IMPACTO DA DOENÇA DE ALZHEIMER NA QUALIDADE DE VIDA DE PESSOAS IDOSASNVELHECIMENTO ATIVO: ATIVIDADE FÍSICA NA TERCEIRA IDADE


IMPACT OF ALZHEIMER’S DISEASE ON THE QUALITY OF LIFE OF ELDERLY PEOPLE ACTIVE AGING: PHYSICAL ACTIVITY IN OLD AGE

REGISTRO DOI:10.69849/revistaft/th102410312339


Allan Cirqueira Rabelo¹Amanda Borges Rocha1
Ana Maria Dias Batista dos Santos¹
Camila Leinerh Nogueira Queiroz¹
Francisco Leandro de Lima¹
Isabela de Miranda Sobral¹
Isabella Tormin Soares¹
Jose Ricardo Rodrigues Rezende¹
Lara Ribeiro Melo¹
Larah Pereira Menezes¹
Lorrana Gonçalves Soares Cardoso¹
Lucas Silva De Freitas ¹
Maria Eduarda Martins Farias¹
Marya Eduarda Fontes Laboissiere¹
Victor Hugo Dias Oliveira¹
Fabrícia G. Amaral Pontes 2


RESUMO: A Doença de Alzheimer (DA) é uma patologia neurodegenerativa progressiva que afeta a memória e a função cognitiva, sendo a principal causa de demência em idosos. Sua fisiopatologia envolve processos complexos, como o acúmulo de proteínas beta-amiloide e Tau, que levam à degeneração neuronal. Este estudo tem como objetivo analisar o impacto da DA na qualidade de vida de idosos, bem como identificar estratégias eficazes para mitigar seus efeitos. A pesquisa, baseada em uma revisão de literatura, buscou compreender os desafios no diagnóstico precoce, as intervenções farmacológicas e não farmacológicas disponíveis, e o papel dos cuidadores na qualidade de vida dos pacientes. Conclui-se que o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, juntamente com o suporte aos cuidadores, são fundamentais para melhorar o bem-estar dos indivíduos com Alzheimer.

Palavras-chave: Doença de Alzheimer, Qualidade de vida, Idosos, Intervenções, Cuidadores.

ABSTRACT: Alzheimer’s disease (AD) is a progressive neurodegenerative disorder that affects memory and cognitive function, being the leading cause of dementia in the elderly. Its pathophysiology involves complex processes, such as the accumulation of beta-amyloid and Tau proteins, leading to neuronal degeneration. This study aims to analyze the impact of AD on the quality of life of the elderly and identify effective strategies to mitigate its effects. The research, based on a literature review, sought to understand the challenges in early diagnosis, available pharmacological and non-pharmacological interventions, and the role of caregivers in improving patients’ quality of life. It concludes that early diagnosis, adequate treatment, and caregiver support are essential for enhancing the well-being of individuals with Alzheimer’s.

Keywords: Alzheimer’s disease, Quality of life, Elderly, Interventions, Caregivers.

INTRODUÇÃO

As demências são, atualmente, as doenças neurodegenerativas mais prevalentes na população acima de 65 anos, sendo a Doença de Alzheimer (DA), responsável por aproximadamente 55% dos casos (Borghi, 2011). Ela é um transtorno neurocognitivo de desenvolvimento gradativo que, inicialmente, acomete o hipocampo, região cerebral responsável pela memória e, posteriormente, é possível identificar disfunções em outras áreas cerebrais. A fase leve da doença é sinalizada por sintomas como perda de memória e de prejuízo na aprendizagem, acompanhadas ou não de dificuldades motoras. Em contrapartida, a fase mais avançada é marcada pela diminuição da capacidade cognitiva, motora, executiva e de linguagem (Zanotto, 2023).

Em conformidade com os estágios de cada indivíduo com Doença de Alzheimer, são referenciados sintomas intensos capazes de impactar a vida diária do paciente de maneira progressiva. Nos estágios iniciais, portanto, o idoso tende a se confundir com facilidade e se esquecer de fatos recentes. Com o avanço da doença, o paciente passa a demonstrar dificuldades no desempenho de tarefas simples, como: utilizar utensílios domésticos, vestir-se, cuidar da própria higiene e alimentação. No entanto, na fase tardia, o idoso expressa distúrbios graves de linguagem e fica restrito ao leito. O desenvolvimento da doença é contemplado pela gradativa perda da autonomia, em vista disso, há necessidade de cuidados, auxílio e supervisão de cuidadores (Inouye, 2010).

