REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202507162018
Karina Fontanella Alcoforado1
Renata Lacerda Prata Rocha2
Tatiana Bedran3
Yazmin Bastos Cabral Mata4
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo analisar a produção científica sobre o impacto da dieta low carb em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), por meio de uma revisão integrativa da literatura. A pesquisa foi realizada nas bases PubMed e Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), incluindo artigos publicados nos últimos cinco anos, em português, inglês e espanhol, que abordassem a dieta low carb em adultos com DM2. Após os critérios de inclusão e exclusão, 26 estudos foram selecionados para análise. A maioria das publicações demonstrou que a adoção de dietas com baixo teor de carboidratos promove benefícios significativos, como redução de peso, melhora do índice de massa corporal, controle glicêmico, diminuição da hemoglobina glicada e aperfeiçoamento do perfil lipídico. Além disso, observou-se impacto positivo na pressão arterial e possibilidade de redução ou retirada de medicamentos, inclusive insulina. No entanto, parte dos estudos indicou ausência de efeitos relevantes, sugerindo que a eficácia da dieta ainda depende de variáveis individuais e metodológicas. Conclui-se que a dieta low carb pode ser uma estratégia nutricional promissora no manejo do DM2, mas que ainda requer mais estudos com metodologia robusta e acompanhamento em longo prazo para fundamentar sua adoção como diretriz terapêutica.
Palavras-chave: Dieta Low Carb. Diabetes Mellitus Tipo 2. Nutrição Clínica. Estratégia Nutricional. Controle Glicêmico.
1 INTRODUÇÃO
O termo “low carb” deriva-se do inglês, e se refere a uma abordagem dietética na qual recomenda-se a restrição do consumo de carboidratos, de modo a aumentar a ingestão de proteínas e lipídios. Nesse caso, o consumo de alimentos que contenham carboidratos é variável, dependendo de diversos fatores, podendo chegar até a 200g/dia. No entanto, as dietas que adotam a estratégia de baixo carboidrato são muito heterogêneas com relação ao conteúdo e à qualidade desse macronutriente a ser consumido (Bolla et al, 2019; Sessa, 2019; Oliveira, 2022; Oh, 2025)
A estratégia “low carb” ganhou notoriedade a partir da década de 90, por meio da divulgação de seus benefícios e impactos positivos – em especial na perda de peso – realizada por alguns médicos e pesquisadores, como os norte-americanos Robert Atkins e Barry Sears. Porém, esses benefícios se estenderam para pacientes com Diabetes Mellitus (DM), em especial aqueles com o tipo 2, em relação ao controle da glicemia glicada, peso e níveis de lipídeos séricos. (Silva, 2022; Almeida, 2017)
Atualmente, DM2 é uma das síndromes metabólicas mais incidentes e prevalentes em todo o mundo. A prevalência de DM no Brasil é uma das mais elevadas do mundo e a maior da América Latina. Segundo a Federação Internacional de Diabetes, o país ocupa a 6ª posição global em número total de casos de pessoas com diabetes no geral. No Brasil, existem mais de 13 milhões de pessoas vivendo com a doença, o que representa 6,9% da população nacional (Sociedade Brasileira de Diabetes, 2024).
A necessidade de uma ingestão mais restrita de carboidratos se justifica em pacientes com Diabetes, considerando que seu uso excessivo pode promover ganho de peso por meio da estimulação da liberação de insulina, além de também fornecer menor saciedade (Landry, 2021).
Diversos estudos demonstram que mudanças do estilo de vida, incluindo àquelas relacionadas à prática de atividade física, o estímulo a uma alimentação adequada e saudável e redução do estresse, são capazes de reduzir a incidência de DM2 (Brasil, 2024).
Apesar da dieta de restrição de carboidratos ser indicada por diversos profissionais para pacientes com DM2, alguns acreditam ser essencial equilibrar o consumo dos macronutrientes, isto é, carboidratos, proteínas e lipídios da dieta, considerando que a quantidade a ser consumida variará de acordo com os objetivos e metas de cada um, de modo que nenhum grupo alimentar deve ser proibido. Preconiza-se que a ingestão de carboidratos não seja restringida, e sim adequada às necessidades nutricionais individuais. (Brasil, 2024).
Apesar dos gastos investidos todos os anos em tratamentos, ações de prevenção e promoção da saúde no contexto de Diabetes, o que se observa é que ainda o número de casos é alto e a tendência é exponencial. Além disso, poucas pessoas conseguem sucesso na reversão da doença. O uso de dietas low carb para esse público é ainda controverso, de modo ser necessário e importante aprofundar estudos sobre esse tema, bem como divulgá-las com base em evidências científicas que embasem a tomada de decisão.
Espera-se que, com a realização desta pesquisa, possa-se agregar material recente e crítica sobre o tema central à literatura científica, que servirá de subsídios para a prática clínica de nutricionistas imbuídos no propósito de promover a saúde dos pacientes sob seus cuidados nutricionais.
Dessa forma, esse estudo tem como objetivo analisar a produção científica sobre o impacto da dieta low carb em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2.
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Metodologia
O presente estudo trata-se de uma revisão integrativa da literatura, referente à produção científica sobre o impacto da dieta low carb em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2. Dessa forma, inicialmente foi determinado o tema da pesquisa e seguinte questão norteadora: Qual o impacto da dieta low carb em pacientes com Diabetes Mellitus tipo 2?
Para formular a questão norteadora dessa pesquisa, foi utilizada a estratégia PICO. No contexto da Prática Baseada em Evidências (PBE) devem ser utilizadas estratégias para avaliação da qualidade dos estudos que subsidiem a tomada de decisão na prática profissional (Santos, 2007). Nesse estudo, a população (P) corresponde aos pacientes com DM tipo 2; a intervenção (I) se refere ao uso da dieta low carb, mais especificamente a implementação dessa estratégia; e o desfecho (O) representa o impacto do uso dessa estratégia nos pacientes DM2, seja em melhoria no controle dos níveis glicêmicos e outros parâmetros de avaliação, bem como na melhoria da qualidade de vida. Nesse estudo, não se objetivou comparar o uso da estratégia low carb com nenhuma outra, e, portento, não há referência ao C, no acrônimo PICO, pois ele se refere a condição controle contra a qual será comparada à intervenção de interesse (Santos, 2007).
A busca foi realizada no PubMed – U.S. National Library of Medicine e na Biblioteca Virtual em Saúde (BVS), com acesso às bases de dados de interesse, tais como: Scientific Electronic Library Online (SciELO), Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS); Medical Literature Analysis and Retrieval System Online (MEDLINE), obedecendo aos seguintes critérios de inclusão: estudos no idioma português, inglês e espanhol, publicados nos últimos 5 anos, disponíveis na íntegra e gratuitamente e que pudessem responder a questão norteadora pré-definida. Foram incluídos estudos que abordassem o tema por meio de pesquisas experimentais (ensaios clínicos e estudos observacionais) e revisões sistemáticas ou meta-análises.
