como esses indivíduos estão em uma fase de transição da adolescência para a vida adulta, existe todo um conceito cultural e estético que define um corpo “ideal”, sendo essa uma fase em que os jovens buscam esse estereótipo físico. Contudo, ao se depararem com dispositivos implantados e/ou criados em seu corpo, surgem inseguranças e baixa autoestima, que comentários para a percepção negativa da própria imagem e até mesmo para um sentimento de inferioridade em relação aos seus pares, pois são conscientes de que você pode ser questionado sobre a presença do dispositivo por amigos e familiares. Para agravar a situação, esses jovens também precisarão lidar com suas restrições em relação à execução de atividades vistas como desejosas, o que, novamente, pode impactar de maneira ruim na sua autoestima. (Abreu et al., 2014).
Além disso, outro efeito da Doença Renal Crônica (DRC) é a crise urêmica, que causa melhora estomacal, emagrecimento, diarreia, apatia, entre outros sintomas. A DRC afeta o metabolismo e a função celular de todos os órgãos do corpo, constituindo um problema médico e de saúde pública significativo, já que a cada ano aumenta o número de pacientes com insuficiência renal crônica. Essa condição apresenta altas taxas de morbidade e mortalidade, além de um impacto negativo na qualidade de vida, pois os pacientes enfrentam o medo da morte, alterações na integridade corporal e autonomia.
De acordo com Machado, et al., (2011), existem três opções terapêuticas para pacientes com insuficiência renal crônica: hemodiálise, diálise peritoneal e transplante renal. A hemodiálise é o método de filtragem do sangue realizado fora do corpo, enquanto na diálise peritoneal, a filtração ocorre através da cavidade abdominal, conhecida como peritônio.
Segundo Machado,et al., (2011) o transplante é um procedimento relativamente recente, iniciado na década de 1950, e teve um grande impacto tanto na medicina quanto na sociedade, pois abrange questões relacionadas ao progresso tecnológico da medicina e à subjetividade humana. Esse tipo de intervenção suscita emoções e sentimentos, pois está associado à percepção de vida e morte.
Diante de todo o problema enfrentado pelos jovens na hemodiálise, um outro aspecto relacionado à autoimagem é a satisfação de se sentir confortável com seu próprio corpo à medida que os sinais e sintomas provocados pela doença renal crônica começam a diminuir com o início do tratamento de substituições renal. Essa visão traz um fator positivo em relação ao tratamento e à qualidade de vida, gerando um problema significativo para a autoimagem e para o bem-estar emocional, uma vez que a DRC e o tratamento hemodialítico acarretam, em seu processo, consequências físicas e psicológicas, com impactos pessoais, familiares e sociais.
A mudança na dinâmica da vida desses jovens é precoce. Apesar dos esforços para adiar, dos sinais e sintomas, das restrições e das lesões causadas pela DRC e pelo tratamento se tornarem evidentes, porém, será necessária uma adaptação e/ou mudança em suas atividades e rotinas, já que esses pacientes precisarão se dedicar mais tempo para realizar seu tratamento, geralmente três vezes por semana, com sessões que podem durar de três a cinco horas, dependendo da necessidade dialítica de cada paciente. (Silva et al., 2021).
Dessa forma, Santos et al., (2011) observam que pode haver dificuldades para esses jovens se manterem ativos no ambiente profissional, já que muitos deles podem não conseguir equilibrar o trabalho e a escola e/ou faculdade com o tratamento, justificado pelo fato de precisarem dedicar mais tempo a esse processo. Essa conexão torna-se ainda mais prejudicada, especialmente nos dias em que eles passam por sessões de hemodiálise, uma vez que, geralmente após esses procedimentos, é comum que os indivíduos apresentem fraqueza, fadiga, mal-estar geral, hipotensão, náuseas, vômitos, vibrações, câimbras, febre e calafrios, entre outras complicações, o que inviabiliza a realização de esforços físicos para o trabalho, resulta em exaustão e também causa dificuldades na concentração e aprendizagem.