A DA é concebida como uma patologia multifatorial de origem idiopática. Fisiopatologicamente descreve-se pela agregação das proteínas beta-amiloide (Aβ) associada à alteração patológica da proteína tau, sendo seu aumento no líquido cefalorraquidiano (LCR) explicado pela perda axonal. Ademais, o neurotransmissor acetilcolina (ACh) apresenta alterações em sua função e níveis baixos no cérebro dos pacientes com DA, tal evento é associado aos danos cognitivos sofridos. Somado às evidências, a evolução da doença é influenciada por fatores ambientais, tais como: idade avançada, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus, tabagismo, obesidade, dieta inadequada, sedentarismo e depressão, além dos fatores genéticos (Zanotto, 2023).

Diante do cenário de acometimento neurológico, como é o caso da Doença de Alzheimer, a avaliação da qualidade de vida (QV) dos pacientes é de fundamental importância para o esclarecimento das condições e implementações no 9 tratamento dos indivíduos. A Organização Mundial de Saúde conceituou a qualidade de vida de maneira ampla, incorporando aspectos da saúde física, estado psicológico, nível de dependência, relações sociais, crenças, características ambientais e ainda a percepção do indivíduo acerca de sua posição no contexto em que vive, objetivos, expectativas e preocupações que possui (Carvalho et al., 2016).

Posto isto, a pesquisa da QV do paciente auxilia na identificação das demandas do idoso e permite à programação e a implementação de práticas que promovam a QV desses idosos, medida de substancial importância no tratamento não farmacológico destes. Uma vez que, o tratamento farmacológico associado ao não farmacológico, como a estimulação do idoso, através de atividades físicas mentais, inclusão em atividades sociais, exercícios de memória e mesmo afazes domésticos, exprimem estratégias essenciais no manejo da Doença de Alzheimer (Carvalho et al., 2016).

Todavia, o diagnóstico desse distúrbio é complexo, em muitos casos, os pacientessofrem com o subdiagnóstico, em decorrência da dificuldade de identificação de sintomas iniciais, sendo habitual ser realizado tardiamente, situação em que o comprometimento cognitivo já é elevado. No contexto atual, o reconhecimento da DA se faz mediante um conjunto de manifestações clínicas percebidas pelos pacientes e/ou familiares, além de testes neuropsicológicos de rastreio como o Mini-Exame Mental (MEEM) e exames complementares de imagem, como a ressonância magnética (Zanotto, 2023).

Nesse sentido, o presente estudo tem como objetivo analisar o impacto da doença de Alzheimer na qualidade de vida de pessoas idosas e identificar estratégias eficazes para melhorar o bem-estar desses indivíduos. Para tanto, recorre-se-á a pesquisas atualizadas sobre a doença, por meio da literatura existente e aplicação de questionários que serão tabulados e analisados para ter possíveis respostas sobre o impacto da doença de Alzheimer na qualidade de vida das pessoas idosas e se é possível mitigar esse impacto.

O objetivo deste estudo é realizar uma revisão de literatura de artigos produzidos nos últimos anos, com foco no impacto causado pela doença de Alzheimer na qualidade de vida de pessoas idosas e identificar estratégias eficazes para melhorar o bem-estar desses indivíduos.

METODOLOGIA

Para realizar esta revisão bibliográfica, foi conduzida uma busca sistemática nas bases de dados PubMed, Google Scholar e SciELO, focada em estudos publicados entre 2019 e 2024. A seleção dos termos de pesquisa foi direcionada para abranger aspectos relacionados ao impacto da Doença de Alzheimer na qualidade de vida de pessoas idosas, bem como estratégias de intervenção. Os termos utilizados incluíram: “Doença de Alzheimer”, “qualidade de vida”, “idosos”, “bem-estar”, e “estratégias de intervenção”.