Foram excluídas as publicações duplicadas nas bases de dados, as que abordassem o emprego da dieta low carb em crianças/adolescentes e/ou em paciente com DM tipo 1; bem como protocolos e guidelines, e estudos de revisão de literatura com abordagem narrativa.
Para a localização dos artigos foram utilizados os descritores previamente consultados no DeCS – Descritores em Ciências da Saúde. Os mesmos descritores foram traduzidos para o idioma inglês, sendo definidos na plataforma MeSH (Medical Subject Headings) a fim de subsidiar a busca realizada no PubMed.
Na BVS, utilizando-se a estratégia de busca: (“Dieta Low Carb” OR “Dieta Pobre em Carboidratos” OR “Dieta Rica em Proteínas e Pobre em Carboidratos”) AND (“Diabetes Mellitus”) AND (“Diabetes Mellitus Tipo 2”) foram recuperados 15 artigos, restando-se 8, após aplicados os filtros. Foi excluída 1 publicação, por ser um protocolo e, portanto, ainda não apresentava resultados completos, restando 7 para leitura na íntegra; e que foram eleitos para compor a amostra final.
No PubMed, utilizando-se a estratégia de busca: “Low Carb Diet” OR “Carbohydrate-restricted diet” OR “High-protein and low-carbohydrate diet” AND “Diabetes Mellitus” AND “Diabetes Mellitus Tipo 2”, foram recuperadas 605 publicações. Após a triagem inicial pela aplicação dos filtros, foram identificadas 35 publicações, sendo excluídas 13 após lidos seus títulos e resumos, resultando em 22 publicações, que foram lidas na íntegra. Dessas, 3 estudos foram excluídos, por ser tratar de um guideline, de uma revisão de literatura narrativa, e o outro por não responder à questão da pesquisa, restando 19 publicações para análise.
Totalizaram-se 26 estudos, os quais compuseram a amostra final desta revisão. Toda a apresentação dos resultados do processo de seleção de estudos, foi feita utilizando o modelo fornecido pela declaração PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses), inicialmente publicado em 2009 e atualizado em 2020 (Page, 2022), que possui como objetivo auxiliar os autores a melhorarem o relato de revisões sistemáticas e meta-análises; entretanto, ele pode ser adaptado satisfatoriamente para auxiliar o relato de revisões integrativas (Hermont, 2021).
Após a seleção das publicações, as informações dos estudos foram sintetizadas em um quadro sinóptico, com a descrição das características das publicações e a identificação das variáveis de interesse a serem analisadas na etapa posterior.
Os estudos foram analisados e interpretados em relação ao seu conteúdo, concordância metodológica com a temática, bem como quanto ao nível de evidência, utilizando-se para tal a classificação proposta pela Evidence-based practice (Prática baseada em evidência), que descreve sete níveis de evidências: nível 1 – evidências provenientes de revisão sistemática ou metanálise; nível 2 – evidências de ensaio clínico randomizado controlado; nível 3 – evidências de ensaios clínicos sem randomização; nível 4 – evidências de estudos de coorte e de caso-controle; nível 5 – evidências de revisão sistemática de estudos descritivos e qualitativos; nível 6 – evidências derivadas de um único estudo descritivo ou qualitativo; nível 7 – evidências oriundas de opinião de autoridades e/ou relatório de comitês de especialistas. (Hermont, 2021). Os dados dos estudos foram analisados por meio da estatística descritiva simples.
Logo após, as informações coletadas das publicações foram interpretadas de forma descritiva, a partir da discussão dos conteúdos relativos ao impacto do uso da dieta low carb nos pacientes com DM2. Toda essa interpretação subsidiou a discussão e as conclusões da revisão integrativa, possibilitando desenvolver uma síntese narrativa.
2.2. Resultados
A amostra final dessa revisão integrativa da literatura constitui-se de 26 artigos publicados nas bases de dados científicas, principalmente no PubMed com 19 (73,1%) selecionados. Apenas 7 (26,9%) estudos captados na BVS atendeu aos critérios de inclusão.
A maioria dos artigos selecionados (88,5%) foi publicada em língua inglesa. Quanto à origem geográfica, observou-se predominância de publicações oriundas da Dinamarca (23,1%), seguidas pelos Estados Unidos (11,5%). Austrália, China, Japão, Portugal e Reino Unido apresentaram, cada um, 7,7% das publicações. Já o Brasil, Nova Zelândia, Canadá, Alemanha e Taiwan contribuíram individualmente com 3,8%. Ademais, 7,7% dos artigos resultaram de colaborações internacionais entre diversos países, não sendo possível atribuí-los a uma única localidade.
Quanto ao ano de publicação dos estudos selecionados, observa-se que houve maior concentração nos anos de 2020 e 2022, com 7 artigos cada (26,9%). Em 2024, foram identificados 3 artigos (11,5%), enquanto os anos de 2025 e 2023 contabilizaram, respectivamente, 2 (7,7%) e 1 artigo (3,8%). Esses dados evidenciam uma predominância de publicações nos últimos cinco anos, indicando o crescente interesse científico sobre o tema no período recente.
Em relação ao delineamento, destaca-se que, majoritariamente, os estudos foram Ensaios Clínicos Randomizados (60%), seguidos pelas Revisões Sistemáticas e/ou Meta-Análises (24%) e Estudos Observacionais (12%). Todos (100%) os estudos apresentaram alta qualidade metodológica, com elevados níveis de evidência, o que confere a essa revisão qualidade científica em relação aos resultados apresentados.
A maioria dos estudos analisados (70,4%) demonstrou que o uso da dieta low carb em pacientes com DM2 é positiva e seu uso é vantajoso, considerando a melhora nos parâmetros clínicos. Por outro lado, 8 estudos (29,6%) evidenciaram que o uso dessa estratégia não resultou em um impacto significativo em pacientes com DM2, necessitando, portanto, de novos estudos com evidências mais robustas com relação ao emprego da dieta restritiva em carboidratos.
Quanto aos temas abordados, a maioria dos estudos revelou que o impacto positivo da dieta low carb em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) está associado à melhora nos parâmetros de peso corporal (63%), índice de massa corporal (IMC) (41%), hemoglobina glicada (HbA1c) (74%) e controle glicêmico (89%). Além disso, observou-se uma melhora significativa nos marcadores de risco cardiovascular, como o perfil lipídico (63%) e a pressão arterial (26%). Apenas um estudo (4%) mencionou a melhora nos sintomas de depressão. Destaca-se que 30% dos estudos relataram como benefício a alteração nas doses de insulina, e 37% apontaram a redução ou até mesmo a retirada de medicações previamente utilizadas pelos pacientes.
Quadro 1 – Quadro Sinóptico: Caracterização dos estudos incluídos na revisão integrativa da literatura. Brasil, 2025 (n=26).