A interação do enfermeiro no tratamento de pacientes em hemodiálise é fundamental para garantir não apenas a qualidade técnica do procedimento, mas também o bem-estar físico e emocional do paciente. O enfermeiro é responsável pela preparação do paciente para a sessão de hemodiálise, o que inclui a avaliação dos sinais vitais, peso corporal, e o estado do acesso vascular. Além disso, o enfermeiro deve educar o paciente sobre a importância de seguir as recomendações médicas fora das sessões de diálise, como aderir a uma dieta restritiva e controlar a ingestão de líquidos (COSTA et al., 2019).
Outro aspecto crucial da atuação do enfermeiro é o apoio emocional. Pacientes em hemodiálise enfrentam desafios físicos e psicológicos, como alterações na imagem corporal, dependência de uma máquina para sobreviver, e a perspectiva de uma vida limitada. A escuta ativa e o suporte emocional oferecido pelo enfermeiro são vitais para ajudar o paciente a lidar com a carga emocional do tratamento. Estudos mostram que “o apoio psicológico e emocional fornecido pelos enfermeiros contribui significativamente para a melhoria da qualidade de vida dos pacientes em diálise, promovendo maior adesão ao tratamento e enfrentamento das dificuldades” (Almeida et al., 2021).
Além de suas funções técnicas, o enfermeiro tem um papel importante na educação e empoderamento do paciente, proporcionando orientações sobre autocuidado, como o manejo do acesso vascular em casa e o monitoramento de sinais de complicações, como infecções ou edema (Pereira et al., 2020).
Assim, o enfermeiro atua de maneira integral, abrangendo tanto aspectos técnicos quanto emocionais, garantindo a segurança, conforto e a promoção da autonomia do paciente em hemodiálise.
Cabe ao enfermeiro auxiliar da melhor forma possível para que os indivíduos com insuficiência renal crônica se sintam mais seguros e possam enfrentar a situação atual de maneira positiva e confiante, facilitando assim uma adaptação mais eficaz. Nesse contexto, o serviço de hemodiálise requer conhecimentos específicos aprofundados; além de aprimorar seu conhecimento técnico e habilidades práticas, o enfermeiro deve também cultivar seu saber ser, contribuindo para seu crescimento profissional e pessoal e para com o paciente (Garcia, 2001).
3 METODOLOGIA
Este estudo é uma pesquisa de caráter exploratório com abordagem quanlitativa, desenvolvido por meio de pesquisa bibliográfica da literatura, a qual subsidia a análise e a síntese de conhecimentos de diversas pesquisas sobre o tema abordado.
Para investigar o impacto da hemodiálise na qualidade de vida de pacientes jovens entre 18 e 35 anos foi realizado uma análise dos dados coletados pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN) na qual obteve dados de todas as regiões do Brasil portanto o foco da pesquisa será composto por pacientes jovens entre 18 e 35 anos que foram diagnosticados por Insuficiência Renal Crônica que é a principal causa que leva o paciente a realizar o tratamento de hemodiálise.
Os dados quantitativos serão analisados utilizando técnicas estatísticas descritivas e inferenciais, como médias, desvios padrão, testes de correlação e regressão. Os dados qualitativos serão analisados utilizando análise de conteúdo para identificar temas, padrões e insights emergentes. Este estudo será conduzido em conformidade com os princípios éticos da pesquisa garantido a confidencialidade dos dados e respeito à dignidade e privacidade dos indivíduos.
Algumas limitações podem incluir maneiras de seleção devido à amostragem por conveniência, dificuldades na generalização dos resultados devido à natureza específica da população de estudo e possíveis desafios na coleta de dados qualitativos, como resistência em compartilhar experiências pessoais.
Espera-se que os resultados desta pesquisa forneçam informações valiosas sobre o impacto da hemodiálise na qualidade de vida dos pacientes jovens, destacando áreas de preocupação e identificando oportunidades para melhorar o suporte e os cuidados oferecidos a essa população específica.