Os critérios de inclusão abrangeram estudos originais que tratassem do impacto da Doença de Alzheimer em idosos e de intervenções que visassem melhorar sua qualidade de vida e bem-estar, desde que publicados dentro do período estabelecido. Foram excluídos estudos duplicados, que não focassem diretamente em idosos com Alzheimer, ou que apresentassem metodologias inadequadas.

Os dados extraídos dos artigos selecionados foram organizados em uma tabela, contendo informações como autores, ano de publicação, principais resultados e intervenções propostas. Posteriormente, os dados foram analisados qualitativamente, permitindo uma discussão sobre os tipos de intervenções e seu impacto no bem-estar e na qualidade de vida de idosos com Alzheimer.

RESSULTADOS
Borghi, Ana Carla, et al., 2011Avaliar a qualidade de vida de idosos com Doença de Alzheimer e de seus cuidadores.Estudo descritivo com entrevistas e questionários aplicados a idosos e seus cuidadores.Identificou-se que a qualidade de vida dos cuidadores é impactada negativamente pela carga emocional e física associada ao cuidado.A intervenção e suporte aos cuidadores são fundamentais para melhorar a qualidade de vida tanto dos idosos quanto de seus cuidadores.
DISCUSSÃO E CONCLUSÃO

O presente estudo reafirma a complexidade da Doença de Alzheimer (DA) como uma patologia neurodegenerativa progressiva que afeta severamente a função cognitiva e a memória. A fisiopatologia da DA envolve múltiplos processos patogênicos, como o acúmulo anormal de proteínas beta-amiloide, a hiperfosforilação da proteína Tau e a inflamação crônica do tecido cerebral. Esses mecanismos estão em consonância com estudos prévios que destacam o papel central da inflamação e do estresse oxidativo na progressão da doença (Kolarova et al., 2012).

Além disso, a formação de placas beta-amiloide e emaranhados neurofibrilares contribui significativamente para o comprometimento da função neuronal e o declínio cognitivo observado nos pacientes com Alzheimer. Esses achados são corroborados por recentes pesquisas que reforçam a ideia de que a patogênese da DA começa anos antes da manifestação dos primeiros sintomas clínicos (Zanotto et al., 2023).

Os tratamentos farmacológicos atuais para DA, embora não curativos, demonstram eficácia em retardar a progressão dos sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes. Os inibidores da colinesterase, como Donezepil, e os antagonistas dos receptores NMDA, como Memantina, atuam na melhora da função cognitiva e na estabilização dos sintomas. Ainda assim, a resposta ao tratamento é variável, e muitos pacientes continuam a progredir para estágios mais avançados da doença, onde a dependência de cuidados se intensifica. Além disso, o controle dos sintomas neuropsiquiátricos, como agitação e depressão, é fundamental para o manejo global da doença e para a redução do impacto sobre os cuidadores (Zanotto et al., 2023; Ballard et al., 2009).

Conclui-se que a Doença de Alzheimer é uma patologia multifatorial que envolve processos neurodegenerativos complexos, os quais resultam em declínio cognitivo progressivo e comprometem gravemente a qualidade de vida dos pacientes. Embora os tratamentos farmacológicos atuais consigam retardar a progressão da doença e aliviar alguns sintomas, não existe, até o momento, uma cura para o Alzheimer.

O diagnóstico precoce e o início imediato do tratamento são essenciais para prolongar o tempo de independência do paciente e melhorar a sua qualidade de vida. Além disso, é imprescindível proporcionar suporte adequado aos cuidadores e familiares, que frequentemente enfrentam um grande desgaste físico e emocional no cuidado diário dos pacientes com DA.

As estratégias futuras devem focar na educação e apoio contínuo aos cuidadores, bem como no desenvolvimento de novos tratamentos que possam intervir de maneira mais eficaz nos mecanismos patológicos subjacentes. A compreensão dos fatores que influenciam a progressão da doença, como o envelhecimento populacional e os aspectos genéticos, é vital para o desenvolvimento de políticas de saúde pública que abordem não apenas o tratamento, mas também a prevenção e o suporte a longo prazo para pacientes e suas famílias.

REFERÊNCIAS

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1 Acadêmica do Curso de Medicina – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos
2 Orientadora – Instituto Tocantinense Presidente Antônio Carlos