TÍTULO | AUTOR | OBJETIVO | RESULTADO |
Peso corporal de fatores de risco metabólicos em paciente com DM2 em uma dieta autoselecionada rica em proteínas e pobre em carboidratos. | Alzahrani, AH, Skytte, MJ, Samkani, A. et al. | Investigar mudanças fisiológicas durante um período adicional de 6 meses em uma dieta rica em proteínas e com redução de carboidratos (CRHP) auto selecionada e auto preparada. | Os resultados mostram que durante o período de dieta auto selecionada (24 semanas), o peso corporal, a gordura visceral, a gordura hepática e a hemoglobina glicada foram mantidos nos níveis alcançados no final do período de dieta totalmente fornecida. A insulinemia pós-prandial e a secreção de insulina aumentaram significativamente e glicemia diária diminuiu. |
Consequências cardiometabólicas dos carboidratos da dieta: reconciliando contradições usando geometria nutricional | Jibran A. Wali, et al. | Discutir as evidências de danos e benefícios atribuíveis a alta ingestão de carboidratos | A análise indicou que a quantidade e a qualidade dos carboidratos, em interação com outros macronutrientes, influenciam de forma significativa os desfechos cardiometabólicos, sendo dietas com baixo índice glicêmico e maior teor de fibras mais favoráveis. |
Ingestão de proteína na dieta e função cardiometabólica associada à obesidade | Fappi A, Mittendorfer B. | Revisar as últimas descobertas sobre o efeito da alta ingestão de proteína na saúde cardiometabólica | Embora uma dieta rica em proteína, pobre em carboidratos e com energia reduzida possa ter efeitos benéficos no peso corporal e na glicose plasmática, a ingestão habitual de alta proteína, sem restrição acentuada de carboidratos e energia, está associada ao aumento do risco de doença cardiometabólica, presumivelmente mediada pelas mudanças no meio hormonal após a ingestão de alta proteína. |
Efeitos de uma dieta rica em proteínas e com baixo teor de carboidratos altamente controlada em marcadores de modificações de ácidos nucleicos gerados oxidativamente e inflamação em participantes com peso estável e diabetes tipo 2; um ensaio clínico randomizado. | Skytte, MJ et al. | Comparar os efeitos de uma dieta rica em proteínas e com redução de carboidratos (CRHP) e uma dieta convencional para diabetes (CD) sobre o estresse oxidativo e aos parâmetros inflamatórios inflamação em indivíduos com peso estável com DM2. | Comparada com a dieta CD, a dieta CRHP aumentou a excreção urinária de 24 horas de 8-oxoGuo em 9,3% (38,6 ± 12,6 vs. 35,3 ± 11,0 nmol/24 h, p = 0,03), enquanto 8-oxodG não diferiu entre as dietas (24,0 ± 9,5 vs. 24,8 ± 11,1 nmol/24 h, p = 0,17). As alterações nos parâmetros inflamatórios plasmáticos não diferiram entre as dietas CRHP e CD, todas com p ≥ 0,2. |
Efeitos de uma dieta auto preparada com baixo teor de carboidratos e alta proteína sobre marcadores de risco de doenças cardiovasculares em pacientes com diabetes tipo 2 | Alzahrani A.H. et al. | Avaliar os efeitos de uma dieta auto preparada rica em proteínas e com baixo teor de carboidratos (CRHP) em marcadores de risco cardiovascular em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) | As concentrações de colesterol total e LDL em jejum, NEFA e TG em jejum e pós-prandial, e concentrações de apolipoproteína-B, PCR e TNF-α em jejum foram significativamente menores. após a ingestão da dieta auto preparada com baixo CHO. Uma diminuição significativa na frequência cardíaca diurna também foi observada. |
Um lanche de hora de dormir rico em proteínas e com baixo teor de carboidratos para controlar a glicemia de jejum e noturna no diabetes tipo 2: um ensaio randomizado | Abbie, E. et al. | Comparar os efeitos dos níveis de glicose plasmática em jejum em pessoas com diabetes tipo 2, quando em uso de lanche de hora de dormir rico em proteína e baixo teor de carboidratos (ovo), lanche de hora de dormir rico em proteína e alto teor de carboidratos (iogurte) ou uma condição de não lanche de hora de dormir. | No curto prazo, um lanche de hora de dormir com baixo teor de carboidratos (ovo) reduziu a glicemia de jejum e melhorou os marcadores de sensibilidade à insulina quando comparado a um lanche com alto teor de carboidratos e proteína (iogurte). No entanto, consumir um lanche de hora de dormir com baixo ou alto teor de carboidratos não pareceu reduzir a glicemia de jejum em comparação ao consumo de uma dieta isocalórica. |
Efeitos da restrição de carboidratos no manejo do diabetes mellitus: revisão de literatura científica | Campos, Laís Prado; Lobo, Lina Monteiro de Castro | Avaliar, por meio de uma revisão da literatura, evidências da utilização de dietas com restrição de carboidratos no manejo do diabetes mellitus (DM) | Os resultados dos estudos analisados mostram que pode haver uma grande vantagem na adoção da dieta low carb no manejo do DM e na prevenção de complicações da doença. Contudo, existem limitações nos estudos e pesquisas adicionais devem ser realizadas para configurar uma estratégia oficial no controle do DM. |
Dietas com baixo teor de carboidratos versus dietas balanceadas com carboidratos para redução de peso e risco cardiovascular | Naude CE, Brand A, Schoonees A, Nguyen KA, Chaplin M, Volmink J. | Comparar os efeitos de dietas de redução de peso com baixo teor de carboidratos com dietas de redução de peso com intervalos balanceados de carboidratos, em relação às mudanças no peso e no risco cardiovascular, em adultos com sobrepeso e obesos, sem e com diabetes mellitus tipo 2 (DM2) | Dietas com baixo teor de carboidratos e dietas com carboidratos balanceados têm efeitos semelhantes na perda de peso e na redução de fatores de risco cardiovascular em adultos com sobrepeso ou obesidade, independentemente da presença de diabetes tipo 2. |
Dietas para controle de peso em adultos com diabetes tipo 2: uma revisão abrangente de meta-análises publicadas e revisão sistemática de ensaios de dietas para remissão de diabetes | Churuangsuk C, Hall J, Reynolds A, Griffin SJ, Combet E, Lean MEJ. | Avaliar abordagens dietéticas para perda de peso e remissão em pessoas com diabetes tipo 2 para informar a prática e as diretrizes clínicas. | Após a substituição total da dieta com fórmulas de baixa energia, observou-se uma taxa de remissão mediana do DM2 de 54% após um ano. Quando substituído por dietas mediterrâneas verificou-se taxas de remissão de 11% e 15%, respectivamente. Dietas cetogênicas/muito baixas em carboidratos e dietas alimentares de muito baixa energia, indicam taxas de remissão de 20% e 22%, respectivamente, porém com risco de viés e baixa certeza nas evidências. |
