IMPACTO DA ATIVIDADE FÍSICA COMO FERRAMENTA TERAPÊUTICA NO TRATAMENTO DE DOENÇAS CRÔNICAS, COM ÊNFASE EM DIABETES MELLITUS TIPO 2, HIPERTENSÃO ARTERIAL E DOENÇAS CARDIOVASCULARES

REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/ni10202505252101


Jane Casimiro Lopes Conceição
Coautores:
Juliana Ferreira Ura Berlanga
Maraísa do Nascimento
Liliane Trivellato Grassi


RESUMO

A atividade física é reconhecida como uma ferramenta terapêutica eficaz no tratamento de doenças crônicas, como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares. Este estudo analisou a relação entre a prática regular de exercícios físicos e a melhora dos indicadores metabólicos e cardiovasculares, por meio de uma revisão bibliográfica baseada em artigos científicos, relatórios institucionais e diretrizes médicas atualizadas. Os resultados indicam que exercícios aeróbicos e de resistência contribuem significativamente para o controle glicêmico, a regulação da pressão arterial e a redução de fatores de risco. Além disso, pacientes fisicamente ativos apresentaram melhor resposta aos tratamentos clínicos e maior qualidade de vida. A pesquisa reforça a importância da integração da atividade física ao cuidado médico convencional, destacando a necessidade de estratégias que ampliem o acesso a essa prática.

Palavras-chave: Atividade física; Doenças crônicas; Diabetes Mellitus tipo 2; Hipertensão arterial; Doenças cardiovasculares.

ABSTRACT

Physical activity is recognized as an effective therapeutic tool in the treatment of chronic diseases, such as type 2 diabetes mellitus, arterial hypertension, and cardiovascular diseases. This study analyzed the relationship between regular physical exercise and the improvement of metabolic and cardiovascular indicators through a bibliographic review based on scientific articles, institutional reports, and updated medical guidelines. The results indicate that aerobic and resistance exercises significantly contribute to glycemic control, blood pressure regulation, and the reduction of risk factors. Additionally, physically active patients showed a better response to clinical treatments and improved quality of life. The study highlights the importance of integrating physical activity into conventional medical care, emphasizing the need for strategies to expand access to this practice.

Keywords: Physical activity; Chronic diseases; Type 2 diabetes mellitus; Arterial hypertension; Cardiovascular diseases.

INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), como diabetes mellitus tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares, têm apresentado um crescimento significativo, impactando a qualidade de vida e sobrecarregando os sistemas de saúde (BRASIL, 2020). A atividade física é reconhecida como uma estratégia terapêutica eficaz na prevenção e controle dessas condições, promovendo benefícios como melhora da sensibilidade à insulina, redução da pressão arterial e prevenção de complicações cardiovasculares (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2020; CAMPOS et al., 2022).

No entanto, a adesão a programas de exercícios ainda é um desafio, devido a barreiras físicas, sociais e à falta de orientação adequada (HOSSAIN et al., 2020). Assim, torna-se essencial investigar estratégias que incentivem a prática regular de atividade física e sua integração efetiva ao tratamento de DCNT.

Este estudo tem como objetivo avaliar os efeitos da atividade física no manejo terapêutico de doenças crônicas, analisando quais modalidades são mais eficazes, os fatores que influenciam a adesão dos pacientes e os impactos na qualidade de vida e nos sistemas de saúde. Além de contribuir para o conhecimento científico, a pesquisa pode auxiliar profissionais da saúde na incorporação do exercício físico ao tratamento clínico e embasar políticas públicas voltadas à promoção da saúde e prevenção de DCNT.

MÉTODOS

Este estudo consiste em uma revisão sistemática da literatura com o objetivo de avaliar os efeitos da atividade física no manejo terapêutico de doenças crônicas. Foram incluídos estudos publicados entre 2010 e 2024, revisados por pares, que analisam a relação entre programas de exercícios físicos e indicadores clínicos, adesão ao tratamento e qualidade de vida de adultos diagnosticados com diabetes, hipertensão e doenças cardiovasculares.

A busca foi realizada em bases de dados como PubMed, Scopus, Web of Science, Cochrane Library e Google Scholar, utilizando termos como “atividade física”, “doenças crônicas”, “manejo terapêutico”, “adesão do paciente”, “qualidade de vida” e “sustentabilidade dos sistemas de saúde”. O processo de seleção ocorreu em duas etapas: triagem de títulos e resumos, seguida da leitura integral dos estudos elegíveis.

Os dados foram extraídos e organizados de forma descritiva, contemplando informações sobre autoria, ano de publicação, tipo de estudo, população analisada, intervenções realizadas e principais resultados. A análise foi conduzida de forma qualitativa e quantitativa, com possibilidade de meta-análise, caso aplicável. Os achados foram apresentados conforme as diretrizes PRISMA (Preferred Reporting Items for Systematic Reviews and Meta-Analyses).

