REGISTRO DOI: 10.69849/revistaft/th102502071347
MARIA JOSILAINE DAS NEVES DE CARVALHO¹
AMANDA ELIZABETH MONTEIRO DA SILVA²
DJAIR KAINAN DE LIMA³
GISELLY MONTEIRO DE MOURA⁴
GUILHERME LIRA SOBRAL FERREIRA⁵
INGRIDY BEATRIZ SOARES DE MOURA⁶
IRIS JOANNE DA SILVA⁷
JOSÉ LUCIANO BRAINER DE FARIAS FILHO⁸
LAYLA MARIA SILVA MONTEIRO⁹
LAVINYA LIZANDRA DA SILVA¹⁰
LETÍCIA AYANE FLORENCIO¹¹
LUCAS GABRIEL DUQUE AMANCIO¹²
RAYARA YASMIM DE MORAIS CAVALCANTE¹³
TATIELLY MARIA TELES GOUVEIA¹⁴
Resumo
A anquiloglossia, caracterizada por uma inserção anormal do freio lingual, é uma condição que pode comprometer significativamente o aleitamento materno, causando dificuldades na pega e sucção do leite. Este estudo tem como objetivo analisar os impactos da anquiloglossia no processo de amamentação, abordar o papel da odontopediatra no diagnóstico e intervenção precoce, e destacar a importância de um suporte multidisciplinar às mães. Foi realizada uma revisão de literatura nas bases PubMed, SciELO e Google Scholar, abrangendo artigos publicados entre 2018 e 2023. Os resultados apontam que o tratamento precoce por meio de frenotomia ou frenectomia melhora consideravelmente a experiência da amamentação, promovendo bem-estar tanto para a mãe quanto para o bebê. É essencial a integração entre odontopediatras, fonoaudiólogos e pediatras para otimizar o cuidado com esses pacientes.
Palavras–chave: Anquiloglossia; Aleitamento materno; Frenectomia; Frenotomia; Odontopediatria.
Introdução
A amamentação é amplamente reconhecida como fundamental para o desenvolvimento infantil, proporcionando nutrientes essenciais e fortalecendo o vínculo entre mãe e bebê. No entanto, algumas condições anatômicas podem dificultar esse processo, sendo a anquiloglossia uma das mais prevalentes. Essa condição, também conhecida como “língua presa”, ocorre devido a uma inserção curta, espessa ou rígida do freio lingual, restringindo os movimentos da língua.
A dificuldade de sucção gerada pela anquiloglossia pode levar a problemas como dor durante a amamentação, fissuras nos mamilos, mastite e desistência precoce do aleitamento. Por outro lado, o bebê pode apresentar baixo ganho de peso, desidratação e irritabilidade. Este artigo busca discutir o impacto da anquiloglossia no aleitamento materno, enfatizando o papel da odontopediatra no diagnóstico e manejo, bem como a importância de uma abordagem multidisciplinar.
Metodologia
Foi realizada uma revisão de literatura utilizando as bases de dados PubMed, SciELO, com os descritores “Anquiloglossia”, “Aleitamento materno”, “Frenectomia” e “Frenotomia”. A busca incluiu artigos publicados entre 2018 e 2024, em inglês e português.
Critérios de inclusão: estudos clínicos e revisões sistemáticas que abordassem o impacto da anquiloglossia no aleitamento materno.
Critérios de exclusão: artigos fora do período mencionado ou que não abordassem diretamente a temática.
Resultados e Discussão
Impactos da Anquiloglossia no Aleitamento Materno
Estudos demonstram que bebês com anquiloglossia apresentam maior dificuldade em manter uma pega adequada no seio materno, prejudicando a sucção eficaz. Isso leva a um ciclo de frustração tanto para a mãe quanto para o bebê, muitas vezes resultando em desmame precoce. A literatura também destaca o impacto emocional na mãe, que pode se sentir incapaz de alimentar seu bebê adequadamente.
Diagnóstico Precoce e Papel do Odontopediatra
O diagnóstico de anquiloglossia pode ser feito logo nas primeiras semanas de vida por meio de exames clínicos e ferramentas como a escala de Hazelbaker, que avalia a funcionalidade da língua e a inserção do freio lingual. Odontopediatras desempenham um papel crucial ao identificar a condição e orientar os pais sobre as opções de tratamento.
Intervenções Terapêuticas
O tratamento da anquiloglossia pode envolver procedimentos como frenotomia ou frenectomia, que são considerados seguros e eficazes. A frenotomia é um procedimento simples que pode ser realizado em consultório, enquanto a frenectomia a laser é uma opção minimamente invasiva com rápida recuperação.
Estudos relatam que a realização precoce desses procedimentos melhora significativamente a experiência de amamentação, reduzindo a dor materna e permitindo que o bebê tenha um ganho de peso adequado.
Abordagem Multidisciplinar
A integração entre odontopediatras, fonoaudiólogos e pediatras é essencial para o manejo eficaz da anquiloglossia. Enquanto a odontopediatra realiza a intervenção cirúrgica, o fonoaudiólogo pode trabalhar na reeducação funcional da língua, garantindo melhores resultados.
Conclusão
A anquiloglossia é uma condição que pode comprometer significativamente o aleitamento materno, mas seu manejo precoce permite reverter grande parte dos impactos negativos. A odontopediatra tem um papel central no diagnóstico e tratamento, devendo atuar de forma integrada com outros profissionais de saúde para garantir o bem-estar da mãe e do bebê. É imprescindível que os profissionais estejam capacitados para identificar e tratar a condição de forma humanizada, promovendo uma experiência positiva de amamentação.
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