Uma dieta pobre em carboidratos à base de amêndoas melhora a depressão e o glicometabolismo em pacientes com diabetes tipo 2 por meio da modulação da microbiota intestinal e do GLP-1: um ensaio clínico randomizado | Ren M, Zhang H, Qi J, Hu A, Jiang Q, Hou Y, Feng Q, Ojo O, Wang X | Determinar o efeito de uma LCD à base de amêndoa (a-LCD) na depressão e no glicometabolismo, bem como na microbiota intestinal e no peptídeo semelhante ao glucagon 1 (GLP-1) em jejum em pacientes com DM2. | Participantes que seguiram dieta low carb apresentaram uma redução significativa nos sintomas depressivos em comparação com o grupo controle, além de melhora significativa nos níveis de glicemia e outros marcadores metabólicos no grupo da a-LCD. O uso da dieta resultou em alterações benéficas na composição da microbiota intestinal, com aumento de bactérias associadas à saúde metabólica., bem como aumento nos níveis de GLP-1 em jejum, hormônio relacionado à regulação do apetite e controle glicêmico. |
Dietas muito pobres em carboidratos (cetogênicas) no diabetes tipo 2: uma revisão sistemática e meta-análise de ensaios clínicos randomizados | Parry-Strong A, Wright-McNaughton M, Weatherall M, Hall RM, Coppell KJ, Barthow C, Krebs JD | Estimar o efeito dessas dietas muito pobres em carboidratos (cetogênicas) nos pacientes com diabetes tipo 2 | As evidências limitadas não identificam se há uma vantagem maior em adotar uma VLC/KD em comparação com outras estratégias. Estudos mais bem projetados, levando em consideração a ingestão de energia, avaliação mais detalhada da qualidade dos nutrientes, ajustes de medicamentos e níveis de atividade física, com resultados em ≥24 meses são necessários para fornecer evidências mais certas de benefício ou dano. |
Efeitos de uma intervenção dietética com baixo teor de carboidratos na hemoglobina A1c: um ensaio clínico randomizado | Dorans KS, Bazzano LA, Qi L, He H, Chen J, Appel LJ, Chen CS, Hsieh MH, Hu FB, Mills KT, Nguyen BT, O’Brien MJ, Samet JM, Uwaifo GI, He J | Estudar o efeito de uma intervenção comportamental promovendo uma dieta pobre em carboidratos em comparação com a dieta usual nas alterações de 6 meses na HbA1c entre indivíduos com HbA1c elevada não tratada. | Após o uso de uma dieta pobre em CHO, a HbA1c média foi de 6,16% (0,30%). Comparado com o grupo de dieta habitual, o grupo de intervenção significativamente maiores em 6 meses na HbA1c (diferença líquida, -0,23%; IC de 95%, -0,32% a -0,14%; P < 0,001), glicemia de jejum (-10,3 mg/dL; IC de 95%, -15,6 a -4,9 mg/dL; P < 0,001) e peso corporal (-5,9 kg; IC de 95%, -7,4 a -4,4 kg; P < 0,001), mostrando benefícios do uso dessa estratégia em pacientes com DM2. |
A restrição de carboidratos na dieta aumenta as melhorias induzidas pela perda de peso no controle glicêmico e na gordura hepática em indivíduos com diabetes tipo 2 um ensaio clínico randomizado | Thomsen MN, Skytte MJ, Samkani A, Carl MH, Weber P, Astrup A, Chabanova E, Fenger M, Frystyk J, Hartmann B, Holst JJ, Larsen TM, Madsbad S, Magkos F, Thomsen HS, Haugaard SB, Krarup T. | Avaliar se a restrição de carboidratos aumenta os efeitos metabólicos benéficos da perda de peso no diabetes tipo 2. | Após a ingestão de uma dieta pobre em CHO, o peso corporal diminuiu em 5,8 kg (5,9%) em ambos os grupos após 6 semanas. Comparado com a dieta CD, a dieta CRHP reduziu ainda mais a HbA 1c (-1,9 [-3,5, -0,3] mmol/mol [-0,18 (-0,32, -0,03) e a glicose média diurna (0,8 [-1,2, -0,4] mmol/l, estabilizou as excursões de glicose reduzindo o CV da glicose -4,1 [-5,9, -2,2]%, e aumentou as reduções na concentração de triacilglicerol em jejum (pela média -18 [-29, -6]%, e no conteúdo de gordura do fígado (pela média -26 [-45, 0]%). As concentrações de glicose em jejum, insulina, HOMA2-IR e colesterol (total, LDL e HDL) foram reduzidas significativamente e de forma semelhante por ambas as dietas. |
Dietas com baixo teor de carboidratos para adultos com diabetes tipo 2 | Singh M, Hung ES, Cullum A, Allen RE, Aggett PJ, Dyson P, Forouhi NG, Greenwood DC, Pryke R, Taylor R, Twenefour D. | Avaliar sistematicamente as evidências científicas sobre dietas “com baixo” teor de carboidratos | Não houve diferença em eventos adversos entre dietas com baixo e alto teor de carboidratos, mas a duração do estudo não se estendeu além de 12 meses na maioria dos ECR primários. |
Um ensaio clínico randomizado controlado de restrição terapêutica de carboidratos e energia liderada por farmacêuticos em diabetes tipo 2 | Durrer C, McKelvey S, Singer J, Batterham AM, Johnson JD, Gudmundson K, Wortman J, Little JP. | Avaliar o efeito de uma dieta com baixo teor de carboidratos (<50 g) e restrição calórica (~850-1100 kcal/dia; Pharm-TCR; n = 98) em comparação ao tratamento usual (TAU; n = 90), administrado por farmacêuticos comunitários, no uso de medicamentos para redução da glicose, saúde cardiometabólica e qualidade de vida relacionada à saúde. | Após o uso da dieta low carb, em 12 semanas, 35,7% dos participantes no grupo Pharm-TCR estavam completamente sem todos os medicamentos para redução da glicose, em comparação com 0% no grupo TAU. Dentro do grupo Pharm-TCR, 17,3% dos participantes atingiram uma HbA1c de < 6,5% e não estavam tomando nenhum medicamento para redução da glicose, em comparação com 0% no grupo TAU. |
Oito semanas de exercícios intermitentes em hipóxia, com ou sem dieta pobre em carboidratos, melhora a massa óssea e a capacidade funcional e fisiológica em adultos mais velhos com diabetes tipo 2 | Kindlovits R, Sousa AC, Viana JL, Milheiro J, Oliveira BMPM, Marques F, Santos A, Teixeira VH. | Investigar os efeitos de EH combinados com um LCD na composição corporal e capacidade funcional e fisiológica em pacientes com DM2. | O índice de massa corporal (kg/m 2 ) e a gordura corporal (%) diminuíram em todos os grupos. O BMC (kg) aumentou em todos os grupos e foi significativamente maior nos grupos EH e EH + LCD. A capacidade funcional aumentou em todos os grupos, mas mais no grupo EH no TC6 EH com e sem LCD é uma estratégia terapêutica para melhorar a massa óssea em DM2, que está associada a melhorias cardiorrespiratórias e funcionais. |