Por se tratar de uma revisão da literatura, não houve necessidade de aprovação ética, mas foram considerados apenas estudos que respeitaram princípios éticos.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A prática regular de atividade física tem sido amplamente reconhecida como uma estratégia terapêutica eficaz no controle de doenças crônicas, como Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial e doenças cardiovasculares (DCV). Os resultados evidenciam que exercícios aeróbicos e de resistência contribuem significativamente para a melhoria da sensibilidade à insulina, controle glicêmico e regulação da pressão arterial, conforme descrito por diretrizes médicas internacionais (AMERICAN DIABETES ASSOCIATION, 2020, 2022).

A análise comparativa dos estudos demonstra que a atividade física reduz marcadores metabólicos e cardiovasculares, sendo um fator essencial na prevenção e tratamento do DM2. Programas estruturados de exercício aeróbico e resistido resultam em redução da hemoglobina glicada (HbA1c) e melhor controle do peso corporal (INTERNATIONAL DIABETES FEDERATION, 2019; HOSSAIN et al., 2020). Além disso, a associação entre intervenções farmacêuticas e prática regular de exercícios tem se mostrado eficaz na adesão ao tratamento e otimização da glicemia (MACHADO et al., 2021; SANTOS et al., 2021).

No contexto da hipertensão arterial, os dados reforçam o efeito hipotensor do exercício físico, especialmente de atividades aeróbicas como caminhada, corrida e ciclismo, que promovem vasodilatação e redução da resistência vascular periférica (BRASIL, 2020). Estudos indicam que indivíduos hipertensos que praticam exercícios regularmente apresentam redução significativa da pressão arterial sistólica e diastólica, diminuindo a sobrecarga cardíaca e reduzindo o risco de complicações como insuficiência cardíaca e acidente vascular cerebral (MOZAFFARIAN et al., 2015; MURRAY et al., 2020).

A relação entre atividade física e a redução do risco cardiovascular também é amplamente documentada. Exercícios regulares melhoram a função endotelial, reduzem a inflamação sistêmica e otimizam o metabolismo lipídico (BAYEVA; GHEORGHIADE; ARDEHALI, 2013). Além disso, a modulação da dinâmica mitocondrial tem papel fundamental na prevenção da disfunção cardíaca, conforme evidenciado por Disatnik et al. (2015), que destacam a ativação da aldeído desidrogenase 2 (ALDH2) como um fator essencial na restauração da função mitocondrial e melhora do desempenho cardíaco (GOMES et al., 2014; WANG; LI; HILL, 2014).

Os achados desta revisão estão alinhados com diretrizes internacionais que enfatizam a necessidade da atividade física como um pilar essencial no manejo das doenças crônicas. A American Diabetes Association (2020; 2022) reforça a importância da incorporação de exercícios aeróbicos e resistidos no tratamento do DM2, enquanto o Ministério da Saúde (BRASIL, 2020) destaca a relevância da prática regular para o controle da hipertensão arterial e prevenção de eventos cardiovasculares.

Além disso, estudos indicam que a adesão a programas de exercício supervisionados pode resultar em benefícios superiores quando comparados a intervenções isoladas (CAMPOS et al., 2022). A educação em saúde, associada ao acompanhamento multiprofissional, melhora a adesão ao tratamento e promove maior engajamento dos pacientes na adoção de hábitos saudáveis (LIMA et al., 2020).

Os resultados desta pesquisa demonstram que a atividade física é uma ferramenta essencial na reabilitação e qualidade de vida de pacientes com doenças crônicas. Os achados reforçam a necessidade de políticas públicas que incentivem o exercício físico como estratégia preventiva e terapêutica, além da integração de práticas esportivas ao manejo clínico convencional.

CONCLUSÃO

A atividade física demonstrou ser uma estratégia terapêutica fundamental no manejo de doenças crônicas, como Diabetes Mellitus tipo 2 (DM2), hipertensão arterial e doenças cardiovasculares (DCV). Os achados deste estudo evidenciaram que a prática regular de exercícios, especialmente aeróbicos e de resistência, contribui significativamente para a melhoria dos parâmetros metabólicos e cardiovasculares, promovendo benefícios à saúde e à qualidade de vida dos pacientes.

Os objetivos da pesquisa foram atingidos, confirmando que a integração entre atividade física e tratamento clínico potencializa os efeitos terapêuticos, auxiliando no controle glicêmico, na regulação da pressão arterial e na redução de fatores de risco associados a complicações dessas enfermidades. Pacientes que mantêm rotinas de exercícios supervisionados apresentam respostas mais favoráveis ao tratamento, com redução expressiva dos sintomas e menor progressão das doenças crônicas.

Além disso, os resultados reforçam a necessidade de ampliar o acesso da população a práticas esportivas, promovendo estratégias de conscientização sobre os benefícios da atividade física. A colaboração entre profissionais de saúde e educadores físicos é essencial para o desenvolvimento de planos de exercício personalizados, respeitando as condições individuais de cada paciente.

Dessa forma, este estudo contribui para o fortalecimento da compreensão do impacto positivo da atividade física no tratamento de doenças crônicas, evidenciando seu papel tanto preventivo quanto terapêutico. A adoção de hábitos saudáveis e a integração do exercício físico aos protocolos clínicos convencionais representam estratégias promissoras para a promoção da saúde e a melhoria da qualidade de vida da população.

REFERÊNCIAS

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