4 RESULTADO E DISCUSSÃO
Nos artigos analisados, observamos que houve uma crescente de números de casos de insuficiência renal desta forma este estudo descreveu alguns impactos que o tratamento da hemodiálise trouxe para vida dos jovens que tiveram diagnóstico de insuficiência renal crônica, diante disso a Sociedade Brasileira de Nefrologia descreve a hemodiálise como um processo de limpeza do sangue no qual a máquina de hemodiálise fosse como um instrumento que substituísse a função dos rins, é importante ressaltar que este procedimento é estéril então os profissionais que realizam o procedimento tem que realizar cuidados minuciosos para que não haja nenhuma intercorrência no decorrer do tratamento.
No decorrer desta pesquisa encontramos dados relevantes em relação a pacientes que realizam hemodiálise no Brasil no qual é um tratamento delicado e invasivo que requer uma equipe multiprofissional para atender este paciente, são dados de 2010 comparados com os dados de 2022 todos esses dados são encontrados no Censo brasileiro de diálise, em 2010 eram cadastradas 340 unidades com programa crônico no qual participaram da pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Nefrologia.
Diante disso o censo brasileiro de diálise apurou dados relacionados as 340 unidades cadastradas na SBN que realizam tratamento hemodialítico por região: Norte são 3,5%, Centro-Oeste 7,1%, Nordeste 15%, Sul 22,4% e no Sudeste 52,1%, conforme foi mencionado a região norte tem o menor percentual de pacientes que realizam tratamento de hemodiálise e o Sudeste tem o maior percentual que é equivalente 52,1% das unidades cadastradas no qual participaram da pesquisa no ano de 2010, portanto o número estimado de paciente que começou a realizar o tratamento dialítico em 2010 é de 92.091 pacientes e 57% são do sexo masculino (Nerbass et al.,2022).
Em 2022 os dados coletados da seguinte forma os quatro centros de diálise por milhão de habitantes (ppm), as menores taxas foram nas regiões Nordeste (3,1 ppm) e Norte (3,3 ppm) em comparação com as regiões Sudeste (4,9 ppm), Centro-Oeste (5,0 ppm) e Sul (5,1 ppm). Houve 243 centros participantes (28%), uma porcentagem ligeiramente inferior à do ano anterior (30%). Ao considerar a taxa de resposta por número de centros de diálise por região, a região com maior participação foi a Sul (31%), seguida pela Sudeste (28%), com as demais regiões apresentando uma taxa de participação de 26% (Lima et al.,2022).
Comparada ao ano de 2010 observamos que a região sudeste e sul continuam com as maiores taxas de prevalência de casos de pacientes que realizam hemodiálise, portanto durante o percurso de 2010 a 2022 houve um aumento de 61.740 pacientes que realizam hemodiálise, portanto em 2022 o total de pacientes dialíticos foi de 153.831 pacientes, podemos observar que o aumento é alarmante desta forma é essencial que sejam feitas providencias em relação a este número tão alto de pessoas que necessitam de uma máquina para sobreviver (Neto et al.,2022).
Esses dados são importantes para realizar uma comparação significativa do ano de 2010 e 2022 para termos o conhecimento de que o aumento progressivo deste tratamento vem aumentando cada vez mais, isso são consequências de que as pessoas são leigas em relação a saúde pois a insuficiência renal são consequências de mal do estilo de vida que acarreta em problemas de saúde como este.
Muitos se enganam achando que a insuficiência renal afeta apenas pessoas idosas o Boletim Epidemiológico do Ministério da Saúde registrou em 2022 que 1.993 pacientes com doença renal crônica são de jovens com idade de 15 a 30 anos desta forma é importante aplicar a educação em saúde em escolas e faculdades explicando a importância da boa alimentação e da prática de exercício que através destas atitudes podem prevenir várias doenças inclusive a ICR.