Avaliação do potencial terapêutico do exercício em hipóxia e dieta pobre em carboidratos e rica em gordura no tratamento da hipertensão em pacientes idosos com diabetes tipo 2: uma nova abordagem de intervenção | Kindlovits R, Sousa AC, Viana JL, Milheiro J, Oliveira BMPM, Marques F, Santos A, Teixeira VH. | Avaliar os efeitos de uma intervenção de EH normobárica de oito semanas a 3000 m de altitude simulada combinada com uma dieta LCHF nos perfis hematológico e lipídico, inflamação e pressão arterial em pacientes idosos com DM2 e HTN. | A pressão arterial diminuiu após a intervenção, sem diferenças significativas entre os grupos (PAS: p = 0,151; PAD: p = 0,124; PAM: p = 0,18). Não foram observadas diferenças no perfil lipídico ou nos níveis de proteína C-reativa. A hemoglobina corpuscular média (HCM) aumentou no grupo EH enquanto diminuiu no grupo EH+LCHF. |
Uma dieta com baixo teor de carboidratos possibilita a retirada de medicamentos: uma possível oportunidade para um controle glicêmico eficaz | Yuxin Han, Bingfei Cheng, Yanjun Guo, Qing Wang, Nailong Yang, Peng Lin | Investigar os efeitos de uma dieta com baixo teor de carboidratos no controle glicêmico e na possibilidade de redução ou interrupção do uso de medicamentos em pacientes com diabetes tipo 2. | Os pacientes que seguiram a dieta com baixo teor de carboidratos apresentaram melhora significativa no controle glicêmico, com alguns conseguindo reduzir ou interromper o uso de medicamentos para diabetes. |
Uma intervenção de dieta com baixo teor de carboidratos baseada na web melhora significativamente o controle glicêmico em adultos com diabetes tipo 2: resultados do estudo randomizado controlado | Jedha Dening, Mohammadreza Mohebbi, Gavin Abbott, Elena S. George, Kylie Ball, Sheikh Mohammed Shariful Islam | Avaliar a eficácia de uma intervenção dietética com baixo teor de carboidratos, baseada na web, no controle glicêmico de adultos com diabetes tipo 2. | A intervenção baseada na web resultou em melhorias significativas no controle glicêmico dos participantes, demonstrando a eficácia de programas online de dieta com baixo teor de carboidratos para adultos com diabetes tipo 2. |
Pesquisa alimentar de indivíduos japoneses com diabetes mellitus tipo 2 em dieta com baixo teor de carboidratos: um estudo observacional | Sakiko Inaba, Tomomi Shirai, Mariko Sanada, Hiroyuki Miyashita, Gaku Inoue, Taichi Nagahisa, Noriaki Wakana, Kazuhiro Homma, Naoto Fukuyama, Satoru Yamada | Investigar os hábitos alimentares de indivíduos japoneses com diabetes tipo 2 que seguem uma dieta com baixo teor de carboidratos e avaliar a adequação nutricional dessa abordagem dietética. | Os participantes que seguiram uma dieta com baixo teor de carboidratos apresentaram uma ingestão reduzida de carboidratos e aumentada de proteínas e gorduras. A ingestão de micronutrientes variou, com alguns nutrientes abaixo das recomendações diárias, indicando a necessidade de monitoramento nutricional adequado. |
Efeitos distintos do momento da ingestão de carboidratos na flutuação da glicose e no metabolismo energético em pacientes com diabetes tipo 2: um estudo controlado randomizado | Yasufumi Enyama, Yumie Takeshita, Takeo Tanaka, Saori Sako, Takehiro Kanamori, Toshinari Takamura | Investigar os efeitos do horário de ingestão de carboidratos sobre a flutuação glicêmica e o metabolismo energético em pacientes com diabetes tipo 2. | Os resultados indicaram que o momento da ingestão de carboidratos influencia significativamente a flutuação da glicose e o metabolismo energético em pacientes com diabetes tipo 2, sugerindo que ajustes no horário das refeições podem ser benéficos para o controle glicêmico. |
A conversão de pré-diabetes para normoglicemia é superior à adição de uma dieta com baixo teor de carboidratos e déficit energético à intervenção no estilo de vida – uma subanálise de 12 meses do estudo ACOORH | Martin Röhling, Kerstin Kempf, Winfried Banzer, Aloys Berg, Klaus-Michael Braumann, Susanne Tan, Martin Halle, David McCarthy, Michel Pinget, Hans-Georg Predel, Jürgen Scholze, Hermann Toplak, Stephan Martin | Avaliar a eficácia de adicionar uma dieta com baixo teor de carboidratos e déficit energético à intervenção no estilo de vida para converter o pré-diabetes em normoglicemia ao longo de 12 meses. | A adição da dieta com baixo teor de carboidratos e déficit energético à intervenção no estilo de vida resultou em uma taxa significativamente maior de conversão do pré-diabetes para normoglicemia após 12 meses, em comparação com a intervenção no estilo de vida isolada. |
Efeito de uma dieta com baixo teor de carboidratos de 90 g/dia no controle glicêmico, lipoproteína de baixa densidade pequena e densa e espessura íntima-média da carótida em pacientes diabéticos tipo 2: um ensaio clínico randomizado de 18 meses | Chin-Ying Chen, Wei-Sheng Huang, Hui-Chuen Chen, Chin-Hao Chang, Long-Teng Lee, Heng-Shuen Chen, Yow-Der Kang, Wei-Chu Chie, Chyi-Feng Jan, Wei-Dean Wang, Jaw-Shiun Tsai | Avaliar os efeitos de uma dieta com restrição de carboidratos (90 g/dia) sobre o controle glicêmico, partículas de LDL pequenas e densas e a espessura médio-intimal da carótida em pacientes com diabetes tipo 2 ao longo de 18 meses. | A dieta com baixo teor de carboidratos resultou em melhorias significativas no controle glicêmico, redução das partículas de LDL pequenas e densas e diminuição da espessura médio-intimal da carótida, indicando benefícios cardiovasculares em pacientes com DM2. |
Lipídios circulantes em homens com diabetes tipo 2 após 3 dias de dieta sem carboidratos versus 3 dias de jejum | Frank Q. Nuttall, Rami M. Almokayyad, Mary C. Gannon | Comparar os efeitos de uma dieta sem carboidratos versus jejum completo por três dias nos níveis de lipídios circulantes em homens com diabetes tipo 2. | Ambas as intervenções resultaram em alterações nos níveis de lipídios circulantes. O jejum completo levou a uma redução mais significativa nos níveis de triglicerídeos e colesterol total em comparação com a dieta sem carboidratos. |
A substituição de carboidratos da dieta por proteínas e gorduras melhora o perfil de subclasses de lipoproteínas e a gordura hepática no diabetes tipo 2, independentemente do peso corporal: evidências de 2 ensaios clínicos randomizados | Mads N. Thomsen, Mads J. Skytte, Amirsalar Samkani, Philip Weber, Mogens Fenger, Jan Frystyk, Elizaveta Hansen, Jens J. Holst, Sten Madsbad, Faidon Magkos, Henrik S. Thomsen, Rosemary L. Walzem, Steen B. Haugaard, Thure Krarup | Investigar se a substituição moderada de carboidratos por proteínas e gorduras na dieta melhora o perfil de subclasses de lipoproteínas e reduz a gordura hepática em pacientes com diabetes tipo 2, independentemente da perda de peso. | A dieta CRHP reduziu significativamente as lipoproteínas ricas em triacilglicerol (TRL) e LDL pequenas e densas, além de aumentar as HDL2/HDL3, em comparação com a dieta CD. Além disso, houve uma redução mais pronunciada na gordura hepática intra-hepática com a dieta CRHP, e essas mudanças correlacionaram-se diretamente com as alterações nas TRL e LDL pequenas e densas. |
Efeitos da contagem básica de carboidratos versus cuidados dietéticos padrão para controle glicêmico em diabetes tipo 2 (The BCC Study): um ensaio clínico randomizado e controlado | Bettina Ewers, Martin B. Blond, Jens M. Bruun, Tina Vilsbøll | Examinar a eficácia de um programa estruturado de contagem básica de carboidratos (BCC) como complemento ao cuidado dietético padrão no controle glicêmico de indivíduos com diabetes tipo 2. | Após a intervenção, HbA1c mudou de -5 mmol/mol no grupo BCC e -3 mmol/mol no grupo de cuidado padrão, com uma diferença estimada de tratamento de -2 mmol/mol. A MAGE mudou -16% no grupo BCC e -3% no grupo de cuidado padrão, com uma diferença estimada de tratamento de -14%. Os resultados do estudo mostram que a intervenção de contagem básica de carboidratos não resultou em melhorias significativas no controle glicêmico, medido pela hemoglobina glicada (HbA1c), em comparação com o cuidado dietético padrão após 12 meses. |
2.3 – Discussão
O Diabetes é uma condição na qual o corpo não produz insulina suficiente para regular os níveis de glicose no sangue e a insulina produzida não funciona de forma eficaz. Existem dois tipos principais de diabetes: o Diabetes tipo 1 (DM1) e Diabetes tipo 2 (DM2). Esse último ocorre como resultado da redução da secreção de insulina pelas células beta e aumento da resistência à insulina. Existem vários fatores de risco não modificáveis associados ao desenvolvimento dessa patologia, como idade, histórico familiar e etnia; porém, cerca de 80–85% do risco de um indivíduo desenvolver essa doença, está associado à obesidade, considerado um fator de risco modificável, especialmente com a mudança de estratégia alimentar e de estilo de vida (Singh M. et. Al., 2022)
Estudos mostram que uma combinação de dieta com baixo teor de carboidratos e déficit energético com mudanças no estilo de vida é mais eficaz na reversão do pré-diabetes para normoglicemia do que quando se aplicam mudanças no estilo de vida isoladas. (Röhling M, 2021)
O DM2 atualmente é um problema de saúde pública mundial, e estratégias alimentares para seu controle e manejo são consideradas emergenciais e essenciais para a melhoria da qualidade de vida, prevenção de complicações da doença e redução as taxas de mortalidade relacionadas a essa patologia. Dentre essas estratégias, pode-se citar a redução do consumo de carboidratos, que são uma importante fonte de energia alimentar.
De uma maneira geral, os carboidratos normalmente fornecem 45–70% da energia na dieta humana, com quantidades menores provenientes de gordura e proteína. A recomendação atual da Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO) em seu relatório sobre ‘Dieta e Prevenção de Doenças Crônicas’, é que os indivíduos consumam entre 55–75% da energia diária de carboidratos, 15–30% de energia de gordura e 10–15% de energia de proteína. (Jibran A. W, et al., 2021)
No entanto, apesar de os carboidratos serem considerados a principal fonte de energia, eles não são formalmente considerados um nutriente essencial para os seres humanos. O papel dos carboidratos na saúde e na doença, em especial no DM2, ainda continua controverso em diversas pesquisas, e algumas evidências epidemiológicas recentes associam o seu alto consumo a problemas de saúde cardiometabólica. (Jibran A. W, et al., 2021)
Sabe-se que no DM2, a resistência à insulina do fígado e a produção excessiva de glicose hepática resultam em glicemia de jejum elevada, isto é, a hiperglicemia (Abbie, E. et al., 2020). Dessa forma, A American Diabetes Association (ADA), em suas recomendações mais recentes sugerem dietas com baixo teor de carboidratos e muito baixo teor de carboidratos como uma estratégia de tratamento viável para alguns indivíduos com DM2, com o objetivo de melhorar hiperglicemia (Alzahrani A.H., 2020).
Embora haja variação entre estudos e autoridades, no consenso publicado pela ADA em 2019, definiu-se low carb como sendo uma dieta contendo entre 26 e 50% do valor energético proveniente de carboidratos, e very low carb aquelas contendo de 20 a 50 g/dia de carboidratos ou menos que 26% do valor energético derivado de carboidratos (Campos, L.P., Lobo, L.M.C., 2020)
Os resultados dessa revisão demonstram que as dietas de baixo carboidrato podem representar benefícios para os pacientes com DM2, em especial sob a melhora de alguns parâmetros, entre eles: alteração de peso, IMC e Hb1Ac, melhora da pressão arterial, controle glicêmico, perfil lipídico, marcadores de risco cardiovascular e alteração nas doses de insulina, redução e até mesmo retirada da medicação utilizadas.
Observou-se que em 20 estudos, os autores destacaram vantagens significativas com relação ao uso dessa estratégia alimentar em pacientes com DM2. Por outro lado, em 06 publicações, os resultados não demonstraram representar uma grande vantagem de dietas com restrição de carboidrato nesses pacientes considerando as baixas evidências e resultados pouco contundentes ou até mesmo inexpressivos.
Alguns estudos epidemiológicos analisados em uma meta-análise, associaram o alto consumo de carboidratos com o aumento do risco de mortalidade, principalmente pela sua relação com a obesidade. Sabe-se que O DM2 está intimamente ligado ao aumento do índice de massa corporal (IMC) e à obesidade, de modo que a perda de peso é essencial para o gerenciamento do estilo de vida dessa doença. (Jibran A. W, et al., 2021; Alzahrani A.H., 2020).
Entre os estudos analisados destacam-se o impacto positivo da dieta low carb em pacientes com DM2, considerando que a substituição de carboidratos dietéticos por proteína e gordura tem efeitos benéficos em vários marcadores de risco cardiovascular em pacientes com a doença. O impacto da dieta low carb em pacientes com DM2, pode ser vantajoso, especialmente no manejo da doença, como na prevenção de suas complicações. Verificou-se que a estratégia alimentar com baixo teor de carboidratos, levou a uma redução das concentrações de colesterol total e LDL em jejum, NEFA (ácidos graxos não esterificados) e TG (triacilglicerol) em jejum e pós-prandial, além de uma diminuição significativa na frequência cardíaca diurna, associada a um aumento nas concentrações de colesterol HDL. (Campos, L.P., Lobo, L.M.C., 2020; Alzahrani A.H., 2020; Chen CY, et al, 2020; Nuttall FQ, 2020; Thomsen M.N, 2025).