Para Kirchner et al., (2011) os autores destacam que as dificuldades enfrentadas por pacientes com insuficiência renal crônica podem afetar seu contexto social e cultural, além de, em alguns casos, impactar suas implicações. Nesse sentido, o apoio dos familiares e dos profissionais envolvidos nos cuidados e recuperação desses pacientes torna-se fundamental pois precisam de uma atenção diferenciada pois o processo do tratamento da IRC é árduo e todo apoio é bem-vindo nesse momento delicado.
De acordo com Bastos et al., (2010), a IRC é uma doença progressiva que, se não tratada adequadamente, pode levar à necessidade de tratamentos de substituição renal, como a hemodiálise, a diálise peritoneal ou o transplante renal, na literatura vários autores relatam que a principal doença que leva o paciente a ser submetido hemodiálise são pacientes que tem insuficiência renal crônica.
Esta patologia é uma condição médica em que as funções dos rins são perdidas gradualmente e irreversivelmente ao longo do tempo. Os rins estão envolvidos na eliminação de resíduos e excesso de líquidos do sangue, que é excretado na urina. Com IRC, essa qualidade declina, resultando no acúmulo de toxinas no corpo eletrolítico desequilibrado e retenção de líquidos.
No entanto o profissional enfermeiro tem o papel importante em realizar campanhas relacionados a este problema de saúde pública que não é tão evidenciado nas mídias e nem nos meios de comunicação, são tantas pessoas dependendo da hemodiálise para sobreviver que a fila de transplante de rins só tende ao aumentar cada vez mais.
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
A hemodiálise impacta profundamente a vida de jovens entre 15 à 30 anos, afetando tanto o corpo quanto a mente. Embora seja um tratamento crucial para garantir a sobrevivência de pessoas com insuficiência renal crônica, ele traz dificuldades significativas para a qualidade de vida, o bem-estar emocional, o crescimento físico e a convivência social desses pacientes.
É essencial adotar abordagens multidisciplinares, que integrem não apenas cuidados médicos, mas também suporte psicológico e social, visando proporcionar uma experiência mais leve e equilibrada para esses jovens. As pesquisas futuras devem priorizar o desenvolvimento de estratégias que ajudem esses pacientes a superar os desafios próprios dessa fase da vida, permitindo-lhes viver com mais autonomia e menos restrições.
Esse plano de desenvolvimento explora os principais aspectos do impacto da hemodiálise em jovens, oferecendo uma visão abrangente dos obstáculos que enfrentam e apontando caminhos para soluções que possam melhorar sua qualidade de vida. Os pacientes com insuficiência renal crônica experimentam uma mudança radical em sua qualidade de vida após o diagnóstico e o tratamento.
Eles são indivíduos complexos, não apenas por fatores físicos, mas também por aspectos emocionais, os métodos dialíticos, como a hemodiálise e a diálise peritoneal, afetam a qualidade de vida de maneira semelhante, uma vez que ambos podem deixar os pacientes exaustos e deprimidos. É essencial que os profissionais de saúde, assim como os familiares, criem um ambiente com o mínimo de estresse possível, com um cuidado organizado e integral, permitindo uma vivência de maior qualidade.
Em conclusão, o impacto da hemodiálise em pacientes jovens é profundo. No entanto, com suporte adequado e intervenções personalizadas, é possível promover uma adaptação saudável e melhorar a qualidade de vida desses indivíduos, garantindo que continuem a se desenvolver plenamente, apesar das limitações impostas pela doença.
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1Acadêmica do Curso de Enfermagem da Faculdade UNAMA. E-mail: andressaemilly_@hotmail.com
2Acadêmico do Curso de Enfermagem da Faculdade UNAMA. E-mail: andrew.argolo@outlook.com
3Enfermeiro Especialista em Educação Permanente em Saúde. Docente do Curso de Bacharel em Enfermagem na Faculdade UNAMA em Rio Branco- AC. Lattes: http://lattes.cnpq.br/1747124977385432.