Um ensaio clínico randomizado, demonstrou que o uso da intervenção dietética com baixo teor de carboidratos reduziu a glicemia em indivíduos com HbA1c elevada (redução de -10,3 mg/dL na glicemia, e -0,23% na glicada), mesmo naqueles indivíduos que não estavam sob uso de medicamentos para a DM2. Verificou-se também redução do peso corporal (-5,9 kg), confirmando que esta dieta, se mantida a longo prazo, pode ser uma abordagem dietética útil para prevenir e tratar DM2 (Dorans K.S. et al, 2022)
Dietas com baixo carboidrato, melhoram o perfil glicêmico e lipídico, e reduzem a pressão arterial bem como levam à descontinuação da medicação ou redução da dose em indivíduos com DM2. Para esse autor, as dietas “cetogênicas” que normalmente fornecem <10% da energia diária de carboidratos (20–50 g/dia), são ricas em gordura (>60% de energia) e fornecem a energia restante de proteínas, quando utilizadas de maneira correta, pronunciam ainda mais os benefícios da restrição desse macronutriente. Verifica-se que a escassez de carboidratos leva à produção de corpos cetônicos (de gordura alimentar e gordura corporal) que são usados como combustível metabólico por vários tecidos do corpo. (Jibran A. W, et al., 2021).
Outra pesquisa analisada demonstrou que o uso de dieta com baixo teor de carboidrato aumentou a insulinemia pós-prandial e a secreção de insulina significativamente e glicemia diária diminuiu. Além disso, houve melhora nos parâmetros do peso corporal, gordura visceral, gordura hepática e hemoglobina glicada, demonstrando o impacto positivo do uso dessa estratégia em pacientes com DM2. (Alzahrani, AH, Skytte, MJ, Samkani, A. et al., 2021). Um outro ensaio clínico randomizado analisado, demonstrou resultados semelhantes com o uso da estratégia low carb, como redução do controle glicêmico e níveis de triacilglicerol circulante e intra-hepáticos, bem como do peso dos pacientes (5,8 kg (5,9%)) que utilizaram essa dieta por pelo menos 6 semanas (Thomsen M.N. et al., 2022)
Dessa forma, as evidências sugerem efeitos benéficos de dietas com baixo teor de carboidratos para alguns desfechos (como por exemplo, HbA1c, glicemia de jejum, TAG sérico) a curto prazo (até 6 meses); sendo ainda necessário mais estudos que comprovem benefícios sugeridos para além desse período (Singh M. et. Al., 2022)
A adoção de uma dieta de baixo carboidrato à base de amêndoas também melhorou sintomas de depressão e do metabolismo glicêmico em pacientes com DM2, possivelmente através da modulação positiva da microbiota intestinal, com aumento de bactérias associadas à saúde metabólica. Além disso, a dieta low carb pode aumentar os níveis de GLP-1. Em jejum, que é hormônio relacionado à regulação do apetite e controle glicêmico, impactando inclusive, na perda de peso. (Ren M., 2020)
O impacto do uso da dieta low carb em pacientes com DM2, foi demonstrado inclusive, com a resultados que apontam para a remissão da doença e redução do uso de medicamentos. Programas em fase inicial de substituição total da dieta com fórmulas de baixa energia, obtiveram uma taxa de remissão mediana de 54% após um ano. Outros programas, com substituições de refeições e dietas mediterrâneas, apresentaram taxas de remissão de 11% e 15%, respectivamente. Em relação ao emprego das dietas cetogênicas, muito baixas em carboidratos e dietas alimentares de muito baixa energia, evidenciou taxas de remissão de 20% e 22%, respectivamente. (Churuangsuk C., 2022). Observou-se também em outros dois estudos, melhora efetiva dos resultados de saúde cardiometabólica, ao mesmo tempo em que possibilitou a redução ou interrupção de medicamentos redutores de glicose, com segurança, em pacientes com DM2 (Durrer C., 2021; Han Y, et. al, 2021)
Além disso, dietas com baixo consumo de carboidrato, podem reduzir o peso, mediada principalmente por seu alto teor de proteína. Porém, quando a ingestão de carboidratos não é significativamente reduzida, a ingestão rica em proteínas geralmente não altera a glicose plasmática e aumenta as concentrações de insulina e glucagon. (Jibran A. W, et al., 2021; Fappi A, Mittendorfer B., 2020)
Nesse caso, é importante destacar que apesar de uma dieta rica em proteína e com baixo consumo de carboidratos possa ter efeitos benéficos no peso corporal e na glicose plasmática, a ingestão habitual de alta proteína, sem restrição acentuada de carboidratos e energia, está associada ao aumento do risco de doença cardiometabólica. Essa consequência pode estar relacionada com as mudanças ocasionadas no meio hormonal após a ingestão de alta proteína. Sabe-se que a ingestão de proteínas provoca uma resposta metabólica coordenada, estimulando a secreção de glucagon e insulina e dessa, forma, podendo prejudicar a ação da insulina no metabolismo da glicose, o que previne a hipoglicemia após a ingestão de proteínas. (Fappi A, Mittendorfer B., 2020)
Por outro lado, alguns estudos analisados demonstraram não haver impactos muito divergentes utilizando-se uma dieta com pouco carboidrato e outra com a inserção desse carboidrato de maneira balanceada.
Um ensaio clínico randomizado que analisou os efeitos de uma dieta rica em proteínas e com redução de carboidratos (CRHP) e uma dieta convencional para diabetes (CD) sobre o estresse oxidativo e a inflamação em indivíduos com peso estável com DM2, concluiu que as alterações nos parâmetros inflamatórios plasmáticos não diferiram entre as dietas CRHP e CD, e, portanto, são necessários ainda, estudos futuros que demonstrem um real benefício da redução desse macronutriente na dieta de pessoas com DM2 (Skytte, M.J., 2022)
Outro estudo, utilizando a mesma metodologia, comprovou que a incorporação da contagem básica de carboidratos como componente suplementar ao cuidado dietético padrão não resultou em melhorias significativas no controle glicêmico em pacientes com DM2 (Ewers B., 2024)
Essas conclusões, corroboram uma meta-análise analisada que demonstrou que dietas com baixo teor de carboidratos e dietas com carboidratos balanceados têm efeitos semelhantes na perda de peso e na redução de fatores de risco cardiovascular em adultos com sobrepeso ou obesidade, independentemente da presença de diabetes tipo 2, tanto no curto quanto no longo prazo; não demonstrando vantagens extras no uso de dietas low carb para esse público (Naude, C.E. et.al, 2022).
Dois estudos que analisaram a combinação de exercícios aeróbicos e de força realizados em hipóxia com dietas restritivas de carboidratos, concluiram que o uso dessa estratégia não forneceu benefícios adicionais na pressão arterial em pacientes com DM2, bem como não foram observadas diferenças no perfil lipídico ou nos níveis de proteína C-reativa (Kindlovits R. et al, 2024; Kindlovits R. et al, 2025)
Um meta-análise realizada para avaliar o papel da adoção de dietas muito baixas em carboidratos (cetogênicas) no gerenciamento de pré-diabetes e diabetes tipo 2 (T2D) em comparação com outras estratégias, demonstrou que as evidências em relação aos seus benefícios ainda é limitada; e portanto, são necessários estudos mais bem projetados, levando em consideração a ingestão de energia, avaliação mais detalhada da qualidade dos nutrientes, ajustes de medicamentos e níveis de atividade física, com resultados acima de 24 meses para fornecer evidências mais robustas de benefício ou dano do uso dessa estratégia. (Parry-Strong A., 2022)
Em relação a dieta a ser utilizada em pacientes com DM2 antes de dormir, um estudo demonstrou que a curto prazo, um lanche de hora de dormir com baixo teor de carboidratos (ovo) pode reduzir a glicemia de jejum e melhorar os marcadores de sensibilidade à insulina quando comparado a um lanche de hora de dormir com alto teor de carboidratos e proteína, como iogurte, por exemplo. Porém, para os autores, consumir um lanche de hora de dormir com baixo ou alto teor de carboidratos não pareceu reduzir a glicemia de jejum em comparação ao consumo de uma dieta isocalórica sem lanche de hora de dormir. (Abbie, E. et al., 2020)
Por fim, nessa revisão, a maioria dos resultados dos estudos analisados mostram que pode haver uma grande vantagem na adoção desta estratégia alimentar no manejo do DM e na prevenção de complicações da doença. Contudo é essencial que o nutricionista busque a melhor estratégia para seu paciente, analisando os efeitos e interações entre diferentes tipos de carboidratos, por meio de uma abordagem multinutriente, bem como monitorando as mudanças nas necessidades nutricionais ao longo do curso da vida e desenvolvendo dietas terapêuticas que possam otimizar resultados de saúde específicos. (Jibran A. W, et al., 2021). É essencial estar atento e garantir a adequação nutricional com o uso dessa estratégia, considerando que com a restrição de carboidratos, alguns nutrientes podem estar abaixo das recomendações diárias, indicando a necessidade de monitoramento nutricional adequado a fim de evitar deficiências de micronutrientes (Inaba S., et al, 2023)
O nutricionista deve utilizar estratégias metodológicas diferentes, como os programas online de dieta através de intervenções dietéticas com baixo teor de carboidratos, administradas via web, que podem melhorar significativamente o controle glicêmico em adultos com DM2 (Dening J. et al, 2023)
Além disso, é imperioso que o nutricionista oriente o melhor momento do consumo de carboidratos, mesmo em dietas com restrição desse macronutriente, pois sua ingestão influencia significativamente a flutuação da glicose e o metabolismo energético em pacientes com DM2, sugerindo que ajustes no horário das refeições podem ser benéficos para o controle glicêmico (Enyama Y, et. al, 2021)
É essencial levar em consideração também que ainda não se sabe se esses benefícios podem ser mantidos a longo prazo, em condições mais reais (isto é, com os próprios indivíduos preparando suas dietas) e menos exigentes em recursos. (Alzahrani A.H., 2020). Acredita-se os efeitos benéficos são mantidos ou aumentados ao longo prazo quando os pacientes auto selecionam e auto preparam essa dieta em um ambiente com suporte de nutricionista (Alzahrani, AH, Skytte, MJ, Samkani, A. et al., 2021)
Assim, antes de tomar a decisão clínica, é necessário pesquisar e buscar a melhor evidência, considerando que falhas na metodologia dos estudos podem levar a conclusões contraditórias sobre o impacto metabólico dos carboidratos. (Jibran A. W, et al., 2021). Deve-se considerar que há diferenças nas ingestões de proteína e gordura nas dietas com baixo teor de carboidrato, bem como na qualidade dos macronutrientes dietéticos inseridos, que podem impactar de maneira divergente nos resultados das pesquisas e, portanto, devem ser melhor exploradas em estudos futuros (Thomsen M.N. et al, 2022)
Dessa forma, os estudos recomendam que novas pesquisas sejam realizadas para que se possa comprovar com mais assertividade os benefícios dessa estratégia no manejo do DM2. (Dorans K.S. et al, 2022)
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo permitiu analisar o impacto da utilização de dietas com restrição de carboidratos em pacientes com diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Conclui-se que a adoção de dietas com baixos teores de carboidratos apresenta efeitos positivos sobre diversos parâmetros metabólicos, especialmente na redução do peso corporal e na consequente adequação do índice de massa corporal (IMC), bem como benefícios relevantes quanto à redução da hemoglobina glicada (HbA1c) e da glicemia de jejum. Essa estratégia alimentar contribui para a melhora dos marcadores do perfil lipídico (LDL e HDL) e da pressão arterial.
Tais resultados, provenientes de ensaios clínicos e meta-análises — delineamentos metodológicos de elevado nível de evidência —, reforçam a eficácia da dieta com baixo teor de carboidratos na prevenção das complicações crônicas do DM2., inclusive redução ou até retirada de medicamentos, incluindo a insulina, bem como na possibilidade de remissão do DM2, a depender da manutenção, a longo prazo, da normalidade dos marcadores glicêmicos.
Entretanto, embora a maioria dos estudos revele vantagens significativas da dieta low carb em paciente com DM2, algumas pesquisas não apresentaram diferenças expressivas em relação a outras estratégias alimentares mais balanceadas, reforçando a necessidade de novas investigações que considerem variáveis como a quantidade ideal de carboidrato, horários de ingestão e duração da intervenção. Apesar dos resultados promissores, ainda existem lacunas metodológicas importantes, especialmente no que se refere ao acompanhamento em longo prazo. Portanto, mais estudos bem delineados são necessários para validar essa estratégia como uma diretriz oficial no manejo nutricional do DM2.
Espera-se que esta pesquisa contribua para a reflexão e o aprofundamento da discussão sobre o uso da dieta com restrição de carboidratos em pacientes com DM2, incentivando a construção de recomendações clínicas baseadas em evidências robustas e atualizadas.
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1Karina Fontanella Alcoforado: Acadêmica de nutrição. Faculdade Estácio
2Enfermeira, mestre em enfermagem, especialista em saúde da família e enfermagem do trabalho. Docente no curso de enfermagem PUC-Minas.
3Enfermeira, mestre em enfermagem, especialista em terapia intensiva e nefrologia, efetiva no SAMU-BH há 14 anos e presidente da comissão de ética.Contato:tatianabedran@yahoo.com
4Acadêmica de nutrição. Faculdade